Por que Trump (e os EUA) podem ter que pagar caro por aumento de tarifas
Trump aumenta tarifas de dezenas de países
Em abril, Donald Trump surpreendeu o mundo ao anunciar novas tarifas de importação abrangentes — e suspendeu a maioria delas em meio ao pânico financeiro global resultante.
Quatro meses depois, o presidente dos Estados Unidos está promovendo o que ele afirma ser uma série de vitórias, tendo anunciado alguns acordos com parceiros comerciais e imposto tarifas unilateralmente a outros, tudo isso sem a turbulência no mercado financeiro que sua tentativa inicial provocou.
Pelo menos até agora.
Depois de trabalhar para reposicionar os EUA na economia global, Trump agora promete que o país vai colher os frutos das novas receitas, revitalizar a indústria nacional e gerar centenas de bilhões de dólares em investimentos e compras estrangeiras.
Se isso realmente vai acontecer — e se essas ações vão ter consequências negativas —, ainda é uma grande dúvida.
O que está claro até agora, no entanto, é que uma maré que estava virando (suavemente) em relação ao livre comércio, mesmo antes do segundo mandato de Trump, se tornou uma onda que está se espalhando pelo mundo. E embora esteja remodelando o cenário econômico, não deixou o rastro de destruição que alguns poderiam ter previsto — embora, é claro, muitas vezes haja uma defasagem até que o impacto seja totalmente percebido.
Além disso, para muitos países, tudo isso serviu como um alerta — a necessidade de permanecer atento a novas alianças.
Assim, embora o resultado a curto prazo possa ser — na visão de Trump — uma vitória, o impacto sobre seus objetivos gerais é muito menos claro. O mesmo vale para as repercussões a longo prazo, que podem muito bem se revelar bem diferentes para Trump — ou para os EUA que ele vai deixar após seu mandato atual.
O prazo de '90 negócios em 90 dias'
Por todas as razões erradas, o dia 1º de agosto estava marcado na agenda dos formuladores de políticas internacionais. Eles foram avisados de que deveriam chegar a um acordo sobre novos termos comerciais com os EUA até essa data, ou enfrentariam tarifas potencialmente devastadoras.
Embora o assessor comercial da Casa Branca, Peter Navarro, tenha previsto "90 acordos em 90 dias", e Trump tenha oferecido uma perspectiva otimista sobre a conclusão dos acordos, esse prazo sempre pareceu um grande desafio. E foi mesmo.
Quando chegou no fim de julho, Trump havia anunciado apenas cerca de uma dúzia de acordos comerciais — alguns com no máximo uma ou duas páginas, sem as cláusulas detalhadas que eram padrão em negociações anteriores.
O Reino Unido foi o primeiro a agir, talvez inevitavelmente. Afinal, o maior pesadelo de Trump é o déficit comercial dos EUA, e o comércio está em equilíbrio quando se trata do Reino Unido.
Embora a tarifa base de 10% aplicada à maioria dos produtos britânicos possa inicialmente ter causado espanto, ela deu uma ideia do que estava por vir — e, no fim das contas, foi um alívio em comparação com a taxa de 15% aplicada a outros parceiros comerciais, como a União Europeia e o Japão, com os quais os EUA têm déficits maiores: US$ 240 bilhões e US$ 70 bilhões, respectivamente, somente no ano passado.
E mesmo esses acordos vieram com condições. Os países que não puderam se comprometer, por exemplo, a comprar mais produtos americanos, muitas vezes enfrentaram tarifas mais altas.
Coreia do Sul, Camboja, Paquistão — à medida que a lista crescia e cartas tarifárias eram enviadas para outros lugares, a maior parte das importações americanas agora é coberta por um acordo ou um decreto presidencial concluído com um breve "obrigado por sua atenção a este assunto".
Capacidade de 'prejudicar' a economia global
Muito foi revelado como resultado disso.
Primeiro, as boas notícias. As negociações dos últimos meses significam que as tarifas mais dolorosas e os alertas de recessão foram evitados.
Os piores temores — em termos de níveis tarifários e possíveis repercussões econômicas (para os EUA e outros países) — não se concretizaram.
Em segundo lugar, o acordo sobre os termos tarifários, por mais desagradável que fosse, reduziu grande parte da incerteza (utilizada pelo próprio Trump como uma poderosa arma econômica) para o bem — e para o mal.
Para o bem, no sentido de que as empresas podem fazer planos, e investimentos e decisões de contratação que estavam suspensos agora podem ser retomados.
A maioria dos exportadores sabe que tarifas seus produtos enfrentam — e pode descobrir como se adaptar ou repassar o custo aos consumidores.
Essa sensação crescente de certeza gera um clima mais tranquilo nos mercados financeiros, com as ações nos EUA subindo notavelmente.
Mas é para o mal, no sentido de que a tarifa típica para vender nos EUA é mais alta do que antes – e mais extrema do que os analistas previram há apenas seis meses.
Trump pode ter enaltecido a dimensão do acordo dos EUA com a União Europeia – mas não se trata dos acordos que derrubavam tarifas e eliminavam barreiras comerciais, como nas décadas anteriores.
Os maiores temores, os alertas de um possível desastre, diminuíram. Mas Ben May, diretor de previsões macroeconômicas globais da Oxford Economics, afirma que as tarifas dos EUA têm o potencial de "prejudicar" a economia global de várias maneiras.
"Elas estão obviamente aumentando os preços nos EUA e reduzindo a renda das famílias", diz ele, acrescentando que as políticas também reduziriam a demanda ao redor do mundo se a maior economia do mundo acabasse importando menos produtos.
Estratégia comercial de Trump garantiu acordos vantajosos para os EUA
Vencedores e perdedores: Alemanha, Índia e China
Não se trata apenas do valor da tarifa, mas da magnitude da relação comercial com os EUA. Assim, embora a Índia possa enfrentar tarifas superiores a 25% sobre suas exportações para os EUA, economistas da Capital Economics estimam que, com a demanda americana representando apenas 2% do Produto Interno Bruto (PIB) indiano, o impacto imediato no crescimento pode ser mínimo.
As notícias não são tão boas para a Alemanha, onde as tarifas de 15% podem reduzir o crescimento deste ano em mais de meio ponto percentual, em comparação ao que era esperado no início do ano.
Isso se deve ao tamanho do seu setor automotivo — o que não ajuda uma economia que pode estar à beira da recessão.
Enquanto isso, a Índia se tornou a principal fonte de smartphones vendidos nos EUA nos últimos meses, depois que os temores sobre o que poderia acontecer com a China levaram a Apple a transferir sua produção.
Por outro lado, a Índia está ciente de que países como o Vietnã e as Filipinas — que enfrentam tarifas mais baixas ao vender para os EUA — podem se tornar fornecedores relativamente mais atraentes em outros setores.
De modo geral, porém, há um alívio pelo fato de que o impacto, pelo menos, provavelmente será menor do que poderia ter sido. Mas o que já foi decidido aponta para ramificações de longo prazo para os padrões comerciais globais e alianças em outros lugares.
E o elemento de risco introduzido em uma relação de longa data com os EUA deu um impulso adicional à busca do Reino Unido por laços mais fortes com a União Europeia — e obtenção de um acordo comercial com a Índia.
Para muitos países, isso serviu como um alerta — a necessidade de permanecer atento a novas alianças.
Uma ameaça política bastante real para Trump?
À medida que os detalhes são definidos, as implicações para a economia dos EUA também ficam mais claras.
O crescimento no fim da primavera no hemisfério norte foi beneficiado por uma onda de vendas de exportação, já que as empresas se apressaram para evitar tarifas mais altas impostas aos produtos americanos.
Os economistas esperam que o crescimento perca força ao longo do resto do ano.
As tarifas, que aumentaram de uma média de 2% no início do ano para cerca de 17% atualmente, tiveram um impacto notável nas receitas do governo dos EUA — um dos objetivos declarados da política comercial de Trump. Até agora, os impostos de importação arrecadaram mais de US$ 100 bilhões este ano — cerca de 5% da receita federal dos EUA, em comparação com cerca de 2% nos anos anteriores.
O secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, disse que espera que a receita tarifária deste ano totalize cerca de US$ 300 bilhões. Para efeito de comparação, os impostos federais sobre a renda geram cerca de US$ 2,5 trilhões por ano.
Os consumidores americanos continuam na linha de frente, e ainda não viram os preços mais altos serem repassados integralmente. Mas, à medida que gigantes do setor de bens de consumo, como Unilever e Adidas, começam a calcular os aumentos de custos envolvidos, um aumento de preços se aproxima — potencialmente o suficiente para adiar o corte de juros desejado por Trump —, e possivelmente reduzir os gastos do consumidor.
As previsões são sempre incertas, é claro, mas isso representa uma ameaça política bastante real para um presidente que prometeu reduzir os preços ao consumidor, e não tomar medidas que os aumentariam.
Trump e outros funcionários da Casa Branca lançaram a ideia de fornecer cheques de reembolso aos americanos de baixa renda — o tipo de eleitor da classe trabalhadora que impulsionou o sucesso político do presidente —, para compensar parte do impacto no bolso do consumidor.
Tal esforço poderia ser complicado, e exigiria a aprovação do Congresso.
É também um reconhecimento tácito de que simplesmente se gabar de novas receitas federais para compensar os gastos atuais e os cortes de impostos, e manter a perspectiva de geração futura de empregos e riqueza no país, é politicamente perigoso para um Partido Republicano que terá que enfrentar os eleitores nas eleições de meio do mandato estaduais e para o Congresso no próximo ano.
Veja perguntas e respostas sobre o tarifaço de Trump
Os acordos que ainda precisam ser fechados
Para complicar ainda mais a situação, há muitos lugares onde ainda não se chegou a um acordo – em particular, no Canadá e em Taiwan.
O governo dos EUA ainda não se pronunciou sobre suas decisões para as indústrias farmacêutica e siderúrgica. A questão colossal da China, sujeita a um prazo diferente, continua sem solução.
Trump concordou com uma prorrogação das negociações com o México, outro importante parceiro comercial dos EUA, na manhã de quinta-feira.
Muitos dos acordos firmados foram verbais, e ainda não foram assinados. Além disso, não se sabe se e como as condições vinculadas aos acordos de Trump – mais dinheiro a ser gasto na compra de energia americana ou investido nos EUA – serão realmente cumpridas.
Em alguns casos, líderes estrangeiros negaram a existência das cláusulas enaltecidas pelo presidente.
Quando se trata de avaliar os acordos tarifários entre a Casa Branca e vários países, diz May, "o problema está nos detalhes" — e os detalhes são escassos.
Ficou claro, no entanto, que o mundo recuou do precipício de uma guerra comercial devastadora. Agora, enquanto as nações lidam com um novo conjunto de barreiras comerciais, Trump pretende dar as cartas.
Mas a história nos mostra que seu objetivo geral – trazer de volta a produção e os empregos para os EUA – pode ter um sucesso muito limitado. E os parceiros comerciais de longa data dos EUA, como o Canadá e a União Europeia, podem começar a buscar relações econômicas e políticas que burlem o que eles não consideram mais um aliado econômico confiável.
Trump pode estar se beneficiando da vantagem proporcionada pela posição única dos EUA no centro de uma ordem comercial global que levou mais de meio século para ser estabelecida. No entanto, se as tarifas atuais desencadearem um realinhamento fundamental, os resultados podem não ser favoráveis aos EUA.
Essas questões serão respondidas ao longo de anos, não de semanas ou meses. Enquanto isso, os próprios eleitores de Trump ainda podem ter que arcar com os custos — por meio de preços mais altos, menos opções e crescimento mais lento.
Reportagem adicional de Michael Race
Infográfico - Lista de isenções ao tarifaço de Trump
Arte/g1
Leilão da Receita: nova edição tem lotes com dois carros por R$ 3,6 mil e dois iPhones por R$ 1 mil
Um dos carros disponíveis no novo leilão da Receita Federal
Divulgação/ Receita Federal
A Receita Federal em São Paulo realizará mais um leilão regional de mercadorias apreendidas ou abandonadas em 11 de agosto.
São 272 lotes disponíveis no total, que incluem notebooks, tablets, smartphones, smartwatches, videogames, óculos de realidade virtual, equipamentos eletrônicos, instrumentos musicais, tecidos, itens de vestuário, bolsas, perfumes, joias, motocicletas elétricas, automóveis e outros.
Segundo a Receita, o leilão será realizado de forma eletrônica e é destinado a pessoas físicas e jurídicas.
O período para recebimento das propostas vai das 8h do dia 7 de agosto até as 21h do dia 11 de agosto. A sessão para lances está prevista para as 10h do dia 12 (horários de Brasília).
Os lances devem ser feitos para os lotes fechados — ou seja, um conjunto de determinados itens.
O lote mais barato custa a partir de R$ 10 e contêm resíduos plásticos. Já o mais caro custa a partir de R$ 400 mil e possui mais de 18 mil bolsas.
Outros destaques do leilão são:
No lote 29, é possível adquirir perfumes da marca Calvin Klein, Dolce & Gabanna e outros a partir de R$ 180;
Nos lotes 41, 42, 51, 52 e 53, é possível adquirir joias preciosas com preços entre R$ 500 e R$ 30 mil;
No lote 48, é possível adquirir óculos de realidade virtual a partir de R$ 2 mil;
No lote 70, é possível adquirir 11kg de fantasias eróticas e vibradores a partir de R$ 120;
Nos lotes 83 a 91 é possível adquirir carros de diversos modelos com preços entre R$ 1,2 mil a R$ 9,3 mil;
Nos lotes 105 a 129, é possível adquirir tablets Amazon Fire com preços a partir de R$ 250;
No lote 144 é possível adquirir 9 unidades do aspirador robô da marca Xiaomi por lances a partir de R$ 1,7 mil;
No lote 152 é possível adquirir três motocicletas elétricas por preços a partir de R$ 27 mil;
No lote 202, é possível adquirir dois iPhones por lances a partir de R$ 1 mil; entre outros
De acordo com o Fisco, os lotes estarão disponíveis para visitação entre 4 e 8 de agosto, nas cidades de Araraquara, Barueri, Bauru, Campinas, Guarujá, Guarulhos, Santos, São Bernardo do Campo e São Paulo.
Os lotes poderão ser examinados de forma presencial, mediante agendamento, em dias de expediente normal. Os endereços e horários para visitação, bem como os contatos para agendamento, estão indicados no edital do leilão.
A Receita ainda destacou que os bens arrematados por pessoas físicas não podem ser vendidos, assim como alguns lotes específicos adquiridos por pessoas jurídicas.
Além disso, os licitantes terão 30 dias para retirada do lote arrematado. O pagamento das mercadorias é feito por meio de Documento de Arrecadação de Receitas Federais (Darf).
Por fim, também alertou para que os contribuintes tenham cuidado para não cair em golpes.
"A Receita Federal alerta para a realização de transmissões ao vivo (lives) fraudulentas que simulam leilões de mercadorias apreendidas em plataformas de compartilhamento de vídeos na Internet", afirmou o Fisco em nota oficial, indicando que a participação é feita exclusivamente pelo e-CAC. Veja como participar do leilão mais abaixo.
Quem pode participar do leilão?
Pessoas físicas podem participar do leilão sob os seguintes critérios:
ser maior de 18 anos ou pessoa emancipada;
ser inscrito no Cadastro de Pessoas Física (CPF);
ter selo de confiabilidade Prata ou Ouro no sistema de identidade digital do Governo Federal.
Já para pessoas jurídicas, os critérios são os seguintes:
ter cadastro regular no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídica (CNPJ);
ou, no caso do responsável da empresa ou de seu procurador, ter selo de confiabilidade Prata ou Ouro no sistema de identidade digital do governo federal.
Como funcionam os leilões
Como participar do leilão?
Para participar do leilão apresentando um lance, o interessado precisa seguir os seguintes passos:
entre 7 e 11 de agosto, observando os horários estabelecidos pela Receita, acessar o Sistema de Leilão Eletrônico por meio do Centro Virtual de Atendimento ao Contribuinte (e-CAC);
selecionar o edital do leilão em questão, de número 0800100/000005/2025 - SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL DA 8ª REGIÃO FISCAL;
escolher o lote em que se quer fazer o lance e clicar em "incluir proposta";
aceitar os termos e condições apresentados pelo site da Receita;
e incluir o valor proposto (que, necessariamente, deve ser maior do que o valor mínimo estabelecido pela Receita), e salvar.
Tesla é condenada em US$ 243 milhões por acidente fatal com piloto automático
Tesla Model S
divulgação/Tesla
Um júri da Flórida decidiu nesta sexta-feira (1º) que a Tesla tem responsabilidade por um acidente fatal ocorrido em 2019 envolvendo um Model S com o sistema de piloto automático, chamado de Autopilot. A montadora foi condenada a pagar US$ 243 milhões às vítimas.
Os jurados, em um tribunal federal de Miami, concederam à herança de Naibel Benavides Leon e ao ex-namorado dela, Dillon Angulo, US$ 129 milhões em indenizações compensatórias e outros US$ 200 milhões em danos punitivos, conforme o documento do veredicto.
“A Tesla desenvolveu o Autopilot para uso exclusivo em rodovias de acesso controlado, mas optou por não limitar sua aplicação em outras vias, enquanto Elon Musk afirmava publicamente que o sistema dirigia melhor do que os humanos”, disse Brett Schreiber, advogado das vítimas, em comunicado.
“O veredicto de hoje representa justiça pela morte trágica de Naibel e pelas sequelas permanentes sofridas por Dillon”, acrescentou.
Os autores da ação solicitavam US$ 345 milhões. Segundo os advogados, este foi o primeiro julgamento relacionado à morte de uma terceira pessoa por negligência atribuída ao Autopilot. A Tesla afirmou que irá recorrer.
“O veredicto de hoje é errado e apenas atrasa os avanços na segurança automotiva, além de colocar em risco os esforços da Tesla — e de toda a indústria — em desenvolver e implementar tecnologias que salvam vidas”, disse a empresa.
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Impactos em casos futuros
A Tesla já foi alvo de vários processos semelhantes envolvendo a tecnologia de direção autônoma de seus veículos, mas a maioria foi encerrada ou arquivada antes de ir a julgamento.
Em junho, um juiz negou o pedido da Tesla para encerrar o processo na Flórida. Especialistas apontam que o veredicto desta semana pode estimular novas ações judiciais e aumentar o custo de acordos futuros.
“É um marco relevante”, disse Alex Lemann, professor de Direito da Universidade Marquette. “Esta é a primeira vez que a Tesla é condenada em um dos inúmeros casos fatais relacionados à sua tecnologia de piloto automático.”
O veredicto também pode dificultar os esforços de Elon Musk, atualmente o homem mais rico do mundo, para convencer investidores de que a Tesla pode liderar o mercado de direção autônoma — tanto em veículos particulares quanto em robotáxis, cuja produção está prevista para o próximo ano.
No mês passado, a Tesla teve a maior queda trimestral de vendas em mais de dez anos, e o lucro ficou abaixo das expectativas de Wall Street. As ações da companhia recuaram 1,8% nesta sexta-feira e acumulam uma desvalorização de 25% no ano.
Como o acidente aconteceu
O julgamento tratou de um acidente ocorrido em 25 de abril de 2019, quando George McGee conduzia seu Model S a aproximadamente 100 km/h e atravessou um cruzamento, colidindo com um Chevrolet Tahoe estacionado no acostamento, onde estavam as vítimas.
McGee teria se abaixado para pegar um celular que caiu no chão do veículo e, segundo relatos, não recebeu qualquer alerta antes de avançar um sinal de parada e um semáforo, colidindo com o SUV onde estavam as vítimas.
Naibel Benavides Leon foi arremessada a cerca de 23 metros e morreu no local, enquanto Angulo teve ferimentos graves.
“Temos um motorista que não agiu de forma ideal, e ainda assim o júri concluiu que a Tesla teve responsabilidade no acidente”, disse Philip Koopman, professor de engenharia da Universidade Carnegie Mellon e especialista em tecnologia autônoma.
“A única maneira de o júri ter decidido contra a Tesla foi identificando uma falha no software do Autopilot”, acrescentou. “Isso é relevante.” Em comunicado, a Tesla declarou que McGee foi o único responsável pelo acidente.
“Para deixar claro, nenhum carro em 2019 — e nenhum atualmente — teria evitado esse acidente”, afirmou a empresa. “Nunca se tratou do Autopilot; foi uma narrativa criada pelos advogados das vítimas, culpando o veículo quando o motorista — desde o início — admitiu e assumiu a responsabilidade.”
g1 testou: a primeira Tesla Cybertruck que veio para o Brasil
Por que uma queda nas exportações para os EUA pode não deixar a carne mais barata no Brasil?
Tarifaço pode encarecer ou baratear o preço dos alimentos no Brasil?
A carne está entre os alimentos alvos da tarifa de 50% sobre as compras de produtos brasileiros pelos Estados Unidos.
➡️ Se a exportação para os EUA diminuir por causa disso, quer dizer que vai sobrar carne no Brasil e os preços vão baixar, seguindo a lei da oferta e procura? Não, dizem analistas.
Pode até acontecer uma redução por pouco tempo, mas a tendência de alta no preço da carne deverá predominar.
É que a oferta do produto no Brasil deve cair nos próximos meses, pelos seguintes motivos:
Segundo economistas entrevistados pelo g1, independente do tarifaço, já estava previsto que a indústria fosse abater menos bois neste 2º semestre, para priorizar a reprodução de fêmeas.
Com a sobretaxa nas vendas para os EUA (segundo maior mercado da carne brasileira no exterior), esse movimento será reforçado, e mais animais serão segurados no pasto.
Enquanto a oferta será menor, a procura dos brasileiros pela carne permanecerá a mesma. Assim, os preços devem seguir uma tendência de alta.
Num médio prazo, os exportadores também poderão conquistar novos mercados para o gado que ficou no pasto, substituindo os EUA por compradores de outros países.
Entenda mais sobre o preço da carne a seguir:
Como estão os preços agora?
Por que a oferta não vai crescer?
Qual é o peso dos EUA nas vendas do Brasil?
Vai ter menos carne no mundo
Como estão os preços agora?
Os preços da carne bovina no Brasil caíram 0,35% em junho, na comparação com maio, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país.
Mas, na comparação com 12 meses atrás, as carnes ficaram 23,63% mais caras.
O início do tarifaço poderá até fazer o preço cair nos supermercados, para que o mercado brasileiro absorva os bois que foram abatidos visando vendas para os EUA.
Mas esse cenário não deve durar muito tempo, aponta Wagner Yanaguizawa, especialista em proteína animal do banco Rabobank.
O que são tarifas de importação? Quem paga?
Por que a oferta de carne não vai crescer?
O motivo é que, com ou sem tarifaço, o número de abates já iria diminuir nos próximos meses, reduzindo a oferta de carne e, portanto, fazendo os preços subirem.
Essa alta já era esperada: os pecuaristas se planejavam para segurar mais fêmeas para reprodução.
Isso acontece por causa do ciclo pecuário, que funciona assim:
alta do ciclo: quando há uma expectativa de subida nos preços do bezerro, os pecuaristas, em vez de abaterem as vacas, as mantêm nas fazendas para reprodução, movimento que provoca um aumento nas cotações dos bovinos (boi gordo, bezerro, novilhas, boi magro, vaca gorda, etc);
baixa do ciclo: quando as projeções do preço do bezerro começam a cair, um volume maior de fêmeas é encaminhado para os abates. Isso amplia a quantidade de carne no mercado, gerando uma queda nas cotações dos bovinos. O auge no abate foi em 2024 (veja no gráfico abaixo).
O tarifaço só deverá reforçar esse movimento de queda nos abates. Os frigoríficos brasileiros já pararam de produzir carne bovina destinada aos EUA, afirmou o presidente da associação dos exportadores (Abiec), Roberto Perosa, na última quarta-feira (30).
Produtores também estão mandando menos animais ao confinamento para a engorda, fase final da criação antes do abate, diz Cesar de Castro Alves, gerente de Consultoria Agro do Itaú BBA.
Com menos bois sendo engordados e abatidos, a oferta interna também cai. Ou seja, a carne pode ficar ainda mais cara, segundo os especialistas.
"Nós vamos ver o (preço do) boi cair e, lá na frente, ver a carne subir mais ainda", resume Alves.
Qual é o peso dos EUA nas vendas do Brasil?
Vale lembrar que só 20% da carne bovina produzida no Brasil é exportada: a maior parte é consumida dentro do país.
E existe uma diferença de gostos: os EUA importam, principalmente, a parte dianteira do boi, usada em hambúrgueres. Já os brasileiros preferem a traseira do boi, de onde saem cortes como a picanha e a alcatra, explica Alves (saiba mais sobre as partes do boi aqui).
Exportadores dizem que não existe um substituto imediato para os EUA. E que, com o tarifaço, o Brasil corre risco de perder US$ 1 bilhão em 2025 nesse setor.
Mas, assim como no café, não seria fácil os norte-americanos encontrarem outro fornecedor de carne como o Brasil.
Como o tarifaço de Trump impacta nas exportações de carne bovina do Brasil?
O país de Trump é um grande produtor, mas não dá conta, sozinho, da enorme demanda interna pelo alimento. Por isso, precisa importar.
A Austrália é o principal fornecedor do mercado americano, mas ela se volta mais para os cortes que vão direto para os supermercados, e não para a indústria, como o Brasil.
Por outro lado, os EUA não são os maiores compradores da carne brasileira: receberam 12% do que foi exportado neste ano.
É um volume que não se compara com o da China, para onde foi quase a metade de toda a carne que o Brasil mandou para o exterior.
Raio X: veja dados da exportação de carne bovina brasileira
Arte / g1
Para analistas, existe uma boa chance de, num médio prazo, o Brasil conseguir novos compradores para o que eventualmente deixar de ser vendido para os EUA.
Yanaguizawa, do Rabobank, acredita que seja possível redirecionar essas vendas para países como o Egito, que tem aumentado sua demanda pela proteína.
E o café e os pescados: tarifaço vai influenciar nos preços?
Suco de laranja escapa do tarifaço: 'Casados com os americanos, para o bem e para o mal'
Vai ter menos carne no mundo
A redução no abate de bois não acontece só no Brasil. Segundo Yanaguizawa, a oferta global de carne deve cair 2%.
A queda também afeta concorrentes do Brasil, como EUA e Austrália. Em parte, isso acontece por causa de problemas sanitários, como doenças.
Apenas nos EUA, a expectativa do Itaú BBA é que aconteça uma redução de 2,3% na produção de carne em 2025 e 4,1% em 2026.
Quantidade de bois no território americano ao longo dos anos.
Arte/g1
Na Austrália, a produção deve cair 3%, e as exportações, 8%, segundo dados do Departamento de Agricultura da Austrália (Abares).
Com a concorrência também produzindo menos, deve ser mais fácil para o Brasil encontrar compradores para o seu produto.
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Carne bovina
Foto de David Foodphototasty na Unsplash
Tarifaço: Haddad diz que aceno de Trump é 'ótimo' e que vai conversar com secretário do Tesouro dos Estados Unidos
Haddad diz que vai conversar com secretário do Tesouro dos Estados Unidos na próxima semana
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT) afirmou nesta sexta-feira (1º) que o aceno de Donald Trump fez ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de que o petista pode ligar quando quiser é "ótimo".
"Eu acho ótimo, né? E a recíproca eu tenho certeza que é verdadeira, também. O presidente Lula estaria disposto a receber um telefonema dele quando ele quisesse também. E, conforme eu já disse anteriormente, é muito importante a gente preparar esse encontro, preparar essa conversa", disse Haddad.
Nesta tarde, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode ligar para ele "quando quiser".
Haddad afirmou ainda que deve conversar com secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, em breve. A reunião pode acontecer na próxima semana, mas ainda não há data fechada para o encontro.
Fernando Haddad afirmou que a equipe do Ministério da Fazenda entrou em contato com a equipe de Bessent para alinhar o encontro.
"Então finalmentem nós vamos ter uma reunião mais longa e mais focada na decisão, até aqui unilateral dos Estado Unidos, em relação ao Brasil", afirmou o ministro.
Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, concede entrevista à GloboNews
Fábio Tito/g1
O ministro da Fazenda também afirmou que o diálogo pode ajudar a preparar uma conversa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com o presidente norte-americano, Donald Trump.
Quando perguntado se o fato das tarifas entrarem em vigor, o que deve acontecer na próxima quarta-feira, poderia fazer com que o Brasil deixasse de negociar, o ministro afirmou que "não tem essa vinculação".
"Já disse também que, o fato de a medida passar a vigorar, não vai fazer com que o Brasil saia da mesa de negociação", dise Haddad.
Inflação e compra de produtos
Ao ser perguntado se o tarifaço terá impacto na inflação, Haddad disse que não acredita a medida tenha grande impacto macroeconomico neste momento. Segundo o ministro, a preocupação se volta mais para a microeconomia.
"A nossa avaliação é de que não... Hoje eu recebi, por exemplo, o governador Elmano aqui, que é um estado afetado pelas medidas. E nós estamos muito convencidos que nós vamos conseguir lidar com a situação", disse.
Haddad confirmou que o governo avalia permitir que estados comprem alimentos de empresas que exportariam para os Estados Unidos, mas foram afetadas pelo tarifaço. Questionado se a medida está em estudo, o ministro respondeu:
"Está (na mesa), sobretudo produtos alimentícios, não só para merenda escolar", disse.
Segundo ele, uma lei federal é necessária para permitir que todos os governos estaduais possam fazer esse tipo de aquisição de alimentos. Isso também foi explicado pelo governador do Ceará, Elmano Freitas (PT-CE).
"Para isso, precisamos talvez provavelmente ter mudanças de legislação. Apresentamos ao ministro algumas propostas de mudanças na legislação que permitem que permite que estado e os municípios possam ajudar setores produtivos no país especialmente também no Ceará, para aliviar esse momento de dificuldade dos nossos empresários", disse.
Nos últimos dias, ele tem defendido a compra, principalmente de pescado, para as merendas. O estado exporta pescado para os Estados Unidos e esse setor foi afetado pelo tarifaço.
Sanção a Moraes
Haddad afirmou também que a aplicação da lei Magnitsky ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), poderá ser tema da conversa.
"Dentre outras coisas, está sob a alçada do secretário do Tesouro a lei que disciplina essa coisa de contas correntes, de autoridades . Então, até por essa razão... Vale a pena uma conversa com o Bessent antes, para nós esclarecermos, sobretudo, com o secretário, como funciona o sistema judiciário brasileiro", afirmou Haddad.
Zambelli segue presa na Itália; veja ficha no alerta vermelho da Interpol
A deputada licenciada Carla Zambelli (PL-SP) continua presa na penitenciária de Rebibbia, nos arredores de Roma, após ter sido capturada pelas autoridades italianas na última terça-feira (29).
A parlamentar aparece atualmente na lista de alerta vermelho da Interpol, que reúne fugitivos procurados internacionalmente por crimes graves. A imagem já consta no processo (veja abaixo):
Ficha de Zambelli na difusão vermelha da Interpol
Reprodução
A página da Interpol com os dados de Zambelli está em um documento enviado pelo Ministério da Justiça ao STF com a comunicação da prisão dela.
O documento consta do sistema eletrônico do STF, no processo que trata da execução da pena de prisão da deputada.
Atual estágio do processo
A Justiça italiana manteve a prisão de Zambelli nesta sexta-feira (1º), após audiência de custódia realizada pela Quarta Seção do Tribunal de Roma. A decisão confirma que ela aguardará presa a análise do pedido de extradição feito pelo Brasil.
Na ficha da Interpol, constam dados pessoais da parlamentar, como nome completo, idade e nacionalidade.
Zambelli fugiu para a Itália após ser condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por ataque hacker ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Zambelli foi localizada em um apartamento em Roma após passar pela Argentina e pelos Estados Unidos.
O alerta vermelho da Interpol, que permite que países membros localizem e prendam investigados a pedido da Justiça de origem.
Segundo a defesa, Zambelli não resistiu à prisão e estava pintando e lavando o cabelo quando os policiais chegaram. Ela foi levada à delegacia com seus pertences e medicamentos pessoais.
Processo de extradição
De acordo com a legislação italiana, o processo de extradição pode levar de um ano e meio a dois anos. Ele passará por duas instâncias: a Corte de Apelação de Roma e a Corte de Cassação. A palavra final caberá ao ministro da Justiça da Itália, em uma decisão de natureza política.
O embaixador do Brasil na Itália, Renato Mosca, afirmou que "confia na Justiça italiana".
Enquanto o processo segue, a Câmara dos Deputados poderá deliberar sobre a perda de mandato de Zambelli a partir de agosto, com base na decisão do STF.
Tarifaço: Gleisi sinaliza que governo pode comprar alimentos de setores afetados e distribuir em merendas
Veja perguntas e respostas sobre o tarifaço de Trump
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou nesta sexta-feira (1º) que o governo deve fechar no início da próxima semana a lista de ações para conter o impacto das tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros.
Gleisi afirmou que o objetivo do plano de contingência será evitar danos à economia brasileira e às empresas afetadas pelo decreto do presidente americano, Donald Trump, que elevou para 50% a alíquota sobre exportações brasileiras.
Segundo a ministra, a lista de ações pode contemplar a abertura de novos mercados e a criação de linha de créditos.
Outra possibilidade, de acordo com Gleisi, é a compra de produtos pelo governo e a distribuição em programas públicos. Um exemplo mencionado por ela seria a compra de alimentos afetados pelo tarifaço para distribuição em merendas de escolas públicas.
"Vai ter que ser analisado caso a caso. Tem caso que a empresa tem condição de redirecionar o seu produto, vender para o mercado interno, tem situações que não. Tem situações que talvez seja melhor comprar uma produção para distribuir na merenda ou no PAA [Programa de Aquisição de Alimentos]", disse a ministra em entrevista ao BandNews TV.
A ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Gleisi Hoffmann.
Gil Ferreira/SRI-PR
Mais cedo, o governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), afirmou que levou sugestão semelhante ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Haddad, segundo ele, teria recebida a proposta com "muito bom grado".
"Trouxemos a possibilidade de aquisição pelo governo — seja do estado do Ceará, seja pelo nosso município — de produtos desses que nós exportamos para os EUA. Ministro recebeu com muito bom grado a sugestão e queremos ampliar inclusive essa possibilidade", declarou o governador à imprensa.
Responsável pela articulação política do Planalto, Gleisi Hoffmann afirmou que Lula ainda não bateu o martelo sobre quais medidas serão, de fato, adotadas. As propostas, segundo ela, ainda serão levadas ao presidente.
"Todas as medidas e tudo que temos conversado é justamente sobre como proteger a economia brasileira e os trabalhadores brasileiros. Não é pensando em retaliar, pensando em se vingar. Não é nada disso. Como é que a gente protege para não ter desemprego e para as empresas continuarem produzindo? Vai desde abertura de novos mercados, créditos para essas empresas, ver de que forma o próprio governo pode absorver alguns produtos para distribuir internamente", declarou.
"É uma série de mecanismos que estão sendo pensados para que a gente proteja a economia e os trabalhadores. Isso deve estar pronto já no início da semana que vem", acrescentou Gleisi.
Trump aumenta tarifas de dezenas de países
Alíquota de 50% e exceções
O decreto assinado na quarta-feira (30) pelo presidente Donald Trump elevou para 50% a alíquota sobre produtos brasileiros, mas também trouxe uma lista de 700 exceções que beneficiam segmentos estratégicos como o aeronáutico, o energético e parte do agronegócio.
Nesta quinta (31), Haddad afirmou que o decreto, considerando a lista de exceções, acabou sendo melhor que o esperado. No entanto, defendeu que há casos dramáticos entre os setores afetados.
De acordo com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior Geraldo Alckmin, cerca de 35,9% das exportações brasileiras aos EUA serão afetadas pela tarifa de 50%, anunciada por Trump.
Isso ocorre, segundo ele, porque:
45% dos produtos foram retirados da lista de aumento pelos EUA;
aço e alumínio, que já tinham alíquota de 50%, assim permanecem;
automóvel e autopeças tinham alíquota de 25% dos EUA ao mundo inteiro, e assim continuam.
Pacote de ajuda aos setores afetados
O ministro da Fazenda confirmou que o governo está concluindo um plano de proteção a empregos e setores afetados, a ser lançado nos próximos dias.
"Do nosso lado aqui, já, junto com vice-presidente Geraldo Alckmin, estamos encaminhando ao Palácio do Planalto as primeiras medidas já formatadas para que o presidente julgue a oportunidade de soltá-las. A partir da semana que vem, já vamos poder, de acordo com a decisão do presidente, tomar as primeiras medidas de proteção à indústria e agricultura nacionais", disse Haddad.
Entre as medidas, segundo o ministro, haverá linhas de crédito aos setores que tiverem suas vendas externas aos Estados Unidos sobretaxadas. "Vamos analisar caso a caso", disse Haddad nesta semana.
Estados reagem ao tarifaço de Trump com liberação de crédito e incentivos fiscais
Ele não confirmou novas ações, mas Haddad já havia informado nesta semana que um plano de proteção ao emprego, nos moldes do que aconteceu na pandemia da Covid-19, pode estar na mesa.
Tarifaço: Haddad diz que governo não pretende tomar medidas de 'retaliação' contra EUA
Na época, o governo pagava parte ou mesmo a íntegra de salários de empregados do setor privado e, em troca, as empresas deveriam garantir por algum tempo a manutenção destas contratações. Esta é uma das opções que estão disponíveis.
Na quinta-feira, Alckmin levantou a possibilidade de que os gastos com a ajuda fossem excluídos da mta fiscal, mas o ministro da Fazenda afirmou que a proposta inicial da área econômica é que o auxílio aos setores afetados fique dentro do limite de gastos do arcabouço fiscal, a regra para as contas públicas.
"A nossa proposta que está sendo encaminhada não vai exigir [que a ajuda fique fora do limite de gastos e da meta fiscal]. Embora tenha havido da parte do TCU [Tribunal de Contas da União] a compreensão que, se fosse necessário, mas não é nossa demanda inicial. Entendemos que conseguimos operar dentro do marco fiscal, sem nenhum tipo de alteração", afirmou Haddad.
'Lula pode falar comigo quando quiser', diz Trump sobre tarifaço
'Lula pode falar comigo quando quiser', diz Trump
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta sexta-feira (1º) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode ligar para ele "quando quiser".
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A declaração foi dada em resposta a uma pergunta da repórter Raquel Krähenbühl, da TV Globo, sobre a possibilidade de diálogo entre os dois líderes.
"Ele pode falar comigo quando quiser", disse Trump.
Questionado sobre a tarifa de 50% aplicada contra produtos brasileiros, o republicano não deu detalhes, mas afirmou: "As pessoas que estão comandando o Brasil fizeram a coisa errada".
Apesar da crítica, Trump disse que "ama o povo do Brasil" e evitou antecipar qualquer medida. "Vamos ver o que acontece", afirmou.
Cerca de duas horas após a fala de Trump, o presidente Lula publicou em uma rede social que o Brasil "sempre esteve aberto ao diálogo".
“Quem define os rumos do Brasil são os brasileiros e suas instituições. Neste momento, estamos trabalhando para proteger a nossa economia, as empresas e nossos trabalhadores, e dar as respostas às medidas tarifárias do governo norte-americano”, escreveu.
Fontes do Itamaraty avaliaram a declaração de Trump como um gesto e que as "peças estão se movimentando". Por outro lado, ponderaram que uma ligação entre os dois presidentes requer muita preparação.
No início da semana, o blog do Gerson Camarotti revelou que interlocutores afirmaram que Lula estava disposto a ligar para Trump, desde que fosse atendido pelo presidente americano.
Durante a semana, fontes do Planalto afirmaram que os canais com a Casa Branca estão fechados e que o governo enfrenta dificuldades para estabelecer uma ponte direta com o núcleo político do governo Trump.
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Tarifa de 50%
Montagem mostra Trump e Lula
Eduardo Munoz/Reuters; Ricardo Stuckert/Divulgação via Reuters
Na quarta-feira, Trump assinou uma ordem executiva que prevê a imposição de uma taxa de 50% sobre produtos brasileiros importados pelos EUA. As novas tarifas entram em vigor no dia 6 de agosto. O presidente americano já havia enviado uma carta a Lula, no início de julho, anunciando a medida.
Segundo a Casa Branca, a medida foi motivada por práticas do governo brasileiro que estariam prejudicando empresas americanas, violando a liberdade de expressão de cidadãos dos EUA e comprometendo interesses estratégicos do país.
De acordo com o governo americano, essas práticas foram implementadas via Poder Judiciário, com ordens que forçaram empresas a entregar dados de usuários, alterar políticas de moderação de conteúdo e censurar discursos políticos.
A medida que oficializou o tarifaço foi assinada no mesmo dia em que o governo dos EUA sancionou o ministro Alexandre de Moraes com base na Lei Magnitsky, usada para punir autoridades estrangeiras por violações de direitos humanos.
Segundo o governo americano, todos os eventuais bens de Moraes nos EUA estão bloqueados, assim como empresas associadas a ele.
O ministro também está proibido de realizar transações com cidadãos e companhias americanas — como usar cartões de crédito de bandeira dos EUA, por exemplo.
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Restaurantes dos EUA pedem que carne e café sejam poupados da tarifa de Trump
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Reprodução/redes sociais
A Associação Nacional de Restaurantes dos Estados Unidos divulgou, nesta sexta-feira (1º), uma carta ao governo Trump pedindo que alimentos e bebidas, com carne e café, sejam poupados das novas tarifas impostas pelo país. Segundo a entidade, a medida encareceria produtos e afetaria consumidores norte-americanos.
"Essas mudanças podem aumentar os preços de itens populares em restaurantes, como café e hambúrgueres, e elevar os preços de muitos outros ingredientes essenciais para o cardápio", diz o comunicado.
O texto também menciona outra carta divulgada na terça-feira (29), um dia antes de Trump assinar o decreto que impôs uma taxa de 50% sobre os produtos brasileiros. Nela, o setor ainda esperava que houvesse negociação e ressaltava a dependência em relação aos produtos que vêm de fora.
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"Como muitos produtos alimentícios essenciais não podem ser cultivados nos EUA durante todo o ano, dependemos das cadeias globais de suprimento para manter a qualidade, a acessibilidade e a consistência", afirma a associação.
A organização reforça a importância de alimentos brasileiros, como carne e café, e de bebidas vindas da União Europeia.
"A imposição de tarifas a parceiros-chave, como Brasil e União Europeia, apresentaria desafios significativos para a cadeia de suprimentos dos restaurantes, afetando o custo e a disponibilidade de produtos essenciais, como café, carne bovina e alimentos, vinhos e destilados europeus", destacou.
Nas duas cartas, a associação destaca que os alimentos e bebidas não são os principais responsáveis pelo desequilíbrio da balança comercial dos EUA alegado por Trump para impor tarifas a diversos países. Veja abaixo as duas cartas na íntegra.
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Raio X da exportação
arte g1
Carta divulgada na sexta-feira (1º):
O presidente Donald J. Trump anunciou recentemente diversas novas tarifas que podem impactar o custo de alimentos e bebidas. Essas mudanças podem aumentar os preços de itens populares em restaurantes, como café e hambúrgueres, e elevar os preços de muitos outros ingredientes essenciais para o cardápio. A presidente e CEO da Associação Nacional de Restaurantes (NARA), Michelle Korsmo, divulgou a seguinte declaração sobre como essas mudanças impactarão os operadores de restaurantes e os consumidores:
Operar um restaurante está se tornando cada vez mais difícil devido à pressão econômica e regulatória e ao aumento de quase 5% nos custos de alimentos no atacado desde o ano passado. Essas novas tarifas sobre alimentos e bebidas agravarão a situação.
"Embora ainda estejamos avaliando o impacto total desses anúncios, é evidente que essas tarifas aumentarão o custo de acesso a muitos produtos importantes do cardápio.
Com os restaurantes operando com margens muito apertadas, muitos operadores podem não ter outra opção a não ser aumentar os preços do cardápio, algo que relutam em fazer, pois sabemos que os americanos podem ter que optar por jantar fora com menos frequência se os preços subirem. Menos pessoas jantando fora prejudicam um setor que sustenta milhões de empregos e economias locais.
Solicitamos ao governo Trump que continue com acordos comerciais sensatos. Embora seja importante lidar com os déficits comerciais, alimentos e bebidas não são os principais contribuintes para esses desequilíbrios. Defendemos veementemente a isenção de alimentos e bebidas das negociações tarifárias e a garantia de que produtos em conformidade com o USMCA permaneçam isentos durante as negociações em andamento com o México e o Canadá. Essas medidas ajudarão a proteger pequenas empresas, preservar empregos e manter a alimentação fora de casa acessível para as famílias.
"Embora os restaurantes sejam resilientes, precisamos de políticas que nos permitam continuar servindo nossas comunidades de forma eficaz."
Leia a carta de 29 de julho da Associação ao Representante Comercial dos EUA, pedindo que alimentos e bebidas sejam isentos de tarifas aqui.
Carta divulgada no dia 29 de julho:
Prezada Embaixadora Greer,
Em nome dos restaurantes dos Estados Unidos, escrevo para elogiar os esforços da administração em criar um ambiente de comércio mais equilibrado e justo.
Embora apoiemos seus esforços para proteger os consumidores e empresas americanas, responsabilizando outros países, continuamos extremamente preocupados que a imposição de tarifas sobre produtos alimentícios e bebidas tenha consequências de longo alcance para os restaurantes, que já operam com margens extremamente reduzidas.
Os restaurantes dependem de um fornecimento constante, durante todo o ano, de ingredientes frescos para atender milhões de clientes diariamente. Como muitos produtos alimentícios essenciais não podem ser cultivados nos EUA durante todo o ano, dependemos das cadeias globais de suprimento para manter a qualidade, a acessibilidade e a consistência. Tarifas sobre essas importações críticas interromperiam as cadeias de suprimento, aumentariam os custos para os operadores e, em última instância, levariam a preços de cardápio mais altos para os consumidores.
Estamos satisfeitos que os produtos em conformidade com o USMCA estejam atualmente isentos de tarifas e esperamos que a administração mantenha essa isenção enquanto negocia acordos comerciais com o Canadá e o México.
Uma tarifa de 30% sobre produtos alimentícios e bebidas provenientes do México e do Canadá, muitos dos quais não podem ser cultivados ou produzidos domesticamente, custaria aos restaurantes americanos US$ 15,16 bilhões. Considerando que os custos com alimentos representam 33 centavos de cada dólar em vendas, tal tarifa resultaria em uma perda de 35% do lucro para um operador médio de pequeno restaurante.
Esses números são alarmantes para um setor que lida em tempo real com as flutuações nos preços das commodities. Restaurantes não são como outros pequenos negócios. Eles operam com margens médias de 3 a 5% antes dos impostos e têm, em média, apenas 16 dias de caixa disponível. Isso significa que aumentos significativos de custos não são sustentáveis para a maioria.
Também estamos otimistas de que a administração garantirá acordos comerciais mutuamente benéficos com um leque mais amplo de países antes do prazo de 1º de agosto. A imposição de tarifas a parceiros-chave, como Brasil e União Europeia, apresentaria desafios significativos para a cadeia de suprimentos dos restaurantes, afetando o custo e a disponibilidade de produtos essenciais, como café, carne bovina e alimentos, vinhos e destilados europeus. Atualmente, os preços da carne bovina já estão em níveis recordes, impactando os preços de itens do cardápio, como hambúrgueres, tacos e outros.
Concordamos que nossos déficits comerciais com outros países devem ser mais equilibrados, mas, como os produtos alimentícios e bebidas não contribuem significativamente para esses déficits, esperamos que esses produtos possam ser isentos.
Como sempre, nosso objetivo comum é garantir que os restaurantes do nosso país continuem sendo uma força motriz da economia nacional, servindo refeições acessíveis e deliciosas para milhões de pessoas todos os dias.
Agradecemos sua atenção a este assunto e por trabalhar para proteger a força e a estabilidade dos restaurantes americanos.
Atenciosamente,
Afinal, café bom vai todo pra fora do Brasil?
Paul Krugman ironiza Trump: quer 'governar o mundo', mas não vive sem o suco de laranja do Brasil
Paul Krugman critica Trump por tarifa de 50% aplicada ao Brasil
O economista e vencedor do Nobel Paul Krugman voltou a criticar o presidente Donald Trump nesta sexta-feira (1º) após a nova rodada de tarifas anunciada ontem, classificando a medida como ilegal e politicamente desastrosa.
Em artigo, Krugman afirma que o governo dos EUA está utilizando barreiras comerciais como instrumento de pressão política, e que “quem imagina que os EUA podem usar a ameaça de tarifas para forçar grandes mudanças políticas no exterior está sofrendo de delírios de grandeza”.
Krugman voltou a citar o caso brasileiro como o mais emblemático. O país foi alvo de tarifas de até 50%, bem acima das aplicadas a outros parceiros comerciais. Mas, mais grave, segundo ele, é o motivo alegado por Trump: punir o Brasil por processar o ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Na verdade, praticamente tudo o que Trump tem feito em matéria de comércio é ilegal, mas no caso do Brasil é escancarado”, diz o economista.
“Não acho que nem o advogado mais ardiloso e sem escrúpulos conseguiria encontrar algo na legislação dos EUA que dê ao presidente o direito de impor tarifas a um país, não por razões econômicas, mas porque ele não gosta do que o Judiciário desse país está fazendo”, escreveu.
Krugman lembra que a legislação americana permite a imposição de tarifas temporárias em situações específicas — como proteção a indústrias estratégicas, práticas comerciais desleais ou emergências econômicas. Nenhuma dessas justificativas, segundo ele, se aplica ao caso brasileiro.
O economista também questiona a eficácia da estratégia. Embora o mercado americano seja importante, ele representa apenas 12% das exportações brasileiras.
“Trump e seus assessores realmente acham que podem usar tarifas para intimidar um país com mais de 200 milhões de habitantes a abandonar seus esforços de defesa da democracia, quando 88% das exportações brasileiras vão para países que não são os Estados Unidos?”, provocou.
Krugman também destaca a contradição nas exceções feitas pelo governo americano. O suco de laranja — 90% importado do Brasil — foi poupado das tarifas, enquanto o café, que ele chama de “um nutriente essencial”, não teve o mesmo privilégio.
“Isso é uma admissão implícita de que, ao contrário do que Trump afirma constantemente, quem paga as tarifas são os consumidores americanos, não os exportadores estrangeiros.”
Na avaliação do economista, as sanções têm provocado um efeito político contrário ao desejado. Assim como no Canadá, onde a pressão americana fortaleceu o governo liberal, as ameaças contra o Brasil parecem ter impulsionado a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Trump pode achar que pode governar o mundo, mas ele não tem o 'suco' — nem de laranja, nem de outra coisa”, concluiu Krugman, em referência irônica à exceção feita ao produto brasileiro.
Paul Krugman em encontro com Biden na Casa Branca, em agosto de 2023
Adam Schultz/Official White House Photo
Veja o texto de Krugman abaixo
Como disse ontem, Donald Trump não está “vencendo sua guerra comercial”. Ele está impondo muitas tarifas, e até agora ninguém o impediu, mesmo que suas ações sejam claramente ilegais. Mas “vencer” uma guerra comercial, se isso significa algo, seria usar tarifas para obter concessões significativas de outros países. E embora alguns parceiros comerciais importantes, especialmente a União Europeia, estejam fazendo de conta que cedem, quando se observa o que realmente estão fazendo, é só fumaça.
Trump é um negociador incompetente, facilmente enganado? Talvez. Mas, mais fundamentalmente, ele simplesmente não tem força. O mercado dos EUA é grande, e negar acesso a esse mercado prejudica outros países. Mas não os prejudica tanto assim, e quem imagina que os EUA podem usar a ameaça de tarifas para forçar grandes mudanças políticas no exterior está sofrendo de delírios de grandeza.
Considere o caso do Brasil.
De certa forma, as ações de Trump em relação ao Brasil são excepcionais, mesmo dentro do contexto de sua ruptura sem precedentes com 90 anos de política tarifária dos EUA. Para começar, o Brasil está enfrentando tarifas de 50% — consideravelmente mais altas do que qualquer outro país.
Além disso, as exigências de Trump ao Brasil são diferentes das que ele faz a outros países. A União Europeia e o Japão foram alvo por supostas práticas comerciais desleais, embora nunca tenha ficado claro quais seriam essas práticas. O Canadá está sendo alvo por alegações de que é uma fonte importante de fentanil — o que é mentira, mas seria uma queixa legítima se fosse verdade. Já no caso do Brasil, Trump vinculou explicitamente as tarifas à ousadia do país em julgar Jair Bolsonaro, o ex-presidente, por tentar reverter uma eleição que perdeu.
Ou seja, Trump é inimigo da democracia e da responsabilização de aspirantes a autoritários — mas isso já sabíamos. Além disso, é completamente ilegal que um presidente dos EUA use tarifas para tentar influenciar a política interna de outro país. Presidentes têm certa margem de manobra para definir tarifas, mas há um número limitado de justificativas legais para impor tarifas temporárias:
Para dar fôlego a uma indústria americana diante de um aumento repentino de importações (Seção 201)
Para preservar uma indústria essencial à segurança nacional (Seção 232)
Práticas desleais de comércio exterior (Seção 301 e tarifas antidumping)
Presidentes também podem alegar poderes adicionais durante uma emergência econômica — mas Trump continua insistindo que a economia dos EUA está ótima, o que presumivelmente significa que não há emergência.
Na verdade, praticamente tudo o que Trump tem feito em matéria de comércio é ilegal, mas no caso do Brasil é escancarado. Não acho que nem o advogado mais ardiloso e sem escrúpulos conseguiria encontrar algo na legislação dos EUA que dê ao presidente o direito de impor tarifas a um país, não por razões econômicas, mas porque ele não gosta do que o Judiciário desse país está fazendo. (Últimas palavras famosas?)
Portanto, o confronto com o Brasil ilustra de forma especialmente clara a ilegalidade da onda tarifária de Trump. Também mostra, no entanto, a diferença entre o poder que Trump aparentemente acha que tem e a realidade.
Tenho visto artigos dizendo que os Estados Unidos são o segundo parceiro comercial mais importante do Brasil. Isso nem é verdade, a menos que se ignore que, em termos de comércio internacional, a União Europeia faz jus ao nome, apresentando uma frente unificada em matéria de tarifas. De qualquer forma, é importante perceber que os EUA não têm um peso tão grande assim nas exportações totais do Brasil. Veja a divisão do ano passado:
Trump e seus assessores realmente acham que podem usar tarifas para intimidar um país com mais de 200 milhões de habitantes a abandonar seus esforços de defesa da democracia, quando 88% das exportações brasileiras vão para países que não são os Estados Unidos?
E tem mais: a administração Trump isentou o suco de laranja fresco — 90% do qual é importado do Brasil — das tarifas. Aparentemente, precisamos do que o Brasil nos vende. E isso é uma admissão implícita de que, ao contrário do que Trump afirma constantemente, quem paga as tarifas são os consumidores americanos, não os exportadores estrangeiros.
O que alguns de nós querem saber é por que o suco de laranja, que dá para viver sem, recebeu isenção, enquanto o café — um nutriente absolutamente essencial — não.
Como era de se esperar, as tarifas parecem estar tendo um efeito político contrário. Ecoando o que aconteceu no Canadá, onde a pressão de Trump claramente salvou o governo liberal de perdas eleitorais massivas, as ameaças contra o Brasil fizeram maravilhas pela popularidade de Luiz Inácio Lula da Silva, o atual presidente:
Como eu disse, Trump pode achar que pode governar o mundo, mas ele não tem o 'suco' — nem de laranja, nem de outra coisa. Na verdade, ele está dando ao mundo uma lição involuntária sobre os limites do poder dos Estados Unidos.
Veja como começar a plantar pitaia
O Globo Rural recebeu uma mensagem do Sebastião, de Américo Brasiliense (SP), pedindo ajuda para começar a plantar pitaia. A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) tem um material gratuito, que dá diversas dicas necessárias para o cultivo dessa fruta exótica, cada vez mais apreciada pelos brasileiros. 📲 Acesse aqui Leia também: Tarifaço: dá para mandar os alimentos que iriam para os EUA para outros mercados? Tarifaço pode encarecer ou baratear o preço dos alimentos no Brasil?
Dólar e Ibovespa fecham em queda, de olho em novas tarifas e dados de emprego nos EUA
Tarifaço dos EUA é contestado na justiça e Trump anuncia novas taxas para o resto do mundo
O dólar fechou em queda 1,01% de nesta sexta-feira (1º), cotado a R$ 5,5445. O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, teve recuo de 0,48%, aos 132.437 pontos.
A semana termina com os investidores avaliando os impactos do tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, além de dados de emprego mais fracos do que o esperado.
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▶️ Trump assinou ontem um decreto que impõe tarifas a diversos países, com alíquotas entre 10% e 41%. As novas taxas entram em vigor a partir de 7 de agosto.
A medida reacende dúvidas no mercado sobre os possíveis efeitos do tarifaço na inflação dos EUA e na economia global. (saiba mais abaixo)
▶️ No caso do Brasil, o governo americano confirmou a tarifa de 50%, mas informou que mais de 700 itens ficarão de fora, incluindo suco de laranja, combustíveis, veículos, aeronaves civis e alguns tipos de metais e madeira.
Alguns especialistas avaliam que a lista de exceções representa um recuo importante de Trump nas tarifas contra o Brasil, mas o mercado ainda aguarda com cautela qual será a resposta do governo brasileiro.
▶️ Também foram divulgados os novos dados de emprego dos EUA. A taxa de desemprego subiu para 4,2% em julho, e o país criou apenas 73 mil novas vagas no mês — abaixo das expectativas dos analistas.
Os números de meses anteriores também foram revisados para baixo: maio registrou 19 mil vagas e junho, apenas 14 mil — os piores resultados desde a pandemia de covid-19.
"Foi um relatório de emprego mais fraco do que o mercado esperava. As revisões negativas de 258 mil vagas e o aumento na taxa de desemprego recolocaram a possibilidade de um corte de juros em setembro na mesa", dizem Ian Lyngen e Vail Hartman, estrategistas do BMO Capital Markets, em nota.
Embora um corte de juros seja positivo para o mercado, cresce o temor de uma forte desaceleração nas economias desenvolvidas.
Combinando o tarifaço e os dados fracos de emprego, as bolsas europeias registraram nesta sexta-feira a maior queda desde abril. Em Nova York, os índices também recuaram diante do aumento no pessimismo.
Veja abaixo como esses fatores impactam o mercado.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
💲Dólar
a
Acumulado da semana: -0,30%;
Acumulado do mês: -1,01%;
Acumulado do ano: -10,28%.
📈Ibovespa
Acumulado da semana: -0,81%;
Acumulado do mês: -0,48%;
Acumulado do ano: +10,10%.
Tarifaço pelo mundo
A ordem executiva assinada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, na última quinta-feira (31) marca um novo capítulo do tarifaço para o mundo.
A medida amplia e modifica as tarifas recíprocas aplicadas a diversos países, com alíquotas que, agora, vão de 10% a 41%. As novas taxas devem entrar em vigor a partir de 7 de agosto.
Mesmo com a ampliação das tarifas para várias nações, o Brasil ainda é o mais tarifado por Trump, com uma alíquota de 50%. Depois vem a Síria (41%), seguida por Laos e Mianmar (Birmânia), ambos com taxas de 40%.
Já os menos afetados foram o Reino Unido e as Ilhas Malvinas — os únicos até agora com taxas de 10%.
MAPA DO TARIFAÇO: veja países mais e menos afetados com novas taxas dos EUA
Com a notícia, as bolsas europeias encerraram na maior queda diária desde abril. O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em baixa de 1,89% e registrou o maior recuo em três meses. Veja as principais cotações:
Em Londres, o índice Financial Times recuou 0,70%, a 9.068,58 pontos.
Em Frankfurt, o índice DAX caiu 2,66%, a 23.425,97 pontos.
Em Paris, o índice CAC-40 perdeu 2,91%, a 7.546,16 pontos.
Em Milão, o índice Ftse/Mib teve desvalorização de 2,55%, a 39.942,82 pontos.
Em Madri, o índice Ibex-35 registrou baixa de 1,88%, a 14.126,70 pontos.
Em Lisboa, o índice PSI20 se desvalorizou 1,10%, a 7.626,71 pontos.
E no Brasil?
Para o Brasil, o presidente dos EUA havia assinado o decreto que impõe uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros na última quarta-feira (30). Inicialmente previstas para entrar em vigor nesta sexta-feira (1º), as taxas foram adiadas para 6 de agosto.
Segundo a Casa Branca, a medida foi adotada em resposta a ações do governo brasileiro que representariam uma “ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos EUA”.
O anúncio oficializa o percentual mencionado pelo republicano em carta enviada a Lula neste mês e afirma que a ordem executiva foi motivada por ações que “prejudicam empresas americanas e os direitos de liberdade de expressão de cidadãos americanos”, além de afetar a política externa e a economia do país.
Nesta sexta-feira (1º), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo federal não pretende adotar medidas com objetivo de retaliar os Estados Unidos em resposta ao tarifaço imposto pelo presidente Donald Trump.
Segundo o ministro, os próximos passos serão com foco em ações de proteção para "atenuar os efeitos" sobre a indústria e o agronegócio.
"Não houve desistência da decisão [de retaliar] porque essa decisão não foi tomada. Nós nunca usamos esse verbo para caracterizar as ações que a economia brasileira vai tomar. São ações de proteção da soberania, proteção da nossa indústria, do nosso agronegócio", disse Haddad a jornalistas.
Agenda econômica
Outro destaque da sessão fica com o Payroll, relatório de emprego norte-americano. O documento é um dos principais indicadores do país e serve como um termômetro da economia nos EUA.
O relatório também tem grande peso nas decisões de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) – a autarquia trabalha com metas de inflação e pleno emprego pra conduzir a taxa básica dos EUA.
Segundo dados do Departamento do Trabalho, os EUA abriram 73 mil vagas de emprego fora do setor agrícola em julho. O resultado veio abaixo do esperado pelo mercado, de 110 mil novos postos, e indica uma deterioração nas condições do mercado de trabalho que coloca um corte de juros em setembro pelo Federal Reserve de volta à mesa.
O presidente do Fed, Jerome Powell, tem sofrido diversas críticas de Trump pela demora em iniciar um ciclo de cortes de juros nos EUA. Nesta semana, a instituição manteve as taxas inalteradas pela quinta reunião consecutiva, na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano.
Nesta sexta-feira (1º), o presidente norte-americano chegou a afirmar que a diretoria da instituição deveria assumir o controle, caso o banqueiro central continue se recusando a reduzir a taxa de juros.
"Jerome 'Atrasado Demais' Powell, um IMBECIL teimoso, tem que reduzir substancialmente a taxa de juros. AGORA, SE ELE CONTINUAR SE RECUSANDO, A DIRETORIA DEVE ASSUMIR O CONTROLE E FAZER O QUE TODOS SABEM QUE DEVE SER FEITO!", disse Trump em publicação no Truth Social.
Ainda na agenda de indicadores, os gastos com construção nos Estados Unidos caíram 0,4% em junho, em meio a um declínio acentuado nos gastos com projetos de moradias unifamiliares devido às taxas de hipoteca mais altas e ao aumento dos estoques.
Já o setor manufatureiro dos Estados Unidos contraiu pelo quinto mês consecutivo em julho. Segundo o Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM), o emprego nas fábricas caiu para o nível mais baixo em cinco anos, em meio às tarifas que aumentaram os preços das matérias-primas importadas.
Notas de dólar.
Luisa Gonzalez/ Reuters
BYD Sealion 7: veja como se saiu o SUV mais potente e rápido da marca em teste do g1; VÍDEO
BYD Sealion 7: veja como se saiu o SUV mais potente e rápido da marca em teste do g1
O g1 foi a Brotas, no interior de São Paulo, conhecer dois potenciais lançamentos da BYD para o mercado brasileiro: o SUV Sealion 7 e o sedã Seal híbrido.
Apesar de a marca não garantir que esses veículos serão vendidos no Brasil por enquanto, diversos modelos apresentados inicialmente como exclusivos para testes acabaram chegando às concessionárias meses depois.
Um indicativo curioso é de que o Sealion 7 testado já estava equipado com central multimídia em português brasileiro.
Veja abaixo quem são eles e como andaram na pista.
Sealion 7
Sealion 7 tem 4,98 m de comprimento, é maior que o Toyota SW4
Vagner Aquino
Para entender a nova estratégia da BYD, é preciso começar pelo modelo que deve ser o SUV mais rápido da marca. O Sealion 7 já está à venda na Europa e em outros mercados internacionais.
O modelo tem 523 cv de potência e, com esse desempenho, seria o SUV mais rápido da BYD no teste de aceleração de 0 a 100 km/h, superando até modelos esportivos da Porsche.
O Sealion 7 vai de 0 a 100 km/h em 4,5 segundos. Ele só perde para o Seal, sedã elétrico da própria marca, que faz o mesmo em 3,8 segundos.
Com 2.845 kg, o SUV pesa o mesmo que um elefante-da-floresta adulto e acelera quase tão rápido quanto um Porsche 911 Carrera Cabriolet, que faz de 0 a 100 km/h em 4,3 segundos. A comparação mostra o contraste entre peso e desempenho.
A BYD já vende outros modelos com desempenho parecido. O Tan, por exemplo, também passa dos 500 cv e acelera de 0 a 100 km/h em menos de 5 segundos.
O porta-malas do Sealion 7 é de 520 litros
Vagner Aquino
O Sealion 7 tem 4,83 m de comprimento, 1,92 m de largura, 1,62 m de altura e entre-eixos de 2,93 m. Em comparação, o Toyota SW4 é 4 cm mais curto, 7 cm mais estreito, 21 cm mais alto e tem entre-eixos 19 cm menor.
Na parte dianteira, há um compartimento com 58 litros de capacidade. Já o porta-malas comporta 520 litros, de acordo com a ficha técnica da versão vendida em Portugal. Na Europa, o modelo é oferecido em duas versões: Comfort, com tração traseira, e Excellence, com tração integral.
Por dentro, o modelo acomoda cinco adultos com conforto, oferecendo bom espaço para pernas, ombros e cabeça no banco traseiro. Também há saídas de ar-condicionado e sistema de refrigeração nos assentos.
A cabine tem acabamento em diferentes tipos de couro. As portas combinam couro cru, couro tratado e plástico. No console central, há carregador por indução e botões físicos para funções básicas como ignição, freio de estacionamento e modos de condução.
O interior do SUV elétrico é requintado e tem desenho interessante nas portas
Vagner Aquino
O painel inferior é revestido em couro claro, enquanto o volante tem acabamento na cor cinza. As partes em plástico são discretas e contam com acabamento pensado para disfarçar imperfeições.
Durante o teste em pista, o bom desempenho em aceleração se mostrou, mas não sem algumas limitações. Com quase três toneladas, o controle de estabilidade enfrenta dificuldades para segurar a massa em frenagens de emergência.
Não é como um elefante ensaboado tentando se equilibrar sob uma pedra de gelo, afinal, tecnologia também é o forte deste modelo. Porém, o peso fica evidente ao tentar carregar tanta massa para a parte de dentro de uma curva fechada, por exemplo.
Assim, fica claro que a proposta dele é ter acelerações de Porsche, mas não a mesma capacidade de contornar curvas e atacar zebras. Pudera, fala-se sobre um SUV, não um esportivo raiz.
O sistema de freios responde bem, mas exige mais pressão no pedal. A transferência de peso é sentida no volante, principalmente nas frenagens, quando a traseira tende a se deslocar.
O sistema ABS atua de forma intensa, gerando um ruído parecido com o de pneus passando por faixas de alerta nas rodovias. Esse som pode incomodar consumidores mais exigentes, principalmente levando em conta que o modelo deve ultrapassar os R$ 500 mil se vendido por aqui.
O volante tem boa empunhadura, mas deveria ter um peso maior ao acionar o modo Sport. O carro fica mais ágil e, para pista, seria interessante se tivesse uma resposta mais assertiva. A direção com assistência elétrica é muito anestesiada no cenário de pista.
Porém, fazer um teste de aceleração até os 100 km/h é divertido (sobretudo quando realizado em local apropriado). As retomadas de velocidade são interessantes e deverão fazer inveja para os consumidores de Cayenne.
A bateria tem capacidade de 82 kWh, com autonomia estimada em 500 km no ciclo chinês. No Brasil, esse número deve ser menor, e o dado oficial será divulgado após avaliação do Inmetro.
O novo volante do Sealion 7 tem boa empunhadura
Vagner Aquino
Os bancos são extremamente confortáveis e as abas laterais seguram bem em acelerações laterais.
Ficha técnica (dados preliminares da BYD):
Potência: 523 cv;
0 a 100 km/h: 4,5 segundos;
Bateria: 82 kWh;
Autonomia: 500 km (ciclo WLTP);
Versões: Comfort (4x2) e Excellence (4x4);
Comprimento: 4,83 m;
Largura: 1,92 m;
Altura: 1,62 m;
Entre-eixos: 2,93 m.
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Seal Híbrido
O outro modelo avaliado pelo g1 foi o Seal híbrido, que pode concorrer com o Honda Accord, um dos poucos sedãs grandes ainda disponíveis no Brasil.
Por atuar em um segmento com pouca concorrência, as chances de inserção aumentam, embora o consumidor brasileiro tenha priorizado os SUVs — que já representam mais de 53% das vendas.
O Seal híbrido ficaria acima do Corolla e do King em tamanho, se aproximando do Accord. Suas dimensões são:
Comprimento: 4,98 m;
Largura: 1,89 m;
Altura: 1,49 m;
Entre-eixos: 2,90 m.
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Em comparação, o Accord Hybrid é 1 cm mais curto, 3 cm mais estreito, 4 cm mais baixo e tem entre-eixos 7 cm menor. O modelo usa um motor 2.0 aspirado combinado a um sistema elétrico, com potência total de 207 cv.
A BYD ainda não divulgou os dados de desempenho do Seal híbrido, mas o modelo tem proposta diferente da versão elétrica. O comportamento lembra mais o do King, priorizando a eficiência, não o desempenho.
Durante o teste, o motor não mostrou respostas rápidas. Mesmo sendo híbrido, o conjunto não privilegia arrancadas ou torque imediato. O foco está na economia de combustível.
Seal híbrido tem 1,89 m de largura
Vinicius Montoia | g1
Na China, o Seal híbrido é vendido com duas opções de motorização: 1.5 aspirado e 1.5 turbo.
A versão aspirada gera 108 cv e 13,7 kgfm de torque, combinada a um motor elétrico de 194 cv e 33,1 kgfm.
Já a versão turbo oferece 136 cv e 23,5 kgfm, junto com um motor elétrico de 214 cv e 33,1 kgfm.
De acordo com a fabricante, o consumo pode chegar a 29 km/l, com autonomia de até 125 km no modo 100% elétrico e até 2.000 km combinando os dois motores.
Painel de instrumentos indica que o carro testado tem leitura de placas dentre os equipamentos de ADAS
Vinicius Montoia | g1
No teste feito na pista da BYD, a versão com motor turbo teve desempenho abaixo do esperado para um sedã desse tamanho.
Ele até entrega o visual do Seal elétrico, o que indicaria um desempenho mais condizente com a versão elétrica. Mas é apenas ilusão. Mesmo afundando o pé no acelerador, o asfalto demora para correr.
O ruído do motor invade a cabine, mas pouco acontece do lado de fora. Nas curvas, é possível contornar com tranquilidade, com equilíbrio da carroceria. Apensar de ser um sedã de grande porte, nada assusta no Seal Híbrido (talvez pela falta de velocidade).
Assim como o Sealion, o volante também precisa de uma calibração mais pesada para encarar situações de pista (o que, certamente, não será a proposta do carro).
Contudo, por ter um perfil urbano e público mais conservador, é possível que o Seal Híbrido agrade a audiência que gosta de sedans.
Por fora, o Seal híbrido mantém o mesmo design do Seal elétrico. Por dentro, o acabamento é mais simples, mas compatível com a proposta do modelo.
O porta-malas e o espaço interno são generosos. A cabine traz telas grandes para a central multimídia e o painel de instrumentos. A parte inferior do painel é revestida em alcântara, enquanto a superior é coberta com couro.
O uso excessivo de black piano, no entanto, facilita o acúmulo de marcas de dedo e pode causar reflexos sob luz forte, prejudicando a visibilidade.
A lista oficial de equipamentos ainda não foi divulgada. No modelo testado, estavam presentes recursos de assistência ao condutor (ADAS), como alerta de ponto cego, aviso de saída de faixa, piloto automático adaptativo, frenagem de emergência e leitura de placas.
Caso a BYD mantenha o valor atual da versão elétrica, o híbrido pode chegar ao Brasil na faixa de R$ 200 mil a R$ 280 mil.
BYD Seal Hybrid tem 4,98 m de comprimento
Vinicius Montoia | g1
Tarifaço: Haddad diz que governo não pretende tomar medidas de 'retaliação' contra EUA
Tarifaço: Haddad diz que governo não pretende tomar medidas de 'retaliação' contra EUA
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta sexta-feira (1º) que o governo federal não pretende adotar medidas com objetivo de retaliar os Estados Unidos em resposta ao tarifaço imposto pelo presidente Donald Trump.
Segundo o ministro, os próximos passos serão com foco em ações de proteção para "atenuar os efeitos" sobre a indústria e o agronegócio.
"Não houve desistência da decisão [de retaliar] porque essa decisão não foi tomada. Nós nunca usamos esse verbo para caracterizar as ações que a economia brasileira vai tomar. São ações de proteção da soberania, proteção da nossa indústria, do nosso agronegócio", disse Haddad a jornalistas.
Segundo o titular da Fazenda, "são medidas de reação a uma ação injustificável e proteção da economia e soberania brasileiras. Essa palavra [retaliação] não figurou no discurso do presidente e de nenhum ministro".
Com isso, o ministro indicou que o governo brasileiro não pretende adotar a lei da reciprocidade, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em abril — que prevê contramedidas em casos de retaliações comerciais externas.
Lula e Trump
Adriano Machado/Reuters; Evelyn Hockstein/Reuters
🌍Hoje, o Brasil segue as normas da Organização Mundial do Comércio (OMC), que impedem tarifas discriminatórias contra países específicos.
Mas, com a nova legislação, o país passa a ter instrumentos legais para responder a ações consideradas injustas, como o tarifaço de Trump.
"Nós entendemos que há canais competentes, nos quais o Brasil pode defender seus interesses na OMC [Organização Mundial do Comércio], na justiça americana, onde vários empresários tanto dos Estados Unidos quanto do Brasil estão recorrendo para salvaguardar seus interesses. E, sim, buscar os canais diplomáticos competentes para atenuar os efeitos da decisão sobre a economia brasileira", acrescentou o ministro da Fazenda.
Em conversa com jornalistas no Ministério da Fazenda nesta sexta, Haddad avaliou que as tarifas impostas pelo republicano são "deliberadamente políticas".
Alíquota de 50% e exceções
O decreto assinado na quarta-feira (30) pelo presidente Donald Trump elevou para 50% a alíquota sobre produtos brasileiros, mas também trouxe uma lista de 700 exceções que beneficiam segmentos estratégicos como o aeronáutico, o energético e parte do agronegócio.
Nesta quinta (31), Haddad afirmou que o decreto, considerando a lista de exceções, acabou sendo melhor que o esperado. No entanto, defendeu que há casos dramáticos entre os setores afetados.
De acordo com o vice-presidente Geraldo Alckmin, cerca de 35,9% das exportações brasileiras aos EUA serão afetadas pela tarifa de 50%, anunciada pelo presidente Donald Trump.
Isso ocorre, segundo ele, porque:
45% dos produtos foram retirados da lista de aumento pelos EUA;
Aço e alumínio, que já tinham alíquota de 50%, assim permanecem;
Automóvel e autopeças tinham alíquota de 25% dos EUA ao mundo inteiro, e assim continuam.
Pacote de ajuda aos setores afetados
O ministro da Fazenda confirmou, ainda, que o governo está concluindo um plano de proteção a empregos e setores afetados, a ser lançado nos próximos dias.
"Do nosso lado aqui, já, junto com vice-presidente Geraldo Alckmin, estamos encaminhando ao palácio do planalto as primeiras medidas já formatadas. Para que o presidente julgue a oportunidade de soltá-las. A partir da semana que vem, já vamos poder, de acordo com a decisão do presidente, tomar as primeiras medidas de proteção à indústria e agricultura nacionais", disse Haddad.
Haddad diz que plano de proteção de empregos será lançado nos próximos dias
Entre as medidas, segundo Haddad, haverá linhas de crédito aos setores que tiverem suas vendas externas aos Estados Unidos sobretaxadas. "Vamos analisar caso a caso", disse o ministro nesta semana.
Ele não confirmou novas ações, mas Haddad já havia informado nesta semana que um plano de proteção ao emprego, nos moldes do que aconteceu na pandemia da Covid-19, pode estar na mesa.
Na época, o governo pagava parte ou mesmo a íntegra de salários de empregados do setor privado e, em troca, as empresas deveriam garantir por algum tempo a manutenção destas contratações. É uma opção que está na mesa.
Segundo o ministro da Fazenda, a proposta inicial da área econômica é que o auxílio aos setores afetados fique dentro do limite de gastos do arcabouço fiscal, a regra para as contas públicas, e que não seja excluído da meta fiscal.
"A nossa proposta que está sendo encaminhada não vai exigir [que a ajuda fique fora do limite de gastos e da meta fiscal]. Embora tenha havido da parte do TCU a compreensão que, se fosse necessário, mas não é nossa demanda inicial. Entendemos que conseguimos operar dentro do marco fiscal, sem nenhum tipo de alteração", afirmou Haddad.
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Mapa do tarifaço: veja países mais e menos afetados com novas taxas dos EUA
EUA impõem novos percentuais e adiam entrada em vigor de tarifaço para 7 de agosto
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou na quinta-feira (31) uma nova ordem executiva do tarifaço. A medida modifica e amplia as taxas aplicadas a diversos países, com alíquotas variam entre 10% e 41%. As novas tarifas entram em vigor a partir de 7 de agosto.
A medida, segundo a Casa Branca, visa responder a práticas comerciais consideradas injustas e proteger os interesses econômicos dos EUA. Após a atualização, o Brasil segue com a maior taxa, de 50%.
Veja o mapa do tarifaço, com os países mais e menos afetados pelas novas taxas:
Mapa do tarifaço
Arte/g1
Quem foram os mais afetados?
O Brasil, que levou uma taxa de 50% sobre os produtos exportados aos EUA e teve um decreto à parte, assinado na última quarta-feira (30) por Trump, continua como a maior alíquota do tarifaço.
Depois veio a Síria, com uma alíquota de 41% sobre seus produtos, seguida por Laos e Mianmar (Birmânia), com taxas de 40%.
Já os menos afetados foram o Reino Unido e as Ilhas Malvinas — os únicos até agora com taxas de 10%.
Veja a lista com todos os países taxados pelos Estados Unidos, com os percentuais atualizados:
Afeganistão — 15%
Argélia — 30%
Angola — 15%
Bangladesh — 20%
Bolívia — 15%
Bósnia e Herzegovina — 30%
Botsuana — 15%
Brasil — 50%
Brunei — 25%
Camboja — 19%
Camarões — 15%
Chade — 15%
Costa Rica — 15%
Costa do Marfim — 15%
República Democrática do Congo — 15%
Equador — 15%
Guiné Equatorial — 15%
União Europeia — 15%
Ilhas Malvinas — 10%
Fiji — 15%
Gana — 15%
Guiana — 15%
Islândia — 15%
Índia — 25%
Indonésia — 19%
Iraque — 35%
Israel — 15%
Japão — 15%
Jordânia — 15%
Cazaquistão — 25%
Laos — 40%
Lesoto — 15%
Líbia — 30%
Liechtenstein — 15%
Madagáscar — 15%
Malawi — 15%
Malásia — 19%
Maurício — 15%
Moldávia — 25%
Moçambique — 15%
Mianmar (Birmânia) — 40%
Namíbia — 15%
Nauru — 15%
Nova Zelândia — 15%
Nicarágua — 18%
Nigéria — 15%
Macedônia do Norte — 15%
Noruega — 15%
Paquistão — 19%
Papua Nova Guiné — 15%
Filipinas — 19%
Sérvia — 35%
África do Sul — 30%
Coreia do Sul — 15%
Sri Lanka — 20%
Suíça — 39%
Síria — 41%
Taiwan — 20%
Tailândia — 19%
Trinidad e Tobago — 15%
Tunísia — 25%
Turquia — 15%
Uganda — 15%
Reino Unido — 10%
Vanuatu — 15%
Venezuela — 15%
Vietnã — 20%
Zâmbia — 15%
Zimbábue — 15%
Taxas mais altas
A nova ordem executiva assinada por Trump também marca uma ampliação das taxas anunciadas pelo republicano em julho.
No caso do Canadá, por exemplo, a tarifa foi elevada de 25% para 35%. "Em resposta à contínua inação e retaliação do Canadá, o presidente Trump considerou necessário aumentar a tarifa de 25% para 35% para lidar efetivamente com a emergência existente", afirmou a Casa Branca.
Além do Canadá, outros países também foram incluídos na nova rodada de tarifas, como Síria, Israel e África do Sul.
Trump já havia alertado que qualquer país que não tivesse fechado um acordo com os EUA até sexta-feira (1º) estaria sujeito a tarifas mais altas sobre seus produtos.
No caso do Canadá, o presidente dos EUA disse que o primeiro-ministro canadense, Mark Carney, havia feito contato antes do prazo final para negociações, mas que os dois não chegaram a conversar.
"Não falamos com o Canadá hoje. Ele (Carney) ligou e vamos ver", disse Trump a repórteres durante um evento na Casa Branca.
Ele ainda afirmou que seria "muito difícil" chegar a um acordo com o Canadá após Ottawa avançar no reconhecimento do Estado Palestino, embora tenha dito depois que essa decisão não seria um "impedimento" para as negociações comerciais.
“Bem, eles têm que pagar uma tarifa justa — só isso. É muito simples. Eles vêm cobrando tarifas muito, muito altas dos nossos agricultores, algumas acima de 200%, e têm tratado nossos agricultores muito mal”, afirmou.
Cartas de Trump
Essa nova medida representa uma atualização da ofensiva tarifária iniciada por Trump em julho, quando o governo começou a enviar cartas a líderes de países com os quais os EUA mantêm relações comerciais.
Os documentos estipulavam tarifas entre 20% e 50% sobre produtos importados de cada país, com aplicação prevista para 1º de agosto, caso não fosse firmado um acordo com os Estados Unidos.
Até o momento, foram enviadas 25 notificações — sendo o Brasil o país com a maior tarifa.
Brasil teve exceções
Apesar de ter sido o país com a maior tarifa anunciada — 50% sobre produtos exportados aos EUA — o Brasil tem uma longa lista de exceções divulgada pela Casa Branca nesta quarta-feira (30).
Quase 700 itens foram poupados da sobretaxa, incluindo setores estratégicos como o aeronáutico, energético e agrícola. Já setores como o de café, carne bovina e frutas devem sentir o impacto com força.
A nova tarifa entra em vigor no dia 6 de agosto e pode afetar diretamente a balança comercial brasileira, já que os EUA são o segundo principal destino das exportações do país, atrás apenas da China.
Quem se deu bem e quem se deu mal entre as exceções do tarifaço de 50% de Trump
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na Escócia, em 29 de julho de 2025
REUTERS/Evelyn Hockstein
De café a pimenta e pescados: veja como o tarifaço de Trump ainda afeta produtos de exportação do ES
Café, pimenta do reino, gengibre, setor das rochas naturais e pescados são principais produtos do Espírito Santo que serão afetados com tarifaço
Reprodução
Mesmo após as mudanças de flexibilização de alguns itens que escaparam da tarifa de 50% ao Brasil anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, alguns setores da economia do Espírito Santo ainda seguem afetados e sofrem impactos diretos. O estado capixaba é o segundo do país que mais exportou produtos para o país em 2024.
Nesta quarta-feira (30), o governo americano publicou o decreto que retirou quase 700 produtos da lista da taxação, alguns com peso na pauta de exportação do Espírito Santo, como aço e quartzito. Por outro lado, alguns produtos ainda mantiveram a sobretaxa, como café, pescados e suco de laranja.
Veja produtos capixabas que serão afetados pela taxação dos EUA:
☕ Café;
🌶️ Pimenta-do-reino;
🫚 Gengibre;
🪨 Rochas naturais;
🐟 Pescado;
🌱 Mamão;
🎻 Instrumentos musicais.
Os sete produtos mais exportados pelo estado capixaba no ano passado, segundo dados do Observatório da Indústria da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) foram: café, rochas, aço, celulose, minério de ferro e ferro. Dessa lista, apenas um foi totalmente tarifado: o café.
As rochas naturais, segundo item mais enviado para fora, será afetado apenas em parte, já que na lista de isenção entrou apenas um mineral, o quartzito, segundo a Associação Brasileira de Rochas Naturais (Centrorochas). O quartzito representa 40% das rochas exportadas, o restante segue sendo tarifado.
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Outros produtos como o mamão e instrumentos musicais de corda também serão impactados. No Porto de Vitória, por exemplo, vários contêineres estão parados há dias aguardando como os empresários americanos vão se comportar a partir de agora.
Entre os instrumentos musicais exportados, estão arcos de violino, contrabaixo e violoncelo. Mas o governo não detalhou quantidade nem valores.
Além das exceções anunciadas pelo presidente Trump, a data de início das mudanças também foi alterada, passado do dia 1º de agosto para a próxima quarta-feira (6).
Confira agora como cada um dos setores da lista será impactado e a importância do produto para a economia do Espírito Santo.
Café
Espírito Santo é o principal produtor de café conilon no país
Fernando Estetevão
O Brasil é o maior exportador de café do mundo, e os Estados Unidos são historicamente um dos seus principais mercados. O país exportou quase US$ 2 bilhões em café para os EUA em 2024, o equivalente a 16,7% do total embarcado.
No Espírito Santo, o impacto é ainda mais forte, já que o estado lidera a produção nacional de café conilon e é também um dos maiores produtores de café solúvel, que costumam ter demanda no mercado americano. A grande quantidade de café exportada para os EUA é de grão cru.
Desde o anúncio, são 22 dias que o Brasil deixou de comercializar café para os EUA, e o país deixou de comercializar cerca de 500 mil sacas, isso representa para o Espírito Santo em torno de 20%;
O vice-presidente do Centro do Comércio de Café de Vitória (CCCV), Jorge Nicchio, explicou que a notícia foi recebida com decepção, mas que as negociações com os EUA continuam;
A estratégia agora segundo o vice-presidente é tentar realocar a venda do produto para outros mercados, como a Europa e Ásia.
Consequência: a tarifa de 50% deve comprimir as margens do setor e encarecer o produto para o consumidor americano.
Pimenta-do-reino
Produção de pimenta-do-reino no Espírito Santo diminuiu pela metade por causa das altas temperaturas
Reprodução/TV Gazeta
O Espírito Santo é o estado que mais produz e exporta pimenta no Brasil;
O tarifaço pode impactar 13 mil famílias no estado que trabalham com o produto;
A pimenta capixaba é vendida para outros 62 países além dos EUA. Embora essa venda americana represente apenas 1% da exportação direta, o produto também é impactado;
Vender para os Estados Unidos é uma preferência apontada pelo presidente da Associação Brasileira de Especiarias (BSA), por causa da estabilidade nas negociações do país.
No cenário atual, os EUA absorvem 25% de toda a produção brasileira. A expectativa para este ano é de quase 90 mil toneladas.
Mesmo sem entrar em vigor, a taxação americana já representou uma redução de 12% no valor do produto.
Cerca de 33% do produto exportado pelo estado passa pelo Vietnã antes de chegar ao mercado dos Estados Unidos, estratégia que é monitorada e tributada pelo país.
O presidente da BSA apontou que negociar com outros mercados já tem sido uma estratégia dos exportadores.
Gengibre
Com produção de gengibre melhorado geneticamente, agricultor consegue registro inédito no Brasil. Espírito Santo
TV Gazeta
O secretário de Agricultura Enio Bergoli informou que o gengibre tem contratos sendo suspensos e exportadores deixando de honrar compromissos;
75% da produção brasileira é do Espírito Santo;
99% da produção é da agricultura familiar, o prejuízo atinge diretamente pequenos produtores;
Cerca de três mil famílias serão afetadas com o tarifaço;
Cidades principais produtoras são Santa Leopoldina, Santa Maria do Jetibá e Domingos Martins;
Rochas naturais
O setor de rochas ornamentais do Espírito Santo é um dos mais afetados com tarifaço de Donald Trump ao Brasil
Reprodução/TV Gazeta
85% da pedra natural consumida nos Estados Unidos é importada e os EUA são o principal comprador externo de rochas naturais do Espírito Santo;
Os EUA não detém este tipo de matéria-prima, insumo para a indústria local.
Os materiais mais usados para bancadas são de origem brasileira;
Do total exportado, que corresponde a cerca de 56%, mais de 80% sai do estado segundo o Associação Brasileira de Rochas Naturais (Centrorochas);
Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do estado, é referência, conta com 600 empresas do setor e gera mais de 6 mil empregos diretos;
O Cenntrorochas destacou que segue o diálogo nos EUA com diversas reuniões tentando incluir todas as rochas naturais fora do tarifaço;
A tarifa impactará mais de 12 mil fabricantes, 500 distribuidores e 200 mil empregos nos Estados Unidos.
Pescado
Setor de pescados do Espírito Santo é um dos mais impactados com tarifaço dos Estados Unidos
Reprodução/TV Gazeta
Praticamente todo pescado exportado pelo Espírito Santo vai para os Estados Unidos,
Em 2025, 98% do pescado do estado foi para os EUA, o equivalente a US$ 5,2 milhões;
O presidente do Sindicato da Indústria e de Armadores de Pescados, Luiz Gonzaga, disse que uma opção seria exportar para outros continentes, como a Europa. Mas isso traz desafios, como as barreiras sanitárias;
Itapemirim, no Sul do Espírito Santo, responde por 15% da produção brasileira de pescado;
Cerca de 13 mil pessoas tiram o sustento dessa atividade, direta ou indiretamente;
Medidas do estado
Para manter os empregos, o governo do Espírito Santo está analisando um pacote de medidas, baseado principalmente em empréstimo de dinheiro para auxiliar pequenos agricultores e pequenas empresas que comprovarem que não conseguem mais exportar para o mercado americano por causa do tarifaço.
"Operação de crédito com prazo longo, com carência, com juros compatíveis. A contrapartida é a manutenção da atividade, do emprego para as pessoas", para que nós possamos socorrer o micro e o pequeno empresário, o produtor rural e o pequeno produtor rural que depende desse mercado", disse o vice-governador, Ricardo Ferraço. Mas o governo não deu detalhes de possíveis regras ou datas para vigorar essa linha de crédito.
Veja a lista completa dos produtos do Espírito Santo que não devem ser impactados com o tarifaço, segundo a Findes:
Pasta química de madeira de não conífera, à soda ou sulfato, semibranqueada ou branqueada
Outras pedras de cantaria trabalhadas de outro modo e suas obras
Minérios de ferro aglomerados e seus concentrados
Ferro fundido bruto não ligado, contendo, em peso <= 0,5% de fósforo
Óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos
Outros motores, elétricos, de corrente alternada, monofásicos
Outros motores elétricos de corrente alternada, polifásicos, de potência <= 750 W
Grupos eletrogêneos de motor de pistão, de ignição por compressão, de potência > 375 kVA
Outros motores elétricos de corrente alternada, polifásicos, de potência > 750 W e <= 75 kW
Pasta química de madeira de não conífera, à soda ou sulfato, crua
Smartphones
Outros telefones para redes celulares ou para outras redes sem fio
Outros tubos flexíveis de plástico, inclusive com acessórios
Aparelhos de recepção, conversão e transmissão ou regeneração de voz, imagens ou outros dados, incluindo os aparelhos de comutação e roteamento
Aparelhos de recepção, conversão e transmissão ou regeneração de voz, imagens ou outros dados, incluindo os aparelhos de comutação e roteamento
Minérios de ferro aglomerados e seus concentrados
Aparelhos de recepção, conversão e transmissão ou regeneração de voz, imagens ou outros dados, incluindo os aparelhos de comutação e roteamento
Aparelhos de recepção, conversão e transmissão ou regeneração de voz, imagens ou outros dados, incluindo os aparelhos de comutação e roteamento
Conversores elétricos estáticos
Outras pedras de cantaria trabalhadas de outro modo e suas obras
Unidades de processamento (exceto as das subposições 8471.41 ou 8471.49), podendo conter, no mesmo corpo, um ou dois dos seguintes tipos de unidades: de memória, de entrada e de saída
Unidades de processamento (exceto as das subposições 8471.41 ou 8471.49), podendo conter, no mesmo corpo, um ou dois dos seguintes tipos de unidades: de memória, de entrada e de saída
Aparelhos de recepção, conversão e transmissão ou regeneração de voz, imagens ou outros dados, incluindo os aparelhos de comutação e roteamento
Outros monitores, capazes de serem conectados diretamente a uma máquina automática para processamento de dados da posição 84.71 e concebidos para serem utilizados com esta máquina
Estações base de telecomunicações para a transmissão ou recepção de voz, imagens ou outros dados
Outras máquinas e aparelhos de elevação, de carga, de descarga ou de movimentação
Outras partes de aviões, helicópteros ou aviões não tripulados das posições 88.01, 88.02 ou 88.06
Outras impressoras, copiadoras e telecopiadoras, capazes de ser conectadas a uma máquina automática para processamento de dados ou a uma rede
Unidades de memória
Outros instrumentos e aparelhos para regulação ou controle, automáticos
Outros materiais, máquinas e aparelhos, para produção de frio
Acessórios para tubos de plástico
Outros aparelhos para filtrar ou depurar líquidos
Aparelhos de recepção, conversão e transmissão ou regeneração de voz, imagens ou outros dados, incluindo os aparelhos de comutação e roteamento
Conversores elétricos estáticos
Conversores elétricos estáticos
Aparelhos de recepção, conversão e transmissão ou regeneração de voz, imagens ou outros dados, incluindo os aparelhos de comutação e roteamento
Motores hidráulicos, de movimento retilíneo (cilindros)
Partes e acessórios de termômetros e outros instrumentos da posição 9025
Outras obras de borracha vulcanizada, não endurecida
Aparelhos elevadores ou transportadores, pneumáticos
Conversores elétricos estáticos
Motores hidráulicos, de movimento retilíneo (cilindros)
Outros aparelhos e instrumentos para medida ou controle da tensão, intensidade, resistência ou potência, sem dispositivo registrador
Antenas e refletores aéreos de todos os tipos; peças adequadas para uso com eles, para redes celulares ou para outras redes sem fio
Outras partes de produtos das posições 88.01, 88.02 ou 88.06, não classificadas nos códigos anteriores
Outros óleos de petróleo ou de minerais betuminosos e preparações, exceto desperdícios
Outras máquinas e aparelhos com função própria
Tubos rígidos, de outros plásticos, inclusive com acessórios
Outros acumuladores elétricos
Conversores elétricos estáticos
Partes de máquinas e aparelhos mecânicos com função própria
Outros aparelhos elevadores ou transportadores de mercadorias, de tira ou correia
Fones de ouvido (auscultadores), mesmo cobinados com microfone, e conjuntos ou sortidos constituídos por um microfone e um ou mais alto-falantes
Filtros de entrada de ar para motores de ignição por centelha ou por compressão
Juntas, gaxetas e semelhantes de borracha vulcanizada não endurecida
Outros motores elétricos de corrente alternada, polifásicos, de potência > 750 W e <= 75 kW
Outros motores elétricos de corrente alternada, polifásicos, de potência <= 750 W
Outros móveis de metal
Partes e acessórios para instrumentos da posição 9029
Partes e acessórios para máquinas, aparelhos e instrumentos ou artigos do capítulo 90
Antenas e refletores aéreos de todos os tipos; peças adequadas para uso com eles, para redes celulares ou para outras redes sem fio
Outros papéis, cartões, pasta de celulose e mantas de fibras de celulose, cortados em forma própria, e suas obras
Outras bombas centrífugas
Outras obras de plásticos e obras de outras matérias das posições 3901 a 3904
Outros aparelhos e dispositivos elétricos de ignição ou de arranque para motores de ignição por centelha ou por compressão
Outros óleos de petróleo ou de minerais betuminosos e preparações, exceto desperdícios
Obras de fios de ferro ou aço
Outras bombas para líquidos
Outros letreiros iluminados, placas de identificação iluminadas e similares, não classificados nos códigos anteriores
Conversores elétricos estáticos
Aparelhos de recepção, conversão e transmissão ou regeneração de voz, imagens ou outros dados, incluindo os aparelhos de comutação e roteamento
Alto-falantes múltiplos montados no mesmo receptáculo
Outros aparelhos elevadores ou transportadores, de ação contínua, para mercadorias
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Tarifaço de Trump: o que são tarifas de importação? Quem paga? Para que servem? Veja perguntas e respostas
Quem se deu bem e quem se deu mal entre as exceções do tarifaço de 50% de Trump
Desde que assumiu a presidência dos Estados Unidos, em janeiro, Donald Trump prometeu “taxar países estrangeiros para enriquecer” os norte-americanos.
Mas afinal, quem se beneficia com as tarifas de importação? Quem realmente paga por elas? E qual é a finalidade dessas cobranças?
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O g1 conversou com especialistas e explica abaixo com base nas seguintes perguntas:
O que são tarifas de importação?
Quem paga pelas tarifas?
Para onde vai o dinheiro das tarifas?
Por que Trump aplicou tarifas a tantos países?
As tarifas vão prejudicar a economia do Brasil?
1. O que são tarifas de importação?
As tarifas de importação são impostos cobrados sobre produtos que vêm de outros países. Elas têm como objetivo proteger o mercado interno e estimular o consumo de produtos fabricados no próprio país.
Segundo Luciano Nakabashi, professor de Economia da Universidade de São Paulo (USP), esse imposto nem sempre é utilizado, mas, quando aplicado, funciona como uma forma de controlar a entrada de produtos do exterior.
“O país que está importando geralmente aplica tarifas na entrada de um produto para proteger seus próprios produtores, que já pagam impostos internamente, e também para aumentar a arrecadação”, afirma o professor.
Os produtos feitos dentro de um país também são taxados, como no caso de impostos sobre bens e serviços. Por isso, o país que importa aplica tarifas para equilibrar a concorrência com os produtores locais.
As tarifas, portanto, servem para regular o mercado. Muitos países que têm foco em exportações reduzem os impostos sobre o que é vendido para fora, com o objetivo de estimular as vendas externas e tornar seus produtos mais competitivos no mercado internacional.
2. Quem paga pelas tarifas?
Os países têm autonomia para definir os impostos que cobram — seja sobre pessoas físicas, empresas, exportações ou importações. No caso do imposto de importação, cada governo decide qual será a alíquota (percentual ou valor fixo) aplicada.
Na prática, isso funciona da seguinte forma:
💸 Se uma empresa estiver importando, por exemplo, um carro por R$ 100 mil e houver uma tarifa de 25%, ela pagará R$ 25 mil de imposto, por unidade.
⚠️ É importante deixar claro: quem paga esse imposto NÃO é o país exportador. A tarifa é responsabilidade da empresa importadora, localizada no país que decidiu aumentar a cobrança.
Segundo Carla Beni, economista e professora da Fundação Getulio Vargas (FGV), quem acaba pagando esse imposto é o consumidor, que terá que lidar com preços mais altos em produtos como carne, carros, máquinas de lavar e outros itens importados.
“Quando uma empresa recebe a mercadoria, ela precisa pagar o imposto ao próprio governo. E, então, ela tenta repassar esse custo ao distribuidor, ao varejo e ao consumidor final. Quem realmente paga imposto é a pessoa física”, explica.
As tarifas fazem com que os produtos importados fiquem bem mais caros e percam competitividade em relação a produtos semelhantes vindos de outros países ou fabricados dentro dos EUA.
No caso específico das tarifas anunciadas pelo governo Trump, houve um aumento nos impostos que antes eram zero e passaram a ser cobrados com alíquotas de até 50%.
Tarifas amplas (como as que Trump impôs a vários países) tornam uma grande variedade de produtos mais cara, especialmente aqueles que os EUA não conseguem produzir, como o café brasileiro.
3. Para onde vai o dinheiro das tarifas?
O imposto de importação é regulatório e federal, ou seja: qualquer aumento da alíquota gera uma arrecadação imediata para o governo, neste caso, para os EUA.
“Então, quando o governo americano sobe a alíquota do imposto de importação, ele vai aumentar as receitas dele, vai entrar mais dinheiro no tesouro americano”, afirma a economista Carla Beni.
4. Por que Trump aplicou tarifas a tantos países?
Desde a campanha, Trump tem defendido uma agenda econômica conservadora e protecionista para os EUA, a maior economia do mundo.
O protecionismo é uma estratégia que busca fortalecer a economia interna de um país, limitando a concorrência de produtos estrangeiros. Isso pode acontecer de diversas formas e em diferentes níveis, inclusive com a redução das importações.
Como não é fácil substituir produtos importados — e os importadores geralmente repassam os custos mais altos aos consumidores —, economistas alertam que o tarifaço pode aumentar a inflação nos EUA.
A ideia de Trump é que, antes de que os preços subam muito, o aumento nas tarifas ajude a reforçar os cofres do governo dos EUA, garantindo investimentos no país e permitindo cortes de impostos para empresas americanas.
O presidente dos EUA também tem usado o tarifaço como ferramenta de pressão política. Como mostrou o g1 em dezembro, a ameaça tarifária é uma estratégia antiga e conhecida de Trump para tentar vantagens em negociações bilaterais.
Um exemplo é a tarifa imposta ao Brasil, que está ligada a uma suposta perseguição jurídica contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, segundo a Casa Branca.
O decreto foi adotado em resposta a ações do governo brasileiro que representariam uma “ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos EUA”. O ministro Alexandre de Moraes também foi citado nominalmente. (veja a íntegra do texto)
5. As tarifas vão prejudicar a economia do Brasil?
A tarifa de 50% sobre o Brasil é a mais alta entre as anunciadas por Trump. As tarifas afetam diretamente setores como café, carne bovina, frutas, pescado e mel.
Mas o governo dos EUA deixou quase 700 itens de fora. A extensa lista de exceções inclui suco de laranja, aeronaves civis, petróleo, veículos e peças, fertilizantes e produtos energéticos.
O vice-presidente, Geraldo Alckmin, afirmou nesta quinta-feira (31), em entrevista ao Mais Você, que o governo já tem um plano praticamente pronto para proteger empregos e apoiar os setores mais impactados pelo aumento das tarifas dos EUA.
“Ninguém vai ficar desamparado”, garantiu o ministro ao responder a perguntas sobre os impactos da medida.
Segundo Alckmin, os efeitos variam conforme o nível de dependência de cada empresa em relação ao mercado americano. As medidas de apoio envolvem ajuda financeira, alívio tributário e acesso ao crédito para os setores mais atingidos. (saiba mais aqui)
Alckmin afirmou ainda que o governo está fazendo um mapeamento detalhado para identificar o grau de exposição de cada setor e atuar de forma mais específica.
Alguns governos estaduais decidiram agir por conta própria para reduzir os impactos do tarifaço. Pelo menos cinco estados (SP, MG, PR, RS e GO) já anunciaram pacotes emergenciais.
Infográfico - Lista de isenções ao tarifaço de Trump
Arte/g1
Mistura de etanol na gasolina e de biodiesel no diesel aumenta a partir desta sexta-feira
Novos percentuais de biocombustíveis nos combustíveis fósseis entram em vigor
Entram em vigor nesta sexta-feira (1º) os novos percentuais de biocombustíveis nos combustíveis fósseis, conforme decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) tomada no mês passado.
A mistura de etanol na gasolina passa de 27% para 30%
enquanto o percentual de biodiesel no diesel sobe de 14% para 15%.
O governo justifica a mudança dizendo que os conflitos no Oriente Médio geram instabilidade sobre o preço do petróleo e podem levar a aumentos repentinos no preço do combustível no Brasil. Com o aumento de biocombustíveis — produzidos no Brasil — nas misturas, as oscilações ficam menores. O país quer diminuir a dependência externa.
O biocombustível também é menos poluente que combustível à base de petróleo.
Impacto no bolso
A mudança deve ter impacto direto no bolso dos consumidores. Segundo Sérgio Araújo, presidente da Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom), o aumento na proporção de etanol na gasolina pode gerar uma leve redução no preço, de até R$ 0,02 por litro, devido à alta oferta do produto durante o pico da safra da cana-de-açúcar.
“A tendência, no entanto, é de que esse cenário mude após o fim da safra, com possível alta nos preços”, alerta.
No caso do biodiesel, o efeito é inverso: o aumento de 1 ponto percentual de biodiesel na mistura deve elevar o preço do diesel em cerca de R$ 0,02 por litro.
Veja quais são as consequências no veículos com o aumento de etanol na gasolina
“O biodiesel custa quase o dobro do diesel de petróleo. Com a nova mistura, esse custo extra será repassado ao consumidor”, afirma Araújo.
Apesar do impacto, o diretor-superintendente da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), Donizete Tokarski, minimiza o aumento.
“Essa diferença tende a ser imperceptível, considerando que, em um mesmo bairro, é comum encontrar variações superiores a R$ 0,20 por litro entre os postos”, diz.
Para Tokarski o aumento da mistura elevará a produção em cerca de 60 milhões de litros de biodiesel até o fim de 2025.
Como o biodiesel é produzido a partir do óleo de soja, esse incremento também deve gerar uma oferta adicional de 800 mil toneladas de farelo de soja — subproduto essencial na fabricação de rações. “Isso tende a baratear os custos da cadeia produtiva de carnes”, aponta.
Governo aprovou testes para aumentar proporção de etanol anidro na gasolina
Reprodução/EPTV
Cálculos do governo
O Ministério de Minas e Energia (MME) afirma que as novas proporções de mistura devem contribuir para a redução dos preços dos combustíveis ao consumidor.
Com base em dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o MME projeta que o preço médio do diesel B em agosto será de R$ 5,99 por litro. Em 31 de maio, esse valor era de R$ 6,00, o que indica que, mesmo com a elevação para 15% de biodiesel, o preço médio tende a permanecer abaixo do verificado no fim de maio.
No caso da gasolina, a estimativa é de uma queda mais expressiva. Considerando o preço médio da gasolina C em junho (R$ 6,23 por litro) e os preços atuais da gasolina A e do etanol anidro, o governo calcula que a adoção do E30 pode representar uma redução de até R$ 0,12 por litro no valor final ao consumidor.
Tarifaço: dá para mandar os alimentos que iriam para os EUA para outros mercados?
Tilápia, café e manga
g1, Mike Kenneally/Unsplash e Pecuária do Brasil e Vereda Comunica.
É fácil redistribuir os produtos que o Brasil vende para os EUA para outros mercados, agora que essas exportações serão taxadas em 50%?
Não, segundo especialistas ouvidos pelo g1. Cada setor tem desafios e complexidades próprias, e a mudança de destino não é simples.
Nesse cenário, surgem as dúvidas: o que os setores estão fazendo para se prepararem? É possível redirecionar a produção para outros mercados? Como funciona o processo de exportação?
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Especialistas e economistas ouvidos pelo g1 apontam as seguintes respostas:
O setor cafeeiro segue em compasso de espera, aguardando a inclusão do grão na lista de exceções ao tarifaço. A possibilidade de estocagem reduz a pressa: o café pode ser armazenado por meses, e a safra colhida no primeiro semestre de 2025 só deverá ser exportada em 2026. É possível redirecionar para outros mercados o produto, mas o processo é complexo, já que cada destino tem exigências próprias.
Exportadores de tilápia têm acelerado as exportações, seja por navio ou avião, para concluir o envio antes de 6 de agosto. A produção que não for enviada até essa data deve ser redirecionada ao mercado interno, porque não existem destinos alternativos com capacidade para absorver o volume exportado.
A manga, fruta mais exportada do Brasil, é negociada ainda no pé. A variedade Tommy Atkins, preferida pelos norte-americanos, começará a ser colhida em agosto. O setor exportador alerta para o risco de um possível colapso na comercialização.
Saiba mais:
TARIFAÇO: o que são taxas de importação? Quem paga? Veja perguntas e respostas
Tarifaço pode encarecer ou baratear o preço dos alimentos no Brasil?
Veja mais detalhes sobre os desafios da exportação desses produtos a seguir.
O setor de carne diz que paralisou a produção específica para os EUA. O país não é o seu maior cliente, posto ocupado pela China. Mesmo assim, nenhum outro mercado conseguiria substituir os EUA de imediato, por exemplo, em rentabilidade. As informações são da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) e foram divulgadas à GloboNews.
O g1 tentou contato com representantes do setor para saber mais sobre as exportações, mas não recebeu resposta.
Tarifaço pode encarecer ou baratear o preço dos alimentos no Brasil?
Suco de laranja escapa do tarifaço de 50%; EUA dependem da bebida brasileira
☕Café
➡️Como o setor está se preparando para o tarifaço?
O segmento cafeeiro está em compasso de espera e aguarda a inclusão do grão na lista de exceções ao tarifaço.
A possibilidade de estocagem ajuda a reduzir a pressa: o café pode ser armazenado por meses, e a safra colhida no primeiro semestre de 2025 só será exportada em 2026.
Segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), o produto mantém suas características por pelo menos oito meses após a colheita.
Mesmo que a tarifa seja mantida, ainda não há clareza sobre a duração da medida, o que aumenta a incerteza no mercado.
EUA dependem do café brasileiro, e substituição por outros países não seria simples
➡️Como funciona a exportação do café brasileiro?
A colheita acontece uma vez por ano, no primeiro semestre. Após a retirada dos grãos, é necessário um período de preparo que pode levar semanas.
No caso do café arábica, o mais vendido ao mercado americano, esse preparo pode levar até dois meses, segundo o analista Fernando Maximiliano, da consultoria StoneX.
Depois de colhido, o grão passa por etapas como a remoção da casca e, em seguida, é vendido a empresas exportadoras.
O próximo passo é classificar o café, por densidade e separação de defeitos, para atender ao perfil de qualidade exigido por cada cliente ou país.
Só então o café é ensacado e enviado ao porto em contêineres.
➡️Dá para redirecionar o que iria para os EUA para outros mercados?
É possível, mas não é simples. Cada país tem exigências próprias de qualidade, tipo e normas fitossanitárias.
Por exemplo: grande parte do café arábica brasileiro é usada em blends, misturado a grãos mais suaves de países como Colômbia e outros da América Latina. O café nacional, conhecido pelo corpo e doçura, equilibra o sabor final do produto consumido nos EUA.
Redirecionar os embarques exige, ainda, ajustes comerciais e disponibilidade de oferta. Mesmo assim, mercados como China, Índia, Indonésia e Austrália — que já importam o grão brasileiro — são apontados pelo Cecafé como alternativas a serem exploradas.
🐟Tilápia
➡️Como o setor está se preparando para o tarifaço?
Os EUA são destino de 70% dos pescados exportados do Brasil. Para a tilápia, principal espécie enviada ao exterior, essa porcentagem é ainda maior, mais de 90% do produto vai para os norte-americanos.
De todo esse volume, 92% vai em forma de filé fresco, de avião, em um percurso que dura cerca de 10 horas. O restante é levado congelado, em navios, em viagens que duram cerca de 20 dias.
Inicialmente, quando se esperava que a tarifa de 50% começasse a valer em 1º de agosto, os envios marítimos de tilápia brasileira com previsão de chegada após essa data tinham sido suspensos.
Na quarta-feira (30), após o tarifaço ser "adiado" para o dia 6 de agosto, e a determinação de que tudo que embarcasse até essa data não seria atingido pela tarifa, o cenário mudou.
"Tá todo mundo correndo para tentar viabilizar contêineres, navios, até o dia 6", afirma Eduardo Lobo, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Pescado (Abipesca).
Já o envio aéreo de filés frescos, que leva maior volume de tilápia, nunca foi suspenso e seguirá acontecendo até o dia 6 de agosto, de acordo com Francisco Medeiros, presidente da Associação Brasileira de Piscicultura, PeixeBR.
A indústria também tem estocado tilápias, sejam vivas, em viveiros, ou congeladas, em frigoríficos, onde podem durar até dois anos, segundo Lobo.
Tilápia vai ficar mais barata no Brasil por causa do tarifaço?
➡️Dá para redirecionar o que iria para os EUA para outros mercados?
A tilápia que estava programada para ser enviada aos EUA depois do dia 6 de agosto deve ser redirecionada ao mercado interno, segundo Francisco Medeiros, presidente da Associação Brasileira de Piscicultura, a PeixeBR.
Isso porque os estoques do produto estão no Brasil e não há mercados secundários, fora a União Europeia e produtores concorrentes, como a China, grandes o suficiente para absorver o volume que seria enviado aos EUA.
No caso da União Europeia, o envio de tilápia brasileira está suspenso desde 2017 por não corresponder às exigências desse mercado. Apesar disso, o presidente da Abipesca garante que a indústria brasileira está pronta para envio e o setor espera que isso aconteça o quanto antes.
Mas, a médio e longo prazo, a incorporação desse volume de tilápia no mercado interno deve prejudicar a indústria, destaca Lobo.
"O mercado brasileiro já é abastecido por uma quantidade grande do produto e o redirecionamento ao mercado interno 'faria o preço ficar inexequível, quebrando a cadeia produtiva”, diz.
🥭Manga
As frutas estão entre os alimentos afetados pelo tarifaço, especialmente a manga, a uva e as processadas, como o açaí, informou a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas).
A manga é a fruta mais exportada do Brasil e 14% desse volume vai para os EUA.
Manter a manga no Brasil geraria um colapso no mercado, diz o presidente da Abrafrutas, Guilherme Coelho.
A Tommy Atkins, variedade de manga que vai aos Estados Unidos, entretanto, deve começar a ser colhida apenas em agosto. Segundo a associação, as negociações acontecem com ela ainda no pé.
Em relação a todas as frutas brasileiras, os norte-americanos compram 7% do que é exportado pelo Brasil, segundo a Abrafrutas.
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➡️Quando as frutas são exportadas?
Apesar de a manga preferida dos americanos ser colhida a partir de agosto, outras variedades podem ser colhidas durante todo o ano.
O açaí, por sua vez, é colhido anualmente e, no Norte e no Nordeste, esse processo já começou.
As frutas, de forma geral, não precisam passar por nenhum tipo de processamento antes da exportação.
Mas a manga passa pelo tratamento hidrotérmico. Nele, a fruta é imersa em água quente de até 46,1⁰C, durante 75 minutos (em frutas com peso menor que 425g) ou 90 minutos (nas com peso maior que 425g), segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
De acordo com a organização, foi esse tratamento que permitiu a abertura do mercado da manga brasileira para diferentes países.
➡️Dá para redirecionar o que iria para os EUA para outros mercados?
Na parte técnica, nada impede que um navio seja redirecionado para outro destino, contanto que ainda não tenha saído do Brasil, aponta a Abrafrutas.
Por outro lado, é difícil encontras novos mercados que tenham a cultura de comer manga.
Caso os alimentos não encontrem compradores, o tempo de vida de frutas, como manga e abacaxi, é curto.
Segundo a Abrafrutas, o tempo elas podem ficar armazenadas depende de questões como a pós-colheita, o ponto de maturação em que foi colhida e a variedade.
O açaí, entretanto, pode ser armazenado por 12 meses até o vencimento do prazo de validade.
Açaí brasileiro pode virar alimento de luxo nos EUA com tarifaço de Trump
Raio X da exportação
arte g1
Tarifaço de Trump: EUA anunciam tarifas de 10% a 41% sobre diversos países; veja lista
EUA impõem novos percentuais e adiam entrada em vigor de tarifaço para 7 de agosto
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quinta-feira (31) uma ordem executiva que modifica e amplia as tarifas recíprocas aplicadas a diversos países.
As novas alíquotas variam entre 10% e 41%, e atualizam os percentuais definidos em cartas enviadas pelo governo americano em julho e entram em vigor a partir de 7 de agosto.
A medida, segundo a Casa Branca, visa responder a práticas comerciais consideradas injustas e proteger os interesses econômicos dos EUA. Após a atualização, o Brasil segue com a maior taxa, de 50%.
Mapa do tarifaço
Reprodução/Hora 1
Como ficou a lista de tarifas
No caso do Canadá, a tarifa foi elevada de 25% para 35%. "Em resposta à contínua inação e retaliação do Canadá, o presidente Trump considerou necessário aumentar a tarifa de 25% para 35% para lidar efetivamente com a emergência existente", afirmou a Casa Branca.
Além do Canadá, outros países também foram incluídos na nova rodada de tarifas, como Síria, Israel e África do Sul.
A lista abaixo reúne todos os países taxados pelos Estados Unidos, com os percentuais atualizados:
Afeganistão — 15%
Argélia — 30%
Angola — 15%
Bangladesh — 20%
Bolívia — 15%
Bósnia e Herzegovina — 30%
Botsuana — 15%
Brasil — 50%
Brunei — 25%
Camboja — 19%
Camarões — 15%
Canadá — 35%
Chade — 15%
Costa Rica — 15%
Costa do Marfim — 15%
República Democrática do Congo — 15%
Equador — 15%
Guiné Equatorial — 15%
União Europeia — 15%
Ilhas Malvinas — 10%
Fiji — 15%
Gana — 15%
Guiana — 15%
Islândia — 15%
Índia — 25%
Indonésia — 19%
Iraque — 35%
Israel — 15%
Japão — 15%
Jordânia — 15%
Cazaquistão — 25%
Laos — 40%
Lesoto — 15%
Líbia — 30%
Liechtenstein — 15%
Madagáscar — 15%
Malawi — 15%
Malásia — 19%
Maurício — 15%
Moldávia — 25%
Moçambique — 15%
Mianmar (Birmânia) — 40%
Namíbia — 15%
Nauru — 15%
Nova Zelândia — 15%
Nicarágua — 18%
Nigéria — 15%
Macedônia do Norte — 15%
Noruega — 15%
Paquistão — 19%
Papua Nova Guiné — 15%
Filipinas — 19%
Sérvia — 35%
África do Sul — 30%
Coreia do Sul — 15%
Sri Lanka — 20%
Suíça — 39%
Síria — 41%
Taiwan — 20%
Tailândia — 19%
Trinidad e Tobago — 15%
Tunísia — 25%
Turquia — 15%
Uganda — 15%
Reino Unido — 10%
Vanuatu — 15%
Venezuela — 15%
Vietnã — 20%
Zâmbia — 15%
Zimbábue — 15%
Trump já havia alertado que qualquer país que não tivesse fechado um acordo com os EUA até sexta-feira (1º) estaria sujeito a tarifas mais altas sobre seus produtos.
No caso do Canadá, o presidente dos EUA disse que o primeiro-ministro canadense, Mark Carney, havia feito contato antes do prazo final para negociações, mas que os dois não chegaram a conversar.
"Não falamos com o Canadá hoje. Ele (Carney) ligou e vamos ver", disse Trump a repórteres durante um evento na Casa Branca.
Ele ainda afirmou que seria "muito difícil" chegar a um acordo com o Canadá após Ottawa avançar no reconhecimento do Estado Palestino, embora tenha dito depois que essa decisão não seria um "impedimento" para as negociações comerciais.
“Bem, eles têm que pagar uma tarifa justa — só isso. É muito simples. Eles vêm cobrando tarifas muito, muito altas dos nossos agricultores, algumas acima de 200%, e têm tratado nossos agricultores muito mal”, afirmou.
Cartas de Trump
Essa nova medida representa uma atualização da ofensiva tarifária iniciada por Trump em julho, quando o governo começou a enviar cartas a líderes de países com os quais os EUA mantêm relações comerciais.
Os documentos estipulavam tarifas entre 20% e 50% sobre produtos importados de cada país, com aplicação prevista para 1º de agosto, caso não fosse firmado um acordo com os Estados Unidos.
Até o momento, foram enviadas 25 notificações — sendo o Brasil o país com a maior tarifa.
Brasil teve exceções
Apesar de ter sido o país com a maior tarifa anunciada — 50% sobre produtos exportados aos EUA — o Brasil tem uma longa lista de exceções divulgada pela Casa Branca nesta quarta-feira (30).
Quase 700 itens foram poupados da sobretaxa, incluindo setores estratégicos como o aeronáutico, energético e agrícola. Já setores como o de café, carne bovina e frutas devem sentir o impacto com força.
A nova tarifa entra em vigor no dia 6 de agosto e pode afetar diretamente a balança comercial brasileira, já que os EUA são o segundo principal destino das exportações do país, atrás apenas da China.
Quem se deu bem e quem se deu mal entre as exceções do tarifaço de 50% de Trump
Trump durante reunião com chefe da Otan na Casa Branca, em 14 de julho de 2025
ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP
Mega-Sena, concurso 2.895: prêmio acumula e vai a R$ 85 milhões; veja as dezenas sorteadas
G1 | Loterias - Mega-Sena 2895
O sorteio do concurso 2.895 da Mega-Sena foi realizado na noite desta quinta-feira (31), em São Paulo. Nenhuma aposta acertou as seis dezenas, e o prêmio para o próximo sorteio acumulou em R$ 85 milhões.
Clique aqui para seguir o canal de Loterias do g1 no WhatsApp
Veja os números sorteados: 09 - 11 - 44 - 51 - 52 - 56.
5 acertos - 47 apostas ganhadoras, R$ 87.028,54 cada.
4 acertos - 4.081 apostas ganhadoras, R$ 1.431,84 cada.
O próximo sorteio acontece no sábado (2).
concurso 2.895 da Mega-Sena
Caixa / Reprodução
Entenda como funciona a Mega-Sena e qual a probabilidade de ganhar o prêmio
Para apostar na Mega-Sena
As apostas podem ser realizadas até as 19h (horário de Brasília) em qualquer lotérica do país ou por meio do site e aplicativo Loterias Caixa, disponíveis em smartphones, computadores e outros dispositivos.
O pagamento da aposta online pode ser realizado via PIX, cartão de crédito (neste caso, com valor mínimo de R$ 30 por compra) ou pelo internet banking, para correntistas da Caixa. É preciso ter 18 anos ou mais para participar.
Probabilidades
A probabilidade de vencer em cada concurso varia de acordo com o número de dezenas jogadas e do tipo de aposta realizada.
Para um jogo simples, com apenas seis dezenas, que custa R$ 6, a probabilidade de ganhar o prêmio milionário é de 1 em 50.063.860, segundo a Caixa.
Já para uma aposta com 20 dezenas (limite máximo), com o preço de R$ 232.560,00, a probabilidade de acertar o prêmio é de 1 em 1.292, ainda de acordo com a instituição.
Bilhetes da Mega-Sena, em imagem de arquivo
Marcelo Brandt/G1
MDIC informa que 44,6% das exportações para os Estados Unidos não serão atingidas por tarifaço de Trump
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) informou, nesta quinta-feira (31), que aproximadamente 44,6% das exportações brasileiras para os Estados Unidos não estão contempladas pela sobretaxa de 50% confirmada pela Casa Branca a produtos brasileiros. Com tarifaço dos EUA, Alckmin promete plano para garantir empregos Na quarta-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou um decreto que impõe uma tarifa adicional de 40% sobre produtos brasileiros, elevando o total para 50%. A medida, no entanto, prevê uma longa lista de exceções como suco de laranja, aeronaves civis, petróleo, veículos e peças, fertilizantes e produtos energéticos. Tarifaço de Trump: veja a íntegra do decreto que impõe tarifa de 50% ao Brasil Segundo a Casa Branca, o decreto entra em vigor no próximo dia 6 de agosto e foi adotado em resposta a ações do governo brasileiro que representariam uma “ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos EUA”. Exportação brasileira aos EUA em 2024 Datafolha: 89% dos brasileiros acreditam que tarifaço de Trump vai prejudicar a economia Em nota à imprensa, o MDIC afirmou que uma análise preliminar realizada pela Secretaria de Comércio Exterior da pasta aponta que a sobretaxa incidirá sobre 35,9% das exportações brasileiras, o que o que correspondeu a US$14,5 bilhões em 2024. "Além disso, 19,5% das exportações brasileiras para os EUA estão sujeitas a tarifas específicas, aplicadas a todos os países, correspondendo em 2024 a US$ 7,9 bilhões. Essas tarifas foram adotadas com base em segurança nacional (Seção 232) e, sobre esses produtos, não se aplica a medida anunciada ontem. No caso de autopeças, por exemplo, a alíquota é de 25%, aplicável a todas as origens", informa a pasta. "Em linhas gerais, a maior parte das exportações brasileiras (64,1%) segue concorrendo com produtos de outras origens no mercado americano em condições semelhantes", completa o ministério.
Alckmin na Ana Maria Braga: como tarifaço pode afetar emprego, comida, inflação, segundo o governo
Com tarifaço dos EUA, Alckmin promete plano para garantir empregos
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou nesta quinta-feira (31), em entrevista ao Mais Você, que o governo já tem um plano praticamente finalizado para preservar empregos e apoiar os setores mais afetados pelo aumento de tarifas dos Estados Unidos.
“Ninguém vai ficar desamparado.”, garantiu o ministro ao responder a perguntas sobre os impactos da medida.
O decreto, assinado na quarta-feira (30) pelo presidente Donald Trump, eleva para 50% as tarifas sobre exportações brasileiras, afetando diretamente setores como café, carne bovina, frutas, pescado e mel, mas deixa uma série de itens de fora. As novas taxas entram em vigor no dia 6 de agosto.
Durante a conversa com Ana Maria Braga e César Tralli, Alckmin abordou temas como o risco de desemprego, os efeitos nos preços dos alimentos, a inflação, o impacto nos medicamentos e as estratégias do governo para tentar uma negociação com os EUA.
Quais setores escaparam da taxa de 50% e quais se deram mal
Risco de desemprego
Questionado por uma telespectadora sobre o risco de demissões nos setores atingidos, Alckmin explicou que os efeitos variam de acordo com o grau de dependência de cada empresa em relação ao mercado americano.
"Tem setores que metade da produção é exportada e, dentro dessa metade, 70% vão para os EUA (...) esse será atingido", disse.
Entre os setores mais vulneráveis, o ministro citou o cafeeiro — que emprega cerca de 2 milhões de pessoas no Brasil — e o de frutas, que teve quase todos os produtos incluídos na nova tarifa, com exceção do suco de laranja.
Para evitar demissões, Alckmin disse que o governo prepara um pacote de medidas que inclui:
Negociação com autoridades e empresários americanos para tentar reduzir as tarifas;
Busca por novos mercados para redirecionar a produção afetada;
Apoio financeiro, tributário e creditício aos setores mais impactados.
Segundo Alckmin, o governo também está conduzindo um mapeamento detalhado para identificar o grau de exposição de cada setor e agir de forma direcionada.
Apesar do cenário desafiador, o vice-presidente apontou possíveis oportunidades. Ele destacou que há setores com falta de mão de obra e defendeu a aceleração dos programas de qualificação profissional.
A ideia é transformar a crise em chance de reinserção no mercado de trabalho, especialmente para quem pode migrar das áreas atingidas para setores em expansão.
Vice-presidente, Geraldo Alckmin, fala sobre efeitos do tarifaço
Impacto nos preços dos alimentos
Sobre o impacto do tarifaço nos preços dos alimentos, Alckmin apresentou um panorama otimista. Produtos como arroz, feijão, óleo de soja e algumas frutas já registram queda nos preços, influenciada pela valorização do real frente ao dólar e por uma safra agrícola recorde.
“Se eu tenho uma safra 10% maior, o preço cai. Se eu tenho uma safra 10% menor, o preço sobe”, explicou.
Já carne, café, frutas e pescado, diretamente afetados pelas novas tarifas, tendem a ter queda de preço no mercado interno, já que parte da produção que seria exportada será redirecionada ao consumidor brasileiro, afirmou.
“A boa notícia é que há uma tendência de queda do preço de alimentos (...) É difícil afirmar com certeza, mas é óbvio que você vai ter que colocar mais desses produtos aqui dentro”, disse.
Tralli perguntou se essa queda acentuada poderia inviabilizar a produção. Alckmin reconheceu o risco, mas destacou o papel do Brasil na segurança alimentar e energética, lembrando que o país já abriu quase 400 novos mercados para produtos agrícolas.
Medicamentos vão subir de preço?
Ainda questionado sobre o preço dos medicamentos, especialmente os importados dos Estados Unidos. Alckmin procurou tranquilizar os telespectadores ao lembrar que o Brasil conta com o Sistema Único de Saúde (SUS), que garante o acesso gratuito a medicamentos essenciais.
“O remédio está incluído no Sistema Único de Saúde. As UBSs, prefeituras e estados devem fornecer”, afirmou.
Ele também destacou a ampliação do programa Farmácia Popular, que oferece medicamentos gratuitos ou com desconto. “Quase dobramos o programa. Há um conjunto de medicamentos que o cidadão não paga”, disse.
Quanto ao impacto direto do tarifaço, Alckmin afirmou que não deve haver aumento imediato nos preços dos remédios. Ele explicou que o vencimento de patentes deve ajudar a baratear os medicamentos, ao permitir a entrada de genéricos e similares.
Também defendeu o fortalecimento da indústria farmacêutica nacional como estratégia de longo prazo para redução de custos.
Equilíbrio fiscal e medidas emergenciais
Alckmin reafirmou o compromisso do governo com o equilíbrio fiscal, mas disse que há espaço para ações emergenciais.
“Queremos o menor impacto fiscal possível. Mas, como no caso das enchentes no Rio Grande do Sul, é possível excluir esses gastos do cálculo do déficit primário”, afirmou.
Ele lembrou que o governo injetou R$ 29 bilhões no estado e que uma ação semelhante pode ser adotada agora, diante do impacto das tarifas americanas.
O ministro também destacou o programa “Acredita Exportação”, voltado a micro e pequenas empresas.
“Se a pequena empresa exportar, ela recebe de volta 3% do valor em crédito tributário. Isso começa já na próxima semana”, anunciou. Hoje, esse grupo responde por apenas 0,8% das exportações brasileiras.
Alckmin afirmou ainda que as negociações com os Estados Unidos estão apenas começando.
“Não acabou ontem. Começa agora com mais força. Vamos trabalhar com o setor privado, com as câmaras de comércio e com o governo americano. É um perde-perde, e precisamos mostrar isso”, concluiu.
'Agora acelera a negociação', diz Alckmin após EUA oficializarem o tarifaço
Sobre as taxas
A decisão da taxação foi tomada pelo presidente Donald Trump, que assinou uma ordem executiva e declarou uma nova emergência nacional para justificar a medida.
O governo americano afirma que o Brasil adotou ações recentes que representam uma ameaça à segurança nacional, à economia e à política externa dos Estados Unidos. Por isso, decidiu aumentar em 40 pontos percentuais a tarifa que já existia, totalizando agora 50%.
A ordem executiva americana também traz duras críticas ao governo brasileiro. Segundo o texto, o Brasil estaria promovendo perseguição política contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores, além de adotar práticas que violam direitos humanos e enfraquecem a democracia.
Além da tarifa, o presidente Trump determinou, no último dia 18 de julho, o cancelamento dos vistos de Alexandre de Moraes, de seus aliados no STF e de seus familiares.
Geraldo Alckmin fala sobre tarifaço no programa 'Mais Você'
Cadu Gomes/VPR
Datafolha: 89% dos brasileiros acreditam que tarifaço de Trump vai prejudicar a economia
Datafolha: 89% dos brasileiros acreditam que tarifaço de Trump vai prejudicar a economia
Pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (31) mostra que 89% dos brasileiros acreditam que o tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, vai prejudicar a economia brasileira.
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Os entrevistados foram questionados sobre qual o impacto da taxa de 50% imposta para parte dos produtos brasileiros.
Veja os números:
Vai prejudicar muito: 66%;
Vai prejudicar um pouco: 23%;
Não irá prejudicar: 7%;
Não sabem: 4%.
Margem de erro é de 2 pontos para mais ou menos. A pesquisa ouviu 2.004 pessoas em 29 e 30 de julho, antes de Trump oficializar a sobretaxa e anunciar a lista com 700 produtos isentos.
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De acordo com o levantamento, 92% de quem respondeu ter votado em Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2022 afirmam que o tarifaço vai prejudicar a economia brasileira. Já 87% dos eleitores de Lula (PT) têm o mesmo posicionamento.
Donald Trump
Getty Images via BBC
Economias pessoais
Os entrevistados também foram questionados sobre o quanto acreditam que o tarifaço vai impactar em suas economias pessoais: 77% consideram que vai ser afetado de alguma forma, enquanto 19% consideram que não haverá prejuízo.
Veja os números:
Vai prejudizar muito: 43%;
Vai prejudicar um pouco: 34%;
Não irá prejudicar: 19%;
Não sabem: 4%.
O que o Brasil deveria fazer?
'Agora acelera a negociação', diz Alckmin após EUA oficializarem o tarifaço
A maior parte dos brasileiros, 72%, considera que Lula deveria negociar para tentar convencer os EUA a mudar de ideia sobre o tarifaço. Já 15% afirmaram que o Brasil deveria taxar igualmente os produtos americanos importados. Outros 6% avaliam que todas as condições exigidas pela Casa Branca deveriam ser atendidas.
Veja os números abaixo:
Negociar para tentar convencer o presidente dos EUA a mudar de ideia: 72%;
Taxar igualmente os produtos dos EUA vendidos no Brasil: 15%;
Atender todas as condições exigidas pelo governo dos EUA: 6%;
Não sabem: 7%.
Os que defendem que o Brasil acate as imposições de Trump são 13% entre os eleitores de Bolsonaro e 1% no grupo que afirma ter votado em Lula em 2022.
Confiança nos parceiros
O Datafolha questionou sobre a confiança dos brasileiros nos países que são nossos parceiros comerciais. Ao somar as respostas de "pode confiar muito" e "pode confiar um pouco", países da União Europeia (como Alemanha, França, Itália e Espanha) foram citados por 74% dos entrevistados e receberam o maior apoio.
Em seguida, 72% disseram poder confiar em parceiros do Mercosul (entre eles Argentina, Chile e Paraguai). Depois aparece a China, com 66%, e os Estados Unidos, com 51%. Veja abaixo:
Tarifaço de Trump: setor cafeeiro do Brasil pode ser forçado a redirecionar produção a outros mercados; veja desafios
Quem se deu bem e quem se deu mal entre as exceções do tarifaço de 50% de Trump
O setor cafeeiro brasileiro é tomado pela incerteza diante do anúncio da tarifa de 50% feita pelos Estados Unidos, principal destino das exportações do grão, sobre os embarques do café. A medida, que entraria em vigor nesta sexta-feira (1º), foi adiada para o próximo dia 6 de agosto.
Análise mais recente do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) do campus da Universidade de São Paulo (USP) em Piracicaba (SP), indica que o Brasil pode ser forçado a redirecionar parte da produção nacional a outros mercados.
“O que exige agilidade logística e estratégia comercial para mitigar os prejuízos à cadeia produtiva nacional”, aponta.
Café, carne bovina e frutas frescas ainda estão entre os itens mais expostos à medida de Trump.
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“Diante da representatividade do Brasil nas importações de café dos EUA, o Cepea avalia que a eventual entrada em vigor da tarifa tende a impactar não apenas a competitividade do café nacional, mas também os preços ao consumidor norte-americano e a formulação dos blends tradicionais, que utilizam os grãos brasileiros como base sensorial e de equilíbrio”, aponta o Cepea.
📝Nesta quarta (30), o presidente Donald Trump assinou um decreto que elevou em 40 pontos percentuais a alíquota sobre produtos brasileiros.
O documento também apresenta uma lista de 700 exceções que beneficiam segmentos estratégicos como o aeronáutico, o energético e parte do agronegócio.
Café robusta
Globo Rural/Tv Globo
📈Alguns setores brasileiros conseguiram escapar da tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos, enquanto outros foram diretamente atingidos pela medida, como é caso da carne bovina, café e frutas.
Os pesquisadores do Cepea apontam ainda que preços domésticos do café têm acompanhado os movimentos das Bolsas de Nova York e Londres, com oscilações associadas à atuação especulativa de fundos.
“Isso que vêm ampliando suas posições compradas diante da possibilidade de aumento das cotações, caso a tarifa entre em vigor”, aponta o Centro de Estudos da Esalq-USP.
“Até o momento, não indícios claros de que os valores internos estejam recuando exclusivamente em função da medida tarifária”, aponta o Cepea.
Taxação do café brasileiro pelos EUA preocupa produtores
Reprodução EPTV
Embarques 🛳️
Em 2024, o Brasil respondeu por aproximadamente 23% do total comprado pelos EUA, em valores monetários, de acordo com estatísticas da Comissão de Comércio Internacional dos Estados Unidos (USITC, na sigla em inglês).
A Colômbia representou cerca de 17% do total das importações norte-americanas, enquanto o Vietnã contribuiu com aproximadamente 4%.
Arábica e robusta ☕
Pesquisadores lembram, ainda, que, no segmento do café arábica, em que o Brasil também lidera os embarques aos EUA, a Colômbia, principal concorrente, permanece isenta da nova tarifação.
Quanto ao robusta, o Vietnã negocia a aplicação de uma alíquota reduzida de 20%, frente aos 46% inicialmente previstos.
Mercado do café analisa possível impacto do 'tarifaço' de Trump para a produção no Sul de Minas
Reprodução EPTV
☕Café: o impacto no setor cafeeiro é estrutural, alerta o Cepea.
"Como os EUA não produzem café, a elevação do custo de importação compromete diretamente a viabilidade econômica da cadeia interna, que envolve torrefadoras, cafeterias, indústrias de bebidas e redes de varejo", analisa.
"A exclusão do café do pacote tarifário é não apenas desejável, mas estratégica, tanto para a sustentabilidade da cafeicultura brasileira quanto para a estabilidade da cadeia de abastecimento norte-americana”, destaca Renato Ribeiro, pesquisador de café do Cepea.
No curto prazo, apesar de a safra 2024/25 ter assegurado boa capitalização aos produtores, a comercialização da safra 2025/26 avança lentamente, apontam pesquisadores do Cepea.
Com a queda nas cotações e a instabilidade externa, os produtores têm vendido volumes mínimos para manter o fluxo de caixa, postergando negociações maiores à espera de definições sobre o cenário tarifário.
🍽️Segurança alimentar
Os pesquisadores do Cepea ressaltam que “uma articulação diplomática coordenada” para rever ou excluir as tarifas sobre produtos agroalimentares brasileiros é urgente diante dos impactos previstos.
“Tal medida é estratégica não apenas para o Brasil, mas também para os próprios Estados Unidos, cuja segurança alimentar e competitividade da agroindústria dependem de forma substancial do fornecimento brasileiro”, aponta.
Veja abaixo, alguns dos setores analisados pelo Centro de Estudos da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq) da Universidade de São Paulo:
🥭Frutas frescas: Impacto nas exportações: O impacto imediato recai sobre a manga, cuja janela crítica de exportação aos EUA inicia-se em agosto.
Segundo indica o Cepea, já há relatos de postergação de embarques frente à indefinição tarifária.
📈 Até o anúncio da medida, a expectativa era de crescimento das exportações de frutas frescas em 2025, sustentada pela valorização cambial e pela recomposição produtiva de diversas culturas. "Contudo, o cenário tornou-se incerto", alerta o Cepea.
Safra de uva
Felipe Dalla Valle/Secom RS
🍇A uva brasileira, cuja safra tem calendário relevante para os EUA a partir da segunda quinzena de setembro, também passa a integrar o grupo de culturas em alerta.
“A projeção otimista foi substituída por dúvidas. Além da retração esperada nas vendas aos EUA, há o risco de desequilíbrio entre oferta e demanda nos principais destinos, pressionando as cotações ao produtor”, analisa Lucas De Mora Bezerra, da equipe HF Brasil/Cepea.
Fluxos comerciais
🛳️A medida tende ainda a desorganizar os fluxos comerciais internacionais.
"Com a retração das exportações aos EUA, frutas que seriam destinadas ao mercado norte-americano podem ser redirecionadas à União Europeia ou absorvidas pelo mercado brasileiro, gerando um cenário de acúmulo de frutas nos canais tradicionais de comercialização e pressionando os preços ao produtor", analisa o Cepea.
Persistem também incertezas quanto às importações brasileiras de frutas frescas, tanto em volume quanto em origem, frente à nova conjuntura global.
Carne bovina é um dos produtos que Brasil vende tanto aos EUA quanto à China
Getty Images via BBC
🐂Carne bovina: Os Estados Unidos são o segundo maior comprador da carne bovina brasileira, respondendo por 12% das exportações, atrás apenas da China, que concentra 49% do total embarcado pelo Brasil.
"Dados da Secex mostram que, em junho, o volume adquirido pelos norte-americanos já foi o menor desde dezembro do ano passado, mas as exportações totais de carne bovina brasileira tiveram o segundo melhor resultado do ano, beirando as 270 mil toneladas", observam os pesquisadores.
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Infográfico - Lista de isenções ao tarifaço de Trump
Arte/g1
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Estados reagem ao tarifaço de Trump com liberação de crédito e incentivos fiscais
Estados reagem ao tarifaço com liberação de crédito e incentivo fiscal
Governos estaduais decidiram agir por conta própria para conter os impactos do tarifaço de Donald Trump. Ao menos cinco estados (SP, MG, PR, RS e GO) já anunciaram pacotes emergenciais com liberação de crédito, devolução de créditos acumulados de ICMS — tributo estadual cobrado sobre a circulação de mercadorias —, além de acesso facilitado a financiamentos públicos e flexibilização de exigências para empresas com incentivos fiscais.
🔎 A reação coordenada ocorre após a oficialização, na quarta-feira (30), do decreto americano que impõe tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. A medida entra em vigor no próximo dia 6 de agosto.
Embora o texto publicado pela Casa Branca preveja cerca de 700 exceções — que incluem peças aeronáuticas, veículos, fertilizantes e minérios — setores estratégicos para o Brasil ficaram de fora, como café, carne bovina, frutas, calçados e têxteis (veja aqui a lista completa).
O governo Lula afirma ter um plano pronto, mas ainda não divulgou as medidas de apoio às empresas.
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Estados liberam crédito e ICMS para exportadores
O governo de São Paulo anunciou, na quarta (30), a liberação de R$ 1,5 bilhão em créditos acumulados de ICMS e a ampliação da linha Giro Exportador de R$ 200 milhões para R$ 400 milhões. A linha terá juros subsidiados a partir de 0,27% ao mês + IPCA, com até 60 meses para pagamento e 12 de carência. Os créditos serão transferidos por meio do programa ProAtivo, com teto de R$ 120 milhões por empresa, e pedidos a partir de setembro via SIPET (Sistema de Peticionamento Eletrônico) da Sefaz-SP (Secretaria da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo).
Em Minas Gerais, o pacote estadual inclui R$ 100 milhões em monetização de créditos de ICMS e R$ 200 milhões em crédito com juros reduzidos pelo Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), com prazo de até 60 meses e carência de 12 meses (leia mais aqui).
No Paraná, o governo autorizou a liberação de créditos de ICMS para uso como aval ou venda no mercado e prevê até R$ 400 milhões em financiamentos. As linhas serão operadas pela Fomento Paraná e Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), com possível aporte no Fundo de Desenvolvimento Econômico. O estado também suspendeu exigências de contrapartidas para empresas que receberam incentivos fiscais.
Em Goiás, o governo já incluiu os setores mais atingidos — como açúcar orgânico e carnes, responsáveis por 61% das exportações goianas para os EUA — em pacotes emergenciais. Entre as medidas, estão o Fundo Creditório, com R$ 628 milhões em recursos e juros de 10% ao ano; o Fundeq, que subsidia encargos financeiros; e o Fundo de Estabilização Econômica (FEE), uma reserva de R$ 3,3 bilhões para momentos de crise. Apesar dos desafios setoriais, o impacto estimado no PIB estadual é limitado a 0,36% em 2025.
Já o Rio Grande do Sul criou uma linha de R$ 100 milhões com juros subsidiados (8% a 9% ao ano) via BRDE, com recursos do Fundo Impulsiona Sul. A carência será de 12 meses e o prazo total de 60 meses. Segundo o governo, o foco é dar fôlego imediato para empresas em setores com alta exposição, como metalurgia, madeira e máquinas.
Veja a íntegra do decreto de Trump e as justificativas para o tarifaço no Brasil
Outros estados estudam ações
No Ceará, onde os EUA representam mais da metade das exportações estaduais, o governo discute internamente a liberação de créditos de ICMS e pressiona por compensações da União previstas na Lei Kandir. O governador Elmano de Freitas se reuniu com o vice-presidente Geraldo Alckmin e pediu apoio emergencial ao setor do pescado, castanha e cera de carnaúba.
O Espírito Santo ainda não anunciou valores exatos, mas o vice-governador Ricardo Ferraço já iniciou reuniões com os setores mais atingidos, como café, rochas ornamentais e celulose. O foco, segundo ele, é garantir apoio emergencial e posterior redirecionamento de mercados.
Tarifaço pode encarecer ou baratear o preço dos alimentos no Brasil?
O Rio de Janeiro criou um grupo de trabalho para mapear os impactos da tarifa sobre setores como petróleo refinado, aço e semimanufaturados. O governador Cláudio Castro prometeu uma resposta técnica e coordenada após a conclusão dos diagnósticos.
No Pará, o governo coordena uma articulação com representantes da indústria, comércio, mineração e agricultura para avaliar os possíveis impactos do tarifaço sobre setores como alumínio, ferro e madeira. De acordo com a gestão, embora os EUA representem apenas 3,6% das exportações paraenses, o governo local adota uma postura preventiva e técnica, monitorando também os efeitos sobre importações. As demandas do estado devem ser levadas ao vice-presidente Geraldo Alckmin no Fórum dos Governadores.
No Amazonas, técnicos do governo avaliam que o impacto sobre a Zona Franca de Manaus será mínimo: apenas 0,15% do faturamento do polo industrial estaria sujeito às novas tarifas. Apesar disso, o estado mantém monitoramento constante, principalmente sobre eventuais efeitos indiretos, como encarecimento de insumos importados. De acordo com os técnicos, a maior parte da produção local é destinada ao mercado interno, e os EUA figuram apenas como o quinto maior destino das exportações amazonenses.
Em Sergipe, o governo estadual criou um grupo de trabalho para avaliar os impactos do tarifaço sobre os setores econômicos locais. O objetivo é levantar dados detalhados, mapear os efeitos práticos em cada segmento e articular, junto ao Governo Federal, medidas de apoio aos mais afetados. A gestão afirma que também acompanha as ações da União e avalia possíveis iniciativas para mitigar prejuízos e proteger a economia do estado.
No Maranhão, o governo informou que aguarda a definição de medidas por parte do governo federal e mantém diálogo com entidades empresariais para encontrar soluções conjuntas. A Secretaria de Indústria e Comércio (Seinc) acompanha os desdobramentos do tarifaço e avalia eventuais ações a serem adotadas com base nos setores impactados no estado.
Em Rondônia, o governo estuda medidas para apoiar setores exportadores como o de carnes e madeira, com foco na liberação e flexibilização do uso de créditos acumulados de ICMS. A ideia é permitir que empresas utilizem esses créditos de forma mais ampla ou possam transferi-los, amenizando os efeitos financeiros da tarifa de 50%. Novas linhas de crédito ou incentivos adicionais ainda estão em avaliação junto ao setor produtivo.
Governadores e indústria pressionam por plano federal
'Agora acelera a negociação', diz Alckmin após EUA oficializarem o tarifaço
Representantes estaduais e da indústria querem que o governo federal assuma a coordenação da resposta brasileira. Durante reunião do Fórum dos Governadores com o vice-presidente Alckmin, os governadores propuseram a criação de uma comissão para acompanhar negociações e impactos.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI), por sua vez, entregou um plano com oito propostas emergenciais, como linha de crédito do BNDES com juros entre 1% e 4% ao ano, postergação de tributos federais e reativação do Programa Seguro-Emprego.
Questionado sobre o risco de demissões em massa e sobre a entrega do plano, Alckmin afirmou que o documento está pronto, mas que precisa passar pelo aval do presidente Lula.
"Foco para preservar empregos e produção. Ninguém vai ficar desamparado", explicou o vice-presidente em entrevista a Ana Maria Braga nesta quinta-feira (31).
Governo recalibra plano, mas não anuncia medidas
Lula e Trump vêm protagonizando, segundo especialistas, o pior momento das relações bilaterais entre Brasil e Estados Unidos
Getty Images via BBC
Mesmo sem anunciar ações concretas, o governo federal afirma que um plano de contingência está em elaboração desde a semana passada. Segundo o vice-presidente Alckmin, o pacote está “bastante completo”, mas depende da evolução das negociações com os EUA.
Nesta quinta-feira, Alckmin afirmou em entrevista ao Mais Você, de Ana Maria Braga, que 36% das exportações serão afetadas pelo tarifaço e que as negociações com os EUA não terminaram.
Com a publicação da lista de exceções, o plano federal deverá ser recalibrado. Segundo o blog do Gerson Camarotti, o pacote deverá priorizar setores que não conseguiram escapar da tarifa e condicionar o apoio à manutenção de empregos.
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Claudia Sheinbaum, presidente do México, anuncia acordo com Donald Trump para pausar tarifas por um mês
REUTERS/Raquel Cunha
A presidente do México, Claudia Sheinbaum, afirmou nesta quinta-feira (31) que, durante uma ligação telefônica com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, conseguiu a suspensão das novas tarifas que entrariam em vigor, além de um prazo de 90 dias para negociar um acordo comercial.
O acordo evita a aplicação de tarifas de 30% que estavam programadas para entrar em vigor nesta sexta-feira.
“Evitamos o aumento tarifário anunciado para amanhã”, escreveu Sheinbaum em uma publicação na rede X, na qual classificou a conversa como “muito boa”.
Veja abaixo a postagem.
“Tivemos uma conversa muito boa com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Evitamos o aumento de tarifas anunciado para amanhã e conseguimos 90 dias para construir um acordo de longo prazo com base no diálogo.
Estavam comigo Juan Ramón de la Fuente, secretário de Relações Exteriores; Marcelo Ebrard, secretário da Economia; e Roberto Velasco, subsecretário para a América do Norte.”
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Em coletiva de imprensa após o anúncio, Sheinbaum declarou que a suspensão protege o Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA) e assegura que os produtos em conformidade com o pacto continuarão isentos das tarifas de 25% impostas por Trump no início do ano, em resposta à crise do fentanil.
Segundo o Ministério da Economia do México, cerca de 85% das exportações do país atendem às regras de origem estabelecidas no USMCA.
O ministro da Economia, Marcelo Ebrard, que participou da coletiva ao lado de Sheinbaum, afirmou que o acordo firmado nesta quinta-feira aproxima os dois países da consolidação de um pacto comercial de longo prazo.
“Tudo isso foi alcançado sem uma única concessão por parte do México”, disse Ebrard. “É uma grande conquista.”
Sheinbaum e Ebrard enfatizaram que a suspensão das tarifas mantém o México entre os países com maior acesso preferencial ao mercado dos Estados Unidos.
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A tilápia está entre os alimentos alvos da tarifa de 50% imposta por Donald Trump sobre as vendas brasileiras para os Estados Unidos. A medida entra em vigor no dia 6 de agosto.
➡️ Mas, afinal, o tarifaço vai afetar o consumidor brasileiro? Não diretamente. A sobretaxa será paga por empresas dos EUA que comprarem produtos feitos no Brasil. E, para alguns desses itens, encaixados numa lista de exceções, ela será de 10%, e não 50%.
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Indiretamente, porém, pode existir um impacto no supermercado. Se os compradores americanos não quiserem pagar a mais pelos alimentos brasileiros, uma queda nas vendas para os EUA poderia afetar os produtores. Por consequência, o tarifaço reforçaria tendências já em andamento nos valores do Brasil.
Economistas e especialistas ouvidos pelo g1 apontam que, se as vendas de tilápias aos EUA forem paralisadas, deve sobrar o peixe no Brasil, fazendo os preços caírem.
Isso porque o setor depende muito das vendas para o mercado norte-americano e teria que redirecionar o produto que sobrar para o mercado interno.
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A tilápia é o peixe brasileiro mais exportado, e o principal mercado comprador são os EUA, que são o destino de 90% do volume vendido para o exterior. É uma dependência muito maior do que a da carne e do café, que têm outros mercados importantes além dos EUA.
Com a taxa de 50% imposta pelos norte-americanos, a produção deve ser redirecionada para o consumo interno, o que tende a ampliar a oferta e pressionar os preços para baixo, segundo Francisco Medeiros, presidente da Associação Brasileira de Piscicultura (PeixeBR).
Essa projeção é reforçada pelo fato de o setor já atravessar um período de retração nas vendas no Brasil, consequência da menor procura depois da Semana Santa e da chegada do inverno, explica Matheus Do Ville Liasch, analista de mercado do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP).
Apesar da expectativa de queda no curto prazo, ele acredita que o repasse ao consumidor deve ser lento e imprevisível.
“O efeito sobre os preços será gradual: primeiro o produtor reduzirá o valor, depois os frigoríficos, e, só então, varejistas e atacadistas”, afirma.
Para a indústria, contudo, o cenário é motivo de preocupação. O presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Pescado (Abipesca), Eduardo Lobo, alerta que absorver o volume destinado aos EUA no mercado doméstico não é viável economicamente.
“O mercado interno já é abastecido com uma produção muito grande, e colocar o que era destinado à exportação nele faria o preço ficar ‘inexequível’, quebrando a cadeia produtiva”, afirma.
Além disso, Lobo prevê que, a médio e longo prazo, a taxação americana pode até encarecer o produto para os brasileiros. “A tarifa tende a frear a produção e, nesse contexto, qualquer aumento de demanda poderia elevar o preço”, conclui.
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➡️ Mas, afinal, o tarifaço vai afetar o consumidor brasileiro? Não diretamente. A sobretaxa será paga por empresas dos EUA que comprarem produtos feitos no Brasil. E, para alguns desses itens, encaixados numa lista de exceções, ela será de 10%, e não 50%.
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Indiretamente, porém, pode existir um impacto no supermercado. Se os compradores americanos não quiserem pagar a mais pelos alimentos brasileiros, uma queda nas vendas para os EUA poderia afetar os produtores. Por consequência, o tarifaço reforçaria tendências já em andamento nos valores do Brasil.
Economistas e especialistas ouvidos pelo g1 apontam que o preço do café não deve ser afetado em um primeiro momento. O setor acredita que as vendas aos EUA não devem ser paralisadas e, assim, não vai ter uma oferta maior de café no Brasil.
Contudo, os preços devem continuar na tendência de queda, que iniciou em julho, devido à expectativa de um aumento da safra.
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Preço cai, mas não por causa dos EUA
O setor cafeeiro acredita que o tarifaço não deve impactar os preços do café no Brasil, ao menos inicialmente.
A tendência é que os exportadores do Brasil e os importadores dos EUA cheguem a um acordo para que o comércio não seja interrompido agora, diz Celírio Inácio, diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic).
Se as exportações seguirem normalmente, o café não precisará ser redirecionado para o mercado interno, e os preços no Brasil devem continuar em tendência de queda.
Em julho, o preço do café diminuiu 0,36%, na primeira queda em um ano e meio, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15).
A baixa dos preços está sendo puxada pela expectativa de aumento da safra do café do tipo robusta, que não é o tipo mais exportado para os EUA. A preferência dos americanos é pelo arábica.
“Nesse momento, o importador (dos EUA) ainda tem em estoque o café que não foi taxado, então, ele pode praticar um preço médio para o consumidor norte-americano”, afirma Inácio.
Trump determinou que os produtos que embarcarem até o dia 6 de agosto não serão submetidos à tarifa de 50%, mesmo que cheguem aos EUA depois do prazo.
Os especialistas lembram, também, que a colheita do café acontece só uma vez por ano, o que atrasa qualquer impacto no preço para o consumidor.
“Esses movimentos não acontecem da noite para o dia”, diz Fernando Maximiliano, analista da StoneX.
O cenário para médio e longo prazo é incerto, inclusive por causa da dúvida sobre a duração do tarifaço. “Não sabemos se as tarifas vêm para ficar, se elas vão durar seis meses, um ano ou mais”, afirma Maximiliano.
Os EUA são os maiores importadores do café brasileiro, comprando cerca de 16% do produto exportado pelo país. Ao mesmo tempo, o Brasil é o principal fornecedor do café para os EUA e detém cerca de um terço do mercado norte-americano.
Se a tarifa durar muito tempo, especialistas acreditam que o mercado deve mudar: os EUA buscariam outros fornecedores e o Brasil venderia para outros países.
“Seria uma nova realidade que o mercado teria que precificar. É incalculável”, afirma Marcos Matos, diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
Ainda assim, Matos diz que um tarifaço duradouro causaria oscilação de preços no Brasil, “tanto para cima quanto para baixo”, por conta dessas novas condições de exportação.
Já Celírio Inácio, da Abic, alerta que, nesse cenário, a produção brasileira pode acabar sendo reduzida daqui a alguns anos, o que poderia elevar os preços.
“Se o agricultor não tiver remuneração suficiente para fazer novos investimentos, pode haver algum impacto na produção futura”, diz ele.
Para Fernando Maximiliano, no entanto, a manutenção das tarifas a médio prazo tende a reduzir os preços no Brasil. “Com a dificuldade de vender para os americanos, haveria maior disponibilidade de café. Esse excedente poderia ficar no Brasil, baixando o preço por aqui”, conclui.
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Alckmin cita queda no preço dos alimentos e diz que tarifaço pode favorecer tendência
'Agora acelera a negociação', diz Alckmin após EUA oficializarem o tarifaço
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, afirmou nesta quinta-feira (31) que a tarifa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aos produtos brasileiros pode favorecer uma redução de preços dos alimentos no país.
A declaração foi dada durante entrevista no Mais Você, programa da apresentadora Ana Maria Braga, da TV Globo.
Alckmin foi questionado sobre quais alimentos subiriam ou baixariam com a entrada em vigor do tarifaço, na semana que vem. Na resposta, o vice-presidente disse que o preço de produtos como arroz, feijão, óleo de soja e algumas frutas já está em queda.
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“E caiu por quê? Porque caiu o dólar, o clima ajudou e a safra é recorde. Se a safra é 10% maior, o preço cai. Se é 10% menor, ele sobe”, respondeu. “A boa notícia é que há uma tendencia de queda do preço dos alimentos.”
Na sequência, Alckmin foi questionado especificamente sobre a possibilidade de queda nos preços de carne, café, frutas e peixes, alimentos que foram diretamente atingidos pela taxa de 50%.
“É difícil, peremptoriamente, afirmar, mas é óbvio que você vai ter que colocar mais desses produtos aqui dentro”, disse ele.
“Agora, muito da exportação é complementar, não está deixando de atender o mercado interno. Você atende o mercado interno e o resto você exporta”, acrescentou o vice-presidente.
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Efeitos do tarifaço nos preços no Brasil
Vale lembrar que o tarifaço não afetará diretamente o consumidor brasileiro. A sobretaxa será paga por empresas dos EUA que comprarem produtos feitos no Brasil. E, para alguns desses itens, encaixados numa lista de exceções, ela será de 10%, e não 50%.
Indiretamente, porém, pode existir um impacto no supermercado. Se os compradores americanos não quiserem pagar a mais pelos alimentos brasileiros, uma queda nas vendas para os EUA poderia afetar os produtores. Por consequência, o tarifaço reforçaria tendências já em andamento nos preços desses alimentos do Brasil.
Economistas e especialistas ouvidos pelo g1 apontam os seguintes efeitos possíveis do tarifaço nos preços do Brasil:
o preço da carne pode até cair no início do tarifaço, com uma demanda menor dos EUA. Mas deverá subir depois, por causa da redução no abate de animais, o que já era esperado e deve ser intensificado com o tarifaço.
os valores do café não devem ser afetados em um primeiro momento. O setor acredita que as vendas aos EUA não devem ser paralisadas e, assim, não vai ter uma oferta maior de café no Brasil.
se as vendas de tilápias aos EUA forem paralisadas, deve sobrar o peixe no Brasil, fazendo os preços caírem. Isso porque o setor depende muito das vendas para o mercado norte-americano e teria que redirecionar o produto que sobrar para o mercado interno.
O vice-presidente, Geraldo Alckmin, durante cerimônia
Mateus Bonomi/Estadão Conteúdo
'Negociação começa agora', diz vice-presidente
Na entrevista ao programa, nesta quinta (31), Alckmin também afirmou que "a negociação [com os EUA] não terminou hoje, ela começa hoje".
Alckmin avaliou que mesmo após a formalização do tarifaço nesta quarta-feira (30), ainda há espaço para conversas. Segundo ele, o Brasil sempre esteve aberto ao diálogo.
"É um perde-perde. Nos atrapalha em mercado, emprego e crescimento, e encarece os produtos americanos", afirmou.
➡️Alckmin também disse que os gastos de apoio aos trabalhadores podem ser excluídos da meta fiscal. Mesmo se retiradas do limite de gastos e da meta para as contas públicas, estas despesas elevarão ainda mais a dívida brasileira — já considerada alta para o padrão de países emergentes.
O decreto assinado nesta quarta por Trump elevou para 50% a alíquota sobre produtos brasileiros, mas também trouxe uma lista de quase 700 exceções que beneficiam segmentos estratégicos como o aeronáutico, o energético e parte do agronegócio.
De acordo com o vice-presidente, cerca de 35,9% das exportações brasileiras serão afetadas pela tarifa de 50%.
Carne pode ficar mais cara no Brasil por causa do tarifaço?
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A carne está entre os alimentos alvos da tarifa de 50% imposta por Donald Trump sobre as vendas brasileiras para os Estados Unidos. A medida entra em vigor no dia 6 de agosto.
➡️ Mas, afinal, o tarifaço vai afetar o consumidor brasileiro? Não diretamente. A sobretaxa será paga por empresas dos EUA que comprarem produtos feitos no Brasil. E, para alguns desses itens, encaixados numa lista de exceções, ela será de 10%, e não 50%.
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Indiretamente, porém, pode existir um impacto no supermercado. Se os compradores americanos não quiserem pagar a mais pelos alimentos brasileiros, uma queda nas vendas para os EUA poderia afetar os produtores. Por consequência, o tarifaço reforçaria tendências já em andamento nos valores do Brasil.
Em relação à carne, economistas e especialistas ouvidos pelo g1 apontam que o preço pode até cair no início do tarifaço, com uma demanda menor dos EUA. Mas deverá subir depois, devido à redução no abate de animais, o que já era esperado e deve ser intensificado com o tarifaço.
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Menos boi para o abate
A carne não deve ficar mais barata no Brasil por causa do tarifaço. Pelo contrário: o preço pode subir, já que o número de abates deve cair no segundo semestre, segundo Wagner Yanaguizawa, especialista em proteína animal do Rabobank.
Essa alta já era esperada: mesmo sem o tarifaço, os pecuaristas já segurariam mais fêmeas para reprodução. Ou seja, elas já não seriam abatidas para o setor de carnes.
Mas uma possível queda nas vendas para os EUA pode fazer com que os produtores também separem menos bois para a engorda e para o abate.
Isso já está acontecendo em relação aos animais que seriam enviados para os EUA, diz Cesar de Castro Alves, gerente de Consultoria Agro do Itaú BBA.
Os EUA também são grandes produtores de carne bovina, mas ainda precisam importar parte do que consomem. Eles são o segundo maior comprador do alimento brasileiro, sendo responsáveis por 12% da carne exportada.
Mas os EUA ficam bem atrás da China, que compra quase metade do que é vendido pelos frigoríficos brasileiros no exterior (veja mais detalhes ao fim da reportagem).
De acordo com Alves, os americanos compram, principalmente, a parte dianteira do boi, usada em hambúrgueres. O Brasil envia as demais partes dos animais para outros destinos. Mas as exportações são uma parte menor: cerca de 80% da carne é consumida dentro no mercado brasileiro.
Yanaguizawa acredita ser possível redirecionar as vendas que iriam para os EUA a outros países, como o Egito, que tem aumentado sua demanda pela proteína.
O Brasil tem uma vantagem: concorrentes como EUA e Austrália também reduziram a produção por problemas sanitários, como doenças.
Segundo Yanaguizawa, o mundo deve ter uma redução da oferta global de carne em 2%.
Mas, antes de os preços subirem, pode haver um curto período de queda para o consumidor brasileiro, aponta o analista do Itaú BBA.
Isso porque a China, principal cliente da exportação, está pressionando para o Brasil baixar seus preços, e isso pode frear temporariamente as exportações, aumentando a oferta interna e, consequentemente, diminuindo o custo para o consumidor brasileiro.
O valor da ração também diminuiu, o que reduz o custo da engorda. Assim, o preço do boi gordo, animal pronto para o abate, caiu 7,21% em um mês, até o dia 29 de julho, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
"Nós vamos ver o boi cair e, lá na frente, ver a carne subir mais ainda", resume Alves.
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Qual é a diferença entre fome e insegurança alimentar
Governo detalha liberação de gastos no orçamento: emendas ficam com R$ 4,7 bilhões; Cidades, Defesa e Saúde vêm na sequência
O Ministério do Planejamento publicou na noite desta quarta-feira (30) o decreto que libera R$ 20,6 bilhões em gastos no Orçamento de 2025. Do valor total, R$ 4,7 bilhões estão sendo destinados a emendas parlamentares, e outros R$ 15,9 bilhões ao orçamento dos ministérios (veja o detalhamento mais abaixo). Em Ponto entrevista: como fica o rombo com a liberação de R$ 20 bilhões do Orçamento Para avaliar a necessidade de bloqueio ou liberação de recursos no Orçamento, o governo fez uma nova estimativa das receitas e despesas para este ano. E considerou ajustes no aumento do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF), confirmado parcialmente pelo Supremo Tribunal Federal (STF), além de uma série de medidas, várias delas implementadas por meio de medida provisória (MP), tais como: Aumento da alíquota sobre bets; Taxação de "fintechs" (empresas de tecnologia em serviços financeiros); Limitação de compensações tributárias; Pé-de-meia dentro do piso de educação; Receita adicional de R$ 17,9 bilhões com exploração de recursos naturais, como o pré-sal. ▶️Com a liberação de recursos, o bloqueio total no orçamento, que estava em R$ 31,3 bilhões até maio deste ano, foi reduzido para R$ 10,7 bilhões. ▶️Para todo este ano, o governo projetou que será registrado um rombo de R$ 74,9 bilhões em suas contas. Considerando o abatimento de precatórios (R$ 48,6 bilhões) e o intervalo de tolerância do arcabouço fiscal (R$ 31 bilhões), o governo estima que a meta fiscal deste ano será atingida.
Tarifaço: Alckmin diz que gastos de apoio aos trabalhadores podem ser excluídos da meta fiscal
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, afirmou nesta quinta-feira (31) que gastos de apoio aos trabalhadores — em função do tarifaço dos Estados Unidos — podem ser excluídos da meta fiscal, como aconteceu no processo de ajuda aos moradores do Rio Grande do Sul por conta de fortes enchentes.
A declaração foi dada durante entrevista no programa da apresentadora Ana Maria Braga, da TV Globo.
"Não queremos déficit nenhum. Queremos o menor impacto possível. Segundo, pode excluir do [resultado] primário [das contas públicas, ou seja, do limite de gastos e da meta fiscal]. Como foi no Rio Grande do Sul, que teve um fato superveniente [as enchentes]", disse Alckmin.
Com tarifaço dos EUA, Alckmin promete plano para garantir empregos
Se não forem excluídas do limite de gastos, e da meta fiscal, os gastos dos ministérios para outras finalidades teriam de ser bloqueados.
➡️Mesmo se retiradas do limite de gastos e da meta fiscal, estas despesas elevarão ainda mais a dívida pública — já considerada alta para o padrão de países emergentes.
Além do auxílio ao Rio Grande do Sul, gastos fora da metas fiscais, e do teto de despesas, já foram feitos anteriormente, também, durante a pandemia da Covid-19, entre 2020 e 2022.
Em 2020, por exemplo, primeiro ano da Covid-19, os gastos do governo federal bateram recorde e, em valores corrigidos pela inflação até maio deste ano, superaram a marca de R$ 1 trilhão.
Outro tipo de despesa que, em parte, o governo tem excluído, em parte, da metas fiscais e do limite do arcabouço são os precatórios. Isso acontece com aval da Justiça.
O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, fala em entrevista coletiva sobre a reação do Brasil frente à tarifa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no saguão do Palácio do Planalto, em Brasília (DF), nesta segunda-feira, 14 de julho de 2025.
WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO
Ajuda sai nos próximos dias
Mais cedo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a ajuda aos setores afetados pelo tarifaço será anunciada nos próximos dias — com foco na indústria, na manutenção de empregos e no setor do agronegócio.
"Parte do nosso plano previsto vai ser apreciado para ser lançado nos próximos dias, de apoio, proteção à indústria brasileira, aos empregos no Brasil, ao agro também quando for o caso (...) À luz do que foi anunciado ontem [por Trump], vamos fazer a calibragem para que isso possa acontecer o mais rápido possível. Os atos já estão sendo preparados aqui na Fazenda para encaminhamento à Casa Civil", disse Haddad a jornalistas.
Entre as medidas, segundo Haddad, haverá linhas de crédito aos setores que tiverem suas vendas externas aos Estados Unidos sobretaxadas. "Vamos analisar caso a caso", disse o ministro.
Ele não confirmou novas ações, mas o ministro já havia informado nesta semana que um plano de proteção ao emprego, nos moldes do que aconteceu na pandemia da Covid-19, pode estar na mesa.
Na época, o governo pagava parte ou mesmo a íntegra de salários de empregados do setor privado e, em troca, as empresas deveriam garantir por algum tempo a manutenção destas contratações. É uma opção que está na mesa.
Se as medidas emergenciais adotadas durante a pandemia servirem de modelo para a área econômica, também pode ser adotado um adiamento de tributos, ou seja, uma prorrogação de prazos para pagamento de impostos como Simples Nacional, Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e INSS patronal, e suspensão de infrações pelo não recolhimento.
Essas ações, porém, não estão confirmadas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) precisa bater o martelo com relação às ações a serem implementadas.
EUA arrecadam US$ 87 bilhões com tarifas no primeiro semestre de 2025
Presidente dos EUA, Donald Trump
Jim Watson/AFP
Os Estados Unidos arrecadaram mais receita com tarifas nos primeiros seis meses de 2025 do que em todo o ano de 2024, segundo dados do Departamento do Tesouro dos EUA compilados pela AFP.
Mais de US$ 87 bilhões em receitas tarifárias foram arrecadados até o final de junho, em comparação com os US$ 79 bilhões coletados durante todo o ano de 2024, de acordo com os dados mensais mais recentes, publicados nesta quarta-feira (30).
Desde que reassumiu a presidência dos EUA em janeiro deste ano, Trump tem adotado uma política comercial agressiva, com tarifas generalizadas de 10% sobre importações de países aliados e rivais.
A partir de 1º de agosto, essas taxas devem subir para dezenas de economias, com cobranças ainda mais elevadas sobre setores estratégicos como aço, alumínio e automóveis.
A medida faz parte da estratégia do republicano para estimular a indústria norte-americana e reduzir o déficit comercial dos EUA. No entanto, as novas tarifas têm gerado apreensão entre parceiros comerciais e especialistas, que temem uma escalada de tensões econômicas globais.
O presidente norte-americano enviou no inicio deste mês cartas a líderes de países com os quais os EUA têm relações comerciais.
Os documentos estipulam tarifas entre 20% e 50% sobre produtos importados de cada país, com aplicação prevista para 1º de agosto, caso não seja firmado um acordo com os EUA.
Até o momento, foram enviadas 25 notificações, sendo o Brasil o país com a maior tarifa. Veja a lista completa de países que receberam as cartas de Trump:
Brasil: 50%*
Laos: 40%
Myanmar: 40%
Camboja: 36%
Tailândia: 36%
Bangladesh: 35%
Canadá: 35%
Sérvia: 35%
Indonésia: 32%
África do Sul: 30%
Argélia: 30%
Bósnia e Herzegovina: 30%
Iraque: 30%
Líbia: 30%
México: 30%
Sri Lanka: 30%
União Europeia: 30%
Brunei: 25%
Cazaquistão: 25%
Coreia do Sul: 25%
Japão: 25%
Malásia: 25%
Moldávia: 25%
Tunísia: 25%
Filipinas: 20%
Tarifaço de Trump sobre o Brasil fica em 50%, mas vem acompanhado de lista de exceções com 700 itens
Tarifaço de Trump
Na quarta-feira (30), Trump assinou uma ordem executiva que impôs uma tarifa adicional de 40% sobre produtos brasileiros, elevando o total para 50%. A medida começa a valer em 6 de agosto, e prevê uma longa lista de exceções (veja mais abaixo).
Segundo a Casa Branca, o decreto foi adotado em resposta a ações do governo brasileiro que representariam uma “ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos EUA”. Veja a íntegra do texto.
O anúncio oficializa o percentual mencionado pelo republicano em carta enviada a Lula neste mês e afirma que a ordem executiva foi motivada por ações que “prejudicam empresas americanas e os direitos de liberdade de expressão de cidadãos americanos”, além de afetar a política externa e a economia do país.
A Casa Branca cita “perseguição política, intimidação, assédio, censura e processos judiciais” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores, classificando essas ações como “graves abusos de direitos humanos” e um enfraquecimento do Estado de Direito no Brasil.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, é citado no texto como responsável por “ameaçar, perseguir e intimidar milhares de seus opositores políticos, proteger aliados corruptos e suprimir dissidências, frequentemente em coordenação com outros membros do STF”.
“Quando empresas americanas se recusaram a cumprir essas ordens, ele impôs multas substanciais, ordenou a exclusão dessas empresas do mercado de redes sociais no Brasil, ameaçou seus executivos com processos criminais e, em um caso, congelou os ativos de uma empresa americana no Brasil para forçar o cumprimento”, diz o comunicado.
Além disso, a Casa Branca também cita o caso do blogueiro Paulo Figueiredo, residente nos EUA e alvo de processo criminal no Brasil por declarações feitas em território americano, como exemplo de violação à liberdade de expressão.
“O presidente Trump está defendendo empresas americanas contra extorsão, protegendo cidadãos americanos contra perseguição política, salvaguardando a liberdade de expressão americana contra censura e protegendo a economia americana de ser sujeita a decretos arbitrários de um juiz estrangeiro tirânico”, afirmou a Casa Branca.
Lista de exceções
A lista de quase 700 produtos que não serão sobretaxados foi divulgada juntamente com o decreto oficial assinado por Trump e inclui suco de laranja, combustíveis, veículos, aeronaves civis e determinados tipos de metais e madeira. VEJA OS DESTAQUES AQUI.
Infográfico - Lista de isenções ao tarifaço de Trump
Arte/g1
*Com informações da agência de notícias Agence France-Presse (AFP).
No programa da Ana Maria Braga, Alckmin diz que a 'negociação não terminou hoje, ela começa hoje'
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O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, afirmou que "a negociação [com os EUA] não terminou hoje, ela começa hoje".
Alckmin avaliou que mesmo após a formalização do tarifaço nesta quarta-feira (30), ainda há espaço para conversas. Segundo ele, o Brasil sempre esteve aberto ao diálogo.
"É um perde-perde. Nos atrapalha em mercado, emprego e crescimento, e encarece os produtos americanos", afirmou.
➡️ Na entrevista, Alckmin também afirmou que os gastos de apoio aos trabalhadores podem ser excluídos da meta fiscal. Mesmo se retiradas do limite de gastos e da meta para as contas públicas, estas despesas elevarão ainda mais a dívida brasileira — já considerada alta para o padrão de países emergentes.
O decreto assinado nesta quarta pelo presidente Donald Trump, dos Estados Unidos, elevou para 50% a alíquota sobre produtos brasileiros, mas também trouxe uma lista de quase 700 exceções que beneficiam segmentos estratégicos como o aeronáutico, o energético e parte do agronegócio.
De acordo com cálculos da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), com uma lista de exceções de 694 produtos que o Brasil exporta para os Estados Unidos do tarifaço, cerca de 43% das vendas feitas aos norte-americanos no ano passado não foram afetadas.
De acordo com o vice-presidente, cerca de 35,9% das exportações brasileiras aos EUA serão afetadas pela tarifa de 50%, anunciada pelo presidente Donald Trump.
Isso ocorre, segundo ele, porque:
45% dos produtos foram retirados da lista de aumento pelos EUA;
Aço e alumínio, que já tinham alíquota de 50%, assim permanecem;
Automóvel e autopeças tinham alíquota de 25% dos EUA ao mundo inteiro, e assim continuam.
Alckmin afirmou que os Estados Unidos precisam do café brasileiro, pois são grandes consumidores do produto. Ele adiantou também que vai trabalhar para excluir, além do suco de laranja, outras frutas do tarifaço, como a manga.
“Brasil é o maior exportador do mundo, maior produtor do mundo. Vai ter de buscar outros mercados, ou vamos trabalhar com os EUA, pois é um grande consumidor de café. E eles tomam aquele café grandão, eles precisam do nosso café arábica para o blend. Primeiro trabalhar para baixar a tarifa, eles não produzem café”, disse.
Quem se deu bem e quem se deu mal entre as exceções do tarifaço de 50% de Trump
Proteção aos empregos no país
O vice-presidente disse que o governo está fechando um plano de proteção aos empregos, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai “bater o martelo” sobre o assunto. Segundo ele, haverá um "conjunto de normas para preservar empregos e a produção”.
“Ninguém vai ficar desamparado. Os 35,9% efetivamente atingidos pela tarifa, dos 10% mais 40%, vamos lutar para diminuir", frisou.
"Não damos como assunto encerrado. Negociação mais forte começa agora. Segundo, vamos buscar alternativas de mercado. E terceiro, apoiar setores. Tem pescado muito atingido, mel, frutas, carne bovina e especialmente indústria. Essa é mais difícil de colocar. Tem indústria muito focada naquele mercado", prosseguiu Alckmin.
O vice-presidente, Geraldo Alckmin, durante cerimônia de assinatura de medida provisória que concede isenção da taxa de serviço metrológico para verificação de taxímetros.
Mateus Bonomi/Estadão Conteúdo
Sanções contra Moraes
Alckmin também mencionou a sanção contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes com a Lei Magnitsky.
Ele saiu em defesa da separação de Poderes e da soberania nacional. Mencionou também a reunião feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com ministros do STF após as sanções contra Moraes.
Nesse sentido, reforçou o teor da nota publicada por Lula em solidariedade ao ministro do STF.
No comunicado desta quarta, o presidente brasileiro pontuou ser “inaceitável” a interferência de Trump no Judiciário brasileiro.
Lula, Alexandre de Moraes, Jais Bolsonaro e Donald Trump são os principais atores políticos da notícias de julho.
Evaristo Sa/AFP//Antonio Augusto/STF//Adriano Machado/Reuters//Patrick Semansky/AP
Tribunal dos EUA analisará poderes de Trump para impor tarifas
O presidente americano Donald Trump
Evelyn Hockstein/Reuters
As sustentações orais sobre o poder do ex-presidente Donald Trump de impor tarifas começaram nesta quinta-feira (31) em um tribunal federal de apelações dos EUA, após uma instância decidir que ele extrapolou sua autoridade ao aplicar tarifas amplas sobre produtos importados.
A Corte de Apelações do Circuito Federal, em Washington, D.C., está analisando a legalidade das tarifas “recíprocas” impostas por Trump a diversos parceiros comerciais dos EUA em abril, além das tarifas aplicadas em fevereiro contra China, Canadá e México.
Um colegiado composto por todos os juízes ativos do tribunal — oito nomeados por presidentes democratas e três por ex-presidentes republicanos — está ouvindo os argumentos de dois processos movidos por cinco pequenas empresas americanas e 12 estados liderados por governadores democratas.
“As tarifas estão tornando a América GRANDE & RICA novamente”, escreveu Trump em uma rede social na manhã de quinta-feira. “Boa sorte aos meus grandes advogados que lutaram tanto para salvar nosso país. Hoje é o grande julgamento da América.”
As tarifas estão se tornando uma fonte significativa de receita para o governo federal. Em junho, os tributos alfandegários quadruplicaram, chegando a cerca de US$ 27 bilhões — um recorde — e, até junho, já somavam mais de US$ 100 bilhões no atual ano fiscal.
Essa receita pode ser crucial para compensar as perdas geradas pelo pacote de cortes de impostos aprovado no início do mês por Trump.
Mas economistas alertam que as tarifas tendem a elevar os preços para os consumidores americanos e reduzir os lucros das empresas.
As ameaças tarifárias constantes de Trump têm agitado os mercados financeiros e dificultado o planejamento das cadeias de suprimento, da produção, do quadro de funcionários e dos preços das empresas americanas.
Os argumentos — apresentados um dia antes da entrada em vigor de novas tarifas sobre quase todos os parceiros comerciais dos EUA — marcam o primeiro grande teste judicial, em uma corte de apelação, sobre o alcance da autoridade tarifária do presidente.
Trump tem feito das tarifas um pilar central de sua política externa, utilizando-as agressivamente em seu segundo mandato como instrumento de pressão em negociações comerciais e contra práticas que considera injustas.
Os estados e empresas que contestam as tarifas alegam que elas não são permitidas com base nos poderes presidenciais de emergência que Trump invocou para justificá-las. Segundo eles, a Constituição dos EUA atribui ao Congresso — e não ao presidente — a autoridade sobre tarifas e outros impostos.
Dan Rayfield, procurador-geral do Oregon, um dos estados que contestam os tributos, disse que as tarifas funcionam como um “imposto regressivo” que encarece itens básicos para os consumidores.
Trump alegou ter autoridade ampla para estabelecer tarifas com base na Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional (IEEPA), de 1977, usada historicamente para sanções contra inimigos ou congelamento de bens. Trump foi o primeiro presidente a usá-la para aplicar tarifas.
Ele afirmou que as tarifas de abril foram uma resposta aos persistentes déficits comerciais dos EUA e à perda de força da indústria americana. Justificou as tarifas contra China, Canadá e México alegando que esses países não estavam fazendo o suficiente para impedir o tráfico de fentanil para os EUA — uma acusação negada por essas nações.
Em 28 de maio, um painel de três juízes do Tribunal de Comércio Internacional dos EUA decidiu a favor dos estados democratas e das pequenas empresas que contestavam Trump, afirmando que a IEEPA — destinada a lidar com ameaças "incomuns e extraordinárias" em emergências nacionais — não autorizava tarifas relacionadas a déficits comerciais de longo prazo.
A Corte Federal de Apelações manteve as tarifas em vigor enquanto analisa o recurso da administração Trump. O prazo para a decisão ainda é incerto, mas é esperado que a parte derrotada recorra rapidamente à Suprema Corte dos EUA.
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O caso não afeta tarifas impostas com base em legislações mais tradicionais, como as que incidem sobre importações de aço e alumínio.
Trump anunciou recentemente acordos comerciais que definem tarifas para produtos da União Europeia e Japão, após acordos menores com Reino Unido, Indonésia e Vietnã.
O Departamento de Justiça argumenta que limitar os poderes tarifários do presidente pode prejudicar as negociações comerciais em andamento. Outros membros do governo afirmam que as tratativas continuam, mesmo após o revés inicial nos tribunais.
Trump marcou o dia 1º de agosto para elevar tarifas a países que não firmarem novos acordos comerciais.
Existem pelo menos sete outros processos judiciais desafiando o uso da IEEPA por Trump, incluindo ações movidas por pequenas empresas e pelo estado da Califórnia.
Um juiz federal em Washington, D.C., já decidiu contra Trump em um desses casos. Até o momento, nenhum juiz validou a alegação de Trump de que possui autoridade ilimitada para impor tarifas em emergências.
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As mangueiras estão cheias na propriedade de Hidherica Torres, em Casa Nova, no lado baiano do Vale do São Francisco.
As frutas que pesam nos galhos já tinham destino certo assim que colhidas nos próximos dias: os Estados Unidos. Tinham.
Na terça-feira (29/7), Hidherica foi informada pela empresa exportadora que suas mangas não teriam mais saída aos portos americanos.
Como os produtos brasileiros terão uma tarifa extra de 50% para entrar nos EUA a partir de 6 de agosto, a venda, na prática, ficou inviabilizada.
"A gente está correndo tentando ver possibilidade de mandar para o Canadá ou Europa", diz Hidherica.
"Mas estou com medo de a manga ficar jogada no chão e o trator passar por cima. Enfim, virar lama", completa.
Na terça, o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, afirmou em entrevista que alguns produtos não cultivados em solo americano poderiam ter a tarifa de importação zerada — entre os exemplos, ele citou a manga.
Mangas tommy que iriam para os EUA estão na árvore em Casa Nova, Bahia
Hidherica Torres/Acervo Pessoal
Já na quarta-feira (30/7), o presidente Donald Trump assinou o decreto que impõe tarifa de 50% ao Brasil, mas com várias exceções, incluindo aeronaves, suco de laranja e petróleo. As frutas, porém, não foram beneficiadas.
Mesmo antes de a tarifa entrar em vigor, o Vale do São Francisco, principal região produtora e exportadora da fruta no país, já sente os efeitos da guerra comercial — e não só entre os produtores que exportam diretamente aos EUA.
Pequenos produtores que abastecem o mercado nacional e outros países já veem suas mangas encalharem e o preço desabar — como a produção que ia aos EUA já está sendo redirecionada, o mercado de manga começa a superlotar do produto.
Com muita oferta, o preço cai - a um nível que às vezes nem paga os custos de produção, disseram produtores à BBC News Brasil.
Os compradores chegaram a oferecer menos de R$ 0,80 pelo quilo da manga do tipo tommy a José Nilton Gonçalves, pequeno produtor de Lagoa Grande, em Pernambuco. No começo do ano, chegou perto do R$ 6. "Desse jeito, não dá nem para tirar a despesa", conta.
Líder da Associação Comunitária dos Agricultores de Malhada Real, em Lagoa Grande, Cristiano Ferreira completa que todos os tipos da fruta já estão sendo afetados, mesmo os que não iriam aos EUA. "Todo mundo já vai sentir, do grande ao pequeno."
Das mangas produzidas no Vale de São Francisco, 92% vão para exportação, segundo o Sindicato dos Produtores Rurais de Petrolina (SPR), que representa o setor.
Em 2024, o Brasil exportou 258 mil toneladas de manga, faturando US$ 349,8 milhões (R$ 1,95 bilhão), segundo dados reunidos pelo Observatório da Manga da Embrapa. Isso faz da manga a fruta brasileira mais vendida no mundo.
O principal destino é a Europa, representando cerca de 80% das vendas ao exterior durante o ano. Cerca de 15% vão para os EUA.
Mas a produção com foco na manga exportada aos EUA é mais cara e concentrada em três meses do ano, justamente a partir de agora.
Os americanos costumam comprar mangas de vários países conforme a sazonalidade da colheita. A janela brasileira é em agosto, setembro e outubro.
Para vender aos EUA, os produtores precisam plantar principalmente a manga do tipo tommy, a preferida dos americanos.
Além disso, precisam passar por uma série de inspeções e certificações exigidas, especialmente sobre a presença da mosca-da-fruta nas plantações, e serem mergulhadas num tanque a 60 graus Celsius para eliminar larvas. Na prática, é mais caro produzir para eles.
"Ou seja, fica difícil o produtor mandar essa fruta para outros mercados. Além disso, o volume nesta época para os EUA é muito grande e já está causando baixa nos preços no mercado interno e em outros países", diz Jailson Lira, presidente do SPR.
A expectativa do Vale do São Francisco em 2025 era exportar 36,8 mil toneladas de manga aos EUA, em 2,5 mil contêineres que saem dos portos de Salvador (BA) e Pecém (CE) até outubro.
O faturamento desse comércio com os EUA seria no patamar do ano passado, de US$ 45,8 milhões (R$ 255 milhões), segundo previsão do SPR.
Projetos de agricultura irrigada fizeram do Vale do São Francisco uma das regiões mais prósperas do sertão nordestino
Dado Galdieri/Bloomberg via Getty Images
'Estou dando manga de graça'
O Vale do São Francisco tem grandes empresas exportadoras de manga, onde as frutas passam pelas etapas sanitárias antes da exportação.
Muitas dessas empresas têm plantações próprias. Mas, em geral, elas acabam comprando a produção inteira de pequenos e médios produtores para suprir a demanda.
Isso faz com que o prejuízo no topo da cadeia (exportadores) venha a se refletir, sem muita demora, na ponta (agricultores).
"Se a manga não tem saída, as grandes empresas vão vender só aquilo que elas já têm, não compram do pequeno e médio", explica o produtor rural Eduardo Nakahara, da Frutecer, uma empresa exportadora mais focada no mercado europeu.
"E com o pessoal que vende para EUA mandando suas mangas para a Europa, todo mundo é afetado", completa.
Em Lagoa Grande, Pernambuco, produtores estão com medo de que os frutos estraguem
Adailton de Lima/Acervo Pessoal
Mesmo com a preferência dos europeus não sendo a manga tommy, uma vez nos supermercados, o cliente não costuma se apegar ao tipo da fruta vendido, explica Aleska Martins, produtora rural em Petrolina. A que tiver mais em conta acaba entrando no carrinho.
A pernambucana produz manga do tipo keitt, menos doce e menor, e vende para exportação à Europa, sem presença no mercado americano.
Mas os pés nos 60 hectares da família em Petrolina já estão cheios de manga sem saída.
"A gente vendeu a R$ 6 o quilo neste ano, agora estava lutando para vender a 0,80 centavos", diz.
Segundo os produtores, as empresas importadoras da Europa estão cancelando pedidos por já estarem com receio de ter "uma enxurrada de manga vinda do Brasil".
Martins está numa corrida contra o tempo porque precisa iniciar o preparo da terra para a próxima colheita. Isso é, podar as árvores, repousar a terra e preparar o terreno.
Para isso, ela tem oferecido as frutas a parceiros comerciais, de empresas de polpas a mercados, que poderiam recolher as mangas.
"Estou dando de graça para quem quiser pegar, para limpar minha planta. E mesmo assim não estou conseguindo", disse na terça-feira. Ela explica que as empresas justificam que o custo para retirar as mangas do pé não será compensado com a venda a preços tão baixos.
Na terra de Adailton de Lima, em Lagoa Grande, o problema é o mesmo. "O mercado está cheio, aí ninguém quer nossa manga. Tá caminhando para amadurecer no pé", diz ele, produtor do tipo palmer, uma das preferidas do mercado brasileiro.
O agrônomo Gilson dos Santos, produtor e consultor do setor de mangas no Vale do São Francisco, explica que o Brasil não é capaz de absorver tanta manga que vai sobrar. E nem a Europa, já que "outros países estão tendo uma boa safra neste ano, como a Espanha, na região de Málaga", diz.
"Isso abriu uma grande especulação no mercado, produtores ficam desesperados e oferecem manga de maneira desesperada com medo de não vender as frutas", conta.
Presidente do sindicato, Jailson Lira faz críticas ao governo federal, que, segundo ele, estaria tentando "medir forças com os EUA", em vez de negociar uma saída ao setor. O presidente do sindicato também diz que não foi apresentado um plano para os produtores.
A BBC News Brasil entrou em contato com os governos de Bahia e Pernambuco, além do governo Federal, mas as gestões não se posicionaram.
O produtor Eduardo Nakahara avalia que, se mantidas, as tarifas terão grande impacto em toda a economia da região do Vale do São Francisco, uma das regiões mais prósperas do sertão nordestino, justamente devido à agricultura irrigada que produz mangas, uvas e outras frutas.
Para ele, o momento seria para o povo brasileiro abraçar a manga como uma fruta nacional.
"Imagina fazer uma campanha para incentivar as pessoas a comprarem manga, fazer tudo de manga. Em vez de pedir um suco de morango no restaurante, pede de manga", diz.
Contas públicas têm déficit de R$ 47,1 bilhões em junho; dívida avança para 76,6% do PIB
As contas do setor público consolidado apresentaram um déficit primário de R$ 47,1 bilhões em junho deste ano, informou o Banco Central (BC) nesta quinta-feira (31).
🔎 O déficit primário ocorre quando as receitas com tributos e impostos ficam abaixo das despesas do governo. Se o contrário acontece, o resultado é de superávit primário.
🔎O resultado não leva em conta o pagamento dos juros da dívida pública, e abrange o governo federal, os estados, municípios e as empresas estatais.
Segundo o Banco Central (BC), houve piora na comparação com o mesmo mês do ano passado, quando foi registrado um saldo negativo de R$ 40,8 bilhões.
Esse também foi o pior resultado, para junho, desde 2023, mês em que houve um déficit de R$ 48,9 bilhões. Os valores não foram ajustados pela inflação.
Veja abaixo o desempenho que levou ao déficit das contas em junho deste ano:
governo federal registrou saldo negativo de R$ 43,5 bilhões;
estados e municípios tiveram saldo deficitário de R$ 954 milhões;
empresas estatais apresentaram déficit de R$ 2,61 bilhões.
Contas públicas têm déficit de R$ 33,7 bilhões em maio
Primeiro semestre
No acumulado dos seis primeiros meses deste ano, ainda segundo dados oficiais, as contas do governo registraram um superávit primário de R$ 22 bilhões — o equivalente a 0,36% do Produto Interno Bruto (PIB).
Com isso, houve uma melhora na comparação com o mesmo período do ano passado, quando foi registrado um saldo negativo de R$ 43,5 bilhões (0,77% do PIB).
No caso somente do governo federal, o resultado ficou negativo em R$ 12,3 bilhões na parcial deste ano, informou o BC, contra um déficit de R$ 70,6 bilhões nos seis primeiros meses de 2024.
A melhora no resultado das contas do governo está relacionada, também, à redução no pagamento de precatórios (sentenças judiciais), que somaram R$ 31,4 bilhões pelo governo federal.
Em 2024, os valores de precatórios se concentraram em fevereiro. Neste ano, ainda não houve concentração desses pagamentos.
O Tesouro Nacional informou que a melhora nas contas do governo refletia a "diferença no cronograma de pagamentos dos precatórios entre os exercícios de 2024 e 2025".
Para este ano, a meta fiscal do governo federal é de zerar o rombo das contas públicas.
Mas, pelas regras do arcabouço fiscal, que reúne as regras de equilíbrio para as contas públicas, o governo pode ter um déficit de até 0,25% do PIB sem que o objetivo seja formalmente descumprido, o equivalente a cerca de R$ 31 bilhões.
Para fins de cumprimento da meta fiscal, também são excluídos outros R$ 44,1 bilhões em precatórios, ou seja, decisões judiciais.
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Reprodução/Pixabay
Após despesas com juros
Quando se incorporam os juros da dívida pública na conta – no conceito conhecido no mercado como resultado nominal, utilizado para comparação internacional –, houve déficit de R$ 108,1 bilhões nas contas do setor público em junho.
➡️No acumulado em doze meses até junho, foi registrado um resultado negativo (déficit) de R$ 894 bilhões, ou 7,3% do PIB.
🔎Esse número é acompanhado com atenção pelas agências de classificação de risco para a definição da nota de crédito dos países, indicador levado em consideração por investidores.
O resultado nominal das contas do setor público sofre impacto do resultado mensal das contas, das atuações do BC no câmbio, e dos juros básicos da economia (Selic) fixados pela instituição para conter a inflação.
Segundo o BC, as despesas com juros nominais somaram R$ 912 bilhões (7,45% do PIB) em doze meses até junho deste ano.
Dívida pública
A dívida do setor público consolidado registrou alta de 0,5 ponto percentual em junho, atingindo 76,6% do PIB — o equivalente a R$ 9,38 trilhões.
➡️No acumulado do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ou seja, em dois anos e meio, a dívida já avançou 5,4 pontos percentuais.
A dívida atingiu esse conceito no formato de cálculo do governo brasileiro.
➡️Para o Fundo Monetário Internacional (FMI), que considera os títulos públicos na carteira do BC, o endividamento brasileiro foi bem maior em abril: 89,9% do PIB.
A proporção com o PIB é considerada por especialistas como o conceito mais apropriado para medir e comparar a dívida das nações. E o formato de cálculo do FMI é o mais adotado internacionalmente.
Para tentar conter o crescimento da dívida, em 2023 o governo aprovou o chamado "arcabouço fiscal", ou seja, novas regras para as contas públicas em substituição ao teto de gastos. Por estas regras:
a despesa não pode registrar crescimento maior do que 70% do aumento da arrecadação;
a alta de gastos fica limitada, em termos reais, a 2,5% por ano;
o arcabouço busca justamente conter o crescimento da dívida pública no futuro.
Sem um corte robusto de despesas, necessário para manter de pé o arcabouço fiscal, especialistas em contas públicas estimam que a regra terá de ser abandonada nos próximos anos.
🔎Eles argumentam que, no atual formato, as regras ficarão insustentáveis.
Por conta disso, preveem uma expansão maior da dívida pública no futuro, o que pode resultar em aumento das taxas de juros cobradas pelas instituições financeiras ao setor real da economia.
Analistas do mercado financeiro estimaram, na semana passada, que a dívida pública brasileira deve atingir 93,5% do PIB em 2034 — patamar distante dos países emergentes e mais próximo da Europa.
Desemprego cai a 5,8% no 2º trimestre, a menor taxa da série histórica do IBGE
A taxa de desemprego no Brasil foi de 5,8% no segundo trimestre de 2025, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgada nesta quinta-feira (31) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A taxa do trimestre encerrado em junho representa a menor taxa da série histórica iniciada em 2012. A partir deste mês, os dados do IBGE passaram a ser recalculados com base no Censo Demográfico de 2022. (saiba mais abaixo)
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Em comparação com o trimestre anterior, encerrado em março, houve queda de 1,2 ponto percentual (p.p.) na taxa de desocupação, que era de 7%. No mesmo período de 2024, a taxa era de 6,9%.
Ao todo, 6,3 milhões de pessoas estão sem emprego no país, o que representa uma queda de 17,4% (ou mais 1,3 milhão de pessoas) em relação ao trimestre anterior, e um recuo de 15,4% (menos 1,1 milhão de pessoas) em comparação com 2024.
No trimestre encerrado em junho, a população ocupada foi estimada em 102,3 milhões de pessoas — novo recorde da série histórica iniciada em 2012. O número representa alta de 1,8% no trimestre (1,8 milhão de pessoas) e de 2,4% no ano (2,4 milhões a mais).
Com isso, 58,8% das pessoas em idade de trabalhar no Brasil (14 anos ou mais) estão empregadas — é o que o IBGE chama de nível de ocupação. O aumento foi de 0,69 p.p. contra o trimestre anterior. Em relação ao mesmo período do ano anterior, a alta é de 1 p.p.
Veja os destaques da pesquisa
Taxa de desocupação: 5,8%
População desocupada: 6,3 milhões de pessoas
População ocupada: 102,3 milhões
População fora da força de trabalho: 65,5 milhões
População desalentada: 2,8 milhões
Empregados com carteira assinada: 39 milhões
Empregados sem carteira assinada: 13,5 milhões
Trabalhadores por conta própria: 25,8 milhões
Trabalhadores informais: 38,7 milhões
Taxa de informalidade: 37,8%
Carteira assinada batem novo recorde
O número de trabalhadores com e sem carteira assinada no setor privado cresceu 3% em relação ao ano anterior, alcançando 52,6 milhões. Houve alta nos dois comparativos: 1,3% no trimestre e 2,7% no ano.
Entre os empregados com carteira assinada, o total chegou a 39 milhões, o maior patamar da série histórica.
Contra o trimestre anterior, houve alta de 0,9%, com acréscimo de 357 mil trabalhadores. Na comparação anual, o crescimento foi de 3,7%, o que representa 1,4 milhão de pessoas a mais.
Já os empregados sem carteira somam 13,5 milhões. No trimestre, houve alta de 2,6%, com acréscimo de 338 mil pessoas. Em relação a 2024, o número se manteve estável.
A taxa de informalidade ficou em 37,8% da população ocupada, o equivalente a 38,7 milhões de trabalhadores. No trimestre anterior, o índice era de 38%, e no mesmo período de 2024, de 38,6%.
No setor público, o número de empregados chegou a 12,8 milhões — novo recorde da série. Houve alta de 5% no trimestre (mais 610 mil pessoas) e de 3,4% no ano (mais 423 mil).
Os trabalhadores por conta própria totalizam 25,8 milhões, com crescimento de 1,7% no trimestre (mais 426 mil pessoas) e de 3,1% no ano (mais 767 mil).
Fora da força de trabalho
Seguindo o padrão internacional, o IBGE considera como desocupadas as pessoas sem trabalho que estão em busca de emprego. A soma desse grupo com o dos ocupados compõe a força de trabalho no Brasil.
A população dentro da força de trabalho cresceu 0,5%, totalizando 108,6 milhões de pessoas.
Com isso, 65,5 milhões de brasileiros estão fora da força de trabalho — número estável tanto no trimestre quanto no ano. São pessoas com 14 anos ou mais que não estão empregadas nem procuram trabalho ou não estão disponíveis para trabalhar.
Esse grupo inclui, por exemplo, aposentados, adolescentes em idade escolar, donas de casa sem interesse ou condições de trabalhar, além dos desalentados.
A população desalentada caiu para 2,8 milhões, com recuo de 13,7% no trimestre e de 14% em relação ao mesmo período de 2024.
🔎 Os desalentados são pessoas que gostariam de trabalhar, mas desistiram de procurar emprego por acreditarem que não encontrariam vaga, seja por falta de qualificação, idade ou ausência de oportunidades na região onde vivem.
A taxa de subutilização, que faz a relação entre desocupados, quem poderia trabalhar mais e quem não quer trabalhar com toda a força de trabalho, segue em tendência de baixa.
O número de pessoas subutilizadas é de 16,5 milhões, o que corresponde a uma taxa de 14,4% — a menor da série histórica. O índice caiu 1,5 ponto percentual em relação ao trimestre anterior e 2 pontos na comparação anual.
Rendimento registra alta
O rendimento real habitual atingiu o maior valor da série histórica, chegando a R$ 3.477. A alta foi de 1,1% no trimestre e de 3,3% na comparação anual.
A massa de rendimento real habitual também bateu recorde, estimada em R$ 351,2 bilhões. O valor representa alta de 2,9% em relação ao trimestre anterior e de 5,9% na comparação com o mesmo trimestre do ano passado.
Entenda como o desemprego é calculado no Brasil
Reponderação de dados com base no Censo
O IBGE atualizou os resultados da PNAD Contínua a partir dos dados demográficos do Censo 2022. Veja a nota do instituto abaixo.
A partir hoje, 31 de julho de 2025, as estimativas dos trimestres móveis da PNAD Contínua foram atualizadas e reponderadas, para refletir as novas estimativas populacionais do IBGE, baseadas no Censo 2022.
As populações utilizadas no cálculo dos fatores de expansão da PNAD Contínua foram atualizadas, mantendo-se a metodologia anteriormente adotada para as datas de referência da pesquisa. Mais detalhes sobre essa reponderação estão na nota técnica, aqui.
Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS)
Divulgação/Agência Brasil
Dólar sobe e volta aos R$ 5,60, mesmo com as exceções ao tarifaço; Ibovespa cai
BC mantém juros em 15% e alerta para incertezas com tarifaço
O dólar fechou em alta de 0,19% nesta quinta-feira (31), cotado em R$ 5,6008. O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, teve queda de 0,69%, aos 133.071 pontos.
Sem outros eventos importantes, os investidores continuam a avaliar os efeitos do tarifaço no Brasil, agora considerando a longa lista de exceções determinadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
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▶️ Junto com a confirmação da tarifa de 50% contra o país, o governo norte-americano indicou que ficam de fora mais de 700 itens, abrangendo setores estratégicos como suco de laranja, combustíveis, veículos, aeronaves civis e determinados tipos de metais e madeira.
Em análise para o Estúdio i, o jornalista Thomas Traumann diz que Trump fez 'recuo considerável' ao abrir 'lista de exceções gigante' no tarifaço. "Nós estamos assistindo, ao mesmo tempo, a um grande avanço na piora das relações políticas entre Brasil e EUA, mas a um recuo considerável na questão comercial."
▶️ O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, afirmou em entrevista ao Mais Você, da TV Globo, que a estimativa é de que 35,9% das exportações brasileiras sejam afetadas agora pelo tarifaço.
Ele destacou que um programa de apoio aos setores afetados já está pronto e será anunciado nos próximos dias. "A negociação [com os EUA] não terminou hoje, ela começa hoje".
"É um perde-perde. Nos atrapalha em mercado, emprego e crescimento, e encarece os produtos americanos", afirmou.
▶️ O mercado também avaliou hoje a decisão do Comitê de Política Monetária do BC, que decidiu interromper o ciclo de alta da taxa básica de juros, mantendo a Selic em 15% ao ano.
O colegiado destacou o cenário de incertezas e sinalizou que os juros devem permanecer nesse patamar nas próximas reuniões. Pelo tom do comunicado, diminuiu a expectativa de cortes ainda em 2025.
Veja abaixo como esses fatores impactam o mercado.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
💲Dólar
a
Acumulado da semana: +0,71%;
Acumulado do mês: +3,08%;
Acumulado do ano: -9,37%.
📈Ibovespa
Acumulado da semana: -0,34%;
Acumulado do mês: -4,17%;
Acumulado do ano: +10,63%.
Tarifaço no Brasil
O presidente dos EUA assinou na última quarta-feira (30) o decreto que impõe uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Inicialmente previstas para entrar em vigor nesta sexta-feira (1º), as taxas foram adiadas para 6 de agosto.
Segundo a Casa Branca, a medida foi adotada em resposta a ações do governo brasileiro que representariam uma “ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos EUA”.
O anúncio oficializa o percentual mencionado pelo republicano em carta enviada a Lula neste mês e afirma que a ordem executiva foi motivada por ações que “prejudicam empresas americanas e os direitos de liberdade de expressão de cidadãos americanos”, além de afetar a política externa e a economia do país.
Em entrevista ao programa Mais Você, da TV Globo, Alckmin sugeriu que as tarifas podem, eventualmente, contribuir para a queda no preço dos alimentos no Brasil, pois parte da produção pode ser redirecionada ao mercado interno.
Segundo o vice-presidente, os preços de alimentos como arroz, feijão, óleo de soja e algumas frutas já apresentam tendência de queda.
"E caiu por quê? Porque caiu o dólar, o clima ajudou e a safra é recorde. Se a safra é 10% maior, o preço cai. Se é 10% menor, ele sobe”, respondeu. “A boa notícia é que há uma tendência de queda do preço dos alimentos.”
Alckmin foi questionado sobre a possibilidade de queda nos preços de carne, café, frutas e peixes — produtos diretamente afetados pela tarifa de 50%. “É difícil, peremptoriamente, afirmar, mas é óbvio que você vai ter que colocar mais desses produtos aqui dentro”, disse ele.
“Agora, muito da exportação é complementar, não está deixando de atender o mercado interno. Você atende o mercado interno e o resto você exporta”, acrescentou o vice-presidente.
E o resto do mundo?
Apesar do adiamento da tarifa para o Brasil, que passa a valer em 6 de agosto, os demais países devem começar a ser tarifados já a partir desta sexta-feira (1º). A nova exceção é o México.
Nesta quinta-feira, a presidente do México, Claudia Sheinbaum, anunciou que obteve a suspensão das tarifas de 30% que entrariam em vigor nesta sexta-feira, além de um prazo de 90 dias para negociar um acordo comercial.
“Tivemos uma conversa muito boa com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Evitamos o aumento de tarifas anunciado para amanhã e conseguimos 90 dias para construir um acordo de longo prazo com base no diálogo", afirmou a presidente do México em publicação no X.
Também nesta quinta-feira (31), a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que os EUA continuarão negociando com o México e indicou que todos os países que ainda não fecharam acordo ou não receberam carta de Trump devem ser contatados pelo governo americano ainda hoje.
Juros no radar
Outro destaque do dia foram as decisões de política monetária do Copom e do Fed, anunciadas na véspera. O Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, manteve as taxas de juros do país na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano.
A decisão, anunciada na quarta-feira (30), veio dentro das expectativas do mercado, mas contraria os apelos de Trump, que há meses pressiona por cortes.
Em comunicado, o Fed reiterou as incertezas em torno dos possíveis impactos do tarifaço, repetindo argumentos apresentados nas decisões de junho e maio, mas reconhecendo avanços nos indicadores econômicos mais recentes.
"Indicadores recentes sugerem que o crescimento da atividade econômica se moderou na primeira metade do ano. A taxa de desemprego continua baixa, e as condições do mercado de trabalho permanecem sólidas. A inflação segue um pouco elevada", diz o comunicado desta quarta-feira, reiterando que o BC dos EUA continuará a monitorar dados econômicos.
O banco central dos EUA afirmou ainda que continuará monitorando os efeitos das informações econômicas recebidas para embasar suas próximas decisões, e reiterou que a incerteza em relação às perspectivas econômicas permanece elevada — o que inclui o tarifaço de Donald Trump.
Já o Copom interrompeu o ciclo de alta da taxa básica de juros, mantendo a Selic em 15% ao ano.
"O Comitê tem acompanhado, com particular atenção, os anúncios referentes à imposição pelos EUA de tarifas comerciais ao Brasil, reforçando a postura de cautela em cenário de maior incerteza. Além disso, segue acompanhando como os desenvolvimentos da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros", diz o comunicado divulgado pelo BC.
Em outro trecho do comunicado, o Copom cita que “o ambiente externo está mais adverso e incerto em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, principalmente acerca de suas políticas comercial e fiscal e de seus respectivos efeitos”. E que esse cenário exige cautela principalmente de países emergentes, diante da tensão geopolítica.
O colegiado também enfatizou que vai continuar monitorando o cenário e, se necessário, poderá fazer ajustes na política monetária.
Notas de real e dólar
Amanda Perobelli/ Reuters
Haddad promete medidas de proteção a setores afetados nos próximos dias: 'Nada do que foi anunciado não pode ser revisto'
Haddad diz que plano de proteção de empregos será lançado nos próximos dias O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira (31) que o decreto que formaliza a sobretaxa de 50% imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros acabou sendo melhor do que o esperado. Segundo ele, o anúncio norte-americano representa um "melhor ponto de partida" para as negociações que terão prosseguimento. Haddad, no entanto, avalia que há setores afetados em situação "dramática" (entenda mais abaixo). De acordo com cálculos da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), com uma lista de exceções de 694 produtos que o Brasil exporta para os Estados Unidos do tarifaço, cerca de 43% das vendas feitas aos norte-americanos no ano passado não foram afetadas. Em entrevista na portaria do Ministério da Fazenda, ele afirmou que "nada do que foi anunciado ontem [pelos EUA] não pode ser revisto". "Na nossa opinião, houve sensibilidade para algumas considerações que já havíamos feito mais de uma vez. Que isso não ia só afetar o trabalhador brasileiro, que ia afetar o consumidor americano. Algumas das nossas observações foram apreciadas e contempladas, mas estamos longe do ponto de chegada. Estamos em um ponto de partida mais favorável do que se imaginava, mas longe do ponto de chegada", disse Haddad. O decreto assinado nesta quarta-feira (30) pelo presidente Donald Trump elevou para 50% a alíquota sobre produtos brasileiros, mas também trouxe uma lista de 700 exceções que beneficiam segmentos estratégicos como o aeronáutico, o energético e parte do agronegócio. Tarifaço atinge 43% do valor total do que é exportado para EUA Casos 'dramáticos' Pela decisão do presidente Donald Trump, setores como o de café, carne bovina e frutas devem sentir o impacto com força, pois sofrerão com uma alíquota de 50% em suas vendas aos Estados Unidos. De acordo com Haddad, há casos "dramáticos" entre os afetados. "Há muita injustiça nas medidas anunciadas ontem, há correções a serem feitas. Há setores que não precisariam estar sendo afetados. Nenhum a rigor, mas há casos que são dramáticos, que deveriam ser considerados imediatamente", declarou o ministro da Fazenda. Em nota divulgada nesta quarta-feira (30), a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC) informou que a aplicação de uma nova tarifa de 50% sobre produtos brasileiros compromete a viabilidade econômica das exportações ao mercado norte-americano. O decreto não prevê isenção na taxação para a carne bovina que já está sob alíquota de 26,4%. Os EUA importaram 229 mil toneladas de carne em 2024. Para 2025, a previsão era atingir 400 mil toneladas. "A entidade está em diálogo com os importadores norte-americanos e colabora com o governo federal na busca de uma solução negociada. Reforça a importância de preservar o fluxo comercial com os EUA, que enfrentam atualmente o menor ciclo pecuário dos últimos 80 anos", informou a Abiec. Ajuda a setores afetados O ministro da Fazenda também afirmou que o governo segue trabalhando em uma ajuda aos setores afetados pelo tarifaço, que será anunciada nos próximos dias — com foco na indústria, na manutenção de empregos e no setor do agronegócio. "Parte do nosso plano previsto vai ser apreciado para ser lançado nos próximos dias, de apoio, proteção à indústria brasileira, aos empregos no Brasil, ao agro também quando for o caso (...) À luz do que foi anunciado ontem [por Trump], vamos fazer a calibragem para que isso possa acontecer o mais rápido possível. Os atos já estão sendo preparados aqui na Fazenda para encaminhamento à Casa Civil", disse Haddad a jornalistas. Entre as medidas, segundo Haddad, haverá linhas de crédito aos setores que tiverem suas vendas externas aos Estados Unidos sobretaxadas. "Vamos analisar caso a caso", disse o ministro. Ele não confirmou novas ações, mas o ministro já havia informado nesta semana que um plano de proteção ao emprego, nos moldes do que aconteceu na pandemia da Covid-19, pode estar na mesa. Na época, o governo pagava parte ou mesmo a íntegra de salários de empregados do setor privado e, em troca, as empresas deveriam garantir por algum tempo a manutenção destas contratações. É uma opção que está na mesa. Se as medidas emergenciais adotadas durante a pandemia servirem de modelo para a área econômica, também pode ser adotado um adiamento de tributos, ou seja, uma prorrogação de prazos para pagamento de impostos como Simples Nacional, FGTS e INSS patronal, e suspensão de infrações pelo não recolhimento. Essas ações, porém, não estão confirmadas. Brasil vai recorrer O ministro Haddad afirmou, também, que o Brasil vai recorrer da decisão sobre o tarifaço tanto nos Estados Unidos quanto em organismos internacionais. "Vamos levar às autoridades americanas os nossos pontos de vista, e obviamente vamos recorrer nas instancias devidas tanto nos Estados Unidos, quanto nos organismos internacionais, dessas decisões no sentido de sensibilizar que isso não interessa não só ao Brasil, mas à América do Sul", declarou ele.
Tarifaço: 35,9% das exportações brasileiras para os EUA enfrentarão taxas mais altas
Lula no Planalto em 14 de julho de 2025
EVARISTO SA / AFP
O tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve afetar 35,9% das exportações brasileiras aos Estados Unidos a partir de 6 de agosto.
A estimativa é feita com base na tarifa total de 50% imposta pelo presidente Donald Trump aos produtos brasileiros, na última quarta-feira (30). A estimativa é do ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, que está liderando as negociações com os EUA.
Segundo a Reuters, o governo brasileiro também deve informar ainda nesta quinta-feira que outros 44,6% dos produtos locais estarão sujeitos à tarifa pré-existente, de 10%, enquanto os 19,5% restantes ficarão sujeitos às alíquotas que os EUA aplicaram ao resto do mundo, variando entre 25% e 50%.
Tarifaço de Trump sobre o Brasil fica em 50%, mas vem acompanhado de lista de exceções com 700 itens
Tarifaço de Trump
Na quarta-feira (30), Trump assinou uma ordem executiva que impôs uma tarifa adicional de 40% sobre produtos brasileiros, elevando o total para 50%. A medida começa a valer em 6 de agosto, e prevê uma longa lista de exceções (veja mais abaixo).
Segundo a Casa Branca, o decreto foi adotado em resposta a ações do governo brasileiro que representariam uma “ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos EUA”. Veja a íntegra do texto.
O anúncio oficializa o percentual mencionado pelo republicano em carta enviada a Lula neste mês e afirma que a ordem executiva foi motivada por ações que “prejudicam empresas americanas e os direitos de liberdade de expressão de cidadãos americanos”, além de afetar a política externa e a economia do país.
A Casa Branca cita “perseguição política, intimidação, assédio, censura e processos judiciais” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores, classificando essas ações como “graves abusos de direitos humanos” e um enfraquecimento do Estado de Direito no Brasil.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, é citado no texto como responsável por “ameaçar, perseguir e intimidar milhares de seus opositores políticos, proteger aliados corruptos e suprimir dissidências, frequentemente em coordenação com outros membros do STF”.
“Quando empresas americanas se recusaram a cumprir essas ordens, ele impôs multas substanciais, ordenou a exclusão dessas empresas do mercado de redes sociais no Brasil, ameaçou seus executivos com processos criminais e, em um caso, congelou os ativos de uma empresa americana no Brasil para forçar o cumprimento”, diz o comunicado.
Além disso, a Casa Branca também cita o caso do blogueiro Paulo Figueiredo, residente nos EUA e alvo de processo criminal no Brasil por declarações feitas em território americano, como exemplo de violação à liberdade de expressão.
“O presidente Trump está defendendo empresas americanas contra extorsão, protegendo cidadãos americanos contra perseguição política, salvaguardando a liberdade de expressão americana contra censura e protegendo a economia americana de ser sujeita a decretos arbitrários de um juiz estrangeiro tirânico”, afirmou a Casa Branca.
Lista de exceções
A lista de quase 700 produtos que não serão sobretaxados foi divulgada juntamente com o decreto oficial assinado por Trump e inclui suco de laranja, combustíveis, veículos, aeronaves civis e determinados tipos de metais e madeira. VEJA OS DESTAQUES AQUI.
Infográfico - Lista de isenções ao tarifaço de Trump
Arte/g1
*Com informações da agência de notícias Reuters
Ataque da Rússia na capital da Ucrânia deixa 8 mortos e mais de 130 feridos; veja VÍDEO
Ataque da Rússia na capital da Ucrânia deixa mortos
Um ataque aéreo russo à capital da Ucrânia, Kiev, na madrugada desta quinta-feira (31) matou oito pessoas e deixou mais de 130 feridos — incluindo crianças —, segundo autoridades ucranianas.
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O Exército ucraniano afirmou que o número de vítimas ainda pode crescer e que o bombardeio causou danos em mais de 12 locais. A Rússia lançou um total de 309 drones e oito mísseis hipersônicos Iskander contra o país nesta quinta, segundo a pasta.
O prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, afirmou oito pessoas morreram no ataque e 135 ficaram feridos, entre eles 12 crianças —cerca de 30 deles precisaram ficar internados. Segundo o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, uma criança de seis anos está entre os mortos.
"Muitos edifícios na cidade foram danificados — são prédios residenciais comuns e outras instalações, todos alvos civis. Entre os locais danificados está uma das mesquitas de Kiev. O ataque foi extremamente traiçoeiro e deliberadamente calculado para sobrecarregar o sistema de defesa aérea", afirmou Zelensky em publicação no X.
Um vídeo gravado durante o ataque à capital ucraniana mostra o momento em que bombas atingem partes diferentes da cidade (veja acima). Uma grande parte de um prédio residencial de nove andares desabou após ser atingido, segundo o administrador militar de Kiev, Tymur Tkachenko. Equipes de resgate estavam no local procurando por pessoas presas sob os escombros.
O Ministério da Defesa russo afirmou que teve como alvo campos de aviação militares ucranianos, depósitos de munição e empresas ligadas ao que chamou de complexo militar-industrial do rival. A Rússia, que nega atacar civis, intensificou os bombardeios aéreos contra cidades ucranianas distantes da linha de frente nos últimos meses.
Em outro ataque nesta quinta (31), a Rússia afirmou que capturou a cidade de Chasiv Yar, no leste da Ucrânia, após quase 16 meses de combates. Segundo a agência de notícias Reuters, se confirmada, a anexação representaria um ganho significativo para as forças de Moscou e poderia permitir que elas avançassem em direção a cidades estratégicas na região de Donetsk. A Ucrânia não confirmou a captura de Chasiv Yar.
O DeepState, um site ucraniano que acompanha as linhas de frente, mostrava que as forças da Ucrânia ainda controlavam a parte oeste da cidade.
A batalha por Chasiv Yar começou em abril do ano passado, quando paraquedistas russos chegaram à borda leste da cidade. Na época, a mídia estatal russa informou que soldados russos telefonavam para seus colegas ucranianos dentro da cidade exigindo rendição, sob ameaça de serem aniquilados por bombardeios aéreos guiados.
Tentativas de Trump
Donald Trump dá ultimato à Rússia para fim da guerra
Na terça (29), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deu um prazo de 10 dias para a Rússia encerrar a guerra na Ucrânia. Caso contrário, ele afirmou que vai aplicar “tarifas severas” de 100%.
“Estou dando 10 dias para o [presidente Vladimir] Putin a partir de hoje”, disse Trump nesta terça-feira (29), durante visita à Escócia. O prazo termina em 8 de agosto. Segundo ele, o próximo passo será impor as tarifas.
Há duas semanas, Trump já havia ameaçado aplicar tarifas de 100% à Rússia e parceiros comerciais caso um cessar-fogo não fosse firmado em até 50 dias. À época, um assessor de Putin classificou a medida como “ultimato teatral”.
Na segunda-feira (28), Trump demonstrou impaciência com a Rússia. Ao lado do primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, antes de uma reunião na Escócia, ele afirmou que estava decepcionado com Putin.
"Vou reduzir aqueles 50 dias que dei de prazo para um número menor, porque acho que já sei qual vai ser a resposta do que vai acontecer”, disse o presidente americano.
Quando questionado sobre a possibilidade de um encontro com o líder russo para discutir o fim do conflito, Trump respondeu: “Não estou mais tão interessado em conversar com Putin”.
Com as declarações desta terça-feira, Trump reforça a percepção de que Putin tenta “enrolar” e finge negociar um cessar-fogo. Esta também é uma tentativa de pressionar a Rússia. A Ucrânia elogiou a decisão de reduzir o prazo.
Enquanto isso, analistas internacionais afirmam que tarifas dos EUA contra a Rússia podem abalar o mercado global de petróleo. Perguntado sobre esse risco, Trump disse que não está preocupado.
O Kremlin afirmou que não descarta uma reunião entre Putin e Trump em setembro, na China, durante as comemorações dos 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial. A ida de Trump ao país ainda não está confirmada.
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Ameaça de 'tarifas severas' à Rússia
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na Escócia, em 29 de julho de 2025
REUTERS/Evelyn Hockstein
Trump disse no dia 14 de julho que pretende aplicar tarifas de “cerca de 100%” sobre produtos russos, além dos valores já existentes. A Casa Branca confirmou que a taxa será de fato de 100% caso não haja cessar-fogo no prazo estabelecido.
"Estamos muito, muito insatisfeitos, e vamos aplicar tarifas muito severas se não alcançarmos um acordoem 50 dias", disse Trump.
A afirmação foi feita em um encontro com o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, na Casa Branca. Durante a reunião, Trump justificou a medida dizendo que “o comércio é excelente para resolver guerras”.
Desde o início da guerra, em março de 2022, os EUA impuseram uma série de sanções econômicas à Rússia, o que dificultou o comércio entre os dois países. Por causa disso, segundo a Casa Branca, os russos não foram incluídos no tarifaço anunciado por Trump em abril.
Apesar das restrições, os dois países ainda mantêm relações comerciais. Em 2024, o comércio bilateral somou US$ 3,5 bilhões, com a compra e venda de produtos como fertilizantes, metais e até combustível nuclear, segundo dados do Escritório do Representante Comercial dos EUA.
Ataques da Rússia na Ucrânia deixam mortos
REUTERS/Gleb Garanich
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Mega-Sena pode pagar R$ 76 milhões nesta quinta-feira
Mega-Sena
Marcelo Brandt/G1
O concurso 2.895 da Mega-Sena pode pagar um prêmio de R$ 76 milhões para os acertadores das seis dezenas. O sorteio ocorre às 20h desta quinta-feira (31), em São Paulo.
No concurso da última terça (29), ninguém levou o prêmio máximo.
A aposta mínima para a Mega-Sena custa R$ 6 e pode ser realizada também pela internet, até as 19h – saiba como fazer a sua aposta online.
A Mega-Sena tem três sorteios semanais: às terças, quintas e sábados.
Entenda como funciona a Mega-Sena e qual a probabilidade de ganhar o prêmio
Para apostar na Mega-Sena
As apostas podem ser realizadas até as 19h (horário de Brasília) em qualquer lotérica do país ou por meio do site e aplicativo Loterias Caixa, disponíveis em smartphones, computadores e outros dispositivos.
O pagamento da aposta online pode ser realizado via PIX, cartão de crédito (neste caso, com valor mínimo de R$ 30 por compra) ou pelo internet banking, para correntistas da Caixa. É preciso ter 18 anos ou mais para participar.
Probabilidades
A probabilidade de vencer em cada concurso varia de acordo com o número de dezenas jogadas e do tipo de aposta realizada.
Para um jogo simples, com apenas seis dezenas, que custa R$ 6, a probabilidade de ganhar o prêmio milionário é de 1 em 50.063.860, segundo a Caixa.
Já para uma aposta com 20 dezenas (limite máximo), com o preço de R$ 232.560,00, a probabilidade de acertar o prêmio é de 1 em 1.292, ainda de acordo com a instituição.
Tarifaço de Trump: quais setores escaparam da taxa de 50% e quais se deram mal
O que é ordem executiva, instrumento usado por Trump para impor tarifa ao Brasil
Alguns setores brasileiros conseguiram escapar da tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos, enquanto outros foram diretamente atingidos pela medida.
O decreto assinado nesta quarta-feira (30) pelo presidente Donald Trump elevou em 40 pontos percentuais a alíquota sobre produtos brasileiros, mas também trouxe uma lista de 700 exceções que beneficiam segmentos estratégicos como o aeronáutico, o energético e parte do agronegócio.
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Já setores como o de café, carne bovina e frutas devem sentir o impacto com força.
A nova tarifa entra em vigor no dia 6 de agosto e pode afetar diretamente a balança comercial brasileira, já que os EUA são o segundo principal destino das exportações do país, atrás apenas da China.
Alguns dos principais produtos brasileiros conseguiram escapar da nova tarifa são:
✈️ Aeronáutico: a isenção cobre desde aeronaves completas até peças, motores, subconjuntos e até simuladores de voo.
Isso é importante para empresas como Embraer e para toda a cadeia de fornecedores de componentes aeronáuticos, que exportam para montadoras e companhias aéreas americanas. A medida evita uma ruptura em contratos internacionais e protege empregos altamente qualificados no Brasil.
🚗 Automotivo: veículos de passageiros — como sedans, SUVs, minivans e vans de carga — além de caminhões leves e suas respectivas peças e componentes, também foram isentos.
A decisão preserva a competitividade de montadoras brasileiras que exportam para os EUA e evita um impacto direto sobre a indústria de autopeças.
🔋 Energia e derivados: diversos produtos energéticos foram poupados da tarifa, incluindo carvão, gás natural, petróleo e derivados como querosene, óleos lubrificantes, parafina, coque de petróleo, betume, misturas betuminosas e até energia elétrica. A isenção desses itens evita distorções em um dos setores mais relevantes da balança comercial brasileira.
🌾 Agronegócio (parcialmente): alguns produtos agrícolas escaparam da sobretaxa, como suco e polpa de laranja, castanha-do-brasil, mica bruta, madeira tropical serrada ou lascada, polpa de madeira e fios de sisal. Fertilizantes amplamente utilizados na agricultura brasileira também foram isentos, o que ajuda a conter custos de produção no campo.
⚙️ Mineração e metais: produtos como silício, ferro-gusa, alumina, estanho (em diversas formas), ouro, prata, ferroníquel, ferronióbio e produtos ferrosos obtidos por redução direta de minério de ferro foram poupados. Também ficaram de fora itens semiacabados e componentes industriais de ferro, aço, alumínio e cobre.
📱Eletrônicos: smartphones, antenas, aparelhos de gravação e reprodução de som e vídeo.
📦 Outras exceções:
I. Bens retornados aos EUA: Produtos enviados para reparo ou modificação e que retornam ao país.
II. Bens em trânsito: Mercadorias que já estavam a caminho dos EUA antes da entrada em vigor da medida.
III. Produtos de uso pessoal: Itens incluídos na bagagem de passageiros.
Donativos e materiais informativos: Doações e conteúdos como livros, filmes, CDs e obras de arte.
Apesar da lista de exceções, a maior parte dos produtos brasileiros será atingida pela nova tarifa.
Entre os afetados estão justamente alguns dos itens mais exportados, como:
☕ Café: o Brasil exportou quase US$ 2 bilhões em café para os EUA em 2024, o equivalente a 16,7% do total embarcado.
A tarifa de 50% deve comprimir as margens do setor e encarecer o produto para o consumidor americano. O Cecafé já prevê impacto direto no preço final nos EUA.
🥩 Carne bovina: os EUA são o segundo maior mercado para a carne bovina brasileira. Em 2024, foram 532 mil toneladas exportadas, com receita de US$ 1,6 bilhão. A Minerva estima que a tarifa pode reduzir em até 5% sua receita líquida.
Empresas com operações nos EUA, como JBS e Marfrig, podem mitigar parte dos efeitos, mas o impacto sobre o setor como um todo é significativo.
🍍 Frutas: o setor exportou mais de 1 milhão de toneladas em 2023. A tarifa afeta diretamente 36,8 mil toneladas de manga, 18,8 mil toneladas de frutas processadas (principalmente açaí), 13,8 mil toneladas de uva e 7,6 mil toneladas de outras frutas.
O aumento de custo pode comprometer a competitividade das frutas brasileiras no mercado americano.
👚 Têxteis: não houve isenção ampla para o setor. Apenas itens muito específicos, como fios de sisal para enfardamento e produtos destinados a aeronaves civis, escaparam da tarifa.
A indústria têxtil brasileira, que já enfrenta forte concorrência internacional, deve ser duramente atingida.
👠 Calçados: os calçados brasileiros não foram incluídos em nenhuma exceção específica e, portanto, estão sujeitos à tarifa integral.
O setor, que depende fortemente das exportações para os EUA, deve enfrentar queda nas vendas e aumento de estoques.
🪑 Móveis: apenas móveis classificados como “artigos de aeronaves civis” foram isentos. Isso inclui assentos utilizados em aviões e móveis específicos de metal ou plástico destinados a esse uso.
O restante do setor será tarifado, afetando exportadores de móveis residenciais e comerciais.
Infográfico - Lista de isenções ao tarifaço de Trump
Arte/g1
Sobre as taxas
A decisão da taxação foi tomada pelo presidente Donald Trump, que assinou uma ordem executiva e declarou uma nova emergência nacional para justificar a medida.
O governo americano afirma que o Brasil adotou ações recentes que representam uma ameaça à segurança nacional, à economia e à política externa dos Estados Unidos. Por isso, decidiu aumentar em 40 pontos percentuais a tarifa que já existia, totalizando agora 50%.
A ordem executiva americana também traz duras críticas ao governo brasileiro. Segundo o texto, o Brasil estaria promovendo perseguição política contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores, além de adotar práticas que violam direitos humanos e enfraquecem a democracia.
O documento cita diretamente o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), acusando-o de emitir ordens secretas para obrigar empresas americanas a censurar discursos políticos, entregar dados de usuários e alterar suas políticas internas sob ameaça de sanções.
Um dos casos mencionados é o de Paulo Figueiredo, que reside nos Estados Unidos e estaria sendo processado criminalmente no Brasil por declarações feitas em solo americano.
Além da tarifa, o presidente Trump determinou, no último dia 18 de julho, o cancelamento dos vistos de Alexandre de Moraes, de seus aliados no STF e de seus familiares.
Tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros entra em vigor em 6 de agosto
REUTERS
Tarifaço pode encarecer ou baratear o preço dos alimentos no Brasil?
Tarifaço pode encarecer ou baratear o preço dos alimentos no Brasil?
A carne, o café e a tilápia estão entre os alimentos alvos da tarifa de 50% imposta por Donald Trump sobre as vendas brasileiras para os Estados Unidos. A medida entra em vigor daqui a uma semana.
➡️ Mas, afinal, o tarifaço vai afetar o consumidor brasileiro? Não diretamente. A sobretaxa será paga por empresas dos EUA que comprarem produtos feitos no Brasil. E, para alguns desses itens, encaixados numa lista de exceções, ela será de 10%, e não 50%.
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Indiretamente, porém, pode existir um impacto no supermercado. Se os compradores americanos não quiserem pagar a mais pelos alimentos brasileiros, uma queda nas vendas para os EUA poderia afetar os produtores. Por consequência, o tarifaço reforçaria tendências já em andamento nos preços desses alimentos do Brasil.
Economistas e especialistas ouvidos pelo g1 apontam os seguintes efeitos possíveis:
o preço da carne pode até cair no início do tarifaço, com uma demanda menor dos EUA. Mas deverá subir depois, por causa da redução no abate de animais, o que já era esperado e deve ser intensificado com o tarifaço.
os valores do café não devem ser afetados em um primeiro momento. O setor acredita que as vendas aos EUA não devem ser paralisadas e, assim, não vai ter uma oferta maior de café no Brasil.
se as vendas de tilápias aos EUA forem paralisadas, deve sobrar o peixe no Brasil, fazendo os preços caírem. Isso porque o setor depende muito das vendas para o mercado norte-americano e teria que redirecionar o produto que sobrar para o mercado interno.
frutas que são exportadas para os EUA, como a manga e a uva produzidas no Vale do Rio São Francisco, já ficariam mais baratas no Brasil neste 2º semestre porque é quando começa a colheita.
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Carne
A carne não deve ficar mais barata no Brasil por causa do tarifaço. Pelo contrário: o preço pode subir, já que o número de abates deve cair no segundo semestre, segundo Wagner Yanaguizawa, especialista em proteína animal do Rabobank.
Essa alta já era esperada: mesmo sem o tarifaço, os pecuaristas já estavam segurando mais fêmeas para reprodução.
Mas uma possível queda nas vendas para os EUA pode fazer com que os produtores também separem menos animais para a engorda e para o abate.
Isso já está acontecendo em relação aos animais que seriam enviados para os EUA, diz Cesar de Castro Alves, gerente de Consultoria Agro do Itaú BBA.
Os EUA são o segundo maior comprador de carne bovina brasileira, responsáveis por 12% das vendas, ficando atrás apenas da China, que compra quase metade do que é vendido no exterior.
De acordo com Alves, os americanos compram, principalmente, a parte dianteira do boi, usada em hambúrgueres. As outras partes dos animais já são enviadas para outros países ou ficam no mercado interno.
Yanaguizawa acredita ser possível redirecionar parte desses produtos para outros países, como o Egito, que tem tido um aumento de demanda.
O Brasil tem uma vantagem: países concorrentes, como EUA e Austrália, também reduziram a produção por causa de problemas sanitários, como doenças.
Segundo Yanaguizawa, o mundo deve ter uma redução da oferta global de carne em 2%.
Mas, antes de os preços subirem, pode haver um curto período de queda para o consumidor brasileiro, aponta o analista do Itaú BBA.
Isso porque a China, principal cliente da exportação, está pressionando para o Brasil baixar seus preços, e isso pode frear temporariamente as exportações.
O custo da ração também diminuiu. O preço do boi gordo, animal pronto para o abate, caiu 7,21% em um mês, até o dia 29 de julho, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
"Aqui nós vamos ver o boi cair e, lá na frente, ver a carne subir mais ainda", resume Alves.
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Café
O setor cafeeiro acredita que o tarifaço não deve impactar os preços do café no Brasil, ao menos inicialmente.
A tendência é que os exportadores do Brasil e os importadores dos EUA cheguem a um acordo para que o comércio não seja interrompido agora, diz Celírio Inácio, diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic).
Se as exportações seguirem normalmente, o café não precisará ser redirecionado para o mercado interno, e os preços no Brasil devem continuar em tendência de queda.
Em julho, o preço do café diminuiu 0,36%, na primeira queda em um ano e meio, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15).
A baixa dos preços está sendo puxada pela expectativa de aumento da safra do café do tipo robusta, que não é o tipo mais exportado para os EUA. A preferência dos americanos é pelo arábica.
“Nesse momento, o importador (dos EUA) ainda tem em estoque o café que não foi taxado, então, ele pode praticar um preço médio para o consumidor norte-americano”, afirma Inácio.
Trump determinou que os produtos que embarcarem até o dia 6 de agosto não serão submetidos à tarifa de 50%, mesmo que cheguem aos EUA depois do prazo.
Os especialistas lembram, também, que a colheita do café acontece só uma vez por ano, o que atrasa qualquer impacto no preço para o consumidor.
“Esses movimentos não acontecem da noite para o dia”, diz Fernando Maximiliano, analista da StoneX.
O cenário para médio e longo prazo é incerto, inclusive por causa da dúvida sobre a duração do tarifaço. “Não sabemos se as tarifas vêm para ficar, se elas vão durar seis meses, um ano ou mais”, afirma Maximiliano.
Os EUA são os maiores importadores do café brasileiro, comprando cerca de 16% do produto exportado pelo país. Ao mesmo tempo, o Brasil é o principal fornecedor do café para os EUA e detém cerca de um terço do mercado norte-americano.
Se a tarifa durar muito tempo, especialistas acreditam que o mercado deve mudar: os EUA buscariam outros fornecedores e o Brasil venderia para outros países.
“Seria uma nova realidade que o mercado teria que precificar. É incalculável”, afirma Marcos Matos, diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
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Ainda assim, Matos diz que um tarifaço duradouro causaria oscilação de preços no Brasil, “tanto para cima quanto para baixo”, por conta dessas novas condições de exportação.
Já Celírio Inácio, da Abic, alerta que, nesse cenário, a produção brasileira pode acabar sendo reduzida daqui a alguns anos, o que poderia elevar os preços.
“Se o agricultor não tiver remuneração suficiente para fazer novos investimentos, pode haver algum impacto na produção futura”, diz ele.
Para Fernando Maximiliano, no entanto, a manutenção das tarifas a médio prazo tende a reduzir os preços no Brasil. “Com a dificuldade de vender para os americanos, haveria maior disponibilidade de café. Esse excedente poderia ficar no Brasil, baixando o preço por aqui”, conclui.
Tilápia
A tilápia é o peixe brasileiro mais exportado, e o principal mercado comprador são os EUA, que são o destino de 90% do volume vendido para o exterior. É uma dependência muito maior do que a da carne e do café, que têm outros mercados importantes além dos EUA.
Com a taxa de 50% imposta pelos norte-americanos, a produção deve ser redirecionada para o consumo interno, o que tende a ampliar a oferta e pressionar os preços para baixo, segundo Francisco Medeiros, presidente da Associação Brasileira de Piscicultura (PeixeBR).
Essa projeção é reforçada pelo fato de o setor já atravessar um período de retração nas vendas no Brasil, consequência da menor procura depois da Semana Santa e da chegada do inverno, explica Matheus Do Ville Liasch, analista de mercado do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP).
Apesar da expectativa de queda no curto prazo, ele acredita que o repasse ao consumidor deve ser lento e imprevisível.
“O efeito sobre os preços será gradual: primeiro o produtor reduzirá o valor, depois os frigoríficos, e, só então, varejistas e atacadistas”, afirma.
Para a indústria, contudo, o cenário é motivo de preocupação. O presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Pescado (Abipesca), Eduardo Lobo, alerta que absorver o volume destinado aos EUA no mercado doméstico não é viável economicamente.
“O mercado interno já é abastecido com uma produção muito grande, e colocar o que era destinado à exportação nele faria o preço ficar ‘inexequível’, quebrando a cadeia produtiva”, afirma.
Além disso, Lobo prevê que, a médio e longo prazo, a taxação americana pode até encarecer o produto para os brasileiros. “A tarifa tende a frear a produção e, nesse contexto, qualquer aumento de demanda poderia elevar o preço”, conclui.
Frutas
Frutas que são exportadas para os EUA, como a manga e a uva produzidas no Vale do Rio São Francisco, já ficariam mais baratas no Brasil neste 2º semestre porque é quando começa a colheita.
Diferentemente da carne, essa queda nos preços deve se manter a médio prazo, segundo Lucas Bezerra, especialista do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da USP (Cepea).
Isso porque, enquanto os pecuaristas conseguem conter a produção, adiando o período de abate, as frutas, apodrecem se elas não forem colhidas.
A manga, tem pouca chance de ser escoada para outros países que não os EUA. “A gente não teria um outro parceiro comercial suficientemente grande para absorver essa quantidade de fruta”, diz Bezerra.
Com isso, a fruta deve ficar no Brasil, em grande quantidade, esperando para ser vendida.
Raio X da exportação
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Qual é a diferença entre fome e insegurança alimentar
Sanção a Moraes, tarifaço desidratado e Copom: 5 pontos centrais da economia e da política
Estados Unidos aplicam sanções financeiras contra Alexandre de Moraes
Os Estados Unidos aplicaram, nesta quarta-feira (30), sanção contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também oficializou o tarifaço – desidratado em relação ao anunciado – e o Banco Central manteve a Selic em 15% ao ano.
O STF e autoridades reagiram ao anúncio contra Moraes. Em nota, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ser "inaceitável" a interferência de Trump no Judiciário brasileiro. Já o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse ao secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, durante encontro em Washington, que o Brasil não se curvará a pressões externas.
Veja 5 pontos centrais da economia e da política:
1. EUA anunciam sanção contra Moraes com base na Lei Magnitsky
O governo dos Estados Unidos sancionou o ministro Alexandre de Moraes com base na lei Magnitsky. A legislação permite punições a estrangeiros acusadas de corrupção ou graves violações de direitos humanos.
A medida inclui o bloqueio de bens em território americano, proibição de entrada nos EUA e restrições a transações financeiras com empresas americanas.
A sanção é inédita e representa uma escalada sem precedentes nas relações bilaterais. Moraes é relator de processos que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro, incluindo a tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023.
2. Barroso reage e STF vê ataque à soberania nacional
O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, reagiu com firmeza à sanção, classificando-a como uma tentativa de intimidação do Judiciário brasileiro.
Em nota oficial, Barroso afirmou que a medida representa um “ataque à soberania nacional” e que o Brasil não aceitará ingerência externa sobre suas instituições.
3. Trump oficializa tarifaço, mas medida é desidratada
O presidente Trump assinou uma ordem executiva que oficializa as tarifas de 50% sobre produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos. A medida, no entanto, foi desidratada em relação à proposta original com inclusão de exceções.
A lista de produtos que não serão sobretaxados foi divulgada juntamente com o decreto oficial assinado por Trump e inclui suco de laranja, combustíveis, veículos, aeronaves civis e determinados tipos de metais e madeira.
A decisão é vista como uma retaliação ao governo Lula e ao STF e uma tentativa de agradar à base eleitoral trumpista, que tem se alinhado ao bolsonarismo.
Apesar da redução no escopo, a medida preocupa empresários brasileiros e pode afetar o desempenho das exportações no segundo semestre.
4. Lula e Mauro Vieira reagem a sanções e tarifas: 'Soberania não se negocia'
O presidente Lula e o ministro Mauro Vieira reagiram às medidas adotadas pelos EUA. Em nota, Lula afirmou que é “inaceitável” a interferência do ex-presidente de Trump no Judiciário brasileiro.
Durante encontro em Washington, Vieira ainda disse a Marco Rubio, secretário de Estado dos EUA, que o Brasil não se curvará a pressões externas.
Para Lula, as medidas tomadas pelos Estados Unidos na quarta têm motivação política e colocam em risco a soberania nacional.
“A motivação política das medidas contra o Brasil atenta contra a soberania nacional e a própria relação histórica entre os dois países”, afirmou o presidente na nota.
5. Copom mantém Selic em 15% ao ano diante de cenário instável
Em meio à turbulência política e econômica, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano. A decisão foi unânime e reflete a cautela diante do cenário externo incerto e da pressão inflacionária interna.
No comunicado, o Copom destacou que a manutenção da taxa é necessária para garantir a convergência da inflação à meta e que novos cortes dependerão da evolução do cenário fiscal e da política monetária global.
A decisão foi bem recebida pelo mercado financeiro, que já esperava uma postura mais conservadora do Banco Central diante da instabilidade política e da tensão com os Estados Unidos.
Tarifaço de Trump: EUA chegam a acordo com Coreia do Sul e reduzem taxa para 15%
Trump suspende restrições à exportação de tecnologia para a China
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quarta-feira (30) que irá impor uma tarifa de 15% sobre produtos importados da Coreia do Sul.
Apesar da nova taxa, o republicano destacou um acordo comercial com Seul que, segundo ele, prevê investimentos e compras bilionárias por parte do país asiático.
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“A Coreia do Sul dará aos Estados Unidos US$ 350 bilhões para investimentos”, escreveu Trump na Truth Social, sua rede social. Ele também disse que Seul se comprometeu a comprar cerca de US$ 100 bilhões em gás natural liquefeito ou outros produtos energéticos norte-americanos.
A tarifa de 15% anunciada agora é mais branda do que os 25% que haviam sido cogitados anteriormente pela Casa Branca. Ainda assim, o governo sul-coreano deverá arcar com custos significativos para manter o acesso ao mercado americano.
Trump acrescentou que uma "grande quantia de dinheiro" adicional — que não foi detalhada — também será investida por Seul como parte do acordo.
Desde que reassumiu a presidência dos EUA em janeiro deste ano, Trump tem adotado uma política comercial agressiva, com tarifas generalizadas de 10% sobre importações de países aliados e rivais.
A partir de 1º de agosto, essas taxas devem subir para dezenas de economias, com cobranças ainda mais elevadas sobre setores estratégicos como aço, alumínio e automóveis.
A medida faz parte da estratégia do republicano para estimular a indústria norte-americana e reduzir o déficit comercial dos EUA. No entanto, as novas tarifas têm gerado apreensão entre parceiros comerciais e especialistas, que temem uma escalada de tensões econômicas globais.
Trump durante reunião com chefe da Otan na Casa Branca, em 14 de julho de 2025
ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP
As cartas e os acordos de Trump
Esse é mais um dos acordos anunciados por Trump desde que ele começou a enviar cartas a líderes de países com os quais os EUA têm relações comerciais.
Os documentos estipulam tarifas entre 20% e 50% sobre produtos importados de cada país, com aplicação prevista para 1º de agosto, caso não seja firmado um acordo com os EUA.
Até o momento, foram enviadas 25 notificações, sendo o Brasil o país com a maior tarifa.
Veja a lista completa de países que receberam as cartas de Trump:
Brasil: 50%*
Laos: 40%
Myanmar: 40%
Camboja: 36%
Tailândia: 36%
Bangladesh: 35%
Canadá: 35%
Sérvia: 35%
Indonésia: 32%
África do Sul: 30%
Argélia: 30%
Bósnia e Herzegovina: 30%
Iraque: 30%
Líbia: 30%
México: 30%
Sri Lanka: 30%
União Europeia: 30%
Brunei: 25%
Cazaquistão: 25%
Coreia do Sul: 25%
Japão: 25%
Malásia: 25%
Moldávia: 25%
Tunísia: 25%
Filipinas: 20%
A tarifa imposta ao Brasil foi oficializada nesta quarta-feira (30). Apesar disso, o governo americano decidiu deixar quase 700 itens sem a cobrança extra. (confira na lista abaixo)
As exceções constam no anexo da ordem executiva e passam a valer a partir da data de entrada em vigor da medida.
No caso das aeronaves, a Embraer foi a maior beneficiada. Os americanos são responsáveis por 45% das vendas de jatos comerciais e 70% das de jatos executivos da fabricante brasileira. As ações da empresa dispararam 10% com a entrada do setor aeronáutico entre as exceções.
A nova tarifa deve impactar de forma significativa as exportações brasileiras. No entanto, a lista de exceções pode representar um alívio para setores como o aeronáutico, o energético e o agrícola.
Infográfico - Lista de isenções ao tarifaço de Trump
Arte/g1
Produtos fora do tarifaço de Trump representam 43% do valor total das exportações pros EUA
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Os Estados Unidos anunciaram a suspensão da isenção “de minimis”, que permitia a entrada de remessas comerciais de baixo valor no país sem a cobrança de tarifas, informou a Casa Branca nesta quarta-feira.
De acordo com uma ordem executiva assinada pelo presidente Donald Trump, pacotes com valor de até 800 dólares enviados aos EUA fora da rede postal internacional passarão a ser submetidos a “todas as tarifas aplicáveis” a partir de 29 de agosto.
Trump já havia adotado medidas semelhantes contra pacotes vindos da China e de Hong Kong. O projeto de lei de impostos e gastos recentemente sancionado por ele revogou a base legal da isenção de minimis globalmente a partir de 1º de julho de 2027.
“Trump está agindo mais rapidamente para suspender a isenção de minimis do que exige a OBBBA, para lidar com emergências nacionais e salvar vidas e empresas americanas agora”, disse a Casa Branca, referindo-se ao projeto de lei conhecido como One Big Beautiful Bill Act.
As mercadorias enviadas pelo sistema postal estarão sujeitas a uma de duas opções: uma “tarifa ad valorem”, equivalente à tarifa efetiva do país de origem, ou, por um período de seis meses, uma tarifa fixa entre 80 e 200 dólares, conforme a origem do pacote.
Entre 2015 e 2024, o volume anual de remessas de minimis recebidas pelos EUA saltou de 134 milhões para mais de 1,36 bilhão. Atualmente, a Alfândega americana processa mais de 4 milhões dessas remessas por dia.
Neste mês, a Reuters informou que o volume de remessas aéreas vindas da Ásia caiu 10,7% após os EUA cancelarem a isenção de impostos para pacotes de baixo valor oriundos da China, no início de maio.
Desde 2 de maio, remessas enviadas da China e de Hong Kong passaram a ser tributadas com alíquotas que chegaram a 145%, antes de recuarem para cerca de 30% após uma trégua comercial firmada em meados de maio entre EUA e China.
O comércio eletrônico de baixo valor originado na Ásia tem representado uma fatia crescente do transporte aéreo global de cargas, impulsionando os negócios de companhias aéreas no setor de logística.
No ano passado, esse tipo de remessa — totalizando 1,2 milhão de toneladas métricas — representou 55% das mercadorias enviadas da China para os EUA por via aérea, ante apenas 5% em 2018. Plataformas de e-commerce de baixo custo como Shein e Temu, da PDD, têm se beneficiado desse modelo.
O senador republicano Jim Banks, de Indiana, elogiou a medida, dizendo: “Por muito tempo, países como a China inundaram nossos mercados com importações baratas e isentas de tarifas.”
Presidente dos EUA, Donald Trump
Jim Watson/AFP
Isenção de tarifas de Trump abrange 43% das exportações brasileiras, afirma Amcham
O decreto assinado por Donald Trump nesta quarta-feira (30) que impõe uma tarifa de 50% sobre as importações brasileiras deixou de fora 694 produtos. Segundo cálculo da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham), os itens protegidos da nova tarifa representam US$ 18,4 bilhões em exportações do Brasil aos EUA em 2024. O valor corresponde a 43,4% do total de US$ 42,3 bilhões exportados pelo Brasil para os EUA, de acordo com a análise da entidade.
A Amcham afirma que a exclusão desses itens atenua parte dos efeitos do tarifaço, mas mantém impacto relevante sobre a competitividade de setores estratégicos da economia brasileira.
"Produtos que ficaram de fora da lista continuam sujeitos ao aumento tarifário, o que compromete a competitividade de empresas brasileiras e, potencialmente, cadeias globais de valor", diz o comunicado da entidade.
O que está fora da tarifa
A lista de exceções, incluída no anexo da ordem executiva assinada por Trump, abrange setores estratégicos. Entre os principais produtos isentos da nova alíquota estão:
Aeronaves civis e peças;
Veículos de passageiros e caminhões leves;
Suco e polpa de laranja;
Petróleo, carvão, gás natural e derivados;
Celulose, ferro-gusa, fertilizantes e metais industriais;
Smartphones, eletrônicos e bens pessoais;
Produtos agrícolas como castanha-do-brasil e madeira tropical;
Donativos, livros, obras de arte e material jornalístico.
No caso das aeronaves, a Embraer foi a maior beneficiada. Os americanos são responsáveis por 45% das vendas de jatos comerciais e 70% das de jatos executivos da fabricante brasileira. As ações da empresa dispararam 10% com a entrada do setor aeronáutico entre as exceções.
O que será tarifado
O que é ordem executiva, instrumento usado por Trump para impor tarifa ao Brasil
A tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos deve atingir em cheio alguns dos principais setores exportadores do Brasil.
Entre os não isentos, estão alguns dos produtos mais vendidos pelo Brasil aos Estados Unidos, como:
Café;
Carne bovina;
Frutas;
Máquinas agrícolas e industriais;
Móveis;
Têxteis;
Calçados.
Tarifa de 50% e cancelamento de vistos
Trump assina decreto e oficializa tarifaço de 50% contra o Brasil
A imposição da nova tarifa foi formalizada por Trump por meio de uma ordem executiva e de uma declaração de emergência nacional. O documento acusa o Brasil de representar uma ameaça à segurança nacional, à economia e à política externa dos EUA.
A ordem também menciona diretamente o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), acusando-o de censurar empresas americanas e perseguir críticos do governo. O caso do blogueiro Paulo Figueiredo, que reside nos EUA e responde a processo no Brasil, é citado como exemplo.
Além da tarifa, Trump determinou a revogação dos vistos de Moraes, de outros ministros do STF e de seus familiares, medida que passou a fazer parte oficial do pacote de retaliação dos EUA.
Copom interrompe ciclo de alta de juros e mantém Selic em 15% ao ano
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu nesta quarta-feira (18) interromper o ciclo de alta da taxa básica de juros, que foi mantida em 15% ao ano.
Selic: a trajetória da taxa básica de juros
"O Comitê tem acompanhado, com particular atenção, os anúncios referentes à imposição pelos EUA de tarifas comerciais ao Brasil, reforçando a postura de cautela em cenário de maior incerteza. Além disso, segue acompanhando como os desenvolvimentos da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros", diz o comunicado divulgado pelo BC.
Em outro trecho do comunicado, o Copom cita que “o ambiente externo está mais adverso e incerto em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, principalmente acerca de suas políticas comercial e fiscal e de seus respectivos efeitos”. E que esse cenário exige cautela principalmente de países emergentes, diante da tensão geopolítica.
O Comitê reafirmou que, apesar da atividade econômica tenha apresentado crescimento mais moderado, o mercado de trabalho continua aquecido.
Ao citar o cenário provocado pelos Estados Unidos e as questões internas do país, o Copom escreveu que, em busca de trazer a inflação para a meta, “exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado”.
E sinalizou que o patamar atual dos juros deve permanecer nas próximas reuniões.
“Em se confirmando o cenário esperado, o Comitê antecipa uma continuação na interrupção no ciclo de alta de juros para examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado, ainda por serem observados, e então avaliar se o nível corrente da taxa de juros, considerando a sua manutenção por período bastante prolongado, é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta”, diz o texto.
O Comitê enfatizou que vai continuar monitorando o cenário e, se necessário, poderá fazer ajustes na política monetária.
Maior patamar em 20 anos
Esse é o maior patamar em quase 20 anos – em julho de 2006, ainda no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a taxa Selic estava em 15,25% ao ano.
A decisão desta quarta-feira foi unânime e era esperada pelo mercado financeiro.
🔎A taxa básica de juros da economia é o principal instrumento do BC para tentar conter as pressões inflacionárias, que tem efeitos, principalmente, sobre a população mais pobre.
O Copom é formado pelo presidente do Banco Central e por oito diretores da autarquia. A partir deste ano a maioria dos dirigentes é indicada pelo presidente Lula.
Composição do Copom.
Flickr do BCB
A expectativa de economistas é de que a taxa seja mantida no atual patamar, ao menos, até 2026.
Como age o Banco Central?
Para definir os juros, a instituição atua com base no sistema de metas. Se as projeções estão em linha com as metas, é possível baixar os juros. Se estão acima, o Copom tende a manter ou subir a Selic.
Desde o início de 2025, com o início do sistema de meta contínua, o objetivo de 3% será considerado cumprido se a inflação oscilar entre 1,5% e 4,5%.
Selic a 15%: o que muda no seu bolso
Com a inflação ficando seis meses seguidos acima da meta em junho, o BC teve de divulgar uma carta pública explicando os motivos.
🔎Ao definir a taxa de juros, o BC olha para o futuro, ou seja, para as projeções de inflação, e não para a variação corrente dos preços, ou seja, dos últimos meses. Isso ocorre porque as mudanças na taxa Selic demoram de seis a 18 meses para ter impacto pleno na economia.
Neste momento, por exemplo, a instituição já está mirando na meta considerando o segundo semestre de 2026.
Para este ano e os próximos anos as projeções do mercado para a inflação oficial – todas acima da meta central buscada pelo BC, de 3% – são:
2025: 5,09% (com estouro da meta);
2026: 4,44%;
2027: 4%; e
2028: 3,8%.
Próximas reuniões
O Copom costuma se reunir a cada 45 dias para definir o patamar da Selic. Em 2025, o colegiado vai se reunir três vezes:
16 e 17 de setembro
4 e 5 de novembro
9 e 10 de dezembro
Brasileiros zoam presidente dos EUA com meme 'TACO'; expressão significa 'Trump sempre amarela'
Meme com Trump no X
Reprodução/X
O termo 'TACO', usado para fazer piada com os recuos de Donald Trump, foi adotado por brasileiros depois que o presidente dos Estados Unidos deixou uma série de itens do Brasil sem a prometida cobrança extra de tarifas, nesta quarta-feira (30).
Entre os itens que não serão sobretaxados estão: suco de laranja, aeronaves civis, petróleo, veículos e peças, fertilizantes e produtos energéticos (veja mais aqui).
Esse recuo chamou a atenção de internautas brasileiros. A sigla 'TACO', comentado por eles, vem de "Trump Always Chickens Out", que pode ser traduzido como "Trump sempre amarela".
A expressão apareceu primeiro no Financial Times e foi usada depois por um banco de investimentos ao comentar o adiamento de taxas à União Europeia. No final de maio, os internautas fizeram o mesmo comentário nas redes para criticar os recuos tarifários dele.
À época, ao ser questionado sobre a expressão por uma repórter na Casa Branca, Trump se irritou: “Você chama isso de amarelar? Isso é negociação.” Veja abaixo.
Trump se irrita ao ser questionado sobre o termo ‘TACO’
Veja abaixo os memes brasileiros com 'TACO':
Meme envolvendo 'TACO'
Reprodução X
Meme envolvendo 'TACO'
Reprodução/X
Meme envolvendo 'TACO'
Reprodução/X
Meme envolvendo 'TACO'
Reprodução/X
Paz por meio da força e emergência nacional: os argumentos de Trump para taxar o Brasil
Trump assina decreto e oficializa tarifaço de 50% contra o Brasil
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) um decreto que impõe efetivamente uma tarifa de 50% para produtos brasileiros — com uma longa lista de exceções.
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A medida foi anunciada como resposta a ações do governo brasileiro que, segundo a Casa Branca, representam uma ameaça “incomum e extraordinária” à segurança nacional, à política externa e à economia dos EUA.
Além disso, a decisão declara uma nova emergência nacional com base na Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional de 1977 (IEEPA) e marca um novo capítulo nas tensões diplomáticas entre os dois países.
Entenda abaixo os argumentos usados pelo governo Trump:
Emergência nacional
A Casa Branca afirma que as tarifas são uma resposta, em caráter de emergência nacional, às "políticas e ações incomuns e extraordinárias do Brasil que prejudicam empresas americanas, os direitos de liberdade de expressão de cidadãos americanos, a política externa dos EUA e a economia dos EUA".
Na ordem executiva, Trump afirma que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), emitiu "centenas de ordens para censurar secretamente seus críticos políticos".
"[Moraes] tem apoiado investigações criminais contra outros cidadãos dos EUA depois que eles expuseram suas graves violações de direitos humanos e corrupção", diz o texto.
O texto cita o ex-presidente Jair Bolsonaro e Paulo Figueiredo, neto do ditador João Batista Figueiredo, que ocupou a Presidência entre 1979 e 1985).
Figueiredo é apontado como um residente nos EUA que teve, supostamente, sua liberdade de expressão cerceada pelas decisões de Moraes.
Paz por meio da força
O comunicado da Casa Branca afirma que "o presidente Trump também tomou outras medidas para alcançar a paz por meio da força e garantir que a política externa reflita os valores, a soberania e a segurança dos EUA."
O conceito de "paz pela força" é frequentemente usado pela gestão Trump em conjunto com seu slogan "América em primeiro lugar", herdado de seu primeiro mandato. A expressão resume a doutrina da política externa adotada pelo republicano.
"Ao impor essas tarifas para lidar com as ações imprudentes do Governo do Brasil, o presidente Trump está protegendo a segurança nacional, a política externa e a economia dos Estados Unidos de uma ameaça estrangeira", afirma o texto publicado nesta quarta-feira.
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Tarifa de 50%
Lula e Trump
Adriano Machado/Reuters; Evelyn Hockstein/Reuters
As novas tarifas anunciadas por Trump contra o Brasil entram em vigor no dia 6 de agosto. O tarifaço prevê a imposição de uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros importados pelos EUA.
Segundo a Casa Branca, a medida foi motivada por práticas do governo brasileiro que estariam prejudicando empresas americanas, violando a liberdade de expressão de cidadãos dos EUA e comprometendo interesses estratégicos do país.
De acordo com o governo americano, essas práticas foram implementadas via Poder Judiciário, com ordens que forçaram empresas a entregar dados de usuários, alterar políticas de moderação de conteúdo e censurar discursos políticos.
Em entrevista publicada nesta quarta-feira pelo New York Times, o presidente Lula (PT) afirmou que tem tentado contato com Trump, mas "ninguém quer conversar" sobre o tarifaço.
A medida que oficializou o tarifaço foi assinada no mesmo dia em que o governo dos EUA sancionou o ministro Alexandre de Moraes com base na Lei Magnitsky, usada para punir autoridades estrangeiras por violações de direitos humanos.
Segundo o governo americano, todos os eventuais bens de Moraes nos EUA estão bloqueados, assim como empresas associadas a ele.
O ministro também está proibido de realizar transações com cidadãos e companhias americanas — como usar cartões de crédito de bandeira dos EUA, por exemplo.
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Após oficializar decreto que impõe uma tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil, o governo dos Estados Unidos anunciou nesta quarta-feira (30) que irá isentar diversos itens da cobrança (confira na lista abaixo).
Ana Flor: O tarifaço desidratou
Em análise para o Estúdio i, o jornalista Thomas Traumann chamou atenção para a contradição no anúncio feito pela Casa Branca: apesar da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, a lista de exceções é extensa e inclui itens de peso.
“Os nossos 50% já não são tão 50% assim. A lista de exceções é gigante”, afirmou (veja a análise no vídeo acima).
"É o Trump sendo Trump", diz Traumann, em referência ao histórico do presidente dos EUA de tomar decisões contraditórias e, muitas vezes, voltar atrás sem admitir o recuo.
"Nós estamos assistindo, ao mesmo tempo, a um grande avanço na piora das relações políticas entre Brasil e Estados Unidos, mas a um recuo considerável na questão comercial.”
As exceções "são muito importantes para a gente pois já começam com aeronaves, a principal pauta de importação brasileira para os EUA", depois avançam para "suco de laranja, aço, ferro e combustíveis", descreve Traumann.
"Tem aí um 'dulplipensar' do governo americano em relação ao Brasil", diz Traumann, em referência ao termo criado por George Orwell em seu livro "1984", que indica a capacidade de acreditar em duas ideias contraditórias simultaneamente, aceitando ambas como verdadeiras.
"De um lado nós somos inimigos, um país que [na narrativa de Trump] está criando uma ameaça de expressão no mundo. Mas do outro tem uma série de exceções comerciais", ele diz.
"Agressivo na política e conservador na economia", resumiu Octavio Guedes, que também participou do programa.
Confira os principais itens que não serão afetados pela alíquota adicional de 40%:
✈️ Artigos de aeronaves civis
Estão isentos todas as aeronaves civis (não militares), seus motores, peças, subconjuntos e simuladores de voo. A lista inclui desde tubos e mangueiras até sistemas elétricos, pneus e estruturas metálicas.
🚗 Veículos e peças específicas
A tarifa não se aplica a veículos de passageiros, como sedans, SUVs, minivans e vans de carga, além de caminhões leves e suas respectivas peças e componentes.
🏗️ Produtos de ferro, aço, alumínio e cobre
Produtos específicos e derivados desses metais, incluindo itens semiacabados e componentes industriais, também estão fora da nova alíquota.
🌾 Fertilizantes
Fertilizantes amplamente utilizados na agricultura brasileira estão isentos da tarifa adicional.
🌰 Produtos agrícolas e de madeira
A lista inclui castanha-do-brasil, suco e polpa de laranja, mica bruta, madeira tropical serrada ou lascada, polpa de madeira e fios de sisal ou de outras fibras do gênero Agave.
⚙️ Metais e minerais específicos
Estão isentos produtos como silício, ferro-gusa, alumina, estanho (em diversas formas), metais preciosos como ouro e prata, ferroníquel, ferronióbio e produtos ferrosos obtidos por redução direta de minério de ferro.
🔋 Energia e produtos energéticos
A tarifa não se aplica a diversos tipos de carvão, gás natural, petróleo e derivados, como querosene, óleos lubrificantes, parafina, coque de petróleo, betume, misturas betuminosas e até energia elétrica.
🔧 Bens retornados aos EUA
Artigos que foram exportados para reparo, modificação ou processamento e que retornam aos Estados Unidos sob certas condições também estão isentos, com exceções específicas para o valor agregado.
🚢 Bens em trânsito
Produtos que já estavam em trânsito antes da entrada em vigor da ordem — desde que cheguem aos EUA até 5 de outubro — não serão afetados pela nova tarifa.
🧳 Produtos de uso pessoal
Itens incluídos na bagagem acompanhada de passageiros que chegam aos Estados Unidos estão isentos da alíquota adicional.
🆘 Donativos e materiais informativos
Doações de alimentos, roupas e medicamentos destinados a aliviar o sofrimento humano estão isentas, salvo se o presidente considerar que representam risco à segurança nacional. Também estão livres da tarifa materiais informativos como livros, filmes, CDs, pôsteres, obras de arte e conteúdos jornalísticos.
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A lista de mais de 700 exceções divulgada pela Casa Branca ao confirmar o tarifaço de 50% sobre produtos do Brasil comprados pelos EUA ignora o café e a carne bovina, dois dos principais alimentos que o país de Donald Trump importa.
Ainda assim, os setores ligados a esses produtos dizem acreditar que eles poderão ser contemplados em acordos futuros.
"A lista de exceções nos sinaliza espaço para caminhos de negociação", afirma a associação da indústria de café, a Abic. Trump adiou o início da medida, que seria nesta sexta (1º), em uma semana.
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Não é só o Brasil que perde com o tarifaço: os EUA compram de fora 99% do café que consomem e o Brasil é o principal fornecedor, respondendo por cerca de 30% do mercado norte-americano.
O Brasil também é o principal fornecedor de carne bovina para indústrias nos EUA, que a transformam em hambúrguer, por exemplo. O país norte-americano até compra mais carne da Austrália, mas aí são aqueles cortes que vão direto para os mercados.
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Brasil é o maior fornecedor para os EUA de café e de carne para indústria
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O suco de laranja, outro alimento de peso nas importações dos EUA, escapou de imposição dos 50%, mantendo a sobretaxa de 10% anunciada por Trump em abril, explica Leonardo Munhoz, pesquisador da FGV Bioeconomia.
Na véspera da confirmação do tarifaço, o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, chegou a dizer que alguns produtos não cultivados no país, como o café, poderiam ter tarifa "zero".
Sem mencionar o Brasil, ele citou ainda a manga, o abacaxi e o cacau, mas esses produtos também não entraram na lista de exceções.
EUA dependem do café brasileiro
O Brasil é o maior fornecedor de café não torrado para os EUA, seguido por Colômbia, Vietnã e Honduras, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA, o USDA.
Café bom do Brasil vai todo para fora?
Antes da confirmação da sobretaxa de 50%, o setor já esperava que as vendas para os EUA continuassem no mesmo patamar mesmo com a imposição de Trump.
"Nesse momento, o importador ainda tem em estoque o café que não foi taxado, então ele pode praticar um preço médio para o consumidor norte-americano", disse Celírio Inácio, diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic).
O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) disse que seguirá em tratativas com seus pares dos EUA, como a National Coffee Association (NCA), para que o produto passe a integrar a lista de exceções do governo americano.
Isso porque abandonar o café brasileiro não seria uma saída para os EUA.
Tanto o Brasil quanto a Colômbia produzem principalmente o café do tipo arábica, mais suave, que é o preferido pelo consumidor americano. Mas a produção colombiana não se compara à brasileira em volume.
E ela deve ser ainda menor na safra em 2025/26, em relação à anterior, por causa do excesso de chuvas, segundo projeção do USDA.
Uma saída para o mercado americano seria priorizar o café do tipo robusta. Mas isso exigiria mudar o gosto do consumidor, já que este é um café mais encorpado.
Por outro lado, o Vietnã é o líder mundial na produção desse tipo de café (o Brasil é o segundo colocado). E a sobretaxa de Trump sobre importações de produtos país asiático é menor que a do Brasil: caiu de 46%, como anunciado em abril, para 20%, em acordo fechado agora em julho.
Os EUA são o maior cliente do café brasileiro, mas a Alemanha compra um volume semelhante (veja no gráfico ao fim da reportagem).
Carne está cara nos EUA, e importações sobem
As vendas de carne bovina do Brasil para os EUA chegaram a bater o recorde histórico no começo do ano, antes de Trump anunciar o tarifaço de 10% em abril (e agora subirá para 50%). Depois, começaram a cair.
Os EUA estão importando mais carne porque faltam bois para o abate.
A inflação do alimento no mercado americano está batendo recorde por causa de uma redução histórica do rebanho do país, que encareceu o preço do boi por lá – em maio, ele estava custando duas vezes mais que o boi brasileiro.
Tarifaço vai impactar venda de carne aos EUA, mas não é só o Brasil que perde
Não é só tarifaço: mosca mortal também pode aumentar preço da carne nos EUA
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) se reuniu na tarde desta quarta-feira (30) com o vice-presidente Geraldo Alckimin. Na véspera, a entidade estimou que o Brasil poderia perder US$1 bilhão em vendas para os EUA com a sobretaxa de 50%.
Segundo a Abiec, nenhum mercado pode substituir imediatamente os EUA, em virtude do grande volume demandado pelos importadores e do preço que eles estão em condições de pagar.
Os EUA não são o maior cliente da carne do Brasil: ficam bem atrás da China em volume de compras.
Mas as empresas brasileiras de carne bovina esperavam vender cerca de 400 mil toneladas até o final do ano para os EUA, o que agora é considerado inviável.
"As fábricas já pararam de produzir as carnes especificamente para os EUA", afirmou o presidente da Abiec, Roberto Perosa.
Pescados dependem dos EUA
Os pescados, por sua vez, têm o mercado norte-americano como destino de cerca de 70% das exportações. A Associação Brasileira das Indústrias de Pescado (Abipesca) lamentou o alimento não ter entrado na lista de exceções do tarifaço.
"Não há alternativas viáveis de mercado", diz a Abipesca. "O impacto será severo e imediato, com repercussões sociais e econômicas profundas, especialmente em regiões onde a atividade pesqueira é a principal fonte de emprego e renda."
A associação destacou o Ceará, "onde empresas têm sua operação diretamente atrelada a esse fluxo".
"Mais de um milhão de pescadores profissionais, além de milhares de famílias, serão diretamente afetados", disse a nota.
Raio X da exportação
arte g1
"Estamos casados com os EUA e eles com a gente", diz diretor da CitrusBR após suco de laranja escapar do tarifaço
Café, carne e outros produtos brasileiros ficam fora de isenção dos EUA
Tarifaço: Embraer, associações de produtores de café, plástico, frutas e outros se manifestam
Apesar de ter poupado uma extensa lista de produtos brasileiros, como suco de laranja, aeronaves civis e fertilizantes, a tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos deve atingir em cheio alguns dos principais setores exportadores do Brasil.
A medida, oficializada nesta quarta-feira (30) por meio de uma ordem executiva assinada pelo presidente Donald Trump, entra em vigor no dia 6 de agosto e representa um aumento de 40 pontos percentuais sobre a alíquota anterior.
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O mercado norte-americano é o segundo principal destino das exportações brasileiras, atrás apenas da China. O petróleo lidera em receita entre os produtos vendidos aos EUA, seguido por carne e café.
A regra geral é que todos os produtos do Brasil importados para o território aduaneiro dos Estados Unidos estarão sujeitos a uma taxa adicional.
➡️ Isso significa que, salvo exceções específicas, a maioria das mercadorias sofrerá um aumento significativo de custo.
Entre os não isentos, estão alguns dos produtos mais vendidos pelo Brasil aos Estados Unidos, como:
☕ Café
O Brasil é maior exportador mundial de café e tem os Estados Unidos como destino tradicional do grão. Em 2024, as exportações somaram quase US$ 2 bilhões, o equivalente a 16,7% do total embarcado.
Segundo a consultoria Cogo Inteligência em Agronegócio, a tarifa de 50% deve comprimir as margens do setor e encarecer o produto para o consumidor americano. O Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil) também prevê impacto direto no preço final nos EUA.
🥩 Carne bovina
Os EUA são o segundo maior mercado para a carne bovina brasileira. Em 2024, responderam por 16,7% do volume exportado, com 532 mil toneladas e US$ 1,6 bilhão em receita, segundo a Abrafrigo.
A Minerva estima que a tarifa pode reduzir em até 5% sua receita líquida. Já empresas como JBS e Marfrig, com operações nos EUA, podem mitigar parte dos efeitos. Ainda assim, o momento é delicado: o produto está caro nos EUA por conta da baixa oferta de bois para abate.
🍍 Frutas
O Brasil enviou mais de 1 milhão de toneladas de frutas ao mercado internacional em 2023.
O setor terá um impacto expressivo. Um levantamento da GloboNews aponta os volumes em risco: 36,8 mil toneladas de manga, 18,8 mil toneladas de frutas processadas, principalmente açaí, 13,8 mil toneladas de uva e 7,6 mil toneladas de outras frutas.
🚜 Máquinas agrícolas e industriais: decreto concedeu isenções específicas para artigos de aeronaves civis e algumas peças para a indústria de papel e celulose que podem incluir máquinas ou componentes.
🪑Móveis: Alguns tipos de móveis foram isentados da tarifa, mas apenas quando classificados como “artigos de aeronaves civis”, como assentos utilizados em aviões e móveis específicos de metal ou plástico destinados a esse uso.
👚 Têxteis: Não houve uma isenção ampla, apenas itens muito específicos, como o fio de sisal para enfardamento e certos produtos destinados a aeronaves civis, foram excluídos da tarifa adicional de 40%.
👠 Calçados: Os calçados brasileiros não foram incluídos em nenhuma exceção específica e, portanto, estão sujeitos à tarifa.
O impacto da medida, portanto, pode ser profundo — afetando diretamente a balança comercial, a arrecadação e a geração de empregos em setores estratégicos da economia nacional.
Cinco dos 10 principais produtos do Brasil serão tarifados pelos EUA
REUTERS
Sobre as taxas
A decisão da taxação foi tomada pelo presidente Donald Trump, que assinou uma ordem executiva e declarou uma nova emergência nacional para justificar a medida.
O governo americano afirma que o Brasil adotou ações recentes que representam uma ameaça à segurança nacional, à economia e à política externa dos Estados Unidos. Por isso, decidiu aumentar em 40 pontos percentuais a tarifa que já existia, totalizando agora 50%.
A ordem executiva americana também traz duras críticas ao governo brasileiro. Segundo o texto, o Brasil estaria promovendo perseguição política contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores, além de adotar práticas que violam direitos humanos e enfraquecem a democracia.
O documento cita diretamente o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), acusando-o de emitir ordens secretas para obrigar empresas americanas a censurar discursos políticos, entregar dados de usuários e alterar suas políticas internas sob ameaça de sanções.
Um dos casos mencionados é o de Paulo Figueiredo, que reside nos Estados Unidos e estaria sendo processado criminalmente no Brasil por declarações feitas em solo americano.
Além da tarifa, o presidente Trump determinou, no último dia 18 de julho, o cancelamento dos vistos de Alexandre de Moraes, de seus aliados no STF e de seus familiares.
Haddad diz que negociações com EUA continuarão mesmo após início do tarifaço
Ações da Embraer disparam 10% com entrada da aviação entre as exceções do tarifaço de Trump
Trump assina decreto e oficializa tarifaço de 50% contra o Brasil
As ações da Embraer disparam mais de 10% com a entrada do setor aeronáutico entre as exceções à tarifa extra de 40% sobre produtos brasileiros anunciada por Donald Trump, que totalizam os 50% e oficializa o percentual mencionado pelo republicano em carta enviada a Lula neste mês.
Apesar de confirmar a tarifa, o governo americano decidiu deixar uma série de itens sem cobrança. A lista de mais de 700 produtos que não serão sobretaxados foi divulgada juntamente com o decreto oficial. (confira na lista abaixo)
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Os investidores se animaram com a notícia pois as tarifas poderiam elevar de forma significativas os preços das aeronaves. Segundo estimativas da própria Embraer, a empresa teria um custo adicional de R$ 50 milhões por avião. O impacto previsto era de cerca de R$ 20 bilhões até 2030.
Em coletiva de imprensa neste mês, o presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto, disse que os impactos do tarifaço seriam tão severos quanto os vivenciados durante a pandemia de Covid-19.
À época, com as restrições e a proibição de viagens, a Embraer teve uma queda de 30% na receita e precisou reduzir aproximadamente 20% de sua força de trabalho.
“Avião não é commodity. Não conseguimos remanejar porque [tem aviões que] a gente só vende para o mercado americano. O nosso maior mercado é para os EUA, não tem como reposicionar isso para outros mercados”, disse Gomes Neto.
Diferentemente de outros setores, os contratos de venda de aeronaves normalmente estabelecem que as companhias aéreas arquem com as tarifas de importação exigidas pelo país de destino. A Embraer, portanto, não conseguiria absorver esse encargo extra.
“O mercado de aviação não é extremamente rentável e as empresas têm uma margem financeira apertada para arcar com esse aumento do custo”, explica Alberto Valerio, analista do UBS BB.
Como esse cenário não se confirmou, não há motivo para que empresas cancelem pedidos já feitos ou posterguem entregas, além de preservar a competitividade da empresa.
Em nota, a Embraer diz que a decisão do governo dos EUA confirma o impacto positivo e a importância estratégica das atividades da Embraer para as economias brasileira e norte-americana.
“Continuamos acreditando e defendendo firmemente o retorno à regra de tarifa zero para a indústria aeroespacial global. Mais importante ainda, apoiamos o diálogo contínuo entre os governos brasileiro e norte-americano e permanecemos confiantes em um resultado positivo para os dois países”, diz a empresa.
Quem mais ficou de fora
De acordo com o texto, também permanecem fora da tarifa adicional produtos como suco de laranja, combustíveis, veículos e determinados tipos de metais e madeira.
As exceções constam no anexo da ordem executiva e passam a valer a partir da data de entrada em vigor da medida.
A nova tarifa deve impactar de forma significativa as exportações brasileiras. No entanto, a lista de exceções pode representar um alívio para setores como o aeronáutico, o energético e o agrícola.
✈️ Artigos de aeronaves civis: Estão isentos todas as aeronaves civis (não militares), seus motores, peças, subconjuntos e simuladores de voo. A lista inclui desde tubos e mangueiras até sistemas elétricos, pneus e estruturas metálicas.
🚗 Veículos e peças específicas: A tarifa não se aplica a veículos de passageiros, como sedans, SUVs, minivans e vans de carga, além de caminhões leves e suas respectivas peças e componentes.
🏗️ Produtos de ferro, aço, alumínio e cobre: Produtos específicos e derivados desses metais, incluindo itens semiacabados e componentes industriais, também estão fora da nova alíquota.
🌾 Fertilizantes: Fertilizantes amplamente utilizados na agricultura brasileira estão isentos da tarifa adicional.
🌰 Produtos agrícolas e de madeira: A lista inclui castanha-do-brasil, suco e polpa de laranja, mica bruta, madeira tropical serrada ou lascada, polpa de madeira e fios de sisal ou de outras fibras do gênero Agave.
⚙️ Metais e minerais específicos: Estão isentos produtos como silício, ferro-gusa, alumina, estanho (em diversas formas), metais preciosos como ouro e prata, ferroníquel, ferronióbio e produtos ferrosos obtidos por redução direta de minério de ferro.
🔋 Energia e produtos energéticos: A tarifa não se aplica a diversos tipos de carvão, gás natural, petróleo e derivados, como querosene, óleos lubrificantes, parafina, coque de petróleo, betume, misturas betuminosas e até energia elétrica.
🔧 Bens retornados aos EUA: Artigos que foram exportados para reparo, modificação ou processamento e que retornam aos Estados Unidos sob certas condições também estão isentos, com exceções específicas para o valor agregado.
🚢 Bens em trânsito: Produtos que já estavam em trânsito antes da entrada em vigor da ordem — desde que cheguem aos EUA até 5 de outubro — não serão afetados pela nova tarifa.
🧳 Produtos de uso pessoal: Itens incluídos na bagagem acompanhada de passageiros que chegam aos Estados Unidos estão isentos da alíquota adicional.
🆘 Donativos e materiais informativos: Doações de alimentos, roupas e medicamentos destinados a aliviar o sofrimento humano estão isentas, salvo se o presidente considerar que representam risco à segurança nacional. Também estão livres da tarifa materiais informativos como livros, filmes, CDs, pôsteres, obras de arte e conteúdos jornalísticos.
Sobre as taxas
A decisão de aplicar a tarifa foi tomada pelo presidente Donald Trump, que assinou uma ordem executiva e declarou uma nova emergência nacional para justificar a medida.
Segundo o governo dos EUA, o Brasil adotou ações recentes que representam uma ameaça à segurança nacional, à economia e à política externa americana. Por isso, decidiu elevar em 40 pontos percentuais a tarifa já existente, que agora totaliza 50%.
A ordem executiva também traz duras críticas ao governo brasileiro. De acordo com o texto, o Brasil estaria promovendo perseguição política contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores, além de adotar práticas que violam direitos humanos e enfraquecem a democracia.
O documento menciona nominalmente o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), acusando-o de emitir ordens sigilosas para obrigar empresas americanas a censurar discursos políticos, fornecer dados de usuários e alterar suas políticas internas sob ameaça de sanções.
Um dos casos citados é o de Paulo Figueiredo, residente nos EUA, que estaria sendo processado criminalmente no Brasil por declarações feitas em território americano.
Além da tarifa, o presidente Trump determinou, em 18 de julho, o cancelamento dos vistos de Alexandre de Moraes, de outros ministros do STF e de seus familiares.
Unidade da Embraer em Gavião Peixoto, SP
Divulgação
Suco de laranja escapa do tarifaço: 'Casados com os americanos, para o bem e para o mal', dizem exportadores
"Estamos casados com os EUA e eles com a gente", diz diretor da CitrusBR após suco de lara
O suco de laranja e a castanha do Brasil são os únicos alimentos a entrarem na lista de exceções do tarifaço de 50% em cima de produtos exportados do Brasil aos EUA.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) o decreto que determina uma sobretaxa de 40% nas vendas brasileiras para o país. Essa sobretaxa é somada ao imposto de 10% determinado por Trump em abril.
Com a exceção dada aos dois alimentos, entre outros produtos, fica valendo a sobretaxa de 10% imposta em abril, segundo Leonardo Munhoz, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Bioeconomia.
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No caso da laranja, há ainda uma tarifa fixa de US$ 415 (equivalente a cerca de R$ 2,3 mil) por tonelada do suco brasileiro, explica Wharlhey Nunes, analista da consultoria Agro do Itaú BBA.
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Dependência mútua
Com lavouras dizimadas, os Estados Unidos são dependentes do suco de laranja brasileiro: quase metade dos 3 milhões de litros de suco consumidos por lá vem do Brasil.
Para o diretor da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), Ibiapaba Netto, a exceção do suco em relação à tarifa acontece para proteção das próprias empresas norte-americanas.
Sem as exportações para os norte-americanos, o setor brasileiro previa perdas de até R$ 4,3 bilhões ao ano. Isso porque os americanos compram 41,7% do volume exportado, perdendo apenas para a União Europeia, com 52%.
"Estamos casados com os americanos e os americanos com a gente, para o bem e para o mal", disse em entrevista à GloboNews.
Neto explicou que existe a busca por novos mercados. Contudo, o suco de laranja apenas ganha volume nas compras em países que possuem a renda per capta acima de US$ 20 mil por ano, limitando a demanda para 40 países.
Além disso, o setor de sucos brasileiro possui infraestrutura nos EUA, como terminais e navios próprios, para receber a produção.
Saiba mais: Café e carne bovina são ignorados na lista de exceções do tarifaço
Pior safra da laranja em 40 anos nos EUA
Os EUA tornaram-se mais dependentes das importações de suco de laranja nos últimos anos devido a um declínio acentuado na produção doméstica, por causa de furacões, períodos de temperaturas muito baixas e da doença greening.
O greening afeta os pomares e diminui a qualidade e a produtividade da fruta. Ele é causado por uma bactéria, que, por sua vez, é disseminada por um inseto.
O estado da Flórida é o mais afetado. Ele representa 90% do suco de laranja americano. Os prejuízos por lá causaram uma retração de 28% na produção do país na safra 2024/2025.
Os preços do suco de laranja vêm enfrentando altas seguidas. A lata de 473 ml atingiu o preço recorde de US$ 4,49 em fevereiro deste ano (equivalente a R$ 24,84).
E a situação pode piorar: a próxima colheita deve ser a menor desde 1986, quando começou a série histórica do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.
Sem os brasileiros, o diretor da CitrusBR acredita não haver outro país que possa suprir a necessidade dos norte-americanos. Apesar disso, o México concorre com o Brasil pelo mercado, aponta o Itaú BBA.
Por outro lado, produção no Brasil cresce
A safra brasileira de laranja 2025/2026 deve ser maior do que 36% do que a passada, gerando um crescimento de 8% na produção de suco.
Apesar de o Brasil também ter sido atingido pelo greening, o avanço da doença diminuiu nesta safra e o clima melhorou, o que deve resultar também em frutas de melhor qualidade.
O Brasil deve responder por cerca de 70% da produção mundial de suco neste ano, segundo o Itaú BBA. Com isso, vai recuperar parte dos estoques, que são os menores das últimas quatro décadas.
Produção de suco de laranja nos EUA e no Brasil
Arte g1
O declínio nas safras anteriores fez com que até mesmo frutas de qualidade inferior fossem usadas no processamento, aponta o Itaú BBA.
Com a reposição e sem o mercado americano, o Brasil pode não ter para onde escoar tanto suco.
"É muito ruim. É um efeito que vem para toda a cadeia. Pega as indústrias, pega o produtor, pega todo mundo. Ninguém está a salvo dos efeitos disto", afirma Netto.
Raio X da exportação
arte g1
Qual é a diferença entre fome e insegurança alimentar
A nova receita da Coca-cola e o que Trump tem a ver com isso
Trump oficializa tarifaço contra o Brasil: entenda os principais argumentos
O governo americano publicou nesta terça-feira (30) um memorando oficial que afirma que o Brasil representa uma ameaça à segurança dos Estados Unidos e citou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes como responsável por abusos contra opositores, empresas e cidadãos americanos.
O documento embasa a ordem executiva do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que eleva para 50% a tarifa sobre produtos brasileiros. A medida oficializa o percentual mencionado pelo republicano em carta enviada ao presidente Lula neste mês.
Abaixo, veja os principais trechos e argumentos usados pelo governo dos Estados Unidos:
Emergência nacional
"Hoje, o Presidente Donald J. Trump assinou uma Ordem Executiva implementando uma tarifa adicional de 40% sobre o Brasil, elevando o total da tarifa para 50%, para lidar com políticas, práticas e ações recentes do governo do Brasil que constituem uma ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos."
O que significa:
Trump aciona a lei de emergência econômica internacional (IEEPA) para classificar o Brasil como ameaça "incomum e extraordinária" aos EUA.
Com isso, ele obtém base legal para impor sanções unilaterais, como a tarifa de 50%. A justificativa vai além do comércio: inclui também liberdade de expressão e interferência na política externa americana como motivos para o decreto.
Ações do governo brasileiro
"A Ordem conclui que a perseguição política, intimidação, assédio, censura e processos judiciais contra o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro e milhares de seus apoiadores constituem graves abusos de direitos humanos que minaram o Estado de Direito no Brasil."
O que significa:
A Casa Branca classifica as ações contra Bolsonaro como "violações de direitos humanos", segundo o decreto assinado por Trump. O documento também menciona "milhares de apoiadores" do ex-presidente e adota a mesma linguagem jurídica e diplomática usada pelos EUA em sanções contra regimes autoritários, como Venezuela e Irã — ao alegar que há perseguição política, censura e repressão a opositores.
Censura a empresas dos EUA
"Membros do governo do Brasil tomaram ações sem precedentes para coagir de forma tirânica e arbitrária empresas americanas a censurar discurso político, remover usuários de plataformas, entregar dados sensíveis de usuários americanos ou alterar suas políticas de moderação."
O que significa:
O governo Trump acusa o Judiciário brasileiro e autoridades ligadas ao governo Lula de coagir plataformas a cumprir ordens de censura contra críticos políticos. Segundo o decreto, isso incluiria remoção de conteúdo, bloqueio de contas, entrega de dados de usuários americanos e mudanças forçadas nas regras de moderação, sob ameaça de multas, bloqueios ou processos criminais.
Para a Casa Branca, essas ações representam uma interferência nos direitos de cidadãos dos EUA e colocam em risco interesses estratégicos do país.
Trump assina decreto e oficializa tarifaço de 50% contra o Brasil
Alexandre de Moraes
“Desde 2019, o Ministro do Supremo Tribunal Federal do Brasil, Alexandre de Moraes, tem abusado de sua autoridade judicial para ameaçar, perseguir e intimidar milhares de seus opositores políticos [...].”
O que significa:
O ministro Alexandre de Moraes é citado nominalmente como responsável direto pelas ações que o governo Trump considera abusos de autoridade.
O texto afirma que ele atuou para perseguir opositores políticos e que fez isso em coordenação com outros ministros do STF, o que sinaliza que as sanções adotadas pelos EUA — como a revogação de vistos — podem atingir não só Moraes, mas também outros integrantes da Corte.
"Quando empresas americanas se recusaram a cumprir essas ordens, ele impôs multas substanciais, ordenou a exclusão dessas empresas do mercado de redes sociais no Brasil, ameaçou seus executivos com processos criminais e, em um caso, congelou os ativos de uma empresa americana no Brasil."
O que significa:
O trecho descreve o que o governo dos EUA classifica como coerção judicial por parte do ministro Alexandre de Moraes.
Segundo o documento, empresas americanas que se recusaram a seguir decisões do STF foram punidas com multas, ameaças de processo criminal, exclusão do mercado brasileiro e até congelamento de ativos.
Paulo Figueiredo
“Além de prender indivíduos sem julgamento por postagens em redes sociais, o Ministro Moraes está atualmente supervisionando o processo criminal do Governo do Brasil contra Paulo Figueiredo, residente nos EUA, por declarações feitas em solo americano.”
O que significa:
O governo Trump usa o caso do Paulo Figueiredo, neto do ex-presidente da ditadura militar João Figueiredo, como exemplo de perseguição extraterritorial, alegando que ele está sendo processado no Brasil por declarações feitas nos Estados Unidos.
Para a Casa Branca, isso representa uma violação da liberdade de expressão protegida pela Constituição americana e um desrespeito à soberania dos EUA.
Justificativa geopolítica
"O Presidente Trump está defendendo empresas americanas contra extorsão, protegendo cidadãos americanos contra perseguição política, salvaguardando a liberdade de expressão americana contra censura e protegendo a economia americana de ser sujeita a decretos arbitrários de um juiz estrangeiro tirânico."
O que significa:
Trump eleva o tom contra Alexandre de Moraes, chamando-o de "juiz tirânico", e apresenta a defesa de empresas e cidadãos americanos como uma ação de segurança nacional.
O texto afirma que há repressão à liberdade de expressão e à iniciativa privada, que é tratada como ameaça direta aos interesses americanos.
Política "America First" e cancelamento de vistos
"Em 18 de julho, o Presidente Trump ordenou ao Secretário Rubio que revogasse os vistos pertencentes ao Ministro Moraes, seus aliados no Tribunal e seus familiares imediatos."
O que significa:
O memorando confirma oficialmente que os vistos de Alexandre de Moraes, de outros ministros do STF e de seus familiares foram cancelados. A medida, que antes era vista como um gesto diplomático isolado, agora é apresentada como parte de um pacote coordenado de retaliações, inserido na lógica de sanções dos EUA contra autoridades estrangeiras acusadas de violar direitos humanos.
Estratégia de longo prazo
"Preservar e proteger os direitos de liberdade de expressão de todos os americanos e defender empresas americanas contra censura forçada continuará sendo prioridade na estratégia de política externa América Primeiro."
O que significa:
A Casa Branca alinha o ataque ao Brasil à doutrina "America First”, que prioriza interesses americanos acima de relações multilaterais. O recado é que qualquer tentativa de censurar empresas ou cidadãos dos EUA será tratada como um ataque direto aos Estados Unidos, com resposta no campo da política externa e comercial.
Trump e Lula
Eduardo Munoz/Reuters; Ricardo Stuckert/Divulgação via Reuters
Exceções amenizam tarifaço, mas impacto não é pequeno, diz secretário do Tesouro do Brasil
Trump assina decreto e oficializa tarifaço de 50% contra o Brasil
O secretário do Tesouro Nacional do Ministério da Fazenda, Rogério Ceron, afirmou nesta quarta-feira (30) que as exceções de alguns setores brasileiros do pagamento do tarifaço feito pelo governo dos Estados Unidos é positivo. No entanto, Ceron destacou que isso não significa que o impacto na economia do Brasil será pequeno.
A ordem executiva assinada por Donald Trump não aplica a tarifa de 50% de importação aos aviões, peças, helicópteros, suco de laranja, móveis, combustíveis, ferro e alumínio, entre mais de uma centena de itens. Carnes e café não foram produtos listados entre as exceções.
"Do ponto de vista de efeito econômico é positivo, é melhor do que o cenário anterior, mas preciso entender um pouco mais o detalhe dele (da ordem executiva). Representa um cenário mais benigno do que poderia ser, numa tarifa mais ampla. Não quer dizer que tenha impactos pequenos, ou que não tenha efeito relevante, isso precisa ser processado de forma mais ampla'”, afirmou.
A versão final do decreto, assinada por Donald Trump, foi divulgada pela Casa Branca enquanto Ceron participava de uma entrevista coletiva, em Brasília, para detalhar o resultado das contas do governo federal de junho. Por isso, ele não quis se aprofundar na avaliação da medida do governo americano.
Rogério Ceron, secretário do Tesouro Nacional.
Diogo Zacarias/Ministério da Fazenda
Mesmo assim, o secretário do Tesouro Nacional, que participou das discussões sobre o plano para minimizar efeitos do tarifaço na economia brasileira, afirmou que a existência de exceções no decreto “é uma notícia relevante”.
Ceron lembrou que alguns desses produtos comprados pelos norte americanos também são importantes para a economia deles.
O secretário afirmou ainda que o plano do governo para amenizar tarifaço está pronto e governo aguarda decisão do presidente sobre anúncio.
"Qualquer decisão sobre o plano vai ser anunciado no momento adequado. Nesse momento temos tudo preparado e a partir de agora vamos aguardar os comandos do ponto de vista de decisões para o presidente, ministros vão anunciar", disse.
Ceron acredita que o plano não precisará passar por muitos ajustes diante do fato de haver exceções ao tarifaço, pois já foi desenhado para se adaptar a possíveis mudanças por parte dos EUA– atender proporcionalmente mais os setores mais atingidos pelas tarifas.
O secretário disse ainda que o Brasil tem uma “relação secular” com os Estados Unidos. Por isso, espera que as conversas irão ocorrer e, com base na negociação, será possível resolver essa questão do tarifaço de 50% sobre alguns produtos brasileiros.
Exceções geraram alívio
A lista de exceções que serviu de alívio para boa parte dos setores econômicos e também do governo brasileiro, segundo o blog da jornalista Ana Flor.
Segundo a avaliação de negociadores do Brasil ouvidos pelo blog, as exceções trazem alívio e reduzem em muito o impacto na economia brasileira. A análise dos produtos vai determinar quem ainda é afetado e precisará de ajuda do governo.
O tarifaço desidratou
Trump assina decreto e oficializa tarifaço de 50% contra o Brasil
O tarifaço anunciado por Donald Trump e que abalaria a economia brasileira não aconteceu.
A ordem executiva do presidente dos Estados Unidos veio com uma lista de exceções que deixou de fora os produtos mais críticos para a economia brasileira: aviões, helicópteros e suas partes, suco de laranja, celulose, madeira e móveis, cobre, aço, ferro e alumínio, energia e combustíveis, castanhas, fertilizantes, entre outros.
Há ainda a possibilidade de uma nova decisão, até a semana que vem, que amplie a exclusão para café e manga, por exemplo, com base no argumento de que não são produzidos nos EUA, citado pelo secretário de Comércio Howard Lutnik em entrevista.
As novas tarifas entram em vigor dia 6 de agosto.
O presidente americano Donald Trump
Evelyn Hockstein/Reuters
A redução drástica dos bens tarifados com as tarifas elevadas levou à comemoração de boa parte dos setores econômicos e também do governo brasileiro. Por outro lado, ainda há preocupação do setor de pescados e carne.
Segundo estimativa da Amcham, a lista de quase 700 exceções do tarifaço representa US$ 18,4 bilhões em exportações brasileiras em 2024, o que corresponde a 43,4% do total de US$ 42,3 bilhões exportados pelo Brasil para os EUA.
A avaliação de negociadores do Brasil ouvidos pelo blog, tanto no meio empresarial quanto no governo, é de grande redução do impacto na economia brasileira. A análise dos produtos vai determinar quem ainda é afetado e precisará de medidas compensatórias do governo brasileiro.
Segundo um ministro ouvido pelo blog, o trabalho agora será estimar quem ainda fica dentro do chapéu das novas tarifas e como atuar para redirecionar para outros mercados os produtos.
Tarifa de Trump: taxa de 50% contra o Brasil tem longa lista com quase 700 exceções; veja quais
Trump assina decreto e oficializa tarifaço de 50% contra o Brasil
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) um decreto que oficializa a imposição de uma tarifa extra de 40% sobre produtos brasileiros, totalizando 50%. Apesar disso, o governo americano decidiu deixar quase 700 itens sem a cobrança extra. (confira na lista abaixo)
A lista de produtos que não serão sobretaxados foi divulgada juntamente com o decreto oficial assinado por Trump e inclui suco de laranja, combustíveis, veículos, aeronaves civis e determinados tipos de metais e madeira.
📱Baixe o app do g1 para ver notícias em tempo real e de graça
As exceções constam no anexo da ordem executiva e passam a valer a partir da data de entrada em vigor da medida.
No caso das aeronaves, a Embraer foi a maior beneficiada. Os americanos são responsáveis por 45% das vendas de jatos comerciais e 70% das de jatos executivos da fabricante brasileira. As ações da empresa dispararam 10% com a entrada do setor aeronáutico entre as exceções.
A nova tarifa deve impactar de forma significativa as exportações brasileiras. No entanto, a lista de exceções pode representar um alívio para setores como o aeronáutico, o energético e o agrícola.
Veja os principais itens que não serão sobretaxados em 40%
✈️ Artigos de aeronaves civis: Estão isentas todas as aeronaves civis (não militares), seus motores, peças, subconjuntos e simuladores de voo. A lista inclui desde tubos e mangueiras até sistemas elétricos, pneus e estruturas metálicas.
🚗 Veículos e peças específicas: A tarifa não se aplica a veículos de passageiros, como sedans, SUVs, minivans e vans de carga, além de caminhões leves e suas respectivas peças e componentes.
Eletrônicos: Smartphones e outros telefones para redes celulares ou sem fio, antenas e refletores de antena, aparelhos de gravação e reprodução de som e vídeo, entre outros.
🏗️ Produtos específicos de ferro, aço, alumínio e cobre: Produtos e derivados desses metais, incluindo itens semiacabados e componentes industriais, também estão fora da nova alíquota.
🌾 Fertilizantes: Fertilizantes amplamente utilizados na agricultura brasileira estão isentos da tarifa adicional.
🌰 Produtos agrícolas e de madeira: A lista inclui castanha-do-brasil, suco e polpa de laranja, mica bruta, madeira tropical serrada ou lascada, polpa de madeira e fios de sisal ou de outras fibras do gênero Agave.
⚙️ Metais e minerais específicos: Estão isentos produtos como silício, ferro-gusa, alumina, estanho (em diversas formas), metais preciosos como ouro e prata, ferroníquel, ferronióbio e produtos ferrosos obtidos por redução direta de minério de ferro.
🔋 Energia e produtos energéticos: A tarifa não se aplica a diversos tipos de carvão, gás natural, petróleo e derivados, como querosene, óleos lubrificantes, parafina, coque de petróleo, betume, misturas betuminosas e até energia elétrica.
🔧 Bens retornados aos EUA: Artigos que foram exportados para reparo, modificação ou processamento e que retornam aos Estados Unidos sob certas condições também estão isentos, com exceções específicas para o valor agregado.
🚢 Bens em trânsito: Produtos que já estavam em trânsito antes da entrada em vigor da ordem — desde que cheguem aos EUA até 5 de outubro — não serão afetados pela nova tarifa.
🧳 Produtos de uso pessoal: Itens incluídos na bagagem acompanhada de passageiros que chegam aos Estados Unidos estão isentos da alíquota adicional.
🆘 Donativos e materiais informativos: Doações de alimentos, roupas e medicamentos destinados a aliviar o sofrimento humano estão isentas, salvo se o presidente considerar que representam risco à segurança nacional. Também estão livres da tarifa materiais informativos como livros, filmes, CDs, pôsteres, obras de arte e conteúdos jornalísticos.
Exceções amenizam, mas não resolvem
O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, afirmou nesta quarta que as exceções são um sinal positivo, mas ressaltou que isso não significa que o impacto sobre a economia brasileira será pequeno.
"Representa um cenário mais benigno do que poderia ser, numa tarifa mais ampla. Não quer dizer que tenha impactos pequenos, ou que não tenha efeito relevante, isso precisa ser processado de forma mais ampla", afirmou.
O secretário participa das discussões sobre o plano para mitigar os efeitos do tarifaço na economia brasileira. Ceron destacou que alguns dos produtos isentos são relevantes também para a economia dos próprios EUA.
O secretário afirmou ainda que o plano do governo para mitigar os efeitos do tarifaço já está pronto, e que agora aguarda a decisão do presidente sobre o momento adequado para o anúncio.
Com as exceções previstas no tarifaço, Ceron acredita que o plano não precisará de grandes ajustes, já que foi concebido para ser flexível e atender, de forma proporcional, os setores mais impactados pelas tarifas impostas por Trump.
Café e carne bovina são ignorados em lista de exceções
Sobre as taxas
A decisão de aplicar a tarifa foi tomada pelo presidente Donald Trump, que assinou uma ordem executiva e declarou uma nova emergência nacional para justificar a medida.
Segundo o governo dos EUA, o Brasil adotou ações recentes que representam uma ameaça à segurança nacional, à economia e à política externa americana. Por isso, decidiu elevar em 40 pontos percentuais a tarifa já existente, que agora totaliza 50%.
A ordem executiva também traz duras críticas ao governo brasileiro. De acordo com o texto, o Brasil estaria promovendo perseguição política contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores, além de adotar práticas que violam direitos humanos e enfraquecem a democracia.
O documento menciona nominalmente o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), acusando-o de emitir ordens sigilosas para obrigar empresas americanas a censurar discursos políticos, fornecer dados de usuários e alterar suas políticas internas sob ameaça de sanções.
Um dos casos citados é o de Paulo Figueiredo, residente nos EUA, que estaria sendo processado criminalmente no Brasil por declarações feitas em território americano.
Além da tarifa, o presidente Trump determinou, em 18 de julho, o cancelamento dos vistos de Alexandre de Moraes, de outros ministros do STF e de seus familiares.
Infográfico - Lista de isenções ao tarifaço de Trump
Arte/g1
EUA isentaram alguns produtos brasileiros
REUTERS
Trump cita Bolsonaro e Paulo Figueiredo em ordem que oficializou o tarifaço ao Brasil
Março/2020 - O presidente dos EUA, Donald Trump, fala com o presidente brasileiro Jair Bolsonaro durante um jantar em Mar-a-Lago em Palm Beach, Flórida, em 07 de março de 2020
Jim Watson/AFP/Arquivo
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, citou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o blogueiro bolsonarista Paulo Figueiredo na ordem executiva que oficializou tarifas de 50% contra produtos brasileiros. O documento foi publicado pela Casa Branca nesta quarta-feira (30).
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A medida foi anunciada como resposta a ações do governo brasileiro que, segundo a Casa Branca, representam uma ameaça “incomum e extraordinária” à segurança nacional, à política externa e à economia dos EUA.
A decisão declara uma nova emergência nacional com base na Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional de 1977 (IEEPA) e marca um novo capítulo nas tensões diplomáticas entre os dois países.
Na ordem executiva, Trump afirma que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), emitiu "centenas de ordens para censurar secretamente seus críticos políticos". O presidente americano afirma ainda que o magistrado supervisiona um processo contra Paulo Figueiredo por discursos feitos em solo norte-americano.
"[Moraes] tem apoiado investigações criminais contra outros cidadãos dos EUA depois que eles expuseram suas graves violações de direitos humanos e corrupção", diz o texto.
Neto do general João Figueiredo, último presidente do Brasil na ditadura militar, Paulo Figueiredo é acusado de ter cometido os crimes de organização criminosa, tentativa de abolição violenta do estado democrático de direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
Ainda segundo Trump, a ordem considera que Bolsonaro e seus apoiadores são alvo de "graves violações dos direitos humanos que minaram o Estado de Direito no Brasil". O documento alega que o governo brasileiro tem perseguido, intimidado, assediado e censurado cidadãos.
"Ao impor essas tarifas para lidar com as ações imprudentes do Governo do Brasil, o presidente Trump está protegendo a segurança nacional, a política externa e a economia dos Estados Unidos de uma ameaça estrangeira", afirma o texto.
"O presidente Trump também tomou outras medidas para alcançar a paz por meio da força e garantir que a política externa reflita os valores, a soberania e a segurança dos EUA."
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Tarifa de 50%
Lula e Trump
Adriano Machado/Reuters; Evelyn Hockstein/Reuters
As novas tarifas anunciadas por Trump contra o Brasil entram em vigor no dia 6 de agosto. O tarifaço prevê a imposição de uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros importados pelos EUA.
Segundo a Casa Branca, a medida foi motivada por práticas do governo brasileiro que estariam prejudicando empresas americanas, violando a liberdade de expressão de cidadãos dos EUA e comprometendo interesses estratégicos do país.
De acordo com o governo americano, essas práticas foram implementadas via Poder Judiciário, com ordens que forçaram empresas a entregar dados de usuários, alterar políticas de moderação de conteúdo e censurar discursos políticos.
Em entrevista publicada nesta quarta-feira pelo New York Times, o presidente Lula (PT) afirmou que tem tentado contato com Trump, mas "ninguém quer conversar" sobre o tarifaço.
A medida que oficializou o tarifaço foi assinada no mesmo dia em que o governo dos EUA sancionou o ministro Alexandre de Moraes com base na Lei Magnitsky, usada para punir autoridades estrangeiras por violações de direitos humanos.
Segundo o governo americano, todos os eventuais bens de Moraes nos EUA estão bloqueados, assim como empresas associadas a ele.
O ministro também está proibido de realizar transações com cidadãos e companhias americanas — como usar cartões de crédito de bandeira dos EUA, por exemplo.
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Tarifaço de Trump: veja a íntegra do decreto que impõe tarifa de 50% ao Brasil
Lula sobre Trump: “ninguém quer conversar”
A Casa Branca oficializou nesta quarta-feira (30) a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil. A medida, no entanto, prevê uma longa lista de exceções como suco de laranja, aeronaves civis, petróleo, veículos e peças, fertilizantes e produtos energéticos.
Segundo a Casa Branca, a medida entra em vigor no próximo dia 6 de agosto e foi adotada em resposta a ações do governo brasileiro que representariam uma “ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos EUA”. (veja a íntegra do comunicado abaixo)
O governo americano afirma que o Brasil adotou ações recentes que representam uma ameaça à segurança nacional, à economia e à política externa dos Estados Unidos. Por isso, decidiu aumentar em 40 pontos percentuais a tarifa que já existia, totalizando agora 50%.
De acordo com o texto da Casa Branca, o governo brasileiro estaria perseguindo politicamente o ex-presidente Jair Bolsonaro e milhares de seus apoiadores.
Também foi motivada por ações que “prejudicam empresas americanas, os direitos de liberdade de expressão de cidadãos americanos”, além de afetar a política externa e a economia do país. O documento cita diretamente o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, é citado no texto como responsável por “ameaçar, perseguir e intimidar milhares de seus opositores políticos, proteger aliados corruptos e suprimir dissidências, frequentemente em coordenação com outros membros do STF”.
A Casa Branca também cita o caso do blogueiro Paulo Figueiredo, residente nos EUA e alvo de processo criminal no Brasil por declarações feitas em território americano, como exemplo de violação à liberdade de expressão.
Veja o comunicado da Casa Branca na íntegra
ENFRENTANDO UMA EMERGÊNCIA NACIONAL: Hoje, o Presidente Donald J. Trump assinou uma Ordem Executiva implementando uma tarifa adicional de 40% sobre o Brasil, elevando o total da tarifa para 50%, para lidar com políticas, práticas e ações recentes do Governo do Brasil que constituem uma ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos.
A Ordem declara uma nova emergência nacional usando a autoridade do Presidente sob a Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional de 1977 (IEEPA) e estabelece uma tarifa adicional de 40% para enfrentar as políticas e ações incomuns e extraordinárias do Governo do Brasil que prejudicam empresas americanas, os direitos de liberdade de expressão de cidadãos americanos, a política externa dos EUA e a economia americana.
A Ordem conclui que a perseguição política, intimidação, assédio, censura e processos judiciais contra o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro e milhares de seus apoiadores constituem graves abusos de direitos humanos que minaram o Estado de Direito no Brasil.
USANDO INFLUÊNCIA PARA PROTEGER NOSSOS INTERESSES: O Presidente Trump reafirmou consistentemente seu compromisso de defender a segurança nacional, a política externa e a economia dos Estados Unidos contra ameaças estrangeiras, incluindo a proteção da liberdade de expressão, a defesa de empresas americanas contra coerção censória ilegal e a responsabilização de violadores de direitos humanos por seu comportamento fora da lei.
Recentemente, membros do Governo do Brasil tomaram ações sem precedentes para coagir de forma tirânica e arbitrária empresas americanas a censurar discurso político, remover usuários de plataformas, entregar dados sensíveis de usuários americanos ou alterar suas políticas de moderação de conteúdo sob pena de multas extraordinárias, processos criminais, congelamento de ativos ou exclusão total do mercado brasileiro. Isso compromete não apenas a viabilidade das operações comerciais de empresas americanas no Brasil, mas também a política dos Estados Unidos de promover eleições livres e justas e proteger direitos humanos fundamentais dentro e fora do país.
Por exemplo, desde 2019, o Ministro do Supremo Tribunal Federal do Brasil, Alexandre de Moraes, tem abusado de sua autoridade judicial para ameaçar, perseguir e intimidar milhares de seus opositores políticos, proteger aliados corruptos e suprimir dissidências, frequentemente em coordenação com outros membros do STF, em prejuízo de empresas americanas que operam no Brasil.
O Ministro Moraes emitiu unilateralmente centenas de ordens para censurar secretamente seus críticos políticos. Quando empresas americanas se recusaram a cumprir essas ordens, ele impôs multas substanciais, ordenou a exclusão dessas empresas do mercado de redes sociais no Brasil, ameaçou seus executivos com processos criminais e, em um caso, congelou os ativos de uma empresa americana no Brasil para forçar o cumprimento.
De fato, além de prender indivíduos sem julgamento por postagens em redes sociais, o Ministro Moraes está atualmente supervisionando o processo criminal do Governo do Brasil contra Paulo Figueiredo, residente nos EUA, por declarações feitas em solo americano, e apoiou investigações criminais contra outros cidadãos americanos após eles denunciarem suas graves violações de direitos humanos e corrupção.
O Presidente Trump está defendendo empresas americanas contra extorsão, protegendo cidadãos americanos contra perseguição política, salvaguardando a liberdade de expressão americana contra censura e protegendo a economia americana de ser sujeita a decretos arbitrários de um juiz estrangeiro tirânico.
COLOCANDO A AMÉRICA EM PRIMEIRO LUGAR: Ao impor essas tarifas para enfrentar as ações imprudentes do Governo do Brasil, o Presidente Trump está protegendo a segurança nacional, a política externa e a economia dos Estados Unidos contra uma ameaça estrangeira. Em linha com seu mandato eleitoral, o Presidente Trump também tomou outras medidas para alcançar a paz por meio da força e garantir que a política externa reflita os valores, a soberania e a segurança dos EUA.
No primeiro dia de mandato, o Presidente Trump assinou uma “Diretiva de Política América Primeiro” ao Secretário de Estado, declarando que a política externa dos Estados Unidos deve sempre priorizar os interesses da América e de seus cidadãos.
Em conformidade com essa diretiva, em 28 de maio de 2025, o Secretário Rubio anunciou uma política de restrição de vistos direcionada a estrangeiros responsáveis pela censura de expressão protegida nos Estados Unidos.
De acordo com essa política, em 18 de julho, o Presidente Trump ordenou ao Secretário Rubio que revogasse os vistos pertencentes ao Ministro Moraes, seus aliados no Tribunal e seus familiares imediatos por seu papel em permitir as violações de direitos humanos contra brasileiros e violações de liberdade de expressão contra americanos.
Preservar e proteger os direitos de liberdade de expressão de todos os americanos e defender empresas americanas contra censura forçada continuará sendo prioridade na estratégia de política externa América Primeiro do Presidente Trump.
O Presidente Trump já utilizou tarifas com sucesso no passado para promover os interesses da América e enfrentar outras ameaças urgentes à segurança nacional, e está fazendo isso novamente hoje.
Veja o comunicado da Casa Branca que formaliza a tarifa de 50% ao Brasil
Reprodução
O presidente americano Donald Trump
Evelyn Hockstein/Reuters
Haddad diz que negociações com EUA continuarão mesmo após início do tarifaço
Trump assina decreto que impõe tarifa de 50% ao Brasil, mas com várias exceções
Trump assina decreto e oficializa tarifaço de 50% contra o Brasil
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) um decreto que impõe uma tarifa adicional de 40% sobre produtos brasileiros, elevando o total para 50%. A medida, no entanto, prevê uma longa lista de exceções como suco de laranja, aeronaves civis, petróleo, veículos e peças, fertilizantes e produtos energéticos.
Segundo a Casa Branca, o decreto entra em vigor no próximo dia 6 de agosto e foi adotado em resposta a ações do governo brasileiro que representariam uma “ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos EUA”. (veja abaixo a íntegra do texto)
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O anúncio oficializa o percentual mencionado pelo republicano em carta enviada a Lula neste mês e afirma que a ordem executiva foi motivada por ações que “prejudicam empresas americanas e os direitos de liberdade de expressão de cidadãos americanos”, além de afetar a política externa e a economia do país.
A Casa Branca cita “perseguição política, intimidação, assédio, censura e processos judiciais” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores, classificando essas ações como “graves abusos de direitos humanos” e um enfraquecimento do Estado de Direito no Brasil.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, é citado no texto como responsável por “ameaçar, perseguir e intimidar milhares de seus opositores políticos, proteger aliados corruptos e suprimir dissidências, frequentemente em coordenação com outros membros do STF”.
“Quando empresas americanas se recusaram a cumprir essas ordens, ele impôs multas substanciais, ordenou a exclusão dessas empresas do mercado de redes sociais no Brasil, ameaçou seus executivos com processos criminais e, em um caso, congelou os ativos de uma empresa americana no Brasil para forçar o cumprimento”, diz o comunicado.
Além disso, a Casa Branca também cita o caso do blogueiro Paulo Figueiredo, residente nos EUA e alvo de processo criminal no Brasil por declarações feitas em território americano, como exemplo de violação à liberdade de expressão.
“O presidente Trump está defendendo empresas americanas contra extorsão, protegendo cidadãos americanos contra perseguição política, salvaguardando a liberdade de expressão americana contra censura e protegendo a economia americana de ser sujeita a decretos arbitrários de um juiz estrangeiro tirânico”, afirma a Casa Branca.
Além das tarifas, o comunicado justifica o bloqueio de vistos de ministros do Supremo Tribunal Federal, por serem considerados responsáveis por “censurar a liberdade de expressão protegida nos EUA”.
No dia 18, os EUA revogaram os vistos americanos dos ministros Alexandre de Moraes, Luis Roberto Barroso, Edson Fachin, Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Flavio Dino, Cármen Lúcia e Gilmar Mendes.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, também foi sancionado.
Ficaram fora da lista os ministros André Mendonça, Nunes Marques e Luiz Fux.
Segundo a Casa Branca, preservar e proteger os direitos de liberdade de expressão de todos os americanos e defender empresas americanas contra “censura forçada” continuará sendo prioridade na estratégia de política externa de Trump.
“O presidente Trump ordenou ao secretário Rubio que revogasse os vistos pertencentes ao ministro Moraes, seus aliados no Tribunal e seus familiares imediatos por seu papel em permitir as violações de direitos humanos contra brasileiros e violações de liberdade de expressão contra americanos”, diz o texto.
Longa lista de exceções
A lista de quase 700 produtos que não serão sobretaxados foi divulgada juntamente com o decreto oficial assinado por Trump e inclui suco de laranja, combustíveis, veículos, aeronaves civis e determinados tipos de metais e madeira. VEJA OS DESTAQUES AQUI.
Infográfico - Lista de isenções ao tarifaço de Trump
Arte/g1
Negociações travadas
Nas últimas semanas, o Brasil tentou avanços nas negociações com os EUA para evitar a tarifa de 50%. O vice-presidente, Geraldo Alckmin, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltaram a dizer que o governo segue tentando diálogo, mas já iniciou a elaboração de um plano de contingência.
Segundo o blog do Gerson Camarotti, interlocutores do governo afirmaram que Lula está disposto a telefonar para Trump para tratar do tema, caso haja abertura para o diálogo.
Na semana passada, o presidente criticou a falta de disposição de Trump para discutir a tarifa de 50%, afirmando que o republicano “não quer conversar”. Como mostrou o g1 no sábado, especialistas afirmam que os canais de comunicação entre Brasil e EUA, de fato, não são eficazes.
LULA IGNORADO? Entenda a dificuldade do governo para negociar tarifaço com os EUA
Montagem mostra Trump e Lula
Eduardo Munoz/Reuters; Ricardo Stuckert/Divulgação via Reuters
Veja o comunicado da Casa Branca na íntegra
ENFRENTANDO UMA EMERGÊNCIA NACIONAL: Hoje, o Presidente Donald J. Trump assinou uma Ordem Executiva implementando uma tarifa adicional de 40% sobre o Brasil, elevando o total da tarifa para 50%, para lidar com políticas, práticas e ações recentes do Governo do Brasil que constituem uma ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos.
A Ordem declara uma nova emergência nacional usando a autoridade do Presidente sob a Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional de 1977 (IEEPA) e estabelece uma tarifa adicional de 40% para enfrentar as políticas e ações incomuns e extraordinárias do Governo do Brasil que prejudicam empresas americanas, os direitos de liberdade de expressão de cidadãos americanos, a política externa dos EUA e a economia americana.
A Ordem conclui que a perseguição política, intimidação, assédio, censura e processos judiciais contra o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro e milhares de seus apoiadores constituem graves abusos de direitos humanos que minaram o Estado de Direito no Brasil.
USANDO INFLUÊNCIA PARA PROTEGER NOSSOS INTERESSES: O Presidente Trump reafirmou consistentemente seu compromisso de defender a segurança nacional, a política externa e a economia dos Estados Unidos contra ameaças estrangeiras, incluindo a proteção da liberdade de expressão, a defesa de empresas americanas contra coerção censória ilegal e a responsabilização de violadores de direitos humanos por seu comportamento fora da lei.
Recentemente, membros do Governo do Brasil tomaram ações sem precedentes para coagir de forma tirânica e arbitrária empresas americanas a censurar discurso político, remover usuários de plataformas, entregar dados sensíveis de usuários americanos ou alterar suas políticas de moderação de conteúdo sob pena de multas extraordinárias, processos criminais, congelamento de ativos ou exclusão total do mercado brasileiro. Isso compromete não apenas a viabilidade das operações comerciais de empresas americanas no Brasil, mas também a política dos Estados Unidos de promover eleições livres e justas e proteger direitos humanos fundamentais dentro e fora do país.
Por exemplo, desde 2019, o Ministro do Supremo Tribunal Federal do Brasil, Alexandre de Moraes, tem abusado de sua autoridade judicial para ameaçar, perseguir e intimidar milhares de seus opositores políticos, proteger aliados corruptos e suprimir dissidências, frequentemente em coordenação com outros membros do STF, em prejuízo de empresas americanas que operam no Brasil.
-- O Ministro Moraes emitiu unilateralmente centenas de ordens para censurar secretamente seus críticos políticos. Quando empresas americanas se recusaram a cumprir essas ordens, ele impôs multas substanciais, ordenou a exclusão dessas empresas do mercado de redes sociais no Brasil, ameaçou seus executivos com processos criminais e, em um caso, congelou os ativos de uma empresa americana no Brasil para forçar o cumprimento.
-- De fato, além de prender indivíduos sem julgamento por postagens em redes sociais, o Ministro Moraes está atualmente supervisionando o processo criminal do Governo do Brasil contra Paulo Figueiredo, residente nos EUA, por declarações feitas em solo americano, e apoiou investigações criminais contra outros cidadãos americanos após eles denunciarem suas graves violações de direitos humanos e corrupção.
O Presidente Trump está defendendo empresas americanas contra extorsão, protegendo cidadãos americanos contra perseguição política, salvaguardando a liberdade de expressão americana contra censura e protegendo a economia americana de ser sujeita a decretos arbitrários de um juiz estrangeiro tirânico.
COLOCANDO A AMÉRICA EM PRIMEIRO LUGAR: Ao impor essas tarifas para enfrentar as ações imprudentes do Governo do Brasil, o Presidente Trump está protegendo a segurança nacional, a política externa e a economia dos Estados Unidos contra uma ameaça estrangeira. Em linha com seu mandato eleitoral, o Presidente Trump também tomou outras medidas para alcançar a paz por meio da força e garantir que a política externa reflita os valores, a soberania e a segurança dos EUA.
No primeiro dia de mandato, o Presidente Trump assinou uma “Diretiva de Política América Primeiro” ao Secretário de Estado, declarando que a política externa dos Estados Unidos deve sempre priorizar os interesses da América e de seus cidadãos.
Em conformidade com essa diretiva, em 28 de maio de 2025, o Secretário Rubio anunciou uma política de restrição de vistos direcionada a estrangeiros responsáveis pela censura de expressão protegida nos Estados Unidos.
De acordo com essa política, em 18 de julho, o Presidente Trump ordenou ao Secretário Rubio que revogasse os vistos pertencentes ao Ministro Moraes, seus aliados no Tribunal e seus familiares imediatos por seu papel em permitir as violações de direitos humanos contra brasileiros e violações de liberdade de expressão contra americanos.
Preservar e proteger os direitos de liberdade de expressão de todos os americanos e defender empresas americanas contra censura forçada continuará sendo prioridade na estratégia de política externa América Primeiro do Presidente Trump.
O Presidente Trump já utilizou tarifas com sucesso no passado para promover os interesses da América e enfrentar outras ameaças urgentes à segurança nacional, e está fazendo isso novamente hoje.
Veja o comunicado da Casa Branca que formaliza a tarifa de 50% ao Brasil
Reprodução
Fed mantém juros dos EUA na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano, pela quinta reunião seguida
Mercado se assusta com críticas de Trump a Powell
O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, decidiu manter inalteradas as taxas de juros do país pela quinta reunião consecutiva. Com isso, os juros permanecem na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano.
A decisão desta quarta-feira (30) veio dentro das expectativas do mercado financeiro, mas está na contramão dos apelos do presidente dos EUA, Donald Trump, que há meses pressiona por cortes nas taxas básicas. (entenda abaixo)
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Em comunicado, o Fed reiterou as incertezas em torno dos possíveis impactos do tarifaço, repetindo argumentos apresentados nas decisões de junho e maio, mas reconhecendo avanços nos indicadores econômicos mais recentes.
"Indicadores recentes sugerem que o crescimento da atividade econômica se moderou na primeira metade do ano. A taxa de desemprego continua baixa, e as condições do mercado de trabalho permanecem sólidas. A inflação segue um pouco elevada", diz o comunicado desta quarta-feira.
O banco central dos EUA afirmou ainda que continuará monitorando os efeitos das informações econômicas recebidas para embasar suas próximas decisões, e reiterou que a incerteza em relação às perspectivas econômicas permanece elevada — o que inclui o tarifaço de Donald Trump.
"As avaliações do Comitê levarão em conta uma ampla gama de informações, incluindo dados sobre as condições do mercado de trabalho, pressões inflacionárias e expectativas de inflação, além de desenvolvimentos financeiros e internacionais."
As decisões sobre os juros nos EUA têm reflexos no Brasil. Quando as taxas americanas permanecem elevadas, aumenta a pressão para que a taxa básica de juros brasileira (Selic) também se mantenha alta por mais tempo. Além disso, há efeitos sobre o câmbio.
Trump aumenta pressão por novos cortes de juros
Desde que assumiu a presidência dos EUA em janeiro, Trump tem ampliado sua ofensiva tarifária contra os principais parceiros comerciais do país. A política adotada reforça o caráter protecionista de sua agenda, voltada a favorecer e priorizar a economia americana.
Na visão de Trump, as tarifas devem ajudar a reduzir o déficit comercial dos EUA — ou seja, aumentar as exportações em relação às importações —, impulsionando a indústria e o setor produtivo do país.
Na prática, porém, o modelo gera dúvidas entre especialistas, que enxergam o tarifaço como um possível fator de pressão na inflação americana.
A medida já levou empresas americanas a indicarem novos aumentos de preços para compensar os custos adicionais com as tarifas. Esse impacto deve recair diretamente sobre os consumidores — uma das principais preocupações do Fed, especialmente diante dos sinais de força da economia dos EUA.
Mais cedo, o Departamento de Comércio dos EUA divulgou que o crescimento econômico no segundo trimestre foi de 3%, acima das expectativas para o período. Trump comemorou o resultado do PIB e voltou a pressionar o Fed por uma redução nas taxas de juros.
"O PIB do 2º trimestre acabou de ser divulgado: 3%, muito melhor do que o esperado! 'Tarde Demais' [Jerome Powell], é preciso reduzir a taxa. Sem Inflação! Deixe as pessoas comprarem e refinanciarem suas casas!", escreveu o republicano em suas redes sociais.
No entanto, o crescimento foi influenciado pelas importações, já que muitas empresas anteciparam compras para evitar os efeitos das tarifas, aumentando seus estoques. Segundo especialistas, esse movimento pode distorcer os dados do Produto Interno Bruto (PIB).
Durante a tarde, em coletiva na Casa Branca, Trump voltou a criticar o Fed: "Estamos mantendo as taxas altas, e isso está impedindo as pessoas de comprarem casas. Tudo por causa do Fed."
Reflexos no Brasil — e nos mercados
Na prática, juros elevados nos EUA aumentam o rendimento das Treasuries, os títulos públicos norte-americanos.
Como são considerados os produtos de investimento mais seguros do mundo, as Treasuries com rentabilidades mais altas atraem investidores estrangeiros, que redirecionam seus recursos para os EUA e dão força para o dólar.
Em outra perspectiva: o movimento tende a reduzir o volume de investimentos estrangeiros no Brasil, desvalorizando o real em relação à moeda norte-americana.
Além disso, dólar elevado aumenta a pressão sobre a inflação por aqui, e pode ter reflexos no ciclo de juros do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central do Brasil.
Prédio do Federal Reserve dos EUA em Washington, EUA (maio/2020)
Kevin Lamarque / Reuters
Contas do governo têm déficit de R$ 44,3 bilhões em junho, com piora frente ao ano passado
As contas do governo registraram um déficit primário de R$ 44,3 bilhões em junho, informou Tesouro Nacional nesta quarta-feira (30).
🔎 O déficit primário ocorre quando as receitas com tributos e impostos ficam abaixo as despesas do governo. Se as receitas excedem as despesas, o resultado é um superávit primário. Esses valores não englobam os juros da dívida pública.
O resultado representa uma piora em comparação com junho do ano passado, quando foi registrado um déficit de R$ 40,8 bilhões (corrigido pela inflação).
Relatório do Senado aponta agravamento das contas públicas do governo federal
📈 Os números mostram que a receita líquida (após transferências aos estados e municípios), mesmo com recorde para o mês com a ajuda do aumento do IOF, recuou 0,1% em termos reais em junho, atingindo R$ 169 bilhões.
📈 Ao mesmo tempo, também foi registrado aumento de gastos no mês passado, na comparação com o mesmo período de 2024. As despesas totais somaram R$ 213,3 bilhões em junho, com uma alta real de 1,6%.
Ministério da Fazenda
Adriano Machado/Reuters
Primeiro semestre
No acumulado dos seis primeiros meses deste ano, as contas do governo registraram um déficit de R$ 11,46 bilhões, segundo dados oficiais.
Comparado ao mesmo período do ano passado, quando foi registrado um déficit de R$ 67,37 bilhões, houve uma melhora nas contas.
Esse também foi o maior saldo positivo para o primeiro semestre desde 2022, quando foi contabilizado um superávit de R$ 64,8 bilhões.
A melhora no resultado das contas do governo no primeiro semestre também está relacionada à redução no pagamento de precatórios (sentenças judiciais), que ficou R$ 31,4 bilhões menor.
Em 2024, os valores de precatórios se concentraram em fevereiro. Neste ano, ainda não houve concentração desses pagamentos.
O Tesouro Nacional informou que a melhora nas contas do governo refletia a "diferença no cronograma de pagamentos dos precatórios entre os exercícios de 2024 e 2025".
📈 Nos seis primeiros meses deste ano, houve um aumento real de 2,8% na receita líquida, após as transferências constitucionais a estados e municípios, totalizando R$ 1,13 trilhão.
📈 Ao mesmo tempo, as despesas totais do governo somaram R$ 1,14 trilhão de janeiro a junho deste ano, com uma queda real de 2,4% no período.
Meta fiscal
🔎 Para este ano, a meta é zerar o déficit das contas, que totalizou R$ 43 bilhões em 2024.
Pelas regras do arcabouço fiscal, o governo pode ter um déficit de até 0,25% do PIB sem que o objetivo seja formalmente descumprido, o equivalente a cerca de R$ 31 bilhões.
Para fins de cumprimento da meta fiscal, também são excluídos outros R$ 44,1 bilhões em precatórios, ou seja, decisões judiciais.
VÍDEO: Geely EX5 é bonito e refinado, mas o melhor é que não tem preço de elétrico; veja teste
Conheça o Geely EX5, o SUV 100% elétrico que chegou ao Brasil
A Geely anunciou, em meados de julho, a chegada do EX5, seu primeiro carro totalmente elétrico no Brasil. Trata-se de um SUV com dimensões generosas — 4,6 metros de comprimento e 1,9 metro de largura — que, apesar do porte, chega com preço semelhante ao de modelos menores a combustão.
O EX5 chega ao Brasil em duas versões: Pro (R$ 205,8 mil) e Max (R$ 225,8 mil). O Honda HR-V, por exemplo, sai por R$ 209,9 mil na versão topo de linha, sendo ela menos equipada e com motor mais fraco que o EX5 na configuração de entrada.
No segmento de veículos 100% elétricos, o principal concorrente do EX5 é o BYD Yuan Plus (R$ 235,8 mil). O rival custa R$ 10 mil a mais, oferecendo potência, dimensões e autonomia inferiores. (veja as fichas técnicas abaixo)
O g1 passou um dia com o Geely EX5 em um trajeto de aproximadamente 200 quilômetros entre São Paulo e Indaiatuba (SP), incluindo uma visita ao autódromo Capuava, para avaliar se o SUV elétrico é melhor ou pior até que concorrentes a combustão de marcas mais famosas.
Veja as primeiras impressões abaixo.
Geely EX5 por fora
Design de chinês
Por fora, é evidente que o Geely EX5 lembra diversos modelos chineses, especialmente o Neta X. A ausência de grade frontal, o formato das curvas, as linhas laterais, o estilo da iluminação diurna, a posição dos faróis e até o desenho das rodas são bastante parecidos.
O EX5 adota um visual minimalista e até o nome do modelo aparece discretamente, em um tom de cinza sobre a carroceria também cinza, quase se camuflando.
Se o exterior não impressiona, o interior traz aposta forte em requinte e conforto. Os bancos seguem a mesma paleta de cores e até a textura dos acabamentos das portas.
Já o console central chama atenção por ser alto e amplo, quase como uma prateleira que separa os assentos dianteiros. Ele se estende em declive suave a partir da central multimídia de 15,4 polegadas, até o apoio de braço.
Geely EX5 por dentro
À primeira vista, o console elevado pode parecer um desperdício de espaço, mas, na prática, ele facilita o acesso aos compartimentos próximos, como o carregador de celular por indução e até a alguns atalhos rápidos para o controle da ventilação.
Ter tudo “à mão” transmite uma boa sensação de praticidade, e a presença de botões físicos é um alívio em um mercado cada vez mais dependente da central multimídia. Um único detalhe causou confusão nos primeiros minutos do teste: os controles dos vidros são invertidos — para subir, é preciso empurrar o comando para baixo; para descer, puxá-lo para cima.
Outro destaque positivo da cabine é a projeção das informações no para-brisa, conhecida como HUD (Head-Up Display). Nela, o motorista encontra praticamente tudo o que precisa: velocidade, limite da via, instruções de navegação do GPS e até os ajustes do piloto automático adaptativo.
Durante todo o teste, não houve necessidade de consultar o painel de instrumentos de 10,2 polegadas. Diferentemente do que ocorre no Volvo EX30 — que eliminou o painel sem oferecer uma alternativa próxima da linha de visão —, no EX5 a tela do motorista poderia ser retirada sem prejuízo à experiência de condução.
Em termos de conforto, os bancos dianteiros oferecem massagem, ventilação e aquecimento. Mas um detalhe curioso chama atenção: uma gaveta sob o assento dos passageiros da segunda fileira. Ela permite guardar objetos que se deseja manter fora de vista e suporta até 3,5 quilos de carga.
Geely EX5 esconde gaveta sob os bancos traseiros
divulgação/Geely
É completo e falador
Ambas as versões compartilham a mesma bateria, motor e a maioria dos equipamentos, diferenciando-se principalmente pelo teto solar e pelos sistemas de assistência ao motorista, conhecidos como ADAS.
Há diversos recursos de assistência, como piloto automático adaptativo, assistente de permanência na faixa, leitor de placas de trânsito com reconhecimento de limites de velocidade, alerta de tráfego cruzado traseiro, aviso de abertura de portas com risco de colisão e detector de ponto cego.
Alguns desses sistemas são excessivamente barulhentos e repetitivos. O primeiro incômodo surgiu com o leitor de placas, que não consegue interpretar corretamente quando há dois limites de velocidade exibidos.
Isso ocorre quando há limites distintos para veículos leves e pesados, por exemplo. Na Rodovia dos Bandeirantes, onde carros podem trafegar a até 120 km/h e caminhões a 90 km/h, o EX5 insistia que o limite era apenas 90 km/h.
Não contente em discordar da placa de trânsito, o sistema emitia alertas sonoros frequentes sempre que o carro ultrapassava os 90 km/h — mesmo com o piloto automático ativado.
Outro alerta sonoro recorrente surgia sempre que o carro tocava as linhas da pista — mesmo durante mudanças de faixa intencionais.
Geely EX5
divulgação/Geely
Geely EX5 parece flutuar — e isso nem sempre é bom
Se nos alertas o Geely EX5 é exagerado e barulhento, no asfalto a suspensão surpreende ao absorver bem buracos e irregularidades. Na cidade, a sensação é de estar em um barco navegando por águas calmas.
Em termos de conforto, este foi um dos carros mais “macios” testados pelo g1. No entanto, essa suavidade parece um pouco excessiva. O excesso de conforto se torna um problema em curvas mais fechadas ou em acelerações mais fortes, quando a carroceria balança demais.
Esse tipo de comportamento transmite a sensação de que o EX5 poderia tombar com certa facilidade.
O centro de gravidade mais baixo — resultado dos quilos extras da bateria de 60,2 kWh instalada no assoalho — ajuda a manter o controle do veículo. Ainda assim, uma suspensão menos macia faria diferença na estabilidade.
A BYD, também chinesa, chegou ao Brasil com uma proposta semelhante de suspensão macia, mas rapidamente ajustou esse aspecto nos modelos lançados após o compacto Dolphin, o que melhorou a dirigibilidade.
No motor, os 218 cv de potência e mais de 30 kgfm de torque entregam o desempenho esperado. As acelerações são firmes, mesmo no modo de economia de energia, garantindo ultrapassagens seguras em qualquer situação.
A direção elétrica funciona bem, sendo bastante leve em baixas velocidades na cidade e mais firme em rodovias, acompanhando o comportamento mais arisco do velocímetro.
Com quem o EX5 concorre
No Brasil, há poucos SUVs totalmente elétricos com o porte do Geely EX5 e faixa de preço semelhante. Ainda assim, ele concorre diretamente com:
BYD Yuan Plus: custa R$ 10 mil a mais que o EX5 na versão topo de linha, tem motor 14 cv menos potente, acabamento com menos materiais macios, menos itens de série e autonomia de 294 km por carga — contra 413 km do Geely EX5.
Renault Megane E-tech: é R$ 54.190 mais caro que o EX5 topo de linha, 41 centímetros mais curto, com porta-malas 21 litros menor. Também oferece menos recursos de tecnologia e conforto, tem autonomia de 337 km por carga, embora o motor seja 2 cv mais potente.
Considerando o preço da versão de entrada do Geely EX5, de R$ 205,8 mil, é possível até compará-lo com modelos a combustão, como o Nissan Kicks (R$ 200 mil) e o Honda HR-V (R$ 209,9 mil) em suas versões mais completas.
Em ambos os casos, os concorrentes a combustão são menores, têm acabamento mais simples, menos recursos tecnológicos e desempenho inferior. O Honda HR-V entrega 177 cv, o Nissan Kicks apenas 125 cv — abaixo dos 218 cv do Geely EX5.
Geely EX5 2026
divulgação/Geely
Após determinação de Lula, Senacon notifica 11 distribuidoras de gás por não repassarem queda de preço a consumidores
A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), ligada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, notificou nesta segunda-feira (29) 11 distribuidoras de gás canalizado e gás veicular por suspeita de não repassarem quedas de preços aos consumidores.
A medida foi tomada após uma determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que vem repetindo publicamente sua preocupação com preços nesse segmento.
As empresas notificadas têm 48 horas para apresentar explicações sobre a composição de preços, custos logísticos e eventuais medidas adotadas para mitigar impactos aos consumidores. Elas também devem apresentar documentações e planilhas.
Petrobrás anuncia redução no valor do gás natural para distribuidoras
A medida foi tomada após a Petrobras anunciar, para 1º de agosto, uma redução de 14% no preço da molécula de gás fornecida às distribuidoras. Segundo a Senacon, essa é a primeira notificação voltada a distribuidoras enquadradas nessas modalidades.
Ainda de acordo com a Secretaria, foi feita uma declaração prévia pelas empresas dos percentuais de repasse ao preço final, mas as margens que não passavam de 4%.
As empresas notificadas foram:
Companhia de Gás de São Paulo
Companhia Distribuidora de Gás do Rio de Janeiro
Companhia de Gás de Santa Catarina
Companhia Paraense de Gás
Companhia de Gás do Estado de Mato Grosso do Sul
Gas Brasiliano Distribuidora S.A.
Sinergas GNV do Brasil Ltda.
Eco Comercializadora de GNV S.A.
GNV Anel Ltda.
Gás Natural Açu S.A.
Golar Power Brasil Participações S.A.
Cilindros de GNV
Reprodução EPTV
Além do tarifaço, Brasil pode sofrer sanções dos EUA por comércio com a Rússia, dizem senadores que viajaram a Washington
Há outra crise pior que pode nos atingir em 90 dias, dizem senadores
Senadores brasileiros que estiveram em Washington para abrir um canal de diálogo com o Congresso e o setor privado dos EUA afirmaram nesta quarta-feira (30) que a relação comercial do Brasil com a Rússia pode gerar uma nova tensão com os norte-americanos.
"Há outra crise pior que pode nos atingir em 90 dias", afirmou o senador Carlos Viana (Podemos-MG) a jornalistas.
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"Tanto republicanos quanto democratas foram firmes em dizer que vão aprovar uma lei que vai criar sanções automáticas para todos os países que fazem negócios com a Rússia", completou.
A comitiva destacou que esse será um dos temas levados ao governo brasileiro, reforçando que, na visão dos parlamentares norte-americanos, países que mantêm negócios com Putin contribuem para a intensificação do conflito entre Moscou e Kiev.
"Eles estão preocupados em acabar com a guerra [com a Ucrânia], e eles acham que quem compra da Rússia dá munição para a guerra continuar", afirmou a senadora Tereza Cristina (PP-MS).
A importação de combustíveis russos por diversos países tem sido um tema sensível entre republicanos e democratas nos EUA. No caso do Brasil, os principais produtos importados da Rússia são combustíveis e fertilizantes.
Mais cedo nesta quarta-feira (30), o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou uma “multa” à Índia como penalidade pelas negociações do país com a Rússia envolvendo equipamentos militares e energia.
"Embora a Índia seja nossa amiga, ao longo dos anos fizemos relativamente poucos negócios com eles porque suas tarifas são altíssimas, entre as mais altas do mundo, e eles têm barreiras comerciais não monetárias mais rigorosas e incômodas do que qualquer país", afirmou o republicano em uma publicação no Truth Social.
Trump acrescentou que a Índia, assim como a China, sempre comprou a maior parte de seus equipamentos militares e de energia da Rússia, mesmo em um momento em que o mundo pressiona Moscou para que “pare com a matança na Ucrânia”.
"Tudo isso não é bom! A Índia, portanto, pagará uma tarifa de 25% mais uma multa pelo citado acima, começando a partir de 1º de agosto", completou o republicano.
Tarifaço: senadores brasileiros falam com a imprensa durante visita aos EUA
Reprodução/GloboNews
'Conseguimos abrir canal de conversa', dizem senadores
Um dos principais objetivos da comitiva era estabelecer um canal de comunicação com parlamentares norte-americanos e com empresas que podem ser impactadas pelo tarifaço de Trump.
De acordo com os senadores, apesar da dificuldade em dialogar com parlamentares republicanos — apenas um respondeu ao convite —, a comitiva conseguiu cumprir o esperado.
"Conversamos com um número razoável de parlamentares, conversamos com diversas companhias e tivemos o apoio completo desses empresários porque eles também têm prejuízo com essa situação", afirmou o senador Marcos Pontes (PL-SP).
Mesmo com a proximidade do dia 1º de agosto — data em que entram em vigor as tarifas de 50% sobre produtos brasileiros impostas por Trump —, o Brasil ainda não obteve avanços significativos nas negociações com os EUA.
Para o senador Carlos Viana, o “gesto de boa vontade” da comitiva em buscar diálogo com os EUA foi bem recebido e abriu a possibilidade de isenção para alguns setores que não possuem produção local em território americano.
"Nós ouvimos ontem dos senadores americanos que taxar o Brasil nesses setores de café, grãos e outras áreas que eles têm dependência seria um gol contra para os EUA", disse o senador a jornalistas.
"Mas uma coisa que os empresários colocaram com clareza é que o Brasil precisa trazer à mesa de negociação muito mais do que apenas um pedido de não-tarifas, mas precisa trazer novamente um diálogo de parceria com os EUA, que está suspenso há pelo menos três anos", completou.
Os senadores também destacaram a importância da participação do presidente Lula (PT) nas negociações e defenderam que o diálogo continue mesmo após o início da vigência das tarifas, em 1º de agosto.
Nesta quarta-feira (30), em entrevista ao jornal “The New York Times”, o presidente Lula (PT) afirmou que tentou estabelecer diálogo com a Casa Branca, mas “ninguém quer conversar”.
"O que está nos impedindo é que ninguém quer conversar. Eu pedi para fazer contato", afirmou Lula.
"Eu designei meu vice-presidente, meu ministro da Agricultura, meu ministro da Economia, para que todos conversem com seus equivalentes nos EUA para entender qual é a possibilidade de conversa. Até agora, não foi possível".
O petista também reiterou que não pretende conduzir as negociações sobre o tarifaço como uma disputa entre um “país pequeno contra um país grande”.
"Nas negociações políticas entre dois países, a vontade de nenhum deve prevalecer. Nós sempre precisamos encontrar um meio-termo. Isso não é alcançado 'estufando o peito' e gritando coisas que você não pode entregar, nem abaixando a cabeça e simplesmente dizendo 'amém' a qualquer coisa que os Estados Unidos quiser", prosseguiu.
Senadores brasileiros se encontram com parlamentares americanos em Washington na tentativa de adiar o prazo do tarifaço
Rússia desdenha de ameaças de Trump para endurecer sanções: 'Desenvolvemos imunidade'
Trump e Putin
Reuters
O Kremlin afirmou nesta quarta-feira (30) que a Rússia "desenvolveu imunidade" a sanções econômicas, um desdém às ameaças feitas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar "tarifas severas" de 100% ao país caso a guerra na Ucrânia não acabe até 8 de agosto.
“Vivemos sob uma enorme quantidade de sanções há bastante tempo. Nossa economia funciona sob um grande número de restrições. Por isso, é claro que já desenvolvemos uma certa imunidade em relação a isso”, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
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Segundo Peskov, essa "imunidade" viria a partir de uma "longa experiência" que a Rússia adquiriu ao longo dos anos para lidar com sanções econômicas do Ocidente, que se intensificaram amplamente após tropas russas invadirem a Ucrânia em fevereiro de 2022.
Na terça-feira, Trump afirmou que a Rússia teria apenas 10 dias para encerrar a guerra na Ucrânia, senão os EUA começariam a impor tarifas de 100% sobre a Rússia e sanções econômicas sobre seus parceiros comerciais. A fala oficializou a redução do prazo anteriormente dado pelo líder americano ao governo russo, de 50 dias, por conta de uma "decepção" de Trump com o presidente Vladimir Putin. (Leia mais abaixo)
Peskov afirmou que a Rússia continua acompanhando todas as declarações de Trump sobre o tema. Já a porta-voz do Ministério russo das Relações Exteriores, Maria Zakharova, classificou a ameaça de Trump como “rotineira” e disse que o Ocidente ainda não entendeu que sanções econômicas não funcionam contra o país.
“Vemos que o Ocidente simplesmente não consegue abandonar a questão das sanções. Parece que estão presos nesse ciclo. (...) Aparentemente, não restam outras opções — elas se esgotaram. Estamos respondendo e tomando medidas para neutralizar tudo isso ou até mesmo transformar em vantagem para nós”, disse Zakharova em entrevista coletiva em Moscou.
Desde o início da guerra, em março de 2022, os EUA impuseram uma série de sanções econômicas à Rússia, o que dificultou o comércio entre os dois países. Por causa disso, segundo a Casa Branca, os russos não foram incluídos no tarifaço anunciado por Trump em abril.
Apesar das restrições, os dois países ainda mantêm relações comerciais. Em 2024, o comércio bilateral somou US$ 3,5 bilhões, com a compra e venda de produtos como fertilizantes, metais e até combustível nuclear, segundo dados do Escritório do Representante Comercial dos EUA.
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deu um prazo de 10 dias para a Rússia encerrar a guerra na Ucrânia. Caso contrário, ele afirmou que vai aplicar “tarifas severas” de 100%.
“Estou dando 10 dias para o [presidente Vladimir] Putin a partir de hoje”, disse Trump nesta terça-feira (29), durante visita à Escócia. O prazo termina em 8 de agosto. Segundo ele, o próximo passo será impor as tarifas.
Há duas semanas, Trump já havia ameaçado aplicar tarifas de 100% à Rússia e parceiros comerciais caso um cessar-fogo não fosse firmado em até 50 dias. À época, a um assessor de Putin classificou a medida como “ultimato teatral”.
Na segunda-feira (28), Trump demonstrou impaciência com a Rússia. Ao lado do primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, antes de uma reunião na Escócia, ele afirmou que estava decepcionado com Putin.
"Vou reduzir aqueles 50 dias que dei de prazo para um número menor, porque acho que já sei qual vai ser a resposta do que vai acontecer”, disse o presidente americano.
Quando questionado sobre a possibilidade de um encontro com o líder russo para discutir o fim do conflito, Trump respondeu: “Não estou mais tão interessado em conversar com Putin”.
Com as declarações desta terça-feira, Trump reforça a percepção de que Putin tenta “enrolar” e finge negociar um cessar-fogo. Esta também é uma tentativa de pressionar a Rússia. A Ucrânia elogiou a decisão de reduzir o prazo.
Enquanto isso, analistas internacionais afirmam que tarifas dos EUA contra a Rússia podem abalar o mercado global de petróleo. Perguntado sobre esse risco, Trump disse que não está preocupado.
O Kremlin afirmou que não descarta uma reunião entre Putin e Trump em setembro, na China, durante as comemorações dos 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial. A ida de Trump ao país ainda não está confirmada.
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AP Photo/Julia Demaree Nikhinson
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quarta-feira (30) que vai aplicar uma multa e taxar a Índia em 25%. A multa viria como uma forma de penalidade ao país por comprar energia e equipamentos militares da Rússia. O republicano não deu mais detalhes sobre de quanto seria a multa aplicada.
"Embora a Índia seja nossa amiga, ao longo dos anos fizemos relativamente poucos negócios com eles porque suas tarifas são altíssimas, entre as mais altas do mundo, e eles têm barreiras comerciais não monetárias mais rigorosas e incômodas do que qualquer país", afirmou o republicano em uma publicação no Truth Social.
Trump afirmou, ainda, que a Índia também sempre comprou a grande maioria de seus equipamentos militares e de energia da Rússia, juntamente com a China, reiterando que o comércio entre os dois países acontece mesmo em um momento em que o mundo quer que Moscou "pare com a matança na Ucrânia".
"Tudo isso não é bom! A Índia, portanto, pagará uma tarifa de 25% mais uma multa pelo citado acima, começando a partir de 1º de agosto", completou o republicano.
Pouco tempo depois da primeira publicação, Trump ainda destacou em suas redes que os EUA têm um déficit comercial — ou seja, compra mais do que vende para o país — "enorme" com a Índia.
Em entrevista a jornalistas, o assessor econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, afirmou que o republicano estava frustrado com o progresso das conversas comerciais com a Índia e que acredita que a tarifa ajudará a destravar as negociações.
Ainda segundo Hassett, há expectativa de que a Índia também abra seus mercados a produtos norte-americanos.
Ainda nesta quarta-feira, Trump também reforçou que o prazo de 1º de agosto, quando passarão a valer as tarifas já anunciadas pelo republicano, está mantido e "não será estendido".
"Primeiro de agosto é um grande dia para a América", disse.
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Brasil também está na mira
Às vésperas do fim do prazo, muitos países ainda não conseguiram negociar taxas menores com os Estados Unidos — e o Brasil está entre eles. O republicano estabeleceu uma taxa de 50% para o Brasil — taxa que é mais que o dobro da cobrada dos demais países.
Em entrevista ao "The New York Times", o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que pediu diálogo com Trump, mas que "ninguém quer conversar".
"O que está nos impedindo é que ninguém quer conversar. Eu pedi para fazer contato", afirmou Lula. "Eu designei meu vice-presidente, meu ministro da Agricultura, meu ministro da Economia, para que todos conversem com seus equivalentes nos EUA para entender qual é a possibilidade de conversa. Até agora, não foi possível".
O governo brasileiro já fez várias tentativas de conversa com os norte-americanos nas últimas semanas, mas sem sucesso. Uma comitiva de senadores do Brasil chegou a ir a Washington para tentar abrir o caminho para uma tratativa, mas o retorno que deram a Lula foi que, nos bastidores, o entendimento é que Trump barrou qualquer negociação com o país.
Segundo assessores presidenciais, Trump indicou que pretende realmente “punir” o Brasil, porque no campo econômico não há motivo para o país ser tarifado com a alíquota mais alta.
Neste momento, como informou o blog do Valdo Cruz, as conversas do governo que acontecem com os interlocutores norte-americanos estão no sentido de pelo menos adiar todo o tarifaço. Apenas em uma segunda etapa, se as tarifas forem adotadas, o governo vai tentar excluir alimentos e a Embraer do aumento das taxas.
Nesta quarta-feira (30), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que as negociações evoluíram, mas destacou que as conversas do governo brasileiro com os EUA devem continuar mesmo depois de 1º de agosto.
"As conversas estão evoluindo e, na minha opinião, vão continuar evoluindo. Independentemente da decisão que for tomada dia 1º, ela não vai significar o fim, o término. É o começo de uma conversa", declarou Haddad a jornalistas.
Dólar ameniza alta e fecha aos R$ 5,59, com exceções ao tarifaço e Superquarta; Ibovespa sobe
EUA anunciam exceções para tarifaço de 50%
O dólar fechou em alta de 0,38% nesta quarta-feira (30), cotado a R$ 5,5900. Na máxima do dia, chegou a R$ 5,6297, mas reduziu a alta após o anúncio de uma longa lista de exceções às tarifas de 50% impostas ao Brasil pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Também animado com a notícia, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, fechou em alta de 0,95%, aos 133.990 pontos. A Embraer, uma das empresas nacionais que mais seria impactada pelas tarifas, subiu 11% após a confirmação da isenção ao setor de aviação.
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▶️ Trump assinou nesta quarta um decreto que confirma a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Segundo a Casa Branca, o decreto entra em vigor no próximo dia 6 de agosto e foi adotado em resposta a uma “ameaça incomum e extraordinária” representada pelo Brasil aos EUA.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), é citado no documento como responsável por “ameaçar, perseguir e intimidar milhares de seus opositores políticos, proteger aliados corruptos e suprimir dissidências, frequentemente em coordenação com outros membros do STF”.
▶️ A lista de produtos que não serão sobretaxados foi divulgada junto com o decreto oficial. São mais de 700 itens, abrangendo setores estratégicos como suco de laranja, combustíveis, veículos, aeronaves civis e determinados tipos de metais e madeira.
▶️ Formalmente, as negociações entre Brasil e EUA continuam sem avanços. O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, celebrou as exceções, mas alertou que isso não significa que os impactos sobre a economia brasileira serão pequenos.
▶️ Enquanto isso, investidores também voltam suas atenções para a Superquarta — dia em que os bancos centrais do Brasil e dos EUA anunciam suas decisões sobre as taxas de juros.
O Federal Reserve (Fed) manteve as taxas de juros dos EUA inalteradas pela quinta reunião consecutiva. Com isso, os juros seguem na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano.
Já o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil divulgará o resultado de sua reunião após o fechamento dos mercados. A expectativa é de que o colegiado interrompa o ciclo de alta da taxa básica de juros, a Selic, após sete aumentos consecutivos.
Veja abaixo como esses fatores impactam o mercado.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
💲Dólar
a
Acumulado da semana: +0,52%;
Acumulado do mês: +2,88%;
Acumulado do ano: -9,54%.
📈Ibovespa
Acumulado da semana: +0,21%;
Acumulado do mês: -3,64%;
Acumulado do ano: +11,24%.
Dólar
Karolina Grabowska/Pexels
*Com informações da agência de notícias Reuters.
Tarifaço: Haddad diz que negociações evoluíram, e que conversas continuam mesmo após 1º de agosto
Haddad diz que negociações com EUA continuarão mesmo após início do tarifaço
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira (30) que as negociações com os Estados Unidos continuam mesmo após o início do tarifaço, marcado para esta sexta-feira (1º).
As declarações foram dadas na portaria do Ministério da Fazenda, a jornalistas.
"O [vice] presidente Alckmin, como eu tenho dito, tem mantido relações, uma comunicação com a sua contraparte [dos Estados Unidos]. E as conversas estão evoluindo. E, na minha opinião, vão continuar evoluindo. Independentemente da decisão que foi tomada dia 1º, ela não vai significar o fim, o término. É o começo de uma conversa", declarou Haddad.
Se o quadro não sofrer mudança, o tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, resultará na imposição de uma sobretaxa de 50% às importações brasileiras.
Haddad reafirmou que houve uma boa evolução nas conversas nesta semana, com o início de negociações mais frequentes entre os dois governos.
"Essa semana foi melhor. E se depender do Brasil, essa tensão desaparece, porque ela é artificial. E produzida por pessoas do próprio país, quer dizer, faz sentido alimentar essa tensão. Brasileiros lá alimentaram essa tensão. Essa tensão vai se dissipar. Quando ela se dissipar, a racionalidade vai conduzir os seus trabalhos. E nós vamos chegar a um denominador", acrescentou o ministro da Fazenda.
O ministro disse, ainda, que vem buscando contato com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, mas que ele está com agenda ocupada, fechando acordos na Europa.
"A assessoria dele pediu um pouco de paciência em função das missões que ele está cumprindo lá, mas disse que, ao regressar os Estados Unidos, haveria possibilidade de mais conversas', explicou Haddad.
Estados devem sentir impacto do tarifaço de forma desigual
Tarifaço dos EUA
No dia 9 de julho, Trump publicou uma carta endereçada ao presidente Lula (PT) anunciando a aplicação de tarifas de 50% sobre todos os produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos. Ele justificou a medida com argumentos políticos e comerciais.
No dia 23, o presidente dos EUA disse que aplicou tarifas de 50% a países com os quais o relacionamento "não tem sido bom".
Embora não tenha sido citado diretamente, o Brasil está entre eles. Segundo Trump, o objetivo é pressionar outros países a abrirem seus mercados.
Neste domingo (27), o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, afirmou que as tarifas impostas pelo país entrarão em vigor no dia 1º de agosto, "sem prorrogações".
Trump e Lula
AFP
Plano de apoio às empresas
Questionado se o programa de apoio às empresas e aos trabalhadores afetados pelo tarifaço dos Estados Unidos será anunciado na próxima sexta, se o tarifaço entrar em vigor, Haddad disse que isso cabe ao presidente Luiz Inácio Lula da da Silva decidir.
Nesta semana, Haddad afirmou que um plano de proteção ao emprego, nos moldes do que aconteceu na pandemia da Covid-19 — quando o governo pagava parte ou mesmo a íntegra de salários de empregados do setor privado e, em troca, as empresas deveriam garantir por algum tempo a manutenção destas contratações — é uma opção que está na mesa.
"Dentre os vários cenários, há lei que estabelece esse tipo de... [programa]. Mas não sei qual o cenário que o presidente vai optar, por isso que eu não posso adiantar as medidas que vão ser adotadas por ele. Como são vários cenários, todo tipo de medida cabe em algum deles. Mas quem vai decidir a escala, o montante, a oportunidade, a conveniência e a data é o presidente [Lula]", afirmou Haddad, na ocasião.
De acordo com a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), o aumento das tarifas de importação dos EUA sobre produtos brasileiros pode impactar cerca de 10 mil empresas brasileiras que exportam para o mercado norte-americano. Essas empresas empregam, juntas, aproximadamente 3,2 milhões de pessoas no Brasil.
Estudo da USP revela que 64% dos solos do mundo são frágeis e alerta para impactos na agricultura e meio ambiente
Solo arenoso irrigado com gotejamento subterrâneo em área de produção de grãos (milho e soja)
Um estudo liderado por pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP), revelou que 64% dos solos do planeta são arenosos e, por isso, são frágeis devido à baixa retenção de água e nutrientes, maiores riscos de erosão e menor produtividade. Diante do cenário, os pesquisadores fazem alertas sobre impactos na agricultura e meio ambiente.
Após seis anos de trabalho, a pesquisa foi publicada na revista científica internacional The Innovation. Ela foi coordenada pelo professor José Alexandre Demattê e teve participação de 50 cientistas de diversos países, além de estudantes do grupo Geocis, reconhecido internacionalmente na área.
Diante dos dados, os pesquisadores apontam que os solos arenosos, que são pouco explorados no mundo todo, têm relevância para a sustentabilidade.
“Manejar solos arenosos passa a ser crucial para melhoria de questões ambientais e sustentabilidade agrícola, em especial no que tange à segurança alimentar”, afirma Nicolas Rosin, um dos autores.
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No caso do Brasil, o estudo apontou uma presença expressiva de solos arenosos, predominando em estados como Mato Grosso, Maranhão e Pará, enquanto aparecem em menor proporção em estados do sul e sudeste, como São Paulo, Paraná e Minas Gerais.
De acordo com os autores, o cenário tem influência das condições climáticas e origem geológica dos solos e reforça a necessidade de práticas sustentáveis para garantir produtividade e conservação dessas áreas mais frágeis.
"É necessário dar mais atenção aos solos arenosos do Brasil [...], bem como entender sua mineralogia e dinâmica da água, para depois tomar ações de manejo como rotação de culturas, cobertura vegetal, épocas de plantio e colheita e escolha de variedades e cultivares adequadas", elenca o co-autor Jean Novaes.
Reportagem especial mostra como funciona o mercado de carbono
Impactos do manejo inadequado
Segundo os pesquisadores, o manejo inadequado do solo faz ele perder a capacidade de estocar água e carbono, impactando diretamente no clima e produção de alimentos.
"O excesso e uso indiscriminado de produtos inorgânicos permitem aumento de produtividades momentaneamente, mas não são sustentáveis e certamente vão impactar no ambiente (como exemplo, lençol freático), qualidade dos alimentos e saúde do solo", descreve Demattê.
Produtos inorgânicos são insumos usados para melhorar a produtividade durante o plantio e que não são de origem biológica (de organismos vivos). Entre eles, estão os fertilizantes e agrotóxicos.
O estudo também mostrou que os solos em áreas agrícolas apresentam pH até 1,6 unidades mais elevado do que os encontrados em áreas de vegetação nativa. O pH do solo indica seu nível de acidez ou alcalinidade. Seu desequilíbrio influencia, por exemplo, sua disponibilidade de nutrientes.
Segundo os pesquisadores, a alteração no pH está associada a procedimentos corretivos realizados na prática agrícola, como a calagem (aplicação de calcário) e uso de fertilizantes.
Sistema agroflorestal dentro da reserva Chico Mendes, no estado do Acre, e, ao fundo, uma floresta
Flávio Forner/Divulgação
Importância da vegetação nativa
O estudo ainda revelou que 54% do carbono orgânico global está armazenado em solos sob vegetação nativa, enquanto solos agrícolas possuem em média 60% menos carbono que aqueles de áreas naturais. O professor Raúl Roberto Poppiel explica que o solo atua como um grande reservatório de carbono, ajudando a manter o equilíbrio climático.
A diferença entre um tipo de solo e outro, conforme os autores, se deve principalmente ao uso intensivo do solo e ao preparo constante da terra, que aceleram a perda de matéria orgânica.
Quando o solo perde carbono, também perde a biodiversidade subterrânea, a capacidade de reter água e nutrientes, e até o papel que exerce na regulação do clima são afetados.
“Esse empobrecimento do solo impacta não só a produção agrícola, mas também contribui para o aumento de carbono na atmosfera, intensificando o efeito estufa”, explica Poppiel.
Por isso, práticas agrícolas que aumentem ou preservem o carbono no solo, como plantio direto, uso de culturas de cobertura, ou sistemas agroflorestais, são fundamentais para reverter esse cenário, concluem os pesquisadores.
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Os trabalhadores mais ameaçados por tarifaço de Trump: 'Não vamos sobreviver'
Trump suspende restrições à exportação de tecnologia para a China
Milhões de trabalhadores da indústria de vestuário na Ásia — que já enfrentavam dificuldades para garantir o seu sustento — temem, agora, pelos seus empregos, à medida que se aproxima o prazo para que seus países cheguem a um acordo comercial que evite as tarifas punitivas impostas pelos Estados Unidos.
No dia 9 de julho, após uma pausa de 90 dias para que os países pudessem negociar os seus acordos, o presidente americano, Donald Trump, notificou diversas nações de várias partes do mundo (incluindo o Brasil) sobre as novas tarifas de importação, que devem entrar em vigor no dia 1° de agosto.
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Entre os países asiáticos que receberam cartas de Trump, encontram-se centros de produção de roupas, como o Camboja e o Sri Lanka.
➡️ Estes países dependem profundamente dos Estados Unidos para exportar os seus produtos. E as cartas informavam que as duas nações enfrentariam tarifas de 36% e 30%, respectivamente.
Empresas como a Nike, Levi's e Lululemon são algumas das grandes marcas americanas que importam desses países grande parte dos seus produtos.
"Você pode imaginar o que irá acontecer se perdermos nossos empregos?", questiona Nao Soklin, trabalhadora de uma fábrica de roupas no sudeste do Camboja.
"Estou muito preocupada, especialmente com meus filhos. Eles precisam comer."
Soklin e seu marido Kok Taok ganham a vida costurando bolsas 10 horas por dia. Juntos, eles ganham cerca de US$ 570 (cerca de R$ 3.150) por mês — apenas o suficiente para cobrir o aluguel e sustentar seus dois filhos pequenos e os pais idosos.
"[Quero] mandar uma mensagem ao presidente Trump e dizer a ele que, por favor, suspenda a tarifa sobre o Camboja...", pediu ela à BBC. "Precisamos dos nossos empregos para sustentar nossas famílias."
O Camboja passou a ser uma alternativa popular aos exportadores chineses, devido à sua mão de obra barata e abundante.
O país exportou mais de US$ 3 bilhões (cerca de R$ 16,6 bilhões) em roupas para os Estados Unidos no ano passado, segundo a Divisão de Estatísticas da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean, na sigla em inglês).
O setor emprega mais de 900 mil pessoas e representa mais de 10% do total de exportações do país.
Já no Sri Lanka, as exportações para os Estados Unidos ajudaram a indústria de vestuário local a ganhar US$ 1,9 bilhão (cerca de R$ 10,5 bilhões) em 2024. O setor emprega cerca de 350 mil pessoas e é a terceira maior fonte de moeda estrangeira da nação.
"Se [30%] for o número final, o Sri Lanka enfrentará problemas, pois nossos concorrentes, como o Vietnã, receberam tarifas mais baixas", declarou à agência de notícias Reuters o secretário-geral do Fórum Conjunto da Associação de Vestuário do Sri Lanka, Yohan Lawrence.
Centros de produção de roupas, como o Camboja e o Sri Lanka, dependem muito do mercado americano para exportar seus produtos
GETTY IMAGES
Última tentativa de negociação
As autoridades do Sri Lanka têm esperança de negociar uma nova redução das tarifas, mas não revelaram qual nível seria considerado aceitável.
Alguns dos seus líderes observaram que o país recebeu a concessão mais alta até agora (14 pontos percentuais), como resultado das negociações iniciais.
"Consideramos esta redução o princípio de uma situação muito boa", declarou na semana passada o ministro da Fazenda do país, Harshana Suriyapperuma.
Já o Camboja conseguiu uma concessão de 13 pontos percentuais e também procura manter novas negociações.
"Estamos fazendo todo o possível para proteger os interesses dos investidores e dos trabalhadores", declarou o vice-primeiro-ministro Sun Chanthol, que chefia a equipe de negociação.
"Queremos que a tarifa seja zero", afirma ele. "Mas respeitamos a decisão deles e continuaremos tentando negociar uma alíquota mais baixa."
A Nike, Levi's e a Lululemon são algumas das grandes marcas que importam a maior parte das suas roupas desses países asiáticos
GETTY IMAGES
Trump defende que as tarifas são necessárias para reduzir a diferença entre o valor total das mercadorias importadas pelos Estados Unidos e as vendidas para aqueles países.
"Nosso relacionamento, infelizmente, tem sido longe de ser recíproco", disse o presidente americano em cartas enviadas para os governantes de várias nações e também postadas na sua plataforma Truth Social.
Mas os analistas discordam. As tarifas impostas por Trump ignoram os benefícios oferecidos aos Estados Unidos pelos acordos comerciais existentes.
Eles incluem a importação de roupas a preços mais baixos e maiores lucros para as empresas americanas que compram de países como o Sri Lanka ou o Camboja, destaca Mark Anner, reitor da Escola de Administração e Relações Trabalhistas da Universidade Rutgers, nos Estados Unidos.
A União Europeia, o Canadá e os Estados Unidos mantiveram em vigor por décadas um sistema de quotas, que reservava uma certa parcela de mercado para países em desenvolvimento, como o Sri Lanka.
Até 2005, quando foi suprimido, este sistema ajudou o setor de vestuário do Sri Lanka a florescer, apesar da forte concorrência.
"Agora, a imposição, pelos Estados Unidos, de tarifas proibitivas que efetivamente colocam essas nações fora de mercado contraria o caminho de desenvolvimento antes estabelecido pelo próprio país", explica Anner.
As tarifas de Trump aumentam a pressão sobre o setor, que já enfrenta dificuldades como a pobreza e a falta de direitos trabalhistas no Camboja e a crise econômica atual no Sri Lanka
GETTY IMAGES
Não é realista esperar que pequenas economias em desenvolvimento passem a manter déficit comercial em relação aos Estados Unidos, segundo o professor Sheng Lu, do Departamento de Estudos da Moda e Vestuário da Universidade de Delaware, nos Estados Unidos.
"Quantos aviões Boeing o Camboja ou o Sri Lanka precisam e podem comprar por ano?", pergunta ele.
Lu acredita que a rivalidade estratégica entre os Estados Unidos e a China seja outro fator nas negociações comerciais. Afinal, esses países exportadores de roupas estão integrados a cadeias de fornecimento altamente dependentes de matérias-primas chinesas.
Agora, é preciso "atingir um delicado equilíbrio" entre manter os laços econômicos com a China e atender às novas exigências americanas. Isso pode incluir a suspensão do uso de matérias-primas na produção, segundo o professor.
As mulheres pagam o preço
As tarifas de Washington aumentam a pressão sobre as conhecidas dificuldades do setor, como a pobreza e a falta de direitos trabalhistas no Camboja e a crise econômica atual no Sri Lanka.
⚠️ As mulheres representam sete a cada 10 trabalhadores da indústria de vestuário da região. Elas provavelmente irão pagar o preço das tarifas americanas.
O aumento da pressão sobre seus salários cronicamente baixos significa que seus filhos poderão passar fome e a possível ocorrência de demissões em massa seria ainda mais devastadora.
Surangi Sandya trabalha em uma fábrica na cidade de Nawalapitiya, no Sri Lanka. Ela sente que um machado paira sobre sua cabeça.
"As empresas não trabalham com prejuízo... Se os pedidos diminuírem, se houver perdas, pode haver a possibilidade de fechamento da companhia", receia ela.
Sandya começou a trabalhar como costureira em 2011 e conseguiu ser promovida, até se tornar supervisora de uma equipe de 70 mulheres.
Se as pressões aumentarem, alguns trabalhadores cambojanos afirmam que irão pensar em se mudar para a Tailândia em busca de empregos, mesmo se precisarem ir ilegalmente.
"Nossa sobrevivência depende da fábrica de roupas. Não iremos sobreviver se nosso patrão fechar as portas", conta à BBC An Sopheak, no seu minúsculo quarto de 16 m² na capital cambojana, Phnom Penh.
"Temos pouca formação", prossegue ela. "Não conseguimos encontrar outros empregos."
"Rezamos todos os dias para que o presidente Trump suspenda as tarifas. Por favor, pense em nós e no nosso pobre país."
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está aplicando suas tarifas a uma porção de países, e as empresas americanas já indicam como pretendem reagir: repassando os custos aos consumidores.
Nos últimos meses, grandes varejistas e fabricantes de bens de consumo alertaram que as tarifas sobre produtos importados pressionariam suas operações, obrigando-os a optar entre reduzir lucros ou repassar os custos aos clientes.
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No caso da Procter & Gamble e de outras empresas, ambas as medidas estão sendo adotadas.
Na terça-feira, a gigante do setor de bens de consumo, que fabrica itens domésticos como papel toalha e detergente, divulgou uma projeção negativa para 2025 e comunicou a grandes varejistas, como o Walmart, que aumentará os preços de alguns produtos nos EUA a partir da próxima semana.
Esse desafio enfrentado pelas empresas nos próximos trimestres deve ser repassado aos consumidores. A P&G informou que aumentará os preços de cerca de 25% de seus produtos nos EUA para compensar os custos das novas tarifas.
Segundo um porta-voz da empresa, os reajustes ficarão na faixa de um dígito médio em todas as categorias.
Apesar de os índices acionários terem alcançado recordes neste ano, impulsionados por fortes investimentos em ações de tecnologia, muitas empresas do setor de consumo enfrentaram dificuldades.
Desde o anúncio das tarifas no chamado "Dia da Libertação", em 2 de abril:
As ações da P&G caíram 19%.
As da Nestlé, 20%.
A Kimberly-Clark perdeu 11%; e
A PepsiCo recuou quase 7%.
No mesmo período, o índice S&P 500 subiu mais de 13%.
Empresas dos setores de bens de consumo, alimentos e bebidas vêm enfrentando vendas fracas desde a pandemia, já que os consumidores resistem aos preços elevados de marcas tradicionais.
Na semana passada, a Nestlé afirmou que os consumidores na América do Norte continuam cautelosos em pagar mais no caixa.
Novos aumentos de preços devem intensificar as preocupações dos investidores sobre a capacidade das grandes marcas de lidar com o duplo desafio: consumidores mais cautelosos e custos elevados decorrentes da guerra comercial promovida por Trump.
“Você verá empresas como Walmart, Amazon e Best Buy sendo obrigadas a repassar aumentos de preços aos consumidores”, afirmou Bill George, ex-presidente e CEO da Medtronic e pesquisador em educação executiva na Harvard Business School.
"A Main Street ainda não viu as consequências do aumento das tarifas — e elas vão aumentar."
Entre 16 e 25 de julho, empresas monitoradas pelo rastreador de tarifas globais da Reuters estimaram perdas entre US$ 7,1 bilhões e US$ 8,3 bilhões ao longo do ano.
GM, Ford e outras montadoras têm absorvido os custos das tarifas até agora — somando bilhões de dólares. Outras empresas, como a EssilorLuxottica, fabricante dos óculos Ray-Ban, já reajustaram seus preços.
A Swatch, fabricante suíça de relógios e joias, elevou seus preços em cerca de 5% após o anúncio das tarifas por Trump, em abril, sem impacto nas vendas, segundo o CEO Nick Hayek, em entrevista recente à Reuters.
Marcas premium, como os relógios Tissot, são menos afetadas por aumentos de preços. Segundo Hayek, clientes que desejam adquirir modelos mais caros costumam comprar no exterior, onde os impostos são menores.
“Não se pode fazer isso com carros. Não é possível fazer isso com máquinas. Mas você pode fazer isso com relógios. Portanto, não é tão problemático para nós”, disse ele.
Muitas empresas anteciparam o envio de mercadorias e matérias-primas aos EUA antes da entrada em vigor das tarifas. Economistas e analistas acreditam que esse estoque ajudou a adiar os aumentos de preços e explica por que os efeitos das tarifas ainda não se refletem nos dados de inflação do país.
Andrew Wilson, vice-secretário-geral da Câmara de Comércio Internacional, estima que os efeitos inflacionários serão percebidos quando os estoques forem esgotados — o que pode ocorrer apenas no quarto trimestre deste ano ou no primeiro do próximo.
Infográfico - Entenda taxa de 50% anunciada por Trump ao Brasil e a relação econômica com os EUA.
Arte/g1
Após 10 meses subindo juros, BC deve concluir ciclo de alta e iniciar período longo de manutenção
Copom decidiu elevar a taxa de juros para 15% ao ano
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil se reúne nesta quarta-feira (30) e deve optar por interromper o processo de alta da taxa básica de juros da economia, a Selic – foram sete aumentos seguidos.
🔎A taxa básica de juros da economia é o principal instrumento do BC para tentar conter as pressões inflacionárias, que tem efeitos, principalmente, sobre a população mais pobre.
Com base em indicações do próprio BC, o mercado financeiro acredita que a taxa será mantida no atual nível de 15% ao ano — o maior em quase 20 anos. A decisão do Copom será anunciada após as 18h.
"Em se confirmando o cenário esperado, o Comitê antecipa uma interrupção no ciclo de alta de juros para examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado, ainda por serem observados, e então avaliar se o nível corrente da taxa de juros, considerando a sua manutenção por período bastante prolongado, é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta", informou o BC, em junho, ao subir a taxa Selic para 15%.
A expectativa dos economistas do mercado financeiro é de que a taxa seja mantida no atual patamar, ao menos, até 2026.
"Em relação à decisão, a manutenção é amplamente esperada. Com isso, o foco do mercado se volta ao comunicado. Sem surpresas, a nossa expectativa é de que o Comitê mantenha um tom firme, reforçando seu compromisso com o controle da inflação e a preservação da sua credibilidade", avaliou o economista-chefe da Suno Research, Gustavo Sung.
Banco Central do Brasil (BC).
Adriano Machado/ Reuters
Como age o Banco Central?
Para definir os juros, a instituição atua com base no sistema de metas. Se as projeções estão em linha com as metas, é possível baixar os juros. Se estão acima, o Copom tende a manter ou subir a Selic.
Desde o início de 2025, com o início do sistema de meta contínua, o objetivo de 3% será considerado cumprido se a inflação oscilar entre 1,5% e 4,5%.
Com a inflação ficando seis meses seguidos acima da meta em junho, o BC teve de divulgar uma carta pública explicando os motivos.
Ao definir a taxa de juros, o BC olha para o futuro, ou seja, para as projeções de inflação, e não para a variação corrente dos preços, ou seja, dos últimos meses.
Isso ocorre porque as mudanças na taxa Selic demoram de seis a 18 meses para ter impacto pleno na economia.
Neste momento, por exemplo, a instituição já está mirando na meta considerando o segundo semestre de 2026.
Para 2025, 2026, 2027 e 2028, a projeção do mercado para a inflação oficial está em 5,09% (com estouro da meta), 4,44%, 4% e em 3,8%. Ou seja, acima da meta central de 3%, buscada pelo BC.
Na ata de sua última reunião, realizada em junho, o BC informou que "seguirá vigilante" e que os passos futuros da política de juros "poderão ser ajustados e que não hesitará em prosseguir no ciclo de ajuste [novas altas] caso julgue apropriado".
Desaceleração da economia
O BC tem dito claramente que uma desaceleração, ou seja, um ritmo menor de crescimento da economia, faz parte da estratégia de conter a inflação no país.
▶️Na ata da última reunião do Copom, divulgada em junho, o BC informou que o chamado "hiato do produto" segue positivo.
▶️Isso quer dizer que a economia continua operando acima do seu potencial de crescimento sem pressionar a inflação.
▶️O Banco Central também informou que o juro alto já contribui para desaceleração da atividade e que impacto na geração de empregos deve se aprofundar.
"A conjuntura de atividade econômica doméstica segue marcada por sinais mistos com relação à desaceleração de atividade, mas observa-se certa moderação de crescimento", informou o Banco Central, em junho.
Efeitos dos juros altos
De acordo com especialistas, uma taxa de juros maior no Brasil tende a ter algumas consequências na economia. Veja abaixo algumas delas:
▶️ Reflexo nos juros bancários: a tendência é que a alta da Selic influencie as taxas cobradas dos clientes bancários. Em junho deste ano, a taxa média de juros cobrada pelos bancos em operações com pessoas físicas e empresas somou 45,4%, o maior nível desde agosto de 2017, ou seja, em quase oito anos.
▶️Crescimento da economia: com juros mais altos, a expectativa é de um comportamento mais contido do consumo da população e, também, de mais dificuldades nos investimentos produtivos. Isso deve causar um impacto negativo no Produto Interno Bruto (PIB), no emprego e na renda.
▶️ Piora das contas públicas: juros mais altos também desfavorecem as contas públicas, pois aumentam as despesas com juros da dívida pública. Em doze meses até maio, a despesa com juros do setor público somou R$ 946 bilhões (7,8% do PIB), impulsionando o endividamento brasileiro.
▶️Impacto nas aplicações financeiras: investimentos em renda fixa, como no Tesouro Direto e em debêntures, porém, teriam um rendimento maior, com o passar do tempo, do que seria registrado com juros mais baixos. Isso diminui a atratividade do mercado acionário.
Mega-Sena, concurso 2.894: prêmio acumula e vai a R$ 76 milhões
G1 | Loterias - Mega-Sena 2894
O sorteio do concurso 2.894 da Mega-Sena foi realizado na noite desta terça-feira (29), em São Paulo. Nenhuma aposta acertou as seis dezenas, e o prêmio para o próximo sorteio acumulou em R$ 76 milhões.
Clique aqui para seguir o canal de Loterias do g1 no WhatsApp
Veja os números sorteados: 05 - 21- 24 - 25 - 29 - 49.
5 acertos - 52 apostas ganhadoras, R$ 67.184,51;
4 acertos - 4.381 apostas ganhadoras, R$ 1.139,20.
O próximo sorteio da Mega será na quinta-feira (31).
concurso 2.894 da Mega-Sena
Caixa / Reprodução
Entenda como funciona a Mega-Sena e qual a probabilidade de ganhar o prêmio
Para apostar na Mega-Sena
As apostas podem ser realizadas até as 19h (horário de Brasília) em qualquer lotérica do país ou por meio do site e aplicativo Loterias Caixa, disponíveis em smartphones, computadores e outros dispositivos.
O pagamento da aposta online pode ser realizado via PIX, cartão de crédito (neste caso, com valor mínimo de R$ 30 por compra) ou pelo internet banking, para correntistas da Caixa. É preciso ter 18 anos ou mais para participar.
Probabilidades
A probabilidade de vencer em cada concurso varia de acordo com o número de dezenas jogadas e do tipo de aposta realizada.
Para um jogo simples, com apenas seis dezenas, que custa R$ 6, a probabilidade de ganhar o prêmio milionário é de 1 em 50.063.860, segundo a Caixa.
Já para uma aposta com 20 dezenas (limite máximo), com o preço de R$ 232.560,00, a probabilidade de acertar o prêmio é de 1 em 1.292, ainda de acordo com a instituição.
Bilhetes da Mega-Sena, em imagem de arquivo
Marcelo Brandt/G1
Com o tarifaço, Brasil corre risco de perder US$ 1 bilhão em 2025 na venda de carne bovina aos EUA
Como o tarifaço de Trump impacta nas exportações de carne bovina do Brasil?
O Brasil pode perder US$1 bilhão na venda de carne bovina para os Estados Unidos, caso seja aplicado a tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras a partir da próxima sexta-feira (1°).
A estimativa foi feita nesta terça (29), pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), que representa empresas como a JBS e a Marfrig.
Os EUA são o segundo maior comprador da carne bovina nacional, depois da China: eles importam 12% de todo o volume que o Brasil vende para o exterior, enquanto os chineses levam praticamente metade (48%), segundo o Ministério da Agricultura.
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De acordo com Roberto Perosa, diretor da Abiec, empresas brasileiras de carne bovina esperavam vender cerca de 400 mil toneladas até o final do ano para os EUA, mas a imposição de uma nova tarifa tornaria as vendas "inviáveis".
Ele também afirmou que nenhum mercado pode substituir imediatamente os EUA, em virtude do grande volume demandado pelos importadores e no preço que eles estão em condições de pagar.
Os frigoríficos brasileiros exportaram cerca de 181 mil toneladas de carne bovina, no valor de US$1 bilhão, para os EUA no primeiro semestre deste ano, de acordo com dados comerciais. Isto equivale a cerca de 12% do total de exportações de carne bovina do país.
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EUA são o segundo maior comprador de carne do Brasil, depois da China.
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Raio X da exportação
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Tarifaço: 'Executivo não tem nenhuma interferência no Judiciário', diz Alckmin após reunião sobre big techs com secretário dos EUA
Alckmin recebe reivindicações de big techs americanas O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou nesta segunda-feira (28) que o Executivo brasileiro não interfere no Judiciário e que segue disposto a negociar com os Estados Unidos para evitar a aplicação das novas tarifas anunciadas pelo ex-presidente Donald Trump. Alckmin recebeu representantes de big techs, também citadas por Trump no documento em que anunciou o tarifaço. Segundo o vice-presidente, essa foi a segunda reunião com as empresas de tecnologia. Na carta, Trump atacou o STF, por causa do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado. E também reclamou das ações do Judiciário brasileiro que buscaram conformar as big techs (plataformas de redes sociais) à legislação brasileira. "Recebemos as big techs, as empresas de tecnologia. Nós já tínhamos tido um encontro com as empresas de tecnologia e eles ficaram de fazer uma pauta. E hoje nós tivemos, então, uma segunda reunião. Vejam que naquele documento que o presidente Trump publicou nas redes sociais, ele se referia a três coisas: o julgamento do ex-presidente, as big techs e a questão tarifária, que teriam défict com o Brasil". Na segunda-feira (28), o vice-presidente teve uma nova conversa com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick. Durante a conversa, Alckmin reforçou a disposição do Brasil em negociar. "A primeira questão da Suprema Corte, o Executivo não tem influência nenhuma no Judiciário, que é um outro poder. A separação dos poderes é pedra basilar do Estado de Direito. A segunda, eu disse ao secretário do Comércio que estaríamos à inteira disposição para conversar”, afirmou Alckmin. Ao ser questionado sobre a fala do secretário de Comércio dos Estados Unidos, que levantou a possibilidade de alguns produtos não cultivados no país, como o café, terem a tarifa zerada, o vice-presidente afirmou que o governo brasileiro está trabalhando para que está trabalhando para que a diminuição da tarifa seja para todas as áreas. "Nós estamos trabalhando para que a diminuição da alíquota seja para todos. Todos. Não tem justificativa você ter uma alíquota de 50% para um país que é um grande comprador de você". Segundo o vice-presidente, durante a reunião as empresas levantaram alguns temas que são mais importantes para eles, entre elas: segurança jurídica, inovação tecnológica, ambiente regulatório e oportunidade econômica. Participaram da reunião representantes do Google, Apple, Meta, Visa, Amazon e Expedia. Um representante da secretária do Comério dos EUA também participou da reunião de forma remota. "Sobre essa questão de regulamentação de big techs, de redes sociais, é uma questão que está em discussão no mundo. Então, vamos aprender. Onde é que já foi implementado? Nós não devemos ter muita pressa nisso. Eu acho que a gente deve verificar a legislação comparada e ouvir e dialogar", disse Alckmin. Plano de contingência O vice-presidente também comentou sobre o plano de contingência, que foi apresentado nesta segunda (28) ao presidente Lula. Segundo Alckmin, o plano só será discutido caso as tarifas entrem em vigor. "O plano de contingência que está sendo bem trabalhado, ele só deve ser discutido se consumado a questão dos 50%. Nós não vamos esmorecer, vamos trabalhar permanentemente para evitar que isso ocorra". Na semana passada, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, informou que a equipe econômica já está elaborando um plano de contingência para apoiar os setores que forem impactados pelo tarifaço — com ameaça de uma sobretaxa de 50% às importações brasileiras a partir de agosto. O governo brasileiro espera que as tarifas não sejam aplicadas de forma unilateral e tem reiterado que continuará na mesa de negociações até o último momento. A medida americana está prevista para começar a valer em 1º de agosto.
Trump faz nova ameaça e dá 10 dias para Putin acabar com a guerra na Ucrânia
Donald Trump dá ultimato à Rússia para fim da guerra
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deu um prazo de 10 dias para a Rússia encerrar a guerra na Ucrânia. Caso contrário, ele afirmou que vai aplicar “tarifas severas” de 100%.
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“Estou dando 10 dias para o [presidente Vladimir] Putin a partir de hoje”, disse Trump nesta terça-feira (29), durante visita à Escócia. O prazo termina em 8 de agosto. Segundo ele, o próximo passo será impor as tarifas.
Há duas semanas, Trump já havia ameaçado aplicar tarifas de 100% à Rússia e parceiros comerciais caso um cessar-fogo não fosse firmado em até 50 dias. À época, a um assessor de Putin classificou a medida como “ultimato teatral”.
Na segunda-feira (28), Trump demonstrou impaciência com a Rússia. Ao lado do primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, antes de uma reunião na Escócia, ele afirmou que estava decepcionado com Putin.
"Vou reduzir aqueles 50 dias que dei de prazo para um número menor, porque acho que já sei qual vai ser a resposta do que vai acontecer”, disse o presidente americano.
Quando questionado sobre a possibilidade de um encontro com o líder russo para discutir o fim do conflito, Trump respondeu: “Não estou mais tão interessado em conversar com Putin”.
Com as declarações desta terça-feira, Trump reforça a percepção de que Putin tenta “enrolar” e finge negociar um cessar-fogo. Esta também é uma tentativa de pressionar a Rússia. A Ucrânia elogiou a decisão de reduzir o prazo.
Enquanto isso, analistas internacionais afirmam que tarifas dos EUA contra a Rússia podem abalar o mercado global de petróleo. Perguntado sobre esse risco, Trump disse que não está preocupado.
O Kremlin afirmou que não descarta uma reunião entre Putin e Trump em setembro, na China, durante as comemorações dos 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial. A ida de Trump ao país ainda não está confirmada.
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na Escócia, em 29 de julho de 2025
REUTERS/Evelyn Hockstein
Trump disse no dia 14 de julho que pretende aplicar tarifas de “cerca de 100%” sobre produtos russos, além dos valores já existentes. A Casa Branca confirmou que a taxa será de fato de 100% caso não haja cessar-fogo no prazo estabelecido.
"Estamos muito, muito insatisfeitos, e vamos aplicar tarifas muito severas se não alcançarmos um acordoem 50 dias", disse Trump.
A afirmação foi feita em um encontro com o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, na Casa Branca. Durante a reunião, Trump justificou a medida dizendo que “o comércio é excelente para resolver guerras”.
Desde o início da guerra, em março de 2022, os EUA impuseram uma série de sanções econômicas à Rússia, o que dificultou o comércio entre os dois países. Por causa disso, segundo a Casa Branca, os russos não foram incluídos no tarifaço anunciado por Trump em abril.
Apesar das restrições, os dois países ainda mantêm relações comerciais. Em 2024, o comércio bilateral somou US$ 3,5 bilhões, com a compra e venda de produtos como fertilizantes, metais e até combustível nuclear, segundo dados do Escritório do Representante Comercial dos EUA.
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Quase 75% dos produtos alimentícios importados pelos EUA em 2024 são alvo do tarifaço de Trump, diz estudo
Estudo divulgado nesta segunda-feira (28) pela Tax Foundation revela que, em 2024, os Estados Unidos importaram cerca de US$ 221 bilhões em produtos alimentícios, 74% dos quais (US$ 163 bilhões) são alvo das tarifas impostas pelo presidente do país, Donald Trump.
A Tax Foundation, organização sem fins lucrativos, que atua há mais de 80 anos fazendo avaliações sobre impostos e coletando dados sobre tributos ao redor do mundo, explicou que, nas condições atuais, essas importações enfrentam tarifas que variam de 10% a 30%.
Mas lembrou que elas poderão ultrapassar o patamar de 30% para alguns países se as tarifas recíprocas entrarem em vigor em 1º de agosto, como é o caso do Brasil — com o qual Trump ameaça com uma sobretaxa de 50%.
"Os cinco maiores exportadores de produtos alimentícios para os EUA, em ordem, são México, Canadá, UE [União Europeia], Brasil e China, representando 62% do total das importações de alimentos dos EUA", diz a Tax Foundation.
Grafico Tax Foundation
Reprodução estudo Tax Foundation
Impacto na inflação norte-americana
De acordo com o levantamento da Tax Foundation, as tarifas sobre as importações de produtos dos EUA devem aumentar para mais de 80 países em 1º de agosto. A conclusão é de que o tarifaço de Trump afetará quase 75% das importações de alimentos dos EUA.
"Com cerca de 71% das importações de produtos dos EUA já enfrentando as tarifas mínimas de 10% do presidente Trump, grande parte da atenção tem se concentrado em como as tarifas impactarão o setor de bens manufaturados. No entanto, diversas importações de alimentos também são impactadas pelas tarifas, o que provavelmente levará a preços mais altos para os consumidores", diz o estudo.
Segundo o documento, assinado por Alex Durante, economista senior da Tax Foundation, e Rebecca Walker, o aumento das tarifas de importação de produtos alimentícios tende a pressionar a inflação norte-americana pelo fato de que a produção local não seria suficiente. Eles citaram o exemplo da importação de bananas.
"Em 2023, os EUA importaram mais de US$ 2 bilhões em bananas, principalmente da Guatemala e de outros países da América Central. Os EUA têm uma capacidade limitada de produção de bananas, com poucas localidades com clima adequado. Como a terra é um recurso escasso, os produtores de banana na Flórida e no Havaí não conseguiriam expandir a produção de banana com a mesma facilidade para atender à demanda americana. O resultado final é que uma tarifa sobre a importação de banana simplesmente levaria os consumidores americanos a pagar preços mais altos pelas bananas importadas", argumentaram os analistas.
No caso do café importado do Brasil — que pode estar sujeito a uma sobretaxa de 50% a partir da próxima sexta-feira — o estudo cita o sabor como atrativo.
"Considerando que o café brasileiro pode ter um perfil de sabor único, os produtores americanos não podem simplesmente produzir 'café brasileiro' nos EUA. Nessa situação, alguns consumidores podem optar por simplesmente pagar o preço de importação mais alto pelo café brasileiro, em vez de trocar por outro tipo", diz o estudo da Tax Foundation.
VEJA AS REGIÕES MAIS AFETADAS PELO TARIFAÇO DE TRUMP
Regiões mais afetadas pelo tarifaço de Trump
Reprodução de estudo da Tax Foundation
Segundo dados oficiais, as tarifas que Donald Trump anunciou no primeiro semestre tiveram impacto na inflação. Produtos como roupas, eletrodomésticos e móveis encareceram, pressionados pelas sobretaxas do presidente americano. Em junho, os preços ao consumidor subiram, em média, 0,3%, e 2,7% no acumulado em 12 meses.
Governo apreende mais de 1.300 litros de cachaças, coquetéis e licores artesanais irregulares
Governo apreende mais de 1.300 litros de cachaças, coquetéis e licores artesanais irregulares
Divulgação / Ministério da Agricultura
Mais de 1.300 litros de bebidas alcoólicas, como cachaças, coquetéis e licores artesanais foram apreendidos pelo Ministério da Agricultura por serem consideradas irregulares, disse o órgão nesta terça-feira (29).
Os produtos encontrados no comércio local tinham origens desconhecidas, não tinham nota fiscal e as rotulagens estavam fora dos padrões exigidos pela legislação.
Além disso, entre os produtores, dois estabelecimentos foram autuados. Um deles era clandestino (sem registro no Ministério) e apresentava condições precárias de higiene e estrutura. O segundo tinha registro, porém não seguia normas sanitárias e usava embalagens inadequadas.
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A operação aconteceu entre os dias 22 e 24 de julho, no município de Morretes (PR), pelo Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal (SIPOV/PR), com apoio da prefeitura.
Os produtos foram apreendidos cautelarmente e o Ministério será responsável pelo descarte ambientalmente adequado.
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Associação dos Detrans reage à proposta de dispensar autoescolas: ‘Educação no trânsito salva vidas’
Governo quer acabar com a obrigatoriedade de aulas em autoescolas para tirar a CNH
A Associação Nacional dos Detrans (AND) informou, nesta terça-feira (29), que pretende agendar ainda nesta semana uma reunião com o ministro dos Transportes, Renan Filho, para discutir a proposta que prevê a emissão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) sem a exigência de aulas em autoescolas.
Em nota, a entidade afirmou que acompanha atentamente as discussões sobre a possível mudança nas regras para obtenção da CNH. Em tom de preocupação, os presidentes dos Departamentos Estaduais de Trânsito levantaram dúvidas quanto aos impactos da proposta na segurança viária.
Veja o que diz o presidente da Associação Nacional dos Detrans, Givaldo Vieira.
Nosso principal foco nas tratativas é a valorização da educação para o trânsito. Em um país que ainda registra altos índices de condutores não habilitados, é fundamental que qualquer mudança preserve e reforce a qualidade da formação dos motoristas.
Além disso, é essencial que se busquem alternativas que tornem a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) mais acessível, considerando essa iniciativa como uma política social relevante, desde que não se comprometa a excelência no processo de aprendizagem.
Defendemos que a formação de condutores deve priorizar a segurança viária e contribuir efetivamente para a redução dos índices de sinistros e mortes no trânsito. A educação no trânsito salva vidas e deve ser tratada como prioridade absoluta em qualquer política pública relacionada à mobilidade.
Como tirar a CNH
Arte/g1
Governo diz que autoescolas são muito caras
Governo avalia fim de autoescola obrigatória para baratear preço da CNH, diz Renan Filho
Em entrevista à GloboNews, o ministro Renan Filho destacou que o custo elevado — entre R$ 3 mil e R$ 4 mil — tem levado milhões de brasileiros a dirigir sem habilitação.
“Qual o problema do Brasil? É que a gente tem uma quantidade muito grande de pessoas dirigindo sem carteira porque ficou impeditivo tirar uma carteira no Brasil. Entre R$ 3 mil e R$ 4 mil. O cidadão não aguenta pagar isso”, afirmou o ministro.
“Quando o custo de um documento é impeditivo, o que que acontece? A informalização. As pessoas dirigem sem carteira. E esse é o pior dos mundos porque o nível da qualificação. (...) Isso aumenta o risco para ela, aumenta o risco de acidentes.”
Segundo o ministro, o governo estuda formas de reduzir ao máximo o custo da CNH, permitindo que mais pessoas possam se qualificar e obter o documento.
Renan Filho afirmou que cerca de 20 milhões de brasileiros dirigem sem habilitação atualmente, e outros 60 milhões têm idade para obter a CNH, mas ainda não possuem o documento. “A pesquisa que fizemos apontou o custo como o principal motivo”, disse.
Como fica o risco de acidentes?
'O grande problema é que as pessoas já dirigem sem carteira', diz Renan Filho
Ao ser questionado sobre o risco de acidentes com a flexibilização da exigência, o ministro afirmou que os cursos continuarão disponíveis, ministrados por instrutores qualificados e supervisionados pela Senatran e pelos Detrans.
“O grande problema é que as pessoas já dirigem sem carteira. (...) E se você for olhar, por exemplo, as pessoas que compram moto, 40% delas, quando a gente faz um cruzamento entre o CPF de quem comprou e se ele tem ou não habilitação, não possuem habilitação”, disse.
“Se as pessoas dirigem sem curso algum, a gente está propondo garantir cursos para que as pessoas melhorem, tenham mais qualificação na hora de dirigir.”
Renan Filho também destacou as desigualdades sociais no acesso à CNH, afirmando que, em muitos casos, as mulheres são excluídas do processo de habilitação.
“Se a família tem dinheiro para tirar só uma carteira, muitas vezes escolhe tirar a do homem. A mulher fica inabilitada justamente por essa condição.”
Máfias das autoescolas
Facilitar a vida do cidadão tira o incentivo econômico para criação de máfias da CNH, diz Renan Filho
Renan Filho também criticou o modelo atual, que, segundo ele, favorece a atuação de máfias em autoescolas e nos exames. “É tão caro que não basta a pessoa pagar uma vez o preço alto. Quem pode pagar, muitas vezes, é levado a ser reprovado para ter que pagar de novo”, afirmou.
“O que que acaba com isso? Desburocratizar, baratear, facilitar a vida do cidadão tira o incentivo econômico para criação dessas máfias.”
Segundo o ministro, o Brasil emite entre 3 e 4 milhões de CNHs por ano. Com os preços atuais, isso representa um gasto anual entre R$ 9 bilhões e R$ 16 bilhões para a população.
“Se isso for barateado, esse dinheiro vai para outros setores da economia, (...) que geram empregos competindo internacionalmente. Isso ajuda a economia brasileira a se dinamizar.”
Como colocar em vigor?
Facilitar a CNH deve incentivar a formação de motoristas profissionais, diz Renan Filho
Questionado sobre a necessidade de aprovação legislativa, o ministro afirmou que a proposta pode ser colocada em prática por meio de regulamentação, sem passar pelo Congresso.
“Não precisa passar pelo Congresso essa parte da modificação. Construímos um projeto que pode funcionar a partir daquilo que o próprio governo pode fazer. Não vamos mexer em leis profundamente.”
Para Renan Filho, a proposta configura apenas uma mudança regulatória. “A gente acredita que a gente pode, por meio da regulamentação das normas, facilitar, desburocratizar para o cidadão, que o que certamente facilita o debate político.”
O ministro também afirmou que a medida deve incentivar a formação de trabalhadores, permitindo o acesso antecipado a vagas que exigem carteiras de habilitação profissional.
“Condutores de ônibus, de caminhões, de vans de transporte, essas pessoas precisam ter uma carteira que não é essa que a gente está discutindo. A gente está discutindo a carteira A e B. (...) E, se as pessoas tiverem mais cedo, elas vão ter condição de acessar com mais facilidade o mercado de trabalho, é, de garantir melhoria na sua própria vida.”
Secretário dos EUA diz que produtos não cultivados no país, como o café, poderiam ter tarifa zerada
Trump diz que tarifaço ficará entre 15% e 20% para boa parte dos países
O secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, afirmou nesta terça-feira (29) que alguns produtos não cultivados no país, como o café, poderiam ter a tarifa zerada.
Em entrevista à rede norte-americana CNBC, Lutnick citou os produtos que se encaixariam nessa categoria, que ele chamou de “recursos naturais” – além do café, o secretário também falou da manga, do abacaxi e do cacau.
Ele, no entanto, não citou nenhum país exportador que seria beneficiado com tarifa zero. Lutnick também não mencionou o Brasil, que será atingido por uma tarifa de 50% a partir de sexta-feira (1º), por determinação de Donald Trump.
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O Brasil é o principal fornecedor do café para os EUA e detém cerca de um terço do mercado norte-americano, que comprou 17% de todo o café brasileiro exportado entre janeiro e maio deste ano.
“São recursos naturais. Quando o presidente faz um acordo, ele inclui que, se você produz algo, e a gente não, isso pode vir por [tarifa] zero.”
“Se vamos negociar com um país que produz manga ou abacaxi, então eles podem entrar sem tarifa. Café, coco, são outros exemplos de recursos naturais”, completou.
Afinal, café bom vai todo pra fora do Brasil?
Negociações com UE e China
A fala ocorreu no momento que o secretário comentava as negociações entre Estados Unidos e União Europeia, que fecharam um acordo sobre as tarifas no último domingo (27).
Nesse contexto, ele disse que a cortiça, um item que os EUA compram da União Europeia, também pode ter sua tarifa zerada, e acrescentou que continuará negociando outros pontos com a Comissão Europeia, com as tarifas para aço e alumínio e a regulamentação dos serviços digitais.
Lutnick também disse que as negociações com a China serão mais difíceis. "A China é algo próprio, temos nossa equipe trabalhando eles", afirmou.
Lutnick ainda afirmou que, em relação aos outros países, Trump tomará suas decisões sobre eventuais acordos comerciais até sexta-feira (1º).
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EUA dependem do café brasileiro
Analistas ouvidos pelo g1 dizem que uma eventual interrupção da importação do café do Brasil causaria um grande impacto nos EUA, que atualmente dependem do produto brasileiro para atender os norte-americanos.
Os EUA produzem só 1% do café consumido por sua população. Caso a tarifa de 50% seja aplicada, o comércio entre os países será praticamente inviabilizado, e os EUA terão dificuldade para suprir a demanda.
Isso porque o Brasil representa 40% de toda a oferta mundial de café, segundo Fernando Maximiliano, analista da consultoria StoneX Brasil.
Os outros grandes exportadores de café têm uma produção bem menor do que o Brasil, especialmente do tipo arábica, a variedade que os EUA mais compram.
Maximiliano lembra que o Brasil vende cerca de 8 milhões de sacas de café aos Estados Unidos todos os anos.
“A Colômbia, segundo maior produtor, não teria esse café todo para suprir os 100% do que o Brasil deixaria de fornecer. Então, os EUA teriam um desafio bem grande pela frente”, resume o especialista.
Ele explica que, sem outro grande fornecedor de arábica, os EUA poderiam aumentar a compra de robusta e alterar a composição do café vendido. “Ou então buscar o arábica de outro país, mas não vai ser fácil”, completa.
Raio X da exportação
arte g1
Café em grãos
Pixabay/Pexels
Setor do suco de laranja pode perder até R$ 4,3 bilhões ao ano com tarifaço, diz associação
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O setor do suco de laranja pode ter um impacto anual de até US$ 792 milhões — o equivalente a R$ 4,3 bilhões — com a tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras para os Estados Unidos, segundo a Associação Nacional das Indústrias Exportadoras de Sucos Cítricos (Citrus BR), com base em dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
A taxa está prevista para entrar em vigor nesta sexta-feira, 1º de agosto.
O valor representa um aumento de cerca de 456% em relação aos impostos pagos na safra 2024/25, que somaram US$ 142,4 milhões.
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No ano passado, os EUA foram o segundo principal destino do suco brasileiro, com 41,7% de participação, atrás apenas da Europa. Na safra 2024/25, foram exportadas 307.673 toneladas para o país, o equivalente a cerca de 85 milhões de caixas de 40,8 quilos, com receita total de US$ 1,31 bilhão.
O cálculo feito pela CitrusBR considera o desempenho da safra encerrada em 30 de junho e inclui as tarifas de acesso ao mercado americano.
Com todas as tarifas cobradas pelos diferentes mercados, o total de tributos pagos pelo setor deve saltar de US$ 393,6 milhões para US$ 1,3 bilhão, somando os principais destinos de exportação — Estados Unidos, União Europeia, Canadá, Japão e China — além de Reino Unido, Noruega, Suíça e Rússia.
A estimativa de impacto de US$ 792 milhões considera a aplicação acumulada da nova tarifa de 50% com a alíquota adicional de 10%, anunciada em abril.
Caso a nova tarifa substitua, e não se some, à anterior de 10%, o impacto estimado seria de US$ 635 milhões por safra — o que ainda representaria uma alta de 345,8% em relação ao cenário atual.
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Getty Images via BBC
A poucos dias da data prevista para implementação da tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros exportados para os EUA, o governo segue tentando interlocução com a equipe do presidente americano, Donald Trump, para negociar.
Na segunda-feira (28/7), uma comitiva de senadores brasileiros que viajou aos EUA se reuniu com membros da Câmara de Comércio do país e tenta diálogo com parlamentares americanos.
Em outra frente, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) tem conversado com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, para discutir uma possível lista de exceções aos produtos que serão taxados se a medida de fato entrar em vigor após 1º de agosto.
Em meio à escalada de tensão, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Guo Jiakun, afirmou, também na segunda-feira (28/7), que o país estaria disposto a trabalhar com o Brasil para "defender conjuntamente o sistema multilateral de comércio centrado na OMC e proteger a justiça e a equidade internacional", em uma referência indireta ao tarifaço americano.
Questionado sobre a possibilidade de uma maior abertura às exportações brasileiras, Jiakun respondeu que o país estaria disposto a "promover a cooperação com base em princípios de mercado".
Nesse sentido, o Brasil poderia tentar redirecionar as exportações antes destinadas ao mercado americano para a China?
Maiores parceiros, mas pautas diferentes
Os especialistas consultados pela reportagem avaliam que as possibilidades nesse sentido são limitadas.
Isso porque, apesar de serem os dois maiores parceiros comerciais do Brasil, China e Estados Unidos compram produtos bastante diferentes das empresas brasileiras.
"A nossa pauta para os Estados Unidos é muito peculiar dentro do universo de produtos que vendemos para o mundo", diz Livio Ribeiro, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) e sócio da consultoria BRCG.
A lista é diversificada, com muitos produtos manufaturados. Alguns são bens finais, como aviões, mas uma fatia considerável, segundo o economista, são os chamados bens de meio de cadeia, como lingotes de aço e outros produtos que vão ser processados em solo americano antes de chegarem ao consumidor final.
Já a pauta de exportações para a China está bastante concentrada em poucos produtos básicos. Entre janeiro e junho deste ano, 40% dos US$ 47,7 bilhões que o país vendeu para os chineses foi soja. Petróleo respondeu por outros 19% e minério de ferro, por outros 17%.
Os dados do sistema de estatísticas do comércio exterior brasileiro do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) deixam claram essa diferença, como ilustrado pelos gráficos abaixo.
China critica tarifaço de Trump ao Brasil e acusa EUA de coerção
Entre os produtos que poderiam ser eventualmente redirecionados à China, Guilherme Klein, professor do Departamento de Economia da Universidade de Leeds, no Reino Unido, destaca o petróleo, a carne bovina e o minério de ferro, itens que o Brasil já vende hoje para os dois principais parceiros.
No caso do minério de ferro, o professor ressalta que atualmente já existe excesso de oferta da commodity no mundo, o que tem empurrado os preços para baixo.
Assim, a avaliação é de que, ainda que o Brasil consiga vender parte da produção para outros países, caso as tarifas americanas entrem de fato em vigor, poderiam ter de fazê-lo a preços ainda mais baixos.
Klein não descarta, contudo, que a China pudesse absorver parte desse excedente "por uma questão estratégica, para se mostrar um parceiro comercial importante neste momento".
"É difícil separar o que vai ser geopolítica do que vai ser por interesse econômico", comenta o economista, emendando que a imprevisibilidade de Trump, que já voltou atrás em temas relacionados a tarifas diversas vezes, e a possível retaliação do Brasil tornam difícil o exercício de se tentar fazer previsões de cenários.
Em entrevista à Rede Record em 10 de julho, Lula afirmou que tentaria negociar com o governo Trump, mas que recorreria à lei de reciprocidade e taxaria os produtos americanos também em 50% caso não houvesse acordo.
Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior do Brasil e sócio da consultoria BMJ, lembra que uma série de produtos acabaram sendo excluídos da tarifa de 10% que os EUA impuseram ao Brasil em abril. A lista completa foi divulgada em um anexo da ordem executiva assinada por Trump na ocasião.
Ainda não está claro se essas isenções serão mantidas, mas, caso o fossem, petróleo e derivados estariam excluídos da tarifa.
Na avaliação de Barral, caso não haja acordo e a alíquota se mantenha no patamar de 50%, as commodities tenderiam a sofrer menor impacto negativo.
"Elas acabam sendo exportadas para outros destinos, mesmo que seja por um preço menor", ele pontua.
Esse seria um caminho, por exemplo, para o café, ainda que o especialista ressalte que os Estados Unidos teriam dificuldade de encontrar um fornecedor do porte do Brasil, que responde por cerca de um terço da importação americana.
Esse dado também foi destacado pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), que afirmou à reportagem avaliar que os americanos teriam dificuldade para encontrar um substituto para o produto brasileiro, restando a eles pagar mais caro ou diminuir o consumo da bebida.
"Estamos na esperança de que o bom senso prevaleça, porque sabemos que quem vai ser onerado é o consumidor americano", disse o diretor-geral do Cecafé, Marcos Matos.
Setores potencialmente mais afetados
O setor de suco de laranja, por sua vez, desenhou um prognóstico bastante pessimista após o anúncio. A indústria tem nos EUA destino de 41,7% de todas as suas exportações.
Em uma nota, a Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR) afirmou que a tarifa — que se somaria a uma sobretaxa que já é cobrada do produto brasileiro por conta da proteção ao setor de suco de laranja americano —, criaria "uma condição insustentável para o setor, que não possui margem para absorver esse tipo de impacto".
"As consequências são graves: colheitas são interrompidas, o fluxo das fábricas é desorganizado, e o comércio é paralisado diante da incerteza. Trata-se de uma cadeia produtiva altamente interligada", prossegue o texto.
Ainda segundo a entidade, a Europa, que hoje é o principal mercado do suco brasileiro, com participação de 52% das exportações da última safra, provavelmente não tem capacidade "de absorver excedentes do mercado americano sem que haja grave deterioração de valor para todo o setor".
De forma geral, conforme os especialistas ouvidos pela reportagem, os produtos que teriam maior dificuldade para encontrar outros destinos seriam os industrializados.
Welber Barral destaca, por exemplo, as autopeças: "O Brasil exporta muitas autopeças, inclusive de tratores, equipamentos agrícolas. E tem muito comércio intrafirma nesse setor, é produto certificado, é um modelo específico… ainda não tem muito como transferir [esses itens] para outros mercados".
O economista Guilherme Klein chama atenção para o segmento de mais alta tecnologia, que tem nos EUA um importante mercado.
No caso da indústria de aviões, ele diz, o Brasil não apenas exporta para o mercado americano, como também compra peças e partes de empresas dos EUA. Em uma situação de guerra comercial, por exemplo, com imposição de tarifas por parte do Brasil, o custo desses produtos aumentaria.
"Isso poderia criar uma espiral que travaria um pouco investimentos nesses setores", pondera Klein.
Em relatório enviado a clientes em 10 de julho, a equipe de economistas que acompanha o setor de transporte e logística no Itaú BBA avaliava que a Embraer pode ser uma das empresas mais fortemente afetadas.
Segundo a análise, cerca de 60% da receita da fabricante vem da América do Norte. Desse total, 46% estariam potencialmente expostas aos efeitos das tarifas — redução da demanda ou diminuição das margens de lucro, por exemplo.
Outra companhia do setor que poderia sofrer impacto negativo seria a fabricante de eletroeletrônicos Weg, ainda que em escala menor. Os economistas estimam que cerca de 25% da receita da empresa venha da América do Norte e que aproximadamente 7% estaria exposta aos efeitos das tarifas.
'É quase uma sanção econômica'
Uma das razões que Trump tem apontado para as tarifas salgadas que tem anunciado, com idas e vindas, desde o início de seu segundo mandato é o déficit comercial dos Estados Unidos, que compra mais de seus parceiros comerciais do que vende para o restante do mundo.
Isso não acontece, entretanto, na relação com o Brasil. A balança comercial americana com o país é superavitária, com saldo líquido de US$ 283,8 milhões no ano passado e de US$ 1,67 bilhão entre janeiro e junho deste ano.
Nesse sentido, a tarifa de 50% foi lida por analistas como uma decisão motivada mais por fatores políticos, o que explicaria a menção ao processo criminal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe na carta enviada por Trump a Lula.
"Do ponto de vista econômico, não há muita lógica [na aplicação da tarifa]", diz Guilherme Klein, que é também pesquisador do Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades (MADE) da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da Universidade de São Paulo (FEA/USP).
"É quase uma sanção econômica. Uma situação que é, na verdade, uma tentativa de interferência no sistema político de outro país", ele completa.
Na mensagem enviada ao presidente brasileiro, Trump acusou o Brasil de promover perseguição judicial contra Bolsonaro e de cercear os "direitos fundamentais de liberdade de expressão dos americanos", em referência às decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) nos últimos anos que retiraram do ar postagens e contas em redes sociais como o X com conteúdos considerados antidemocráticos.
Lula respondeu dizendo que o Brasil é um país soberano com instituições independentes e "que não aceitará ser tutelado por ninguém".
"O processo judicial contra aqueles que planejaram o golpe de estado é de competência apenas da Justiça Brasileira e, portanto, não está sujeito a nenhum tipo de ingerência ou ameaça que fira a independência das instituições nacionais", afirmou Lula em um comunicado.
'Não tem o que fazer': empresários estão pessimistas e veem tarifaço como 'inevitável'
Empresariado de São Paulo demonstra pessimismo com tarifaço de Trump
Empresários e representantes de setores da indústria e do agronegócio estão pessimistas com o tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e veem o início de cobrança das taxas em 1º de agosto como inevitável.
"Chega o dia 1º e o Brasil não chega a um acordo", disse um representante da indústria.
Entre as razões citadas pelos empresários está a dificuldade que o Brasil tem enfrentado em negociar com o país norte-americano.
"Não tem o que fazer", disse um empresário do agronegócio.
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Ainda há alguma expectativa de que o empresariado norte-americano consiga pressionar o governo Trump para limitar as tarifas impostas ao Brasil, mas a leitura é que os efeitos práticos disso tendem a ser limitados.
“Não sei se os empresários norte-americanos estão tão dispostos assim a brigar pelo Brasil, porque eles também têm os interesses deles por lá”, afirma um empresário. “Não é fácil, nem fluido.”
Entenda a dificuldade do governo para negociar tarifaço com os EUA
Para setores da indústria e do agronegócio, parte do que explica a dificuldade das negociações entre o Brasil e os Estados Unidos é o teor político por trás da ameaça tarifária de Trump. O republicano já afirmou mais de uma vez que o julgamento de Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe é uma "caça às bruxas" e já indicou que está aplicando tarifas mais altas ao Brasil por conta do ex-presidente.
Além disso, o empresariado também afirma que o Brasil não é uma das prioridades dos Estados Unidos neste momento, e que o governo norte-americano estaria priorizando negociações com outras nações.
"A situação ainda piora muito antes de melhorar", disse outro representante de um setor industrial.
A preocupação com a proximidade do tarifaço também levanta preocupações sobre os efeitos das tarifas nas empresas que exportam para os EUA, em especial nas de pequeno porte.
Representantes já indicam a necessidade de medidas de auxílio para aliviar eventuais impactos econômicos ao setor privado, e enxergam como positivas as iniciativas recentemente divulgadas.
Na semana passada, o governo de São Paulo anunciou que vai liberar o crédito acumulado do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) para empresas exportadoras. O Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) também anunciou apoio para essas companhias.
Iniciativas que foram criadas durante a pandemia também são vistas como uma saída para este momento, na visão dos setores.
O Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte), a dilatação do prazo do pagamento de impostos e uma eventual redução de jornada de trabalho com redução proporcional de salário, por exemplo, foram citados como alternativas.
Trump e Lula
AFP
Governo quer acabar com a obrigatoriedade de aulas em autoescolas para tirar a CNH
Governo avalia fim de autoescola obrigatória para baratear preço da CNH, diz Renan Filho
O ministro dos Transportes, Renan Filho, afirmou nesta terça-feira (29) que o governo pretende eliminar a exigência de aulas em autoescolas para a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
Em entrevista à GloboNews, ele destacou que o custo elevado — entre R$ 3 mil e R$ 4 mil — tem levado milhões de brasileiros a dirigir sem habilitação.
“Qual o problema do Brasil? É que a gente tem uma quantidade muito grande de pessoas dirigindo sem carteira porque ficou impeditivo tirar uma carteira no Brasil. Entre R$ 3 mil e R$ 4 mil. O cidadão não aguenta pagar isso”, afirmou o ministro.
“Quando o custo de um documento é impeditivo, o que que acontece? A informalização. As pessoas dirigem sem carteira. E esse é o pior dos mundos porque o nível da qualificação. (...) Isso aumenta o risco para ela, aumenta o risco de acidentes.”
Segundo o ministro, o governo estuda formas de reduzir ao máximo o custo da CNH, permitindo que mais pessoas possam se qualificar e obter o documento.
Renan Filho afirmou que cerca de 20 milhões de brasileiros dirigem sem habilitação atualmente, e outros 60 milhões têm idade para obter a CNH, mas ainda não possuem o documento. “A pesquisa que fizemos apontou o custo como o principal motivo”, disse.
Como fica o risco de acidentes?
'O grande problema é que as pessoas já dirigem sem carteira', diz Renan Filho
Ao ser questionado sobre o risco de acidentes com a flexibilização da exigência, o ministro afirmou que os cursos continuarão disponíveis, ministrados por instrutores qualificados e supervisionados pela Senatran e pelos Detrans.
“O grande problema é que as pessoas já dirigem sem carteira. (...) E se você for olhar, por exemplo, as pessoas que compram moto, 40% delas, quando a gente faz um cruzamento entre o CPF de quem comprou e se ele tem ou não habilitação, não possuem habilitação”, disse.
“Se as pessoas dirigem sem curso algum, a gente está propondo garantir cursos para que as pessoas melhorem, tenham mais qualificação na hora de dirigir.”
Renan Filho também destacou as desigualdades sociais no acesso à CNH, afirmando que, em muitos casos, as mulheres são excluídas do processo de habilitação.
“Se a família tem dinheiro para tirar só uma carteira, muitas vezes escolhe tirar a do homem. A mulher fica inabilitada justamente por essa condição.”
Máfias das autoescolas
Facilitar a vida do cidadão tira o incentivo econômico para criação de máfias da CNH, diz Renan Filho
Renan Filho também criticou o modelo atual, que, segundo ele, favorece a atuação de máfias em autoescolas e nos exames. “É tão caro que não basta a pessoa pagar uma vez o preço alto. Quem pode pagar, muitas vezes, é levado a ser reprovado para ter que pagar de novo”, afirmou.
“O que que acaba com isso? Desburocratizar, baratear, facilitar a vida do cidadão tira o incentivo econômico para criação dessas máfias.”
Segundo o ministro, o Brasil emite entre 3 e 4 milhões de CNHs por ano. Com os preços atuais, isso representa um gasto anual entre R$ 9 bilhões e R$ 16 bilhões para a população.
“Se isso for barateado, esse dinheiro vai para outros setores da economia, (...) que geram empregos competindo internacionalmente. Isso ajuda a economia brasileira a se dinamizar.”
Como colocar em vigor?
Facilitar a CNH deve incentivar a formação de motoristas profissionais, diz Renan Filho
Questionado sobre a necessidade de aprovação legislativa, o ministro afirmou que a proposta pode ser colocada em prática por meio de regulamentação, sem passar pelo Congresso.
“Não precisa passar pelo Congresso essa parte da modificação. Construímos um projeto que pode funcionar a partir daquilo que o próprio governo pode fazer. Não vamos mexer em leis profundamente.”
Para Renan Filho, a proposta configura apenas uma mudança regulatória. “A gente acredita que a gente pode, por meio da regulamentação das normas, facilitar, desburocratizar para o cidadão, que o que certamente facilita o debate político.”
O ministro também afirmou que a medida deve incentivar a formação de trabalhadores, permitindo o acesso antecipado a vagas que exigem carteiras de habilitação profissional.
“Condutores de ônibus, de caminhões, de vans de transporte, essas pessoas precisam ter uma carteira que não é essa que a gente está discutindo. A gente está discutindo a carteira A e B. (...) E, se as pessoas tiverem mais cedo, elas vão ter condição de acessar com mais facilidade o mercado de trabalho, é, de garantir melhoria na sua própria vida.”
Como tirar a CNH
Arte/g1
Governo quer acabar com a obrigatoriedade de aulas em autoescolas para tirar a CNH
FMI eleva projeção de crescimento do Brasil em 2026 para 2,1%
Lula e Haddad durante lançamento do Plano Safra no Planalto, em 1º de julho de 2025
Adriano Machado/Reuters
O Fundo Monetário Internacional (FMI) elevou sua perspectiva de crescimento do Brasil em 2026, mas segue vendo desaceleração da economia à frente, de acordo com novas projeções divulgadas nesta terça-feira (29). Os números não consideram os efeitos do tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros.
O FMI passou a ver agora um crescimento de 2,1% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2026, de acordo com seu relatório Perspectiva Econômica Global.
O número representa um aumento de 0,1 ponto percentual em relação à projeção feita no relatório de abril, mas ainda indica uma desaceleração em comparação ao crescimento estimado para 2025, de 2,3%.
O Fundo explicou que suas projeções nesse relatório são baseadas nas políticas comerciais atualmente em vigor, ou seja, assume que as políticas obrigatórias no momento em que ele foi escrito são permanentes. No caso do Brasil, o número considera o atual cenário, sem as tarifas de 50% impostas por Trump que devem entrar em vigor em 1º de agosto. (Entenda mais abaixo)
“Esse é o caso mesmo em relação às medidas que foram enquadradas como temporárias ou pendentes, o que significa que considera-se que pausas nas tarifas mais altas continuarão em vigor após seus prazos de vigência e que taxas mais altas não entrarão em vigor”, disse o FMI.
Como o g1 já mostrou, a imposição das tarifas por parte dos EUA pode resultar em perdas de até R$ 175 bilhões no PIB brasileiro ao longo dos próximos 10 anos, segundo um estudo da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).
Além da retração — que representaria um impacto negativo de 1,49% no PIB no longo prazo —, as taxas anunciadas pelo presidente Donald Trump têm potencial para eliminar mais 1,3 milhão de postos de trabalho no Brasil, estima a entidade.
As projeções do FMI são um pouco mais pessimistas do que a estimativa do governo brasileiro. Neste mês, o Ministério da Fazenda elevou sua projeção para o PIB para 2,5% em 2025, contra previsão de 2,4% em maio. Para 2026, a estimativa passou de 2,5% para 2,4%. Esses números também não consideraram efeitos potenciais do aumento das tarifas sobre o Brasil pelos Estados Unidos.
A economia brasileira cresceu 1,4% no primeiro trimestre na comparação com os três meses anteriores, de acordo com dados do IBGE, depois de ter expandido 3,4% em 2024. O IBGE divulgará os dados do segundo trimestre em 2 de setembro.
A atividade econômica do Brasil também enfrentou uma perspectiva de desaceleração gradual diante de uma política monetária restritiva com a taxa básica de juros Selic em 15%, patamar que deve ser mantido pelo Banco Central em sua reunião desta semana. Por outro lado, um mercado de trabalho robusto ajuda a manter a resiliência.
A conta do FMI para o crescimento da América Latina e Caribe em 2025 foi elevada em 0,2 ponto percentual, para 2,2%, enquanto que para 2026 ficou em 2,4%.
Para o grupo Economias de Mercados Emergentes e em Desenvolvimento, do qual o Brasil faz parte, o FMI elevou as projeções respectivamente em 0,4 e 0,1 ponto percentual em relação a abril, para 4,1% em 2025 e 4,0% em 2026.
O salto para este ano se deve principalmente à perspectiva para a China, com crescimento estimado agora em 4,8%, 0,8 ponto a mais do que no relatório anterior, como reflexo de um desempenho mais forte do que o esperado no primeiro semestre e da redução das tarifas dos EUA.
Efeitos do tarifaço
Os novos números do FMI não consideram os efeitos potenciais do tarifaço imposto por Trump. O governo brasileiro tem encontrando dificuldades para manter um diálogo com as autoridades norte-americanas sobre as questões comerciais.
Na semana passada, por exemplo, o blog do Valdo Cruz indicou que o republicano mandou sinais bem negativos para o Brasil, deixando a equipe do presidente Lula (PT) ainda mais pessimista sobre uma eventual revogação das taxas de 50%.
Segundo assessores presidenciais, Trump indicou que pretende realmente “punir” o Brasil, porque no campo econômico não há motivo para o país ser tarifado com a alíquota mais alta.
Nesta segunda-feira (28), Lula e os ministros Geraldo Alckmin e Fernando Haddad reiteraram a intenção do governo brasileiro de continuar as negociações com os representantes norte-americanos, mas reiteraram que um plano de contingência para os setores afetados já começou a ser criado.
PIB do Brasil pode perder até R$ 175 bilhões com tarifa de 50% de Trump, diz estudo
*Com informações da agência de notícias Reuters
Dólar fecha em queda, à espera do tarifaço, e de decisões de juros no Brasil e EUA; Ibovespa sobe
PIB do Brasil pode perder até R$ 175 bilhões com tarifa de 50% de Trump, diz estudo
O dólar fechou em queda de 0,38% nesta terça-feira (29), cotado a R$ 5,5689. Pela manhã, houve alta e chegou a R$ 5,6043. O Ibovespa, principal índice da bolsa, teve alta de 0,45%, aos 132.726 pontos.
A guerra comercial iniciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, segue gerando cautela entre os investidores, que aguardam novas atualizações sobre as negociações com China e Brasil.
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▶️ As negociações entre EUA e China se estenderam por dois dias em Estocolmo, na Suécia. Os dois países buscam um acordo que evite a paralisação das trocas comerciais por conta de tarifas excessivas.
A expectativa é de que a trégua tarifária entre os dois países seja prorrogada por mais 90 dias. Trump tem repetido seu desejo de que a China “abra seu mercado” para os EUA, enquanto os chineses buscam a redução de tarifas e o afrouxamento de restrições às exportações de tecnologia.
O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmou nesta terça-feira que “as reuniões foram muito construtivas”, mas não adiantou a decisão do governo americano.
▶️ O Brasil continua sem avanços nas negociações com os EUA. O vice-presidente, Geraldo Alckmin, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltaram a dizer que o governo segue tentando manter o diálogo com os americanos, mas já iniciou a elaboração de um plano de contingência.
Segundo o blog do Gerson Camarotti, interlocutores do governo afirmaram que o presidente Lula (PT) está disposto a telefonar para Trump para tratar do tema, caso haja abertura para o diálogo.
No entanto, o clima no Palácio do Planalto é de pessimismo. A avaliação é que a Casa Branca só deve iniciar conversas após a entrada em vigor das tarifas, prevista para 1º de agosto.
▶️ Na agenda econômica, as atenções ficam voltadas para a Superquarta. As decisões do Federal Reserve (banco central dos EUA) e do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central brasileiro estão previstas para esta quarta-feira (30).
Veja abaixo como esses fatores impactam o mercado.
Entenda a dificuldade do governo para negociar tarifaço com os EUA
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
💲Dólar
a
Acumulado da semana: +0,14%;
Acumulado do mês: +2,49%;
Acumulado do ano: -9,88%.
📈Ibovespa
Acumulado da semana: -0,60%;
Acumulado do mês: -4,41%;
Acumulado do ano: +10,34%.
Tarifaço segue na mira
Com a proximidade do prazo final de 1º de agosto para o tarifaço anunciado por Donald Trump, as negociações comerciais voltam ao centro das atenções do mercado financeiro nesta semana.
Após o novo acordo entre os EUA e a União Europeia, anunciado no domingo (27), as atenções se voltam para a China. Autoridades dos dois países se encontram em Estocolmo para tentar resolver as disputas comerciais das duas maiores economias do mundo.
Atualmente, a China tem até 12 de agosto para firmar um tratado tarifário duradouro com o governo Trump. O prazo foi definido após acordos preliminares entre Pequim e Washington em maio e junho, que buscavam encerrar semanas de escalada tarifária e disputas envolvendo minerais de terras raras.
A expectativa, agora, é que os dois países concordem em estender a trégua tarifária por mais 90 dias, o que evitaria uma nova escalada das tensões e facilitaria o planejamento de uma possível reunião entre Trump e o presidente chinês, Xi Jinping, no segundo semestre.
Após o encontro entre EUA e China em Estocolmo, nesta terça-feira, o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, afirmou que o tom geral das reuniões foi "muito construtivo".
Já o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, afirmou que se uma prorrogação da trégua é uma opção a ser aprovada, mas indicou que ficará a cargo de Trump dar o aval.
"Nós informaremos a ele o processo que tivemos aqui. Tivemos reuniões construtivas, com certeza, para voltarmos com um relatório positivo. Mas a extensão da pausa, ele [Trump] decidirá", afirmou.
E o Brasil?
A proximidade da entrada em vigor das tarifas de Trump também eleva a preocupação com a situação do Brasil. As negociações com os EUA não avançaram até o momento, e investidores seguem cautelosos quanto à resposta brasileira.
Na segunda-feira (28), o blog do Valdo Cruz indicou que o acordo entre os EUA e a União Europeia diminui ainda mais o poder de barganha do Brasil e reduz a urgência de um tratado dos europeus com o Mercosul.
Por aqui, o governo continua tentando conversar com os norte-americanos. Na véspera, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, afirmou que o Brasil continua a dialogar com os EUA, mas já começou a elaborar um plano de contingência para apoiar setores brasileiros que serão impactados pelas tarifas de Trump.
“Estamos dialogando neste momento pelos canais institucionais e com a devida reserva. Quando tiver algo a ser anunciado, vocês serão os primeiros a saber. O plano de contingência está sendo elaborado, bastante completo, bem feito, mas todo o empenho agora é para buscar resolver o problema”, declarou Alckmin.
Já nesta sexta-feira (29), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que Alckmin teve uma terceira e longa conversa com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, reiterando que o país vai prosperar nas negociações comerciais, mas reforçando que o Brasil não está preso ao prazo.
O tarifaço prevê a aplicação de uma sobretaxa de até 50% sobre produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, a partir de 1º de agosto. A decisão do governo norte-americano afeta setores como aço, alumínio, minerais críticos e veículos elétricos.
Como o g1 já mostrou, interlocutores de Lula que foram a Nova York relataram que Trump não autorizou sua equipe a abrir diálogo com o Brasil, o que tem dificultado as negociações. Assessores presidenciais também afirmaram que Trump sinalizou a intenção de “punir” o Brasil, mesmo sem justificativa econômica clara para aplicar a tarifa mais alta.
A avaliação aumentou o pessimismo da equipe de Lula quanto à possibilidade de reversão do tarifaço. A perspectiva é que Trump apenas abra o diálogo com o Brasil após 1º de agosto.
Bolsas pelo mundo
Com o tarifaço no radar e uma série de balanços corporativos previstos para a semana, as bolsas de valores pelo mundo operavam majoritariamente em alta nesta terça-feira (29).
Na Europa, o Stoxx 600, um dos principais índices acionários da região, tinha alta de 0,47% perto das 10h, conforme investidores continuavam a repercutir o acordo entre EUA e UE.
Veja como estavam os índices europeus perto das 10h, segundo a Bloomberg:
🇩🇪 o DAX, da Alemanha, subia 1,18%;
🇫🇷 o CAC 40, da França, avançava 1,25%;
🇬🇧 o FTSE 100, do Reino Unido, tinha alta de 0,59%;
🇮🇹 o FTSE MIB, da Itália, tinha ganhos de 1,41%;
🇪🇸 o IBEX 35, da Espanha, subia 1,07%;
🇵🇹 o PSI 20, de Portugal, avançava 0,17%.
Já na Ásia, os índices fecharam mistos, de olho na nova rodada de negociações entre EUA e China.
*Com informações da agência de notícias Reuters.
Dólar
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Líderes deveriam fazer como Lula e reagir com coragem a bullying de Trump, diz Nobel de economia
Joseph Stiglitz
Getty Images via BBC
Em artigo distribuído a jornais americanos, o pesquisador americano e vencedor do Nobel de Economia em 2001, Joseph Stiglitz, defendeu que líderes mundiais sigam o caminho do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e reajam com coragem ao "bullying" praticado por Donald Trump e os Estados Unidos.
"Sob a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Brasil optou por reafirmar seu compromisso com o Estado de Direito, mesmo com os Estados Unidos aparentemente renunciando à sua própria Constituição", escreveu Stiglitz, que foi conselheiro no governo do ex-presidente americano Bill Clinton e foi economista chefe do Banco Mundial.
"Espera-se que outros líderes políticos demonstrem coragem semelhante diante do bullying do país mais poderoso do mundo."
O artigo foi publicado no site Project Syndicate, uma organização internacional de mídia sem fins lucrativos que publica e distribui análises sobre diversos tópicos globais.
O economista classificou também a imposição de tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras por Trump como uma medida ilegal e uma forma de interferência na soberania nacional.
Segundo Stiglitz, o presidente americano está ignorando a Constituição americana, "que dá ao Congresso a autoridade exclusiva para imposição de taxas".
Tarifaço de Trump: EUA preparam nova base legal para justificar tarifas de 50% ao Brasil
O Nobel de Economia compara ainda a resposta dos EUA ao que classificou como uma tentativa de Trump de comprometer a "transição pacífica do poder" e a democracia, com o processo conduzido contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Para Stiglitz, Bolsonaro tentou "imitar" o ataque ao Capitólio dos EUA em 6 de janeiro de 2021, quando apoiadores de Trump invadiram a sede do Legislativo americano para tentar impedir a certificação da eleição de Joe Biden.
"A tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023, em Brasília, foi maior que o ataque ao Capitólio, mas as instituições brasileiras se mantiveram firmes – e agora exigem que Bolsonaro seja responsabilizado", escreveu o professor da Universidade Columbia, em referência à depredação as sedes dos Três Poderes por radicais bolsonaristas.
E segundo Joseph Stiglitz, Trump "viola o Estado de Direito" ao insistir que o Brasil abandone o processo contra o ex-presidente.
Bolsonaro é réu no processo que tramita no STF por tentativa de golpe de Estado e, desde a aplicação das medidas, está usando tornozeleira eletrônica e impedido de usar redes sociais.
Ao anunciar a taxação contra o Brasil, em 9 de julho, Trump citou como sua principal motivação o tratamento dado a Bolsonaro pela Justiça brasileira no processo. Para o presidente americano, trata-se de uma "caça às bruxas" contra o aliado.
"O que o Brasil está fazendo contrasta fortemente com o que aconteceu nos EUA. Embora o processo legal tenha avançado lenta, mas criteriosamente, para responsabilizar aqueles que participaram da insurreição de 6 de janeiro, imediatamente após sua segunda posse, Trump usou o poder de perdão do presidente para perdoar todos os que haviam sido devidamente condenados – mesmo os mais violentos", diz o artigo assinado por Stiglitz, que ainda aponta o presidente americano como cúmplice do ataque que deixou cinco mortos e mais de 100 policiais feridos.
"Assim como a China, o Brasil se recusou a se submeter à intimidação americana. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou a ameaça de Trump de 'chantagem inaceitável', acrescentando: 'Nenhum estrangeiro vai dar ordens a este presidente'."
'Direito de seguir políticas sem interferência estrangeira'
Em seu texto, Joseph Stiglitz ressalta a coragem do Brasil em enfrentar Donald Trump "não apenas no domínio do comércio, mas também na regulamentação das plataformas tecnológicas controladas pelos EUA".
"Os oligarcas tecnológicos dos EUA usam seu dinheiro e influência no mundo todo para tentar forçar os países a lhes darem rédea solta para perseguir suas estratégias de maximização de lucro, o que inevitavelmente causa enormes danos, inclusive servindo como um canal de desinformação e informação enganosa", escreve o economista.
O governo de Trump também acusa o Supremo Tribunal Federal (STF) de praticar "censura" ao exigir que postagens e perfis de apoiadores de Jair Bolsonaro nas redes sociais que praticavam ataques à democracia e à própria Corte fossem tiradas do ar.
O Nobel de Economia ressalta ainda o ganho de popularidade vivido por Lula após o anúncio das tarifas americanas, mas afirma que a forma como o presidente brasileiro tem lidado com os EUA não é motivada por esse objetivo.
"Mas não foi isso que motivou Lula a tomar essa posição. Foi a crença genuína no direito do Brasil de seguir suas próprias políticas sem interferência estrangeira", escreve.
"É de se esperar que outros líderes de países grandes e pequenos demonstrem coragem semelhante diante da intimidação do país mais poderoso do mundo. Trump minou a democracia e o Estado de Direito nos EUA – talvez de forma irreparável. Não se deve permitir que ele faça o mesmo em outros lugares."
Haddad diz que governo dos EUA está 'aberto a conversar' sobre tarifaço, mas prepara plano de proteção ao emprego
'Brasil vai estar preparado para cuidar das suas empresas, seus trabalhadores', diz Haddad O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira (29) que há sinais de que o governo dos Estados Unidos está aberto a discutir o chamado tarifaço. Se nada for alterado, a medida anunciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, resultará na imposição de uma sobretaxa de 50% às importações brasileiras, valendo a partir da próxima sexta-feira (1º). "O Brasil nunca abandonou mesa de negociação. Eu acredito que, nesta semana, já há algum sinal de interesse em conversar. E há uma maior sensibilidade de algumas autoridades dos Estados Unidos de que, talvez, tenha se passado um pouquinho e, que, queiram conversar. Alguns empresários estão fazendo chegar ao nosso conhecimento de que estão encontrando maior abertura lá", disse Haddad a jornalistas. Enquanto busca levar adiante as negociações com o governo norte-americano, o ministro afirmou que o Executivo prepara um plano de contingência no caso de o tarifaço dos EUA ser, de fato, adotado. "Estamos muito confiantes que preparamos um trabalho que vai permitir ao Brasil superar esse momento. O evento externo não foi criado por nós, mas o Brasil vai estar preparado para cuidar das suas empresas, dos seus trabalhadores, e ao mesmo tempo se manter permanentemente na mesa de negociação buscando racionalidade, buscando respeito mútuo", acrescentou o ministro da Fazenda. Questionado por jornalistas se a área econômica considera adotar um plano de proteção ao emprego, nos moldes do que aconteceu na pandemia da Covid-19 — quando o governo pagava parte ou mesmo a íntegra de salários de empregados do setor privado e, em troca, as empresas deveriam garantir por algum tempo a manutenção destas contratações — Haddad afirmou que essa é uma opção que está na mesa. "Dentre os vários cenários, há lei que estabelece esse tipo de... [programa]. Mas não sei qual o cenário que o presidente vai optar, por isso que eu não posso adiantar as medidas que vão ser adotadas por ele. Como são vários cenários, todo tipo de medida cabe em algum deles. Mas quem vai decidir a escala, o montante, a oportunidade, a conveniência e a data é o presidente [Lula]", afirmou Haddad. De acordo com a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), o aumento das tarifas de importação dos EUA sobre produtos brasileiros pode impactar cerca de 10 mil empresas brasileiras que exportam para o mercado norte-americano. Essas empresas empregam, juntas, aproximadamente 3,2 milhões de pessoas no Brasil. Às vésperas de tarifaço, Lula diz esperar que Trump aja como "no mundo civilizado" Tarifaço dos EUA No dia 9 de julho, Trump publicou uma carta endereçada ao presidente Lula (PT) anunciando a aplicação de tarifas de 50% sobre todos os produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos. Ele justificou a medida com argumentos políticos e comerciais. No dia 23, o presidente dos EUA disse que aplicou tarifas de 50% a países com os quais o relacionamento "não tem sido bom". Embora não tenha sido citado diretamente, o Brasil está entre eles. Segundo Trump, o objetivo é pressionar outros países a abrirem seus mercados. Neste domingo (27), o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, afirmou que as tarifas impostas pelo país entrarão em vigor no dia 1º de agosto, "sem prorrogações". Data do tarifaço pode ser alterada O ministro Haddad também afirmou que, em sua visão, o prazo para início do tarifaço, a próxima sexta-feira, pode ser alterado. Ou pode ter início e, depois das negociações com os EUA, haver um recuo na sobretaxa de 50% por parte dos norte-americanos. "Eu não sei se vai dar tempo até o dia 1º [de concluir as negociações]. Mas o que importa não é essa data. Não é uma data fatídica. É uma data que pode ser alterada por eles, pode entrar em vigor e nós nos sentarmos e rapidamente concluirmos uma negociação. Mas está ficando mais claro agora os pontos de vista do Brasil em relação a alguns temas, que não eram de fácil compreensão por parte deles", disse Haddad. Conversa entre Lula e Trump Fernando Haddad declarou, ainda, que não há obstrução dos canais de diálogo entre os governos brasileiro e dos Estados Unidos. Ele confirmou que pode haver uma conversa direta entre os presidentes Donald Trump e Lula, que já está sendo precedida por tratativas oficiais entre as nações. "É papel nosso, dos ministros, azeitar os canais, para que a conversa, quando ocorrer, seja mais dignificante e edificante possível. não seja uma coisa, como aconteceu, vocês presenciaram varias conversas que não foram respeitosas. Tem de haver uma preparação antes para que seja uma coisa respeitosa, para que os dois povos se sintam valorizados à mesa de negociação. Não haja um sentimento de vira-latismo, de subordinação. Preparar isso é respeito ao povo brasileiro", acrescentou o ministro. LEIA MAIS: Brasil vai tentar excluir alimentos e Embraer do tarifaço, enquanto empresários aconselham governo a não retaliar EUA Diplomatas defendem acerto antes de eventual telefonema para que Trump não repita com Lula o que fez com Zelensky Lula está disposto a ligar para Trump, desde que seja atendido, dizem interlocutores
Mega-Sena pode pagar R$ 51 milhões nesta terça-feira
Mega-Sena
Marcelo Brandt/G1
O concurso 2.894 da Mega-Sena pode pagar um prêmio de R$ 51 milhões para os acertadores das seis dezenas. O sorteio ocorre às 20h desta terça-feira (29), em São Paulo.
No concurso do último sábado (26), ninguém levou o prêmio máximo.
A aposta mínima para a Mega-Sena custa R$ 6 e pode ser realizada também pela internet, até as 19h – saiba como fazer a sua aposta online.
A Mega-Sena tem três sorteios semanais: às terças, quintas e sábados.
Entenda como funciona a Mega-Sena e qual a probabilidade de ganhar o prêmio
Para apostar na Mega-Sena
As apostas podem ser realizadas até as 19h (horário de Brasília) em qualquer lotérica do país ou por meio do site e aplicativo Loterias Caixa, disponíveis em smartphones, computadores e outros dispositivos.
O pagamento da aposta online pode ser realizado via PIX, cartão de crédito (neste caso, com valor mínimo de R$ 30 por compra) ou pelo internet banking, para correntistas da Caixa. É preciso ter 18 anos ou mais para participar.
Probabilidades
A probabilidade de vencer em cada concurso varia de acordo com o número de dezenas jogadas e do tipo de aposta realizada.
Para um jogo simples, com apenas seis dezenas, que custa R$ 6, a probabilidade de ganhar o prêmio milionário é de 1 em 50.063.860, segundo a Caixa.
Já para uma aposta com 20 dezenas (limite máximo), com o preço de R$ 232.560,00, a probabilidade de acertar o prêmio é de 1 em 1.292, ainda de acordo com a instituição.
Tarifaço: Brasil não vai sair da mesa de negociações em nenhum momento, diz Haddad
Governo federal planeja medidas para reduzir impactos do tarifaço de Trump O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira (28) que o Brasil seguirá priorizando o diálogo com os Estados Unidos para tentar reverter o anúncio do tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros. Segundo ele, o país não deixará a mesa de negociações “em nenhum momento”. Além disso, Haddad relatou que o plano de contingência para acolher setores brasileiros potencialmente afetados pela sobretaxa foi apresentado nesta noite ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Nós nos debruçamos sobre isso hoje. Os cenários possíveis já são de conhecimento do presidente. Ainda não tomamos nenhuma decisão, porque nem sabemos qual será a decisão dos EUA no dia 1º”, disse Haddad, sem detalhar quais seriam as medidas. Ao ser questionado se o presidente Lula já havia tomado alguma decisão em relação às medidas, o ministro respondeu que "não, porque nós não sabemos a decisão que vai ser tomada [pelos Estados Unidos]". Haddad, no entanto, não respondeu quando o plano de contingência será apresentado. Segundo ele, o "o importante é que o presidente tem na não os cenários todos que foram definidos pelos quatro ministérios (MDIC, Fazenda, Itamaraty e Casa Civil)". "E o foco, por determinação do presidente, é negociar, tentar evitar medidas unilaterais, mas, independentemente da decisão que o governo dos Estados Unidos vai tomar, nós vamos continuar abertos à negociação", reforçou o chefe da Fazenda. De acordo com Hadadd, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), está em "contato permanente e à disposição permanentemente das autoridades americanas". "Tem havido conversas. Então, aquilo que foi dito semana passada, retrasada, de que o Brasil não vai deixar a mesa de negociação em nenhum momento, está valendo e vai continuar valendo", acrescentou o ministro.
Plano de contingência está sendo elaborado, mas governo brasileiro continua a dialogar com os EUA, diz Alckmin
A quatro dias do tarifaço, Lula cobra postura civilizada dos EUA O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, afirmou nesta segunda-feira (28) que o governo federal está preparando um plano de contingência para apoiar os setores brasileiros que serão impactados pelo aumento de tarifas de importação anunciado pelos Estados Unidos — o chamado tarifaço, que começa a vigorar nesta quinta-feira (1º). “Estamos dialogando neste momento pelos canais institucionais e com a devida reserva. Quando tiver algo a ser anunciado, vocês serão os primeiros a saber. O plano de contingência está sendo elaborado, bastante completo, bem feito, mas todo o empenho agora é para buscar resolver o problema”, declarou Alckmin. Na semana passada, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já havia informado que a equipe econômica trabalha em medidas de apoio aos setores atingidos pela medida americana. O tarifaço prevê a aplicação de uma sobretaxa de até 50% sobre produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, a partir de 1º de agosto. A decisão do governo norte-americano afeta setores como aço, alumínio, minerais críticos e veículos elétricos. Segundo a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), o aumento das tarifas pode impactar cerca de 10 mil empresas brasileiras exportadoras, responsáveis por aproximadamente 3,2 milhões de empregos no país. Chance de conversa com Trump Ao ser questionado se conversou com o presidente Lula sobre uma possível conversa com Donald Trump, Alckmin afirmou que o assunto não foi levado, mas que Lula “é o homem do diálogo, sempre defendeu o diálogo”. O governo brasileiro tem enfrentado dificuldades para negociar as tarifas junto ao governo norte-americano. Na semana passada, Lula afirmou que o republicano “não quer conversar” sobre o tarifaço e disse que o Brasil está disposto a avançar nas negociações, desde que os EUA também tenham interesse. A interlocutores, o presidente brasileiro também já reclamou da falta de um canal direto de negociação com Trump. O petista relatou que, embora existam conversas em nível diplomático, elas não chegam à Casa Branca. No dia 9 de julho, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enviou uma carta ao Brasil e anunciou uma taxa de 50% sobre os produtos brasileiros importados. A medida está prevista para começar a valer no dia 1º de agosto.
Tarifaço: Lula diz esperar que Trump aja como no mundo 'civilizado'
A quatro dias do tarifaço, Lula cobra postura civilizada dos EUA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda-feira (28) que espera que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, "reflita sobre a importância do Brasil" e adote uma postura de diálogo em vez de impor tarifas unilaterais.
A declaração foi dada durante cerimônia de inauguração de uma usina de gás natural no estado do Rio de Janeiro.
O tarifaço de Trump, de 50% sobre produtos brasileiros que entrarem nos EUA, começa a vigorar na quinta-feira (1º). O governo brasileiro considera a medida uma violação das boas práticas comerciais.
"Eu espero que o presidente dos EUA reflita a importância do Brasil e resolva fazer aquilo que no mundo civilizado a gente faz. Tem divergência? Senta numa mesa, coloca a divergência do lado e vamos tentar resolver", disse Lula. "E não de forma abrupta, individual, tomar a decisão de que vai multar, taxar o Brasil em 50%."
Em semana decisiva para o Brasil, uma comitiva de oito senadores de diversas correntes políticas está nos Estados Unidos para tentar abrir um canal de negociação e evitar o tarifaço. Eles têm uma série de reuniões com parlamentares e empresários americanos, mas não há previsão de agenda com representantes da Casa Branca.
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, também desembarcou nos EUA para agendas na ONU e indicou que estaria aberto para o diálogo se houver uma sinalização positiva do governo Trump, segundo apurou a TV Globo/GloboNews.
Soberania sobre os recursos minerais
Durante o discurso, Lula também destacou que pediu à equipe de governo um levantamento detalhado das riquezas do solo e subsolo brasileiros. Segundo ele, apenas 30% do potencial mineral do país foi explorado ou mapeado até o momento.
"Esses dias eu li uma matéria que os EUA têm interesse nos minerais críticos do Brasil. Ora, se eu nem conheço esse mineral e ele já é crítico, eu vou pegar ele pra mim. Por que eu vou deixar para outro pegar?", questionou o presidente.
De acordo com Lula, será criada uma "comissão ultraespecial" para coordenar esse levantamento. Ele também defendeu que empresas interessadas na exploração de recursos no país atuem sob controle estatal.
"Temos que dar autorização para a empresa pesquisar sob o nosso controle. Quando a empresa achar [minério], ela não pode vender sem conversar com o governo. E muito menos vender a área que tem o minério, porque aquilo é nosso, é do povo brasileiro", afirmou.
Política externa e abertura de mercados
Lula ainda ressaltou que o Brasil não busca confronto com parceiros internacionais. "A gente não quer briga, a gente quer negociar, a gente quer fazer comércio", disse.
Ele comemorou a abertura de 398 mercados internacionais para produtos brasileiros desde o início do terceiro mandato.
"Faltam dois mercados para completar 400. Quando completar, eu vou comemorar como o Pelé comemorou os mil gols dele", brincou. "Porque não é fácil abrir mercado. É muita conversa, muito telefonema, muita carta. Se tem uma coisa que ninguém me pega, é com preguiça de conversar."
Brasil sai novamente do Mapa da Fome, segundo relatório da ONU
Brasil sai novamente do Mapa da Fome, segundo relatório da ONU
O Brasil saiu novamente do Mapa da Fome, de acordo com relatório divulgado nesta segunda-feira (28) pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Segundo o levantamento, menos de 2,5% da população está em risco de subalimentação (situação em que uma pessoa consome, de forma habitual, menos calorias do que o necessário para manter uma vida ativa e saudável).
🌍O Mapa da Fome é elaborado pela FAO, agência da ONU especializada em Alimentação e Agricultura, e mede o acesso da população à alimentação suficiente para uma vida ativa e saudável.
Qual é a diferença entre fome e insegurança alimentar
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Guardiões de sementes adaptam grãos para enfrentar seca e garantir alimentos no sertão de PE
O anúncio foi feito durante evento oficial da 2ª Cúpula de Sistemas Alimentares da ONU, em Adis Abeba, na Etiópia.
O Brasil já havia saído da lista de países com fome em 2014. No entanto, após a análise dos dados de 2018 a 2020, a ONU recolocou o país na categoria, apontando um aumento da insegurança alimentar no período.
Agora, com base na média de dados de 2022 a 2024, o novo relatório “O Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo 2025” concluiu que o índice de risco caiu novamente abaixo do limite de 2,5%, considerado o critério para saída do Mapa.
🔎A ONU define como desnutrida a pessoa que, habitualmente, consome menos calorias e nutrientes do que o necessário para manter uma vida saudável.
Mesmo fora do Mapa da Fome, o Brasil ainda tem 35 milhões de pessoas com dificuldade para se alimentar. É o que a ONU chama de insegurança alimentar — quando a falta de recursos obriga famílias a reduzirem a qualidade ou a quantidade dos alimentos. Nos casos mais graves, isso significa ficar sem comer por um dia inteiro, ou até mais.
O Brasil no Mapa da Fome
Arte/g1
O Brasil e a fome
Especialistas ouvidos pelo g1 explicam por que o Brasil, apesar de ser um dos maiores produtores de alimentos do mundo, ainda tem dificuldade para alimentar toda a sua população.
▶️no Brasil, não falta alimentos, mas há muita gente sem dinheiro para comprar comida suficiente – o desemprego caiu, mas os preços dos alimentos têm subido;
▶️alguns afirmam que a produção agropecuária tem se voltado mais à exportação do que ao abastecimento interno, e que isso precisa ser reequilibrado para garantir segurança alimentar no futuro;
▶️outros discordam e afirmam que o modelo de produção do país tem dado conta tanto do mercado interno como do externo, e que aumentar a produção não vai tirar pessoas da fome;
▶️as mudanças climáticas são, hoje, o principal risco para o desabastecimento.
▶️o Brasil ainda tem locais com pouca ou nenhuma oferta de alimentos saudáveis, chamados de desertos alimentares.
#NÃO É BEM ASSIM: Governo não 'cortou' Bolsa Família de 900 mil famílias; saída do programa foi por aumento de renda
#NÃO É BEM ASSIM: Governo não 'cortou' Bolsa Família de 900 mil famílias; saída do programa foi por aumento de renda
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Circula nas redes sociais uma publicação que alega que o governo federal "cortou" o Bolsa Família de 900 mil famílias entre junho e julho deste ano. #NÃO É BEM ASSIM.
selo não é bem assim
arte
🛑 Como é a publicação?
Publicada em 24 de julho deste ano no Facebook, ela alega que o governo do presidente Lula (PT) realizou um "corte" que excluiu cerca de 900 mil famílias do Bolsa Família. O motivo seria uma mudança na regra de transição do programa.
A legenda do post diz: "NOVO CORTE NO BOLSA FAMÍLIA CAUSA IMPACTO EM MILHARES DE FAMÍLIAS. [...] Com isso, quase 900 mil famílias foram excluídas do programa entre junho e julho, o menor número de beneficiários dos últimos 3 anos".
⚠️ Por que não é bem assim?
Em 18 de julho deste ano, o governo informou que cerca de 958 mil famílias deixariam de receber o benefício por aumento na renda. A saída, portanto, não foi um corte no programa.
Pelo critério atual, os domicílios beneficiados pelo Bolsa Família devem ter uma renda mensal de R$ 218 por integrante.
Ao ultrapassar esse valor, mas ainda recebendo menos que meio salário mínimo por pessoa, as famílias entram na "regra de proteção" (ou "regra de transição"), que garantia o recebimento de 50% do auxílio por mais dois anos.
No entanto, em maio deste ano, o governo anunciou que, a partir de junho, esse prazo seria reduzido para um ano, sem afetar as famílias já beneficiadas.
A saída das famílias em julho não tem qualquer relação com as mudanças anunciadas. Segundo o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, 536 mil famílias deixaram o Bolsa Família por terem cumprido os dois anos da regra de proteção. Já outras 385 mil saíram por ultrapassarem o limite de renda por integrante.
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