Sem destino certo para bezerros machos, criadores de gado leiteiro investem em carne; veja as diferenças na criação
Sem destino certo para bezerros machos, criadores de gado leiteiro investem em carne
Você já parou para pensar o que acontece com bezerros machos que nascem em fazendas de gado leiteiro? Normalmente eles são descartados, ou seja, vendidos ou doados.
Para mudar esse cenário, produtores passaram a apostar na produção conjunta de leite e carne. Mas as criações têm diferenças. Confira abaixo.
🐄Raça
No geral, as raças leiteiras não têm boa musculatura para a produção de carne. Por isso, os produtores que querem fazer essa diversificação precisam inseminar algumas vacas com raças com carne de qualidade, como a aberdeen angus.
A produção que foca nessa mistura é chamada de "beef on dairy", em português "carne na leiteria".
O processo ajuda também a deixar apenas vacas com alta produtividade no laticínio, direcionando as outras para reprodução de gado de corte.
A mistura das raças pode gerar uma carne com mais marmoreio, que é a gordura entre as fibras, que dá sabor e maciez.
🌱Alimentação
Novilhas de leite são criadas com forragem e leite mais rico em gordura e proteína, para fortalecer a imunidade.
Já o animal de corte precisa de uma alimentação que dê mais energia, para ter mais carne, músculo e gordura.
Veja a reportagem completa no vídeo abaixo.
Projeto inédito no Brasil une gado de leite e de corte na mesma propriedade
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Honda Civic com lance inicial mais barato que iPhone
divulgação/Copart
A Copart, empresa privada de leilões, divulgou a agenda de próximos leilões de veículos. O mais próximo acontece já nesta terça-feira (19), com lances iniciando em R$ 7.600 para um Fiat Palio 2015 e alcançando R$ 365 mil para levar uma Porsche 911 Turbo S.
Há também lances que chamam atenção, como R$ 40.100 para uma Range Rover Evoque blindada e Honda Civic LXS 1.8 16V por R$ 12,4 mil, R$ 3.099 mais barato que um iPhone 16 Pro Max de 1 TB (R$ 15.499).
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O lance mínimo é o valor de partida para as ofertas. A avaliação estimada para cada veículo é calculada com base nos valores praticados pelo mercado e no estado de conservação da unidade.
A sessão pública deste leilão acontece de forma online, mas o pátio responsável pelos veículos está na cidade de São Paulo (SP).
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Como funcionam os leilões
Neste leilão, existem:
🚗 68 veículos aptos a circular;
🔧 4 modelos listados como "irrecuperáveis", mas podendo servir como peças sobressalentes para outros veículos.
Segundo o leilão, um veículo apto a circular significa que ele pode retornar a andar em via pública, ficando o comprador responsável pelo registro perante o órgão ou entidade executivo de trânsito, com o pagamento das respectivas taxas em no máximo 30 dias.
O leilão não é responsável pelas peças e afirma que o comprador já está ciente da situação mecânica do veículo, não aceitando posteriores reclamações.
Porsche 718 Cayman em leilão da Copart
divulgação/Copart
Veja outros destaques do leilão
Chevrolet Onix LTZ 1.4 de 2014
Lance inicial: R$ 15.200
Toyota Hilux SW4 SRX 2.8 de 2016
Lance inicial: R$ 101.000
Honda Civic EXL 2.0 16V i-VTEC de 2018
Lance inicial: R$ 65.000
BYD Seal de 2024
Lance inicial: R$ 70.050
Toyota Corolla XEI 2.0 16V DUAL VVT-I de 2013
Lance inicial: R$ 26.050
Renault Duster Dakar 1.6 de 2016
Lance inicial: R$ 20.250
Porsche 911 Turbo S de 2011
Lance inicial: R$ 285.000
Porsche Cayenne Coupe GT 4.0 de 2022
Lance Inicial: R$ 284.050
Audi Q3 1.4 16V TFSI TURBO de 2020
Lance inicial: R$ 86.500
Hyundai HB20 Premium 1.6 de 2015
Lance inicial: R$ 26.500
BMW M5 M xDrive 4.4 de 2020
Lance inicial: R$ 195.000
Range Rover Evoque Dynamic 2.0 Si4 Turbo blindada em leilão
divulgação/Copart
Veja dicas para participar de leilões
Como em qualquer leilão, é preciso analisar minuciosamente cada item para saber qual faz sentido na sua garagem. Para te ajudar, o g1 reuniu as principais dicas e as opiniões de especialistas para que você tome a melhor decisão.
Existem dois tipos de leilões: os particulares e os públicos. A primeira pergunta que o consumidor pode se fazer é: de onde vêm esses veículos?
Os leilões públicos costumam ofertar modelos que foram apreendidos ou abandonados. De acordo com Otávio Massa, advogado tributarista, esses veículos têm origem em operações de fiscalização aduaneira e foram retidos por questões legais, fiscais ou por abandono em recintos alfandegados.
Existem também os carros inservíveis de órgãos públicos, como os que já não têm mais utilidade para o propósito governamental e são vendidos para reutilização ou como sucata.
“Os veículos são vendidos no estado em que se encontram, sem garantias quanto ao seu funcionamento ou condições, e o arrematante assume todos os riscos”, explica Massa.
Em meio aos riscos, há excelentes preços. Porém, existe um passo a passo para verificar o estado do carro, que vamos falar adiante.
Diferentemente das revendas oficiais ou multimarca, não é oferecida uma garantia para o produto. É nesse momento que o consumidor tem que ligar o alerta: produtos de leilões particulares podem ter garantia para apenas alguns itens. Os públicos, por sua vez, não têm garantia.
Por isso, é importante checar se é possível fazer uma vistoria presencial no modelo antes de pensar no primeiro lance.
Luciana Félix, que é especialista em mecânica de automóveis e gestora da Na Oficina em Belo Horizonte, lembra ainda que a burocracia pode ser um grande empecilho para o uso do item leiloado. Um exemplo que ela cita é o de um carro aprendido, que pode ter problemas na documentação.
“Esses carros já vêm com burocracias devido ao seu histórico. (...) Às vezes, são carros que necessitam de uma assistência jurídica. Você tem que contratar um advogado para fazer toda a baixa dessa papelada”, alega a especialista.
Leilões particulares
De acordo com a especialista em mecânica automotiva Luciana Félix a maioria dos pregões particulares oferece carros de seguradoras (geralmente de sinistros, com perdas totais ou parciais), de locadoras, e de empresas com pequena frota, que colocam a antiga para leilão quando precisam fazer a substituição.
Simplificando o conceito:
🔒Leilões particulares: frotas de empresas, devoluções de leasing, de seguradoras
🦁Leilões da Receita Federal: apreendidos, confiscados ou abandonados.
Tipo de compra
Segundo Ronaldo Fernandes, especialista em Leilões da SUIV, empresa que possui um banco de dados de peças automotivas, é fundamental entender que existem duas maneiras de adquirir automóveis ofertados em leilões: para restaurar ou utilização; e aqueles voltados exclusivamente para empresas de desmanche legal.
“Não há um tipo específico de veículos que vai a leilão, mas é muito importante verificar qual o tipo de venda que está sendo oferecida para o veículo de interesse, pois alguns veículos poderão circular normalmente e outros servirão somente para desmonte ou reciclagem devido à sua origem”, afirma Fernandes.
Nos casos em que os carros são vendidos para desmanches, a origem deles se dá por conta do tamanho do sinistro. “Dependendo do tamanho do sinistro, o automóvel só poderá ser vendido como sucata, ou seja, sem documentação para rodar novamente”, afirma Fernandes.
Critérios para venda
Segundo o advogado tributarista Otávio Massa, os critérios para que um carro vá a leilão incluem:
Valor comercial: veículos com valor residual significativo que justifique a venda;
Condição recuperável: mesmo que parcialmente danificados, se ainda tiverem peças reutilizáveis ou puderem ser reparados;
Procedimento legal: veículos apreendidos ou abandonados que legalmente devem ser vendidos em leilão público.
Resumindo, o que define se um veículo vai ser leiloado é o quanto ele ainda pode despertar o interesse financeiro de novos compradores. Thiago da Mata, CEO da plataforma Kwara, afirma que é feita uma avaliação prévia para determinar o valor a ser cobrado.
“Normalmente, ativos que possuem débitos superiores ao seu valor de mercado são considerados sucata e vão para descarte. Da mesma forma, veículos cujo estado de conservação seja muito crítico podem ter o mesmo destino para que possam ser aproveitadas as peças”, argumenta.
Otávio Massa corrobora com a visão de da Mata ao afirmar que “não há uma porcentagem mínima específica estabelecida por lei, mas o critério principal é se o veículo tem valor comercial residual. Veículos sem valor ou severamente danificados podem ser descartados”.
Carros, caminhões, ônibus e outros modelos destinados a desmanche têm seus respectivos números de chassis cancelados. É como se o automóvel deixasse de existir.
Prudência e dinheiro no bolso
De acordo com Thiago da Mata, da Kwara, inspecionar o veículo é de suma importância. Afinal, os carros podem ter distintos estados de conservação, o que tem que entrar na lista de preocupações de quem participa de um pregão.
“[Os veículos] podem tanto estar em bom estado de conservação, como também é possível que tenham ficado em pátio público durante um período de tempo importante”, afirma.
Os carros podem ter marcas provocadas pelo período em que ficaram expostos ao clima: pintura queimada, oxidação da lataria, manchas provocadas pela incidência solar. E esses reparos também precisam entrar no planejamento financeiro do comprador.
Idealmente, a inspeção deve ser feita de forma presencial, segundo os especialistas consultados nesta reportagem.
Ao verificar um carro, por exemplo, é preciso verificar tudo: bancos, painéis de porta, console central, volante, conferir os equipamentos, a quilometragem, ligar o carro, abrir o capô, checar a existência de bateria de 12V e, se possível, levar um especialista ou mecânico de confiança para checar as partes técnicas e prever possíveis custos extras com manutenção.
Luciana Félix, que é especialista em manutenção, diz que o consumidor precisa ver até o histórico de manutenção, se possível. E documentar tudo com fotos.
“Comprar carros em leilão é tipo um investimento de risco, você pode se dar muito bem ou muito mal, pois você não poderá andar com o carro para saber como está o seu motor ou câmbio, pois todos os veículos estão lacrados”, argumenta a proprietária da Na Oficina.
É importante ressaltar que essa é a mesma verificação que se faz ao comprar um automóvel usado, seja presencial ou via marketplace: deve ser feita uma avaliação técnica, além de checagem da quilometragem rodada e documentação do ativo.
“Importante que seja feita a verificação de débitos ou algum tipo de bloqueio para venda, pois a responsabilidade por estes pagamentos pode ser diferente de leilão para leilão. Estas informações devem estar presentes no Edital, que deve ser lido com atenção antes que qualquer lance seja dado”, alerta Thiago da Mata, da Kwara.
Quando a compra é feita pela internet e não existe a possibilidade de visitar o produto, é indicado solicitar uma vídeo-chamada para fazer essa inspeção. Não é o ideal, mas já ajuda a verificar o estado do carro, mesmo que seja à distância.
O que verificar:
Documentação: incongruências jurídicas;
Custos para regularização;
Estado de conservação do carro;
Custos para restauro;
Condições de compra;
Inspeção mecânica e de equipamentos.
Assim, se você vai participar de um leilão pela primeira vez, atente-se para os seguintes passos.
Estude: leia o edital e entenda as regras do leilão;
Verifique a procedência: se certifique que o veículo não tem pendências legais;
Defina um orçamento: estabeleça um limite máximo de gastos;
Inspecione: se possível, veja o veículo pessoalmente ou solicite um relatório detalhado;
Experiência: participe de leilões menores para entender a lógica de funcionamento.
▶️ LEMBRE-SE: Utilize apenas canais oficiais para se comunicar com o leiloeiro e verifique sempre a autenticidade das mensagens. Evitar fraudes já é um bom começo.
MEI, Microempresa, EPP ou Nanoempreendedor? Entenda regras para cada tipo de negócio
Microempreendedor Individual (MEI)
acervo Sebrae/CE
A tramitação de um projeto de lei, que visa ampliar o faturamento anual dos Microempreendedores Individuais (MEIs), e a criação de uma nova categoria de empreendedores, isentos de alguns impostos previstos na reforma tributária, têm gerado ainda mais dúvidas entre aqueles que desejam formalizar seu próprio negócio.
Afinal, no Brasil há diversos enquadramentos empresariais. Além de MEIs, Microempresas (ME), Empresas de Pequeno Porte (EPP), mais recentemente surgiu a figura dos nanoempreendedores.
Cada uma dessas categorias possui características únicas, como limite de faturamento, número de funcionários e impostos a serem pagos.
Confira as principais diferenças na tabela abaixo.
Comparação de Categorias de Negócios
Para ajudar a entender as regras e os benefícios desses quatro tipos de formalização de pequenos negócios, o g1 conversou com especialistas em direito empresarial.
Abaixo, você confere mais detalhes sobre:
Nanoempreendedores
Microempreendedores Individuais (MEIs)
Microempresas (ME)
Empresas de Pequeno Porte (EPP)
Nanoempreendedores
Entenda o que são nanoempreendedores
Os nanoempreendedores são uma nova categoria, prevista na reforma tributária sancionada em janeiro pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Esse grupo será formado por pessoas físicas que operam em pequena escala e possuem uma receita bruta anual inferior a R$ 40,5 mil (metade do limite dos MEIs).
🧑🌾 Trabalhadores informais, como vendedores ambulantes, jardineiros, cozinheiros, artesãos e agricultores familiares, são alguns exemplos que se enquadram nessa categoria. Profissionais autônomos em setores informais, como mototaxistas, também podem ser incluídos.
Os empreendedores enquadrados nesse grupo não pagarão o Imposto sobre Valor Agregado (IVA) dual criado pela reforma tributária, que substitui o ICMS, ISS, PIS, Cofins e IPI.
A ideia é evitar que pequenos empreendedores sejam sobrecarregados com impostos, mantendo-os na formalidade, explica o advogado Carlos Schenato. A isenção não significa que eles não pagarão nenhum imposto a partir de 2026. Contribuições previdenciárias e impostos sobre propriedade ainda podem ser cobrados.
O regime dos nanoempreendedores promete ser mais simplificado, com menos burocracia e foco na autodeclaração. Não será exigida a emissão de notas fiscais em todas as transações, reduzindo custos administrativos, afirma o advogado Leonardo Roesler.
Outra diferença é que o nanoempreendedor não precisa registrar uma personalidade jurídica, e pode atuar como pessoa física. O MEI e outras modalidades, como Empresário Individual (EI), exigem a obtenção de um CNPJ.
🔎 Como o governo vai qualificar os nanoempreendedores? O controle será feito por sistemas integrados de cadastramento e monitoramento do faturamento anual. O governo deve usar plataformas digitais específicas ou otimizar o sistema do MEI.
Microempreendedores Individuais (MEIs)
Os Microempreendedores Individuais (MEIs) têm limite de receita bruta anual maior, chegando a R$ 81 mil. Mas eles também fazem parte do regime do Simples Nacional, que unifica diversos impostos.
O MEI é ideal para quem deseja iniciar um negócio e sair da informalidade. Ao se cadastrar, a empresa obtém um CNPJ, além de adquirir obrigações e direitos de uma pessoa jurídica.
Para se tornar MEI, o empreendedor não pode ter participação em outra empresa e pode empregar, no máximo, um funcionário. A adesão não impede que a pessoa tenha um emprego formal simultaneamente.
A formalização é simples e pode ser feita em poucos minutos, totalmente online.
Primeiro, é necessário obter uma senha de acesso ao gov.br, portal de serviços do governo federal. Quem não tem a senha deve clicar em "Fazer Cadastro".
Depois, com a senha em mãos, acessar o Portal do Empreendedor, consultar se a atividade exercida é permitida ao MEI, clicando em "Quem pode ser MEI?".
Se a atividade for permitida, clicar em "Quero ser MEI" e depois em "Formalize-se".
Por fim, preencher o cadastro online.
Embora a formalização seja gratuita, os MEIs precisam pagar uma taxa mensal, recolhida pelo Documento de Arrecadação do Simples Nacional (DAS), que varia conforme a atividade exercida. As contribuições mensais foram reajustadas em fevereiro.
Veja os valores atualizados:
R$ 75,90 para o MEI em geral (5% do salário mínimo),
R$ 182,16 para o MEI caminhoneiro (12% do salário mínimo).
Os MEIs que atuam no comércio e na indústria pagam R$ 1 a mais referente ao ICMS, enquanto os ligados a serviços pagam R$ 5 a mais, referentes ao ISS.
⚠️ ATENÇÃO: O DAS inclui a contribuição previdenciária e os impostos devidos pelos MEIs. O valor total do documento tem acréscimo de R$ 1 para atividades sujeitas ao ICMS (comércio e indústria) e de R$ 5 para atividades sujeitas ao ISSQN (prestação de serviços).
Estar formalizado como MEI traz diversas vantagens, começando pelo baixo custo mensal. O empresário fica isento dos tributos federais, como imposto de renda, PIS, Cofins, IPI e CSLL, tendo como única despesa o pagamento mensal do DAS.
Além disso, o MEI se torna segurado da Previdência Social, garantindo direitos como aposentadoria por idade ou invalidez, auxílio-doença, auxílio-maternidade e pensão por morte para a família.
Outra vantagem é a facilidade para o negócio, pois o MEI ganha maior credibilidade com os clientes, acesso a descontos na compra de produtos e matéria-prima, e a possibilidade de ter uma maquininha de cartão de crédito.
A formalização também melhora a relação com os bancos, permitindo ao MEI abrir conta bancária e ter acesso a crédito com juros mais baixos, graças ao CNPJ.
Microempresas (ME)
A Microempresa (ME) é destinada a negócios com faturamento anual entre R$ 81 mil e R$ 360 mil. A ME possui uma estrutura mais flexível que o MEI, permitindo uma maior diversidade de atividades comerciais.
As microempresas podem optar por três regimes de pagamento de impostos: Simples Nacional, Lucro Presumido ou Lucro Real. O Simples Nacional costuma ser mais vantajoso para muitas MEs, pois simplifica o pagamento de diversos impostos de uma só vez.
Além disso, as MEs podem contratar mais funcionários. Empresas de comércio e serviços podem ter até nove empregados, enquanto as do setor industrial podem ter até 19 funcionários.
As MEs podem ser constituídas como Sociedade Empresária Limitada (Ltda.), Sociedade Simples, Sociedade Limitada Unipessoal (SLU) ou Empresário Individual (EI). Nas duas primeiras, é possível ter sócios no negócio.
Para abrir uma microempresa, é necessário definir o tipo jurídico e realizar uma consulta de viabilidade para verificar a disponibilidade do nome escolhido. O registro é feito na Junta Comercial do estado, com a apresentação de documentos como contrato social e cópias dos documentos dos sócios.
Empresas de Pequeno Porte (EPP)
A Empresa de Pequeno Porte (EPP) é aquela com faturamento bruto anual entre R$ 360 mil e R$ 4,8 milhões. Elas são incluídas no Simples Nacional, um regime tributário que favorece a atividade da companhia.
As EPPs têm uma limitação no número de funcionários, variando de 10 a 99, dependendo do setor. As EPPs do setor de exportação têm direito a um faturamento anual superior ao limite das demais, até R$ 4,8 milhões.
Para se tornar uma EPP, é indispensável contratar um contador para realizar o processo de legalização.
É necessário definir a natureza jurídica da empresa, escolher um nome exclusivo, indicar as áreas de atuação conforme o CNAE, verificar restrições para a instalação do empreendimento, elaborar o Contrato Social, registrar a empresa na Junta Comercial, realizar a inscrição municipal e estadual, e efetuar a Conectividade Social no site da Caixa Econômica Federal.
O registro da marca no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) é opcional.
Mega-Sena pode pagar R$ 65 milhões nesta terça-feira
Mega-Sena
Marcelo Brandt/G1
O concurso 2.903 da Mega-Sena pode pagar um prêmio de R$ 65 milhões para os acertadores das seis dezenas. O sorteio ocorre às 20h desta terça-feira (19), em São Paulo.
Clique aqui para seguir o canal de Loterias do g1 no WhatsApp
No concurso do último sábado (16), ninguém levou o prêmio máximo.
A aposta mínima para a Mega-Sena custa R$ 6 e pode ser realizada também pela internet, até as 19h – saiba como fazer a sua aposta online.
A Mega tem três sorteios semanais: às terças, quintas e sábados.
Entenda como funciona a Mega-Sena e qual a probabilidade de ganhar o prêmio
Para apostar na Mega-Sena
As apostas podem ser realizadas até as 19h (horário de Brasília) em qualquer lotérica do país ou por meio do site e aplicativo Loterias Caixa, disponíveis em smartphones, computadores e outros dispositivos.
É necessário ter 18 anos ou mais para participar. O pagamento, nesse caso, é realizado de forma online, com opção via PIX.
Probabilidades
A probabilidade de vencer em cada concurso varia de acordo com o número de dezenas jogadas e do tipo de aposta realizada. Para um jogo simples, com apenas seis dezenas, que custa R$ 6, a probabilidade de ganhar o prêmio milionário é de 1 em 50.063.860, segundo a Caixa.
Já para uma aposta com 20 dezenas (limite máximo), com o preço de R$ 232.560,00, a probabilidade de acertar o prêmio é de 1 em 1.292, ainda de acordo com a instituição.
Brasil entrega resposta aos EUA, defende o Pix, a soberania do STF, e diz que não adota práticas desleais no comércio
Brasil responde aos EUA sobre acusação de práticas comerciais desleais
O governo brasileiro protocolou nesta segunda-feira (18) sua resposta oficial ao Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês) na investigação aberta sob a Seção 301 da Lei de Comércio de 1974.
No documento, o Brasil afirma que não adota políticas discriminatórias, injustificáveis ou restritivas ao comércio com os EUA e que não há base jurídica ou factual para a imposição de sanções.
A apuração foi iniciada em julho, a pedido do governo do presidente Donald Trump, que alega que políticas brasileiras prejudicam empresas norte-americanas em áreas como sistemas de pagamento digital (Pix), etanol, propriedade intelectual e políticas ambientais relacionadas ao desmatamento.
Em sua resposta, o Brasil listou uma explicação para cada tópico da acusação dos Estados Unidos e pede "diálogo construtivo".
"O Brasil insta o USTR a reconsiderar o início desta investigação e a iniciar um diálogo construtivo. Medidas unilaterais previstas na Seção 301 podem comprometer o sistema multilateral de comércio e ter consequências adversas para as relações bilaterais", escreveu o governo brasileiro.
Caso o órgão dos EUA conclua que há práticas desleais, o governo Trump poderá impor mais sobretaxas a produtos brasileiros.
A ação do governo nos EUA ocorre no contexto do tarifaço de 50% imposto por Trump a uma série de produtos brasileiros, praticamente inviabilizando as exportações desses itens.
Ao anunciar o tarifaço, Trump criticou decisões do Supremo Tribunal Federal do Brasil: o processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (aliado do presidente dos EUA) por tentativa de golpe de Estado; e medidas para adequar as empresas de redes sociais (norte-americanas) à lei brasileira.
O Brasil viu motivações ideológicas no tarifaço de Trump, mas decidiu não retaliar e manter negociações.
Veja abaixo o que o Brasil disse sobre tópicos da acusação dos EUA:
Argumento geral do Brasil
Na manifestação enviada ao USTR, o Itamaraty defendeu que o comércio bilateral é mutuamente benéfico e que os Estados Unidos registram superávit histórico na relação. O Brasil também ressaltou que promoveu reformas em setores apontados pelos EUA e que todas são compatíveis com normas multilaterais.
“Não há prejuízo às empresas norte-americanas em comparação com companhias de outros países”, diz o texto. Para o governo brasileiro, medidas unilaterais como sobretaxas seriam ilegítimas e contrárias às regras da Organização Mundial do Comércio (OMC).
PIX e propriedade intelectual
Lula sugere que Trump faça uma experiência com o PIX nos EUA
Sobre o PIX, a defesa destacou que as regras de operação do sistema visam segurança, estabilidade e proteção do consumidor, sem restrições discriminatórias a empresas estrangeiras. Já em relação à propriedade intelectual, o Brasil sustentou que cumpre padrões internacionais e mantém marcos regulatórios em linha com os acordos da OMC.
Na defesa do PIX, o governo destacou que o sistema ampliou a participação dos brasileiros no sistema bancário e foi elogiado por entidades como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O documento também destaca que o PIX amplicou a concorrência no mercado de pagamentos eletrônicos, o que levou a um aumento na participação de empresas privadas no tema, incluindo companhias americanas.
O governo brasileiro também destacou que outros países têm adotado iniciativas que se assemelham ao PIX, como a União Européia, a Índia e mesmo os Estados Unidos. Segundo o documento, um sistema chamado FedNow, oferecido pelo banco central americano, "oferece funcionalidades semelhantes ao PIX".
"A participação de mais de 900 prestadores de serviços de pagamento no Pix demonstra a eficácia da abordagem do Banco Central do Brasil. Além disso, o marco de participação do Pix — que inclui modelos de negócios como a iniciação de pagamentos — cria oportunidades para grandes empresas de tecnologia interessadas em operar no sistema. Notadamente, a iniciação de pagamentos por provedores terceiros vem crescendo a uma taxa mensal de 25% neste ano, sendo o Google Pay o maior iniciador, processando aproximadamente 1,5 milhão de transações via Pix no mês passado", afirma o governo brasileiro na resposta.
Resposta sobre o STF
O governo afirma que nenhuma decisão do STF ou ordem judicial relacionada ao tema resulta em medidas discriminatórias que prejudiquem os direitos fundamentais de qualquer parte ou a capacidade de empresas norte-americanas competirem no Brasil ou no mercado global.
"Em resumo, nenhuma das alegações em relação à decisão do STF ou às ordens judiciais subjacentes resulta em medidas discriminatórias que afetem de forma indevida os direitos fundamentais de qualquer parte ou a capacidade das empresas norte-americanas de participar competitivamente nos mercados brasileiro ou global."
O Brasil reforçou que o uso de multas e medidas coercitivas para garantir o cumprimento da lei é uma prática judicial padrão em qualquer país com Estado de Direito, inclusive nos Estados Unidos.
O documento destaca que é prática normal que legislações nacionais estabeleçam requisitos formais para o funcionamento de empresas estrangeiras em seu território, visando questões de responsabilidade jurídica.
Ou seja, o Brasil sustenta que o artigo 19 não é uma barreira direcionada contra empresas dos EUA, mas uma norma geral para todos que atuam no país.
Segundo a resposta, a objeção apresentada pelos EUA parece mirar os esforços legítimos do Brasil para equilibrar direitos fundamentais e combater crimes online, de acordo com seu sistema jurídico e valores sociais.
Por isso, não se trata de uma conduta discriminatória contra o comércio americano — condição necessária para a aplicação de medidas punitivas dentro da Seção 301.
Trump durante reunião com líderes europeus e Zelensky na Casa Branca
ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP
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Etanol e meio ambiente
No caso do etanol, o governo afirmou que adota políticas compatíveis com compromissos multilaterais e lembrou que o país pratica “tarifa zero” para produtos aeronáuticos, em referência às regras aplicadas à indústria da aviação.
Quanto ao desmatamento, o Itamaraty argumentou que a política ambiental brasileira não constitui barreira comercial nem restringe a competitividade de empresas americanas.
CNI e Embraer também se manifestam
Além do governo, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Embraer enviaram manifestações paralelas à investigação. A CNI afirmou que não há base jurídica ou factual para medidas restritivas e recomendou que as divergências sejam resolvidas via diálogo bilateral e cooperação técnica.
Já a Embraer destacou sua relevância no mercado americano, lembrando que um terço dos voos no Aeroporto Nacional Ronald Reagan, em Washington, é operado com aeronaves da empresa brasileira. A companhia também ressaltou sua contribuição à defesa e à mobilidade aérea dos EUA e classificou eventuais tarifas contra seus produtos como “contrárias aos interesses norte-americanos”.
Próximos passos
O processo segue em análise pelo USTR. Uma audiência pública está marcada para 3 de setembro, quando representantes de empresas, entidades e governos poderão apresentar argumentos adicionais. Até lá, a pressão política deve continuar a crescer, com risco de novas tensões no comércio bilateral.
Acusação dos EUA
Veja os principais pontos da acusação formal dos EUA:
Comércio digital e serviços de pagamento eletrônico: Segundo o documento, o Brasil pode estar prejudicando a competitividade de empresas americanas nesses setores, ao adotar medidas de retaliação contra companhias que se recusam a censurar discursos políticos ou ao impor restrições à sua atuação no mercado nacional.
Tarifas injustas e preferenciais: O documento afirma que o Brasil concede tarifas reduzidas e vantajosas a determinados parceiros comerciais estratégicos, o que colocaria as exportações dos EUA em desvantagem competitiva.
Aplicação de medidas anticorrupção: “A falha do Brasil em aplicar medidas de combate à corrupção e de transparência levanta preocupações em relação às normas internacionais contra suborno e corrupção”, afirma o texto.
Proteção da propriedade intelectual: Segundo o documento, o Brasil aparenta falhar na garantia de proteção eficaz e fiscalização rigorosa dos direitos de propriedade intelectual, o que impacta negativamente os trabalhadores americanos que atuam em setores baseados em inovação e criatividade.
Etanol: “O Brasil recuou de seu compromisso de oferecer tratamento praticamente livre de tarifas ao etanol dos EUA e agora impõe tarifas substancialmente mais altas às exportações americanas”, afirma o texto.
Desmatamento ilegal: De acordo com o texto, “o Brasil aparentemente não está fazendo cumprir de maneira eficaz as leis e regulamentações destinadas a combater o desmatamento ilegal, o que compromete a competitividade dos produtores americanos de madeira e produtos agrícolas”.
CNI defende Brasil em investigação nos EUA e nega práticas comerciais 'discriminatórias'
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) protocolou nesta segunda-feira (18), no Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês), um documento em que afirma que o Brasil não adota práticas “injustificáveis, discriminatórias ou restritivas” ao comércio com os EUA. O texto é uma manifestação paralela à defesa do governo brasileiro, que também deve ser enviada nesta segunda. A investigação foi aberta em julho pelo governo Donald Trump para apurar se políticas brasileiras estariam prejudicando o comércio norte-americano. Questionamentos dos EUA Os Estados Unidos alegam ter identificado “práticas comerciais desleais” do Brasil, mas não apresentaram provas. Entre os pontos levantados estão questões sobre o PIX, o desmatamento e a proteção à propriedade intelectual. Uma audiência pública sobre o tema está marcada para 3 de setembro. Defesa da CNI No documento assinado pelo presidente da CNI, Ricardo Alban, a entidade argumenta que as preocupações do USTR não justificam medidas restritivas com base na chamada Seção 301 da lei comercial norte-americana. “Não há base jurídica ou factual para a imposição de tarifas adicionais. O comércio bilateral entre Brasil e EUA é mutuamente benéfico, com superávit para os Estados Unidos e tarifas baixas. Medidas unilaterais enfraquecem essa parceria estratégica”, diz a CNI. A instituição acrescenta que empresas americanas não foram prejudicadas em detrimento de outras companhias e recomenda que eventuais divergências sejam resolvidas por meio de diálogo bilateral e cooperação técnica. Embraer também se manifesta A Embraer, empresa brasileira de aeronáutica, também enviou uma carta nesta segunda-feira (18) ao governo de Donald Trump em reação à investigação. No documento, a empresa destaca a importância que exerce no país americano, seja empregando profissionais seja operando as principais companhia áreas em atividade nos Estados Unidos. E, sobretudo, gerando lucros líquidos para os Estados Unidos. "Apenas para dar um exemplo, aproximadamente um terço dos voos de e para Aeroporto Nacional Ronald Reagan, em Washington, são operados por aeronaves comerciais da Embraer", diz Francisco Gomes Neto, presidente da Embraer, que assina a carta. A Embraer foi incluída na lista de exceções à sobretaxa de 50% à compra dos produtos exportados do Brasil aos Estados Unidos. Especialistas que acompanham o tema já esperavam pela exclusão da empresa, visto a importância que a empresa exerce no país. Um deles, sob reserva, disse não seria fácil para os norte-americanos encontrar um novo fabricante tão rápido e que levasse à credibilidade da Embraer. Gomes Meto também argumenta que a Embraer apoia a defesa nacional dos Estados Unidos e a inovação em mobilidade área americana. Além disso, destacou que o Brasil há "muito tempo adere a uma abordagem de tarifa zero para produtos de aeronaves civis com todos os seus parceiros comerciais". Segundo o presidente, usar a Seção 301 para impor tarifas à Embraer seria "contrário aos interesses dos Estados Unidos". "Portanto, usar a Seção 301 para impor tarifas sobre nossos produtos e cadeias de suprimentos seria contrário aos interesses dos EUA. Instamos o Governo a reconhecer os enormes benefícios que a Embraer gerou para os Estados Unidos e a evitar tarifas ou outras restrições à importação que apenas serviriam para comprometer esse sucesso".
Em carta, Embraer reage à investigação americana que apura práticas 'desleais' e afirma que tarifaço é contrário aos interesses dos EUA
Camarotti: governo enfrenta dilema no tarifaço
A Embraer, fabricante brasileira de aviões, enviou uma carta nesta segunda-feira (18) para o governo dos Estados Unidos reagindo à investigação americana que apura práticas desleais de comércio. Os EUA abriram uma investigação contra o Brasil e, embora não seja diretamente investigada, a empresa se antecipou, fazendo declarações sobre a parceria comercial que a Embraer tem com o país norte-americano.
No documento, a empresa - que ficou fora do tarifaço extra de 40% dos EUA, mas enfrenta uma tarifa anterior de 10%, e luta por tarifa zero - afirmou que impor tarifas de exportações à Embraer é algo “contrário aos interesses dos EUA”.
A carta foi assinada pelo presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto, em resposta ao julgamento da Seção 301, mecanismo usado pelos EUA para adotar medidas unilaterais contra o que consideram práticas comerciais desleais.
Em julho, o governo americano divulgou que o Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês) iniciou uma investigação comercial contra o Brasil a pedido do presidente Donald Trump, sob alegação de que o país comete “práticas comerciais desleais”.
Na carta, a Embraer apontou que “embora tenha sede no Brasil, possui importantes operações nos Estados Unidos”, destacando que a empresa americana EAH, que produz jatos executivos e presta serviços de aviação, é uma subsidiária integral da Embraer fundada em 1979 na Flórida.
Segundo a Embraer, “a imposição de restrições à importação de produtos da Embraer seria diretamente contrária aos interesses dos EUA”, destacando que nenhum dos atos, políticas e práticas investigados pela Seção 301 “têm qualquer relação com a Embraer ou seus negócios”.
“Por exemplo, o comércio de produtos para aeronaves civis da Embraer não se beneficiou de supostas tarifas preferenciais injustas, pois o Brasil há muito adere a uma abordagem de tarifa zero para produtos de aeronaves civis com todos os seus parceiros comerciais. Em suma, as alegações em questão são irrelevantes para as ações da Embraer no Brasil e nos Estados Unidos”, defendeu a empresa brasileira.
“Além disso, o Comitê da Seção 301 deve estar ciente de que a Embraer e suas afiliadas nos EUA geram enormes benefícios líquidos para os Estados Unidos. Na ausência de interrupções tarifárias, a Embraer pretende comprar mais de [valor omitido pela empresa] em bens e serviços de empresas americanas entre 2025 e 2030, e a maioria dessas compras representaria exportações dos EUA para o Brasil”, disse na carta.
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E-190 da Embraer.
Divulgação/Embraer
Ainda no documento, sem revelar valores, a Embraer destacou que as exportações do Brasil para os EUA seriam menores do que o volume de exportações americanas para solo brasileiro.
A Embraer destacou também que gera cerca de 12,5 mil empregos nos EUA, sendo 2,5 mil de forma direta e outros 10 mil indiretos, e tem projeções de abrir mais 5 mil postos de trabalho nos Estados Unidos.
“Assim, no que diz respeito à Embraer, os Estados Unidos estavam a caminho de um superávit de US$ 8 bilhões entre 2025 e 2030 em um cenário de tarifa zero. As compras da Embraer mencionadas nos próximos cinco anos gerarão 5 mil empregos adicionais, além dos atuais 12,5 mil. Os funcionários diretos trabalham em 17 instalações da Embraer nos Estados Unidos, incluindo unidades de produção na Flórida e centros de serviço no Arizona, Geórgia, Tennessee e Texas”, pontuou a Embraer.
A fabricante brasileira afirmou também que 88% dos acionistas da Embraer estão sediados nos Estados Unidos e 44% do total de suas ações são negociadas na Bolsa de Valores de Nova York.
“Nossas operações de produção de jatos executivos em Melbourne, Flórida, geram mais de US$ 600 milhões em exportações para os EUA por ano. Ao todo, a Embraer tem presença tributável em 32 estados americanos”, destacou.
A Embraer disse também que as aeronaves da empresa transportam 100 milhões de passageiros nos Estados Unidos todos os anos, representando cerca de 10% de todo o tráfego aéreo do país, e que mais de 2 mil aeronaves comerciais da Embraer operam atualmente nos Estados Unidos, para companhias aéreas americanas como American, Delta, United e Alaska Airlines.
Por fim, a Embraer disse que apoia a defesa nacional dos EUA, destacando que deve investir mais no país se o cargueiro KC-390 for selecionado para a Força Aérea Americana, e que “a Embraer e a EAH contribuem significativamente para o fortalecimento da aviação e da economia dos EUA”.
“Portanto, usar a Seção 301 para impor tarifas sobre nossos produtos e cadeias de suprimentos seria contrário aos interesses dos EUA. Instamos o Governo a reconhecer os enormes benefícios que a Embraer gerou para os Estados Unidos e a evitar tarifas ou outras restrições à importação que apenas serviriam para comprometer esse sucesso”, finalizou a Embraer na carta.
Até a última atualização desta reportagem, o governo dos Estados Unidos ainda não havia se manifestado sobre a carta enviada pela Embraer.
Vista da sede da Embraer, em São José dos Campos, interior de SP
Luis Lima Jr./Futura Press/Estadão Conteúdo
Jato comercial E175-E2 em São José dos Campos
Embraer/Divulgação
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São Paulo Beyond Business: acompanhe ao vivo a Première Edition do SP2B
São Paulo Beyond Business: acompanhe ao vivo a Première Edition do SP2B Programação com Yuval Noah Harari, Hugh Forrest e Gilberto Gil neste domingo (17) antecipa evento completo, previsto para 2026. A cidade de São Paulo recebe neste domingo (17) e na segunda (18), a Première Edition do SP2B – São Paulo Beyond Business, evento de inovação, empreendedorismo e transformação urbana.. A iniciativa antecipa a edição completa do evento, prevista para 2026, e que ocupará o Parque do Ibirapuera.. Neste domingo (17), o Auditório do Ibirapuera recebe uma conversa entre Rafael Lazarini e Hug Forrest, diretor do SXSW, o professor e escritor Yuval Noah Harari e um show de Gilberto Gil.. Na segunda (18), haverá um painel sobre investimentos em startups com Dawn Powell, Pogos Saiadian , Ricardo Kanitz, Michael Safdie e Jason Tan.
Entenda por que tarifaço preocupa citricultor brasileiro mesmo após isenção do suco de laranja
Tarifaço do Trump: anúncio de isenção da taxa de 50% alivia produtores de suco de laranja
Os contratos que envolvem a laranja da safra 2025/26 seguem em ritmo lento. A observação é do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq) do campus da USP em Piracicaba (SP). O motivo para o receio recai, em partes, pelas incertezas geradas pelo tarifaço de Trump. Entenda cenário, abaixo.
Diferente do que era comum ocorrer logo no fim da safra, os citricultores consultados demonstram cautela antes de fechar negócios.
Mas se o suco de laranja foi um dos produtos excluídos da lista de itens brasileiros taxados, por que os agentes do setor seguem incertos?
O Cepea explica que, embora o suco de laranja brasileiro tenha sido excluído da aplicação da sobretaxa de 40% dos EUA, subprodutos fundamentais da cadeia, como óleos essenciais e células cítricas, ainda seguem taxados em 50%.
Em anos anteriores, os contratos já eram fechados no primeiro semestre e, em 2025, estão sendo postergados, sobretudo por conta da safra tardia, dos preços em queda após março e, mais recentemente, pelas incertezas quanto ao tarifaço norte-americano.
"Os citricultores ainda aguardam uma movimentação mais consistente por parte da indústria, que continua ajustando os valores no spot e prefere acompanhar as evoluções de oferta e demanda antes de definir novos acordos", aponta o Cepea.
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Menor volume exportado
O volume de suco de laranja exportado pelo Brasil na safra 2024/25, finalizada em junho deste ano, foi o menor em quase 30 anos, mas a receita com os embarques foi recorde. O futuro do setor de citrus, no entanto, segue incerto. Agentes do mercado nacional demonstram incerteza quando o assunto é o o tarifaço imposto pelos Estados Unidos. - Entenda mais, abaixo.
Na comparação com a safra anterior, a receita cresceu 28,4%, totalizando US$ 3,48 bilhões, conforme dados do boletim do Cepea.
Oferta restrita: apesar do cenário de incerteza quanto à recuperação plena do consumo externo de suco e de uma safra 'turbulenta', nas palavras dos pesquisadores da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (Esalq-USP), o impacto da elevação de 10% nas tarifas foi minimizado pela oferta restrita do Brasil, que sustentou os embarques.
Carta de Trump ao Brasil tem a tarifa mais alta
Agentes do setor de citricultura, consultados pelo Cepea, demonstraram receio de que demanda internacional não se restabeleça completamente.
"Ora devido à estagnação do consumo, ora pelos efeitos ainda indefinidos dos aumentos tarifários implementados pelo governo Trump sobre produtos brasileiros", analisam.
"No entanto, permanece incerta a magnitude dos efeitos de um possível aumento tarifário para patamares de até 50% sobre o suco de laranja, especialmente diante da perspectiva de maior produção nacional nas próximas temporadas", destacam.
Assim, ainda conforme o Centro de Pesquisas, o acúmulo de divisas oriundas das exportações na temporada 2024/25 foi extremamente favorável, permitindo ao setor uma capitalização importante frente aos desafios futuros.
Suco de laranja tem menor volume exportado na safra 24/25, mas atinge receita recorde
Jornal Nacional/ Reprodução
Limeira: cidade produtora faz campanha contra greening
Desde junho de 2025, Limeira, uma das cidades do interior de São Paulo que polo produtor de laranja, realiza campanha para combater “greening”, doença causada por bactéria e que afeta a citricultura – um dos destaques econômicos do município.
A ação visa alertar e incentivar a população para substituir as murtas (Murraya paniculata), plantas conhecidas também como damas-da-noite. As árvores ornamentais são hospedeiras da bactéria transmissora da doença (saiba mais, abaixo).
Laranjas afetadas pelo greening
Jefferson Barbosa/EPTV
Regiões
A prefeitura de Limeira informou que as regiões com maior incidência de murtas no município estão nas áreas urbanas, como as centrais e os bairros mais antigos da cidade, onde a espécie foi utilizada como cerca viva e para arborização de calçadas.
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Calor e greening impactam safra da laranja e preço da fruta alcança maior patamar em 30 anos em São Paulo, aponta estudo da USP
O que é o greening
O greening é uma bactéria considerada a mais destrutiva da citricultura mundial. Os sintomas dela podem ser observados nas folhas de pés de laranja, por exemplo, que apresentam um aspecto amarelado, e nas flores, que ficam secas e murchas. A bactéria afeta a saúde da planta e a produção de frutos.
"A doença é transmitida por um inseto vetor, pelo psilídeo, e é justamente nessa região de Limeira, Avaré e Bebedouro, esse 'miolo' do estado de São Paulo, onde são capturadas as maiores população de inseto. Consequentemente a gente tem as maiores taxas de transmissão", explica Guilherme Rodriguez, supervisor de projetos do Fundecitrus, em entrevista à EPTV em setembro de 2024.
Greening aumenta nas laranjeiras da região de Limeira e contribui para alta de preços
Preço do suco de laranja nos EUA
Os EUA tornaram-se mais dependentes das importações de suco de laranja nos últimos anos devido a um declínio acentuado na produção doméstica, por causa de furacões, períodos de temperaturas muito baixas e da doença greening.
O greening afeta os pomares e diminui a qualidade e a produtividade da fruta. O estado da Flórida é o mais afetado. Ele representa 90% do suco de laranja americano. Os prejuízos por lá causaram uma retração de 28% na produção do país na safra 2024/2025.
Os preços do suco de laranja vêm enfrentando altas seguidas. A lata de 473 ml atingiu o preço recorde de US$ 4,49 em fevereiro deste ano (equivalente a R$ 24,84).
Preço do suco de laranja nos EUA.
Arte/g1
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BC alerta sobre movimentação atípica no mercado com possível ataque a sistema de pagamentos
Confissão de suspeito preso por ataque hacker detalha esquema que desviou mais de R$ 540 milhões
Fantástico
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) informou nesta segunda-feira (18) que recebeu um alerta do Banco Central do Brasil (BC) sobre uma “movimentação atípica no mercado” relacionada à busca por operadores da criptomoeda Tether.
A movimentação, segundo a Febraban, estaria associada a um possível ataque a participantes do sistema de pagamentos brasileiro. O alerta foi emitido na tarde de domingo.
“De imediato, a Febraban comunicou aos seus bancos filiados que participam de seus Comitês de Prevenção a Fraudes e de Cyber Segurança para que tomassem todas as iniciativas possíveis para se evitar o possível ataque”, disse, por meio de nota.
Procurado pela Reuters, o BC não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
Essa foi a segunda vez em menos de dois meses que o BC emitiu um alerta de ataque ao sistema financeiro.
BC informa ataque hacker contra C&M Software, que interliga bancos aos seus sistemas e ao PIX
Em outro episódio, registrado no início de julho, o BC informou que a provedora de serviços de tecnologia C&M Software, que atende instituições financeiras sem infraestrutura de conectividade, relatou um ataque cibernético aos seus sistemas.
À época, o BC precisou determinar o desligamento do acesso das instituições às infraestruturas operadas pela C&M. O ataque cibernético afetou pelo menos seis bancos e causou alvoroço no mercado financeiro.
Segundo a polícia informou na época, o ataque desviou mais de R$ 500 milhões por transferências via PIX em menos de três horas, e ficou marcado como um dos maiores ataques hacker ao sistema financeiro brasileiro.
*Com informações da agência de notícias Reuters
Imóveis têm recorde de lançamentos no 1º semestre, mas estoque encolhe
Nunes diz que deve regularizar 100 mil imóveis até 2028 na cidade de São Paulo
O mercado imobiliário brasileiro bateu recorde de lançamentos no primeiro semestre de 2025.
Segundo a pesquisa Indicadores Imobiliários Nacionais, da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), houve um aumento de 6,8% em relação ao mesmo período de 2024, alcançando 186,5 mil unidades — o melhor resultado desde o início da série em 2006.
Enquanto isso, as vendas no período subiram 9,6% quando comparado com o mesmo período do ano passado, totalizando 206.903 unidades. Foram movimentados R$ 123 bilhões no período.
De acordo com dados da CBIC, quando se analisa os movimentos trimestrais, as vendas apresentam um comportamento de estabilidade, variando entre 100 mil e 108 mil unidades nos últimos 5 trimestres.
Já as ofertas finais — que respondem pelas unidades restantes de um empreendimento que estão sendo vendidas antes da entrega — recuaram 4,1% no primeiro semestre, mostrando que há menos imóveis sobrando no estoque.
Na avaliação do economista-chefe do Sindicato das Empresas de Compra, Venda e Administração de Imóveis (Secovi-SP), Celso Petrucci, responsável pela apresentação da pesquisa, o mercado caminha para um cenário de “estabilidade”, após atingir patamares recordes.
Ele lembra que, no acumulado dos últimos 12 meses, foram mais de 414 mil imóveis residenciais lançados. Em 2020, o número acumulado foi de 244,6 mil unidades.
“De 2020 paca cá, o mercado cresceu 180 mil unidades. São praticamente 15 mil unidades que se vende por mês a mais do que se vendia há cinco anos.”
Demanda aquecida
Em linha com a ponderação, no 2º trimestre de 2025 houve queda nos lançamentos de 6,8% em relação com o mesmo período de 2024, totalizando 93.319 unidades. Mas, na comparação trimestral, o avanço foi de 0,1% frente aos três primeiros meses deste ano.
Já a oferta final recuou 4,1% em relação ao mesmo trimestre de 2024, e 3,4% frente ao primeiro trimestre de 2025, somando 290.086 unidades em junho.
Ao todo, foram comercializados 102,9 mil imóveis entre abril e junho, movimentando R$ 68 bilhões no setor.
Apesar disso, os dados indicam um mercado consumidor mais aquecido do que o ofertante no período, registrando a menor taxa de escoamento já registrada no indicador nacional.
🔎 Com o volume atual de vendas e sem novos lançamentos, o estoque disponível se esgotaria em 8,2 meses.
“No segundo semestre, podemos ter um represamento dos lançamentos, e o volume de contratação de julho e agosto deve ser maior do que uma estabilidade ou redução por conta da subida natural dos preços”, apontou Clausens Duarte, vice-presidente de Habitação de Interesse Social da CBIC.
Minha Casa, Minha Vida
A pesquisa ainda aponta uma inversão na participação entre o "Minha Casa, Minha Vida" (MCMV) no último trimestre.
Embora ainda responda por um número significativo, o programa perdeu espaço para os demais padrões de imóveis — voltados aos públicos de classe média e da alta renda.
🔎 A fatia do MCMV caiu de 53% para 47% do total entre o primeiro e o segundo trimestre de 2025.
No primeiro semestre do ano, comparado com 2024, os lançamentos do programa cresceram 7,8%, as vendas avançaram 25,8%, e a oferta final, teve alta de 5,7%.
Em relação aos resultados do segundo trimestre, na comparação anual, os lançamentos caíram 15,5%, enquanto as vendas e a oferta final subiram 11,9% e 5,7%, respectivamente.
Frente aos três primeiros meses de 2025, houve queda em todos os indicadores: lançamentos caíram 10,1%, vendas recuaram 3,3%, e a oferta final teve baixa de 4,3%.
Segundo Petrucci, os números do primeiro trimestre “puxaram” os bons resultados do programa social no primeiro semestre de 2025.
Ainda assim, o economista-chefe da Secovi alerta que, considerando que a última atualização das regras, feita em julho de 2023, por meio da Lei nº 14.620, o MCMV pode estar passando pela necessidade de “novas adequações”.
“O tempo está passando, e o custo de construção vai subindo, perdendo o efeito do que foi melhorado no programa. Isso pode ser um alerta de que o programa possa estar necessitando de uma releitura dos seus limites e dos descontos que oferece.”
Cerimônia de entrega de Unidades Habitacionais do Minha Casa, Minha Vida em Fortaleza.
Ricardo Stuckert/PR
Novo T-Cross Extreme está ainda mais T-Cross
Novo T-Cross Extreme tem nova tonalidade exclusiva com tiragem limitada.
Divulgação
A Volkswagen traz uma novidade com inovação e surpresas, na sua linha. A marca acaba de lançar o novo T-Cross Extreme, que passa a ocupar o topo da linha do SUV compacto mais vendido do Brasil.
Produzido em São José dos Pinhais (PR), o modelo chega para quem busca tecnologia, segurança e conforto, mas sem abrir mão de design. O design do T-Cross Extreme é o carro ideal para o equilíbrio entre vida urbana e atividades ao ar livre.
As novidades começam pela cor. O novo modelo será o primeiro veículo produzido em série no Brasil com pintura fosca de fábrica. O acabamento exclusivo, na cor Cinza Oliver, é inspirado no tom verde
Novo Volkswagen T-Cross Extreme
Nova dianteira do T-Cross Extreme conta com detalhes em laranja.
Divulgação
A nova versão para o líder entre os SUVs vai além da pintura. O visual externo do T-Cross Extreme reforça sua proposta aventureira: rodas de 17 polegadas com novo design e acabamento escurecido, maçanetas e retrovisores em preto ninja, além de detalhes em laranja no para-choque dianteiro e no emblema lateral “Extreme”.
A coluna C, comum em outros modelos da versão aventureira, também recebe um badge exclusivo. Na linha 2026, a novidade é um light strip na grade frontal, conectando os faróis e reforçando a assinatura de iluminação característica da VW.
Interior renovado e conectado
Modelo traz painel digital de 10 polegadas integrado à central VW Play Connect.
Divulgação
Por dentro, o T-Cross Extreme traz novos revestimentos nos bancos, com costura laranja e o nome da versão estampada nos encostos. Um painel digital de 10 polegadas acompanha a nova central multimídia VW Play Connect, ampliando as possibilidades de conectividade a bordo.
O novo T-Cross Extreme já está disponível para pedidos em toda a rede de concessionárias Volkswagen. O modelo disponibiliza uma paleta de cinco cores: Branco Puro e Preto Ninja (sólidas), Cinza Platinum (metálica), além da Cinza Ascot e da Cinza Oliver, oferecidas em fosco e metálico, exclusivas da versão.
Nos modelos com pintura Cinza Oliver Fosca, o teto acompanha a cor da carroceria. Já a opção de teto preto passa a ser uma exclusividade da versão Extreme a partir da linha 2026.
EUA querem impor ao Brasil solução legalmente impossível, diz Haddad sobre tarifaço
Camarotti: governo enfrenta dilema no tarifaço
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira (18) que a negociação tarifária entre Brasil e Estados Unidos não evolui porque o país norte-americano quer impor aos brasileiros uma solução “constitucionalmente impossível”, ou seja, legalmente inviável.
Em um evento organizado pelo canal Times Brasil e pelo Financial Times, Haddad afirmou acreditar que o comércio entre os dois países tende a diminuir ainda mais.
"As negociações só não ocorrem porque os Estados Unidos estão tentando impor ao Brasil uma solução constitucionalmente impossível, que é o Executivo se imiscuir em assuntos de outro Poder, que é o Poder Judiciário", disse Haddad.
A tarifa de 50% sobre diversos produtos brasileiros foi aplicada pelo governo de Donald Trump no início deste mês, sob o argumento de que o ex-presidente Jair Bolsonaro enfrentava uma “caça às bruxas” por parte do Judiciário brasileiro.
Durante o evento, Haddad afirmou que o Brasil está aberto a negociações comerciais com os EUA, mas que Washington não demonstra disposição para dialogar.
Ele acrescentou que não acredita que o impasse com os EUA dure anos, respondendo a uma pergunta sobre a capacidade da economia brasileira de resistir às tarifas elevadas.
"Eu não acredito que isso vai acontecer, em primeiro lugar. Em segundo lugar, hoje o comércio com os EUA representa metade do que representava no começo do século", afirmou.
"E pelo andar dos acontecimentos, eu acredito, infelizmente, que o comércio bilateral vai cair ainda mais", previu.
Haddad destacou, contudo, que Brasil e EUA possuem grande potencial de parceria e que o governo Lula pretende avançar nessas cooperações com Washington.
Como o Brasil responde ao tarifaço?
Na semana passada, o governo brasileiro anunciou a primeira fase de um pacote de medidas para apoiar empresas impactadas pelo tarifaço.
O governo vai criar uma linha de crédito de R$ 30 bilhões, adiar a cobrança de impostos para as empresas mais afetadas e reduzir tributos sobre exportações, com alíquotas de até 3,1% para grandes e médias empresas e até 6% para micro e pequenas, entre outras medidas.
Além do pacote de apoio às exportadoras, o governo Lula deve enviar nesta segunda-feira a Washington um relatório sobre investigações nas áreas financeira, comercial, digital, ambiental (relacionadas ao desmatamento), combate à corrupção e propriedade intelectual.
A medida ocorre após os EUA anunciarem uma investigação contra o Brasil com base na Seção 301 da Lei de Comércio. Até o PIX e o comércio popular da Rua 25 de Março, em São Paulo, foram incluídos no radar das autoridades americanas.
Infográfico - Plano de socorro do governo a empresas afetadas pelo tarifaço de Trump.
Arte/g1
O desafio do arcabouço fiscal do governo
Além do tarifaço, uma das principais preocupações do mercado é a meta fiscal do governo. Segundo o ministro da Fazenda, o governo Lula cumprirá o objetivo este ano e também em 2026.
“Esperem que vamos cumprir o que está pactuado. Sobre cumprimento da meta de gastos, cumprimos ano passado, vamos cumprir esse ano, e também no ano que vem”, disse.
📈 A meta fiscal é o compromisso do governo de equilibrar receitas e despesas públicas, indicando se o país terá superávit, déficit ou equilíbrio no ano. O arcabouço fiscal, aprovado em 2023, estabelece regras e gatilhos para controlar os gastos e manter as contas públicas sustentáveis.
O ministro também afirmou que poucos acreditavam que, neste governo, o Brasil cresceria, aumentaria a renda da população e sairia do Mapa da Fome — mas isso aconteceu. “Tudo isso é resultado de decisões complexas que tivemos que tomar”, destacou.
No entanto, o governo Lula enfrenta dificuldades para reduzir despesas, já que grande parte do orçamento é obrigatória — como aposentadorias, salários, benefícios sociais e transferências a estados e municípios — e só pode ser modificada com aprovação do Congresso.
* Com informações da agência Reuters
Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fala em coletiva de imprensa sobre o bloqueio do Orçamento e elevação do IOF
Diogo Zacarias/MF
'Prévia do PIB' do Banco Central indica expansão de 0,3% no 2º trimestre, com forte desaceleração
Divulgação | Morini
O Banco Central (BC) informou nesta segunda-feira (18) que o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), considerado a "prévia" do Produto Interno Bruto (PIB), registrou crescimento de 0,3% no segundo trimestre deste ano.
O resultado pelo BC foi calculado após ajuste sazonal — uma espécie de "compensação" para comparar períodos diferentes. A comparação foi feita com o primeiro trimestre de 2025.
O dado divulgado nesta segunda-feira pelo Banco Central mostra forte desaceleração da economia. Isso porque, no primeiro trimestre deste ano, o IBC-BR teve uma expansão bem maior: de 1,5%.
O crescimento do IBC-Br no 1º trimestre 2025 foi o sétimo resultado positivo seguido. A última retração do indicador foi registrada no terceiro trimestre de 2023 (-0,6%).
Os dados do BC mostram que o setor de serviços foi o principal "motor" do ritmo de crescimento da economia no segundo trimestre deste ano. Ao mesmo tempo, após forte expansão nos três primeiros meses do ano, a agropecuária mostrou retração no último trimestre.
Veja abaixo o desempenho setor por setor:
Agropecuária: - 3,1%
Indústria: + 0,1%
Serviços: + 0,7%
PIB do Brasil pode perder até R$ 175 bilhões com tarifa de 50% de Trump, diz estudo
O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia. O resultado oficial do período, medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), será divulgado em 2 de setembro.
Se o PIB cresce, significa que a economia vai bem e produz mais. Se o PIB cai, quer dizer que a economia está encolhendo. Ou seja, o consumo e o investimento total é menor. Entretanto, nem sempre crescimento do PIB equivale a bem-estar social.
Desaceleração esperada da atividade
A desaceleração da atividade econômica no segundo trimestre deste ano já era esperada tanto pelo mercado financeiro quanto pelo Banco Central, diante do elevado nível da taxa de juros.
Fixada pelo Banco Central para conter as pressões inflacionárias, a taxa Selic está, atualmente, em 15% ao ano — o maior patamar em quase 20 anos.
A instituição tem sinalizado que os juros permanecerão neste patamar por um "período bastante prolongado" de tempo. Os analistas dos bancos esperam cortes somente em 2026.
O mercado financeiro estima uma taxa de crescimento do PIB 2,21% em 2025, contra 3,4% no ano passado. O BC projeta uma expansão de 2,1% neste ano.
▶️O BC tem dito claramente que uma desaceleração, ou seja, um ritmo menor de crescimento da economia, faz parte da estratégia de conter a inflação no país. Avalia que isso é um "elemento necessário para a convergência da inflação à meta [de inflação, de 3%]".
▶️Na ata da última reunião do Copom, divulgada no início de agosto, o BC informou que o chamado "hiato do produto" segue positivo. Isso quer dizer que a economia continua operando acima do seu potencial de crescimento sem pressionar a inflação.
▶️O Banco Central também informou que a atividade econômica doméstica "tem indicado certa moderação no crescimento e, ao mesmo tempo, apresentado dados mistos entre os setores e indicadores".
Mês de junho
De acordo com o Banco Central, em junho deste ano, na comparação com o mês anterior, o IBC-Br registrou uma contração de 0,1%.
Mesmo assim, houve melhora na comparação com maio, quando o indicador teve retração maior: de 0,7%.
Esse também foi o segundo mês seguido de queda do indicador. A última alta mensal do índice foi em abril (0,1%).
Na comparação com junho de 2024, a chamada prévia do PIB do BC teve alta de 1,4% (sem ajuste sazonal).
Ainda segundo o Banco Central, o IBC-Br apresentou crescimento de 3,2% na comparação com os seis primeiros meses de 2024.
E, em 12 meses até junho, a expansão foi de 3,9%. Nesses casos, o índice foi calculado sem ajuste sazonal.
PIB X IBC-Br
Os resultados do IBC-Br são considerados a "prévia do PIB". Porém, o cálculo do Banco Central é diferente do cálculo do IBGE.
O indicador do BC incorpora estimativas para a agropecuária, a indústria e o setor de serviços, além dos impostos, mas não considera o lado da demanda (incorporado no cálculo do PIB do IBGE).
O IBC-Br é uma das ferramentas usadas pelo BC para definir a taxa básica de juros do país. Com o maior crescimento da economia, por exemplo, pode haver mais pressão inflacionária, o que contribuiria para conter a queda dos juros.
Dólar sobe e fecha em R$ 5,43, após encontro entre Trump e Zelensky e à espera de resposta do Brasil aos EUA
Trump recebe Zelensky para discutir guerra na Ucrânia
O dólar fechou o primeiro pregão da semana em alta de 0,68%, cotado a R$ 5,4348. O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, encerrou com uma alta de 0,72%, aos 137.322 pontos.
Investidores passaram o dia atentos aos desdobramentos do encontro do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com o chefe de Estado ucraniano, Volodymyr Zelensky, e aliados europeus. A expectativa é que a conversa faça avançar as tratativas para o fim da guerra com a Rússia. (Entenda mais abaixo)
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▶️ Já no cenário interno, os investidores aguardam o envio do documento do governo brasileiro em resposta à investigação comercial aberta pelos Estados Unidos, a pedido de Trump.
Em julho, o representante de Comércio dos EUA informou a abertura da investigação, solicitada por Trump. O processo misturou argumentos comerciais e políticos para justificar a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, citando questões como desmatamento, o uso do PIX e até o comércio popular da rua 25 de Março.
▶️ Também nesta segunda-feira, Vladimir Putin telefonou para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em uma chamada de 30 minutos. Segundo o Palácio do Planalto, o presidente russo compartilhou informações sobre a reunião que teve na sexta-feira com Trump, a respeito da guerra entre Rússia e Ucrânia.
▶️ Na agenda de indicadores internos, o Banco Central divulgou na manhã desta segunda-feira o boletim Focus, com projeções de economistas para inflação, Produto Interno Bruto (PIB), Selic e câmbio. Pela primeira vez desde janeiro, o mercado reduziu a estimativa de inflação de 2025 para abaixo de 5%.
Já o IBC-Br — indicador do Banco Central que funciona como prévia do PIB — apontou crescimento de 0,3% no segundo trimestre deste ano.
Veja a seguir como esses fatores influenciam o mercado.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
💲Dólar
a
Acumulado da semana:+0,68%;
Acumulado do mês: -2,96%;
Acumulado do ano: -12,05%.
📈Ibovespa
Acumulado da semana: +0,72%;
Acumulado do mês: +3,19%;
Acumulado do ano: +14,17%.
Brasil responde aos EUA
Está previsto para esta segunda-feira o envio de um documento do governo brasileiro em resposta aos Estados Unidos, referente à investigação comercial aberta em julho pelo governo Trump contra o país.
O documento de resposta está sendo preparado por um grupo de trabalho no Itamaraty, composto por diplomatas com experiência nos temas envolvidos pela investigação do Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR).
Na defesa, os técnicos vão responder aos questionamentos levantados, como medidas de combate ao desmatamento, e argumentar de que o PIX não prejudica as empresas americanas.
Trump se reúne com Zelensky
Também nesta segunda-feira, Donald Trump recebeu em Washington o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky — que foi acompanhado por sete líderes europeus.
Em entrevista a jornalistas após o encontro, Trump firmou que acredita que um acordo para o final da guerra entre a Ucrânia e a Rússia pode sair ainda nesta segunda-feira (18), destacando que busca "o quanto antes" uma reunião trilateral com os líderes russo e ucraniano para alinhar os termos de um acordo.
"Tivemos um dia de muito sucesso até o momento", afirmou Trump no início da reunião com os líderes europeus e Zelensky, sem dar mais detalhes.
A reunião com Zelensky aconteceu apenas dois dias após o norte-americano se reunir com o presidente russo, Vladimir Putin, no Alasca. Naquele momento, Trump também declarou ter visto “grande progresso” em direção ao fim da guerra.
A reunião foi vista pelo mercado como um grande teste para medir até onde Trump está disposto a pressionar Zelensky e se a Ucrânia aceitará discutir pontos que até agora tratava como inegociáveis.
Para Trump, a chance é de transformar uma promessa de campanha em triunfo diplomático. Para Zelensky, o risco é sair de Washington com menos apoio político e militar, caso se recuse a ceder.
Boletim Focus e IBC-Br
O boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira pelo Banco Central, mostra que os analistas do mercado financeiro reduziram, pela primeira vez desde janeiro deste ano, a estimativa de inflação de 2025 para um valor abaixo de 5%.
De acordo com analistas, o tarifaço implementado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a produtos brasileiros está ajudando neste movimento —pois tende a conter a atividade e gerar um impacto baixista na inflação deste ano.
➡️ A estimativa de inflação para 2025 caiu de 5,05% para 4,95%, ainda bem acima do teto da meta, que é de 4,5%.
➡️ A projeção do mercado para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025 permaneceu em 2,21%.
➡️ Para o fechamento de 2025, a projeção permanece em 15% ao ano — atual nível da taxa básica de juros.
➡️ Sobre o dólar, a projeção para a taxa de câmbio no fim de 2025 permaneceu em R$ 5,60.
➡️ A projeção para a balança comercial é de superávit da balança comercial em 2025 foi mantida estável em US$ 65 bilhões.
➡️ Já a previsão para a entrada de investimentos estrangeiros diretos no Brasil em 2025 foi mantida em US$ 70 bilhões.
Já o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), considerado a "prévia" do Produto Interno Bruto (PIB), registrou crescimento de 0,3% no segundo trimestre deste ano.
O dado mostra forte desaceleração da economia. Isso porque, no primeiro trimestre deste ano, o IBC-BR teve uma expansão bem maior: de 1,5%.
Bolsas globais
As ações europeias tiveram pouca movimentação nesta segunda-feira, antes de reuniões de líderes da Ucrânia e europeus com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após uma cúpula entre a Rússia e os EUA que terminou sem um acordo imediato.
O destaque positivo do dia ficou com Lisboa, onde o índice PSI20 avançou 1,28%, alcançando 7.880,25 pontos. Em Londres, o índice Financial Times também registrou alta, com ganho de 0,21%, a 9.157,74 pontos.
Já entre as quedas, Paris liderou as perdas: o CAC-40 recuou 0,50%, para 7.884,05 pontos. Em seguida vieram Frankfurt, onde o DAX cedeu 0,18%, a 24.314,77 pontos, e Madri, com baixa de 0,17% do Ibex-35, a 15.251,70 pontos.
Na Ásia, as ações da China fecharam em seu nível mais alto desde 2015 nesta segunda-feira, ampliando os ganhos de meses em meio ao alívio das tensões comerciais e pela abundância de liquidez, ao mesmo tempo em que levaram a capitalização de mercado a um pico recorde.
No fechamento, o índice de Xangai teve alta de 0,85%, atingindo o nível de fechamento mais alto desde agosto de 2015.
O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, avançou 0,88%, atingindo um pico de dez meses, enquanto o índice Hang Seng, de Hong Kong, caiu 0,37%.
Dólar
freepik
*Com informações da agência de notícias Reuters
Boletim Focus: pela 1ª vez desde janeiro, mercado vê estimativa de inflação de 2025 abaixo de 5%
Os analistas do mercado financeiro reduziram, pela primeira vez desde janeiro deste ano, a estimativa de inflação de 2025 para um valor abaixo de 5%.
As projeções fazem parte do boletim "Focus", divulgado nesta segunda-feira (18) pelo Banco Central (BC), com base em pesquisa realizada com mais de 100 instituições financeiras na última semana.
De acordo com analistas, o tarifaço implementado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a produtos brasileiros está ajudando neste movimento, pois tende a conter a atividade e gerar um impacto baixista na inflação deste ano.
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➡️ A estimativa de inflação para 2025 caiu de 5,05% para 4,95%, ainda bem acima do teto da meta, que é de 4,5%.
➡️ Para 2026, a projeção recuou de 4,41% para 4,40%.
➡️ Para 2027, a expectativa foi mantida em 4%.
➡️ Para 2028, a previsão permaneceu em 3,80%.
A inflação no Brasil registrou leve alta em julho, mas veio abaixo do esperado pelo mercado
Desde o início de 2025, com a adoção do sistema de meta contínua, o objetivo é manter a inflação em 3%, sendo considerado dentro da meta se variar entre 1,5% e 4,5%.
Pelo sistema de metas, cabe ao Banco Central ajustar os juros para manter a inflação dentro do intervalo estabelecido.
Para isso, a instituição olha para frente, pois a Selic demora de seis a 18 meses para ter impacto pleno na economia.
Neste momento, por exemplo, o BC já considera a expectativa de inflação acumulada em 12 meses até o primeiro trimestre de 2027.
Desde janeiro, a inflação acumulada em 12 meses passou a ser comparada com a meta e seu intervalo de tolerância.
Se a inflação permanecer fora desse intervalo por seis meses consecutivos, a meta é considerada descumprida.
Caso a meta de inflação não seja atingida, o BC deve enviar uma carta pública ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicando os motivos (leia mais abaixo).
Com a inflação acima do teto do sistema de metas por seis meses consecutivos até junho, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, precisou enviar uma carta pública ao ministro Fernando Haddad explicando os motivos do novo descumprimento da meta.
Segundo ele, a inflação brasileira ultrapassou o teto da meta (4,5%) no acumulado de 12 meses até junho devido à atividade econômica aquecida, da variação cambial, do custo da energia elétrica e de anomalias climáticas.
🔎 Por que isso importa? Quanto maior a inflação, menor o poder de compra da população — especialmente entre quem recebe salários mais baixos. Isso ocorre porque os preços sobem, mas os salários não acompanham esse aumento.
Inflação x vida real: por que os preços do dia a dia podem subir muito mais do que o IPCA
Produto Interno Bruto
A projeção do mercado para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025 permaneceu em 2,21%.
Para 2026, a projeção de crescimento do PIB continuou em 1,87%.
➡️ O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e é utilizado para medir o desempenho da economia.
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Reprodução/Pixabay
Taxa de juros
Economistas do mercado financeiro mantiveram a projeção para a taxa básica de juros em 2025.
Para o fechamento de 2025, a projeção permanece em 15% ao ano — atual nível da taxa básica de juros.
Para o fim de 2026, a projeção foi mantida em 12,50% ao ano.
Para o fechamento de 2027, a projeção do mercado também permaneceu em 10,50% ao ano.
Outras estimativas
Veja abaixo outras estimativas do mercado financeiro, segundo o BC:
Dólar: a projeção para a taxa de câmbio no fim de 2025 permaneceu em R$ 5,60. Para o encerramento de 2026, a estimativa foi mantida em R$ 5,70.
Balança comercial: a projeção é de superávit da balança comercial em 2025 foi mantida estável em US$ 65 bilhões. Para 2026, a estimativa de saldo positivo caiu de US$ 69 bilhões para US$ 68,4 bilhões.
Investimento estrangeiro: a previsão para a entrada de investimentos estrangeiros diretos no Brasil em 2025 foi mantida em US$ 70 bilhões. Para 2026, a estimativa também permaneceu inalterada, em US$ 70 bilhões.
Unicamp abre concursos para cargos com salários de R$ 4,9 mil a R$ 9,7 mil; saiba como se inscrever
Unicamp abre concurso público para 26 vagas.
Antoninho Perri/Ascom/Unicamp
A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) abre, na segunda-feira (18), inscrições para 21 vagas em concursos públicos para diversos cargos, entre eles médico, enfermeiro, farmacêutico, engenheiro e técnicos. As oportunidades são para profissionais com níveis superior e médio e os salários variam de R$ 4.929,44 a R$ 9.759,85.
As inscrições podem ser feitas das 9h desta segunda (18) até as 23h59 de 18 de setembro, exclusivamente pela internet. São 17 editais ao todo. [Veja abaixo]
Segundo a organizadora Vunesp, as oportunidades oferecidas são para:
Cirurgião Dentista Odontopediatra
Cirurgião Dentista Endodontista
Enfermeiro
Eletrotécnico
Farmacêutico Bioquímico
Médico Clínico Geral
Médico Geneticista
Médico Pediatra
Médico Nefrologista
Meteorologista
Engenheiro Mecatrônico
Tecnólogo em Construção Civil
Protético Dentário
Técnico em Radiologia e Imagenologia
Técnico Químico
Técnico de Edificações
Tecnólogo em Radiologia Médica
Acesse o edital completo na site da Vunesp. Confira os detalhes dos cargos abaixo.
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Cirurgião Dentista Odontopediatra
Quantidade de vagas: 1 vaga
Jornada de trabalho: 24 horas semanais
Salário: R$ 9.759,85
Cirurgião Dentista Endodontista
Quantidade de vagas: 1 vaga
Jornada de trabalho: 24 horas semanais
Salário: R$ 9.759,85
Enfermeiro
Quantidade de vagas: 3 vagas
Jornada de trabalho: 30 horas semanais
Salário: R$ 9.295,09
Eletrotécnico
Quantidade de vagas: 1 vaga
Jornada de trabalho: 40 horas semanais
Salário: R$ 4.929,44
Farmacêutico Bioquímico
Quantidade de vagas: 1 vaga
Jornada de trabalho: 40 horas semanais
Salário: R$ 9.295,09
Médico Clínico Geral
Quantidade de vagas: 3 vagas
Jornada de trabalho: 24 horas semanais
Salário: R$ 9.759,85
Médico Geneticista
Quantidade de vagas: 1 vaga
Jornada de trabalho: 24 horas semanais
Salário: R$ 9.759,85
Médico Pediatra
Quantidade de vagas: 1 vaga
Jornada de trabalho: 24 horas semanais
Salário: R$ 9.759,85
Médico Nefrologista
Quantidade de vagas: 1 vaga
Jornada de trabalho: 24 horas semanais
Salário: R$ 9.759,85
Meteorologista
Quantidade de vagas: 1 vaga
Jornada de trabalho: 40 horas semanais
Salário: R$ 9.295,09
Engenheiro Mecatrônico
Quantidade de vagas: 1 vaga
Jornada de trabalho: 40 horas semanais
Salário: R$ 9.295,09
Tecnólogo em Construção Civil
Quantidade de vagas: 1 vaga
Jornada de trabalho: 40 horas semanais
Salário: R$ 9.295,09
Protético Dentário
Quantidade de vagas: 1 vaga
Jornada de trabalho: 40 horas semanais
Salário: R$ 4.929,44
Técnico em Radiologia e Imagenologia
Quantidade de vagas: 1 vaga
Jornada de trabalho: 24 horas semanais
Salário: R$ 4.929,44
Técnico Químico
Quantidade de vagas: 1 vaga
Jornada de trabalho: 40 horas semanais
Salário: R$ 4.929,44
Técnico de Edificações
Quantidade de vagas: 1 vaga
Jornada de trabalho: 40 horas semanais
Salário: R$ 4.929,44
Tecnólogo em Radiologia Médica
Quantidade de vagas: 1 vaga
Jornada de trabalho: 24 horas semanais
Salário: R$ 9.295,09
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Vai dar certo? Chevrolet Onix 2026 ganha nova correia banhada a óleo e especialistas avaliam a mudança
Correia banhada a óleo do Onix: especialistas explicam a origem da polêmica
No início de julho, o Chevrolet Onix passou por uma reestilização para voltar a ser uma opção atrativa, já que atualmente vende apenas 40% do volume que alcançava em seus melhores momentos.
O modelo ganhou um visual mais moderno, mas manteve uma característica controversa que ajudou na queda das vendas: o motor com correia dentada banhada a óleo. Embora esse componente seja mais durável que a versão seca, ele exige cuidados específicos para que sua vida útil não seja reduzida.
O g1 ouviu especialistas para esclarecer a controvérsia e listar os principais prós e contras da correia dentada banhada a óleo.
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Chevrolet Onix 2026
divulgação/GM
Como funciona a correia
Correia dentada banhada a óleo (esq.) e seca (dir.)
Arte/g1
A correia, seja banhada a óleo ou seca, tem a função de sincronizar os movimentos do virabrequim e do comando de válvulas.
Imagine que o virabrequim é um músico e o comando de válvulas é outro, cada um com seu instrumento e ambos tocando na mesma orquestra. Eles precisam atuar em perfeita sincronia para a música soar como o público espera e pagou para ouvir.
A correia dentada é o maestro. Ele garante que ambos os músicos toquem no tempo certo, evitando qualquer descompasso que comprometa a harmonia da obra.
A principal diferença entre a correia lubrificada por óleo e a seca está no local de funcionamento. A primeira opera no motor e é constantemente lubrificada pelo próprio óleo, aumentando sua durabilidade. Já a correia seca funciona externamente, está exposta às condições climáticas, atrito e, por isso, precisa ser substituída com mais frequência.
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O problema da correia banhada a óleo
Correia dentada banhada a óleo
André Fogaça/g1
Segundo os mecânicos consultados, o problema não está na correia em si, mas na manutenção inadequada. Eles concordam que a polêmica em torno da correia dentada banhada a óleo do Onix está relacionada ao uso incorreto do óleo do motor, que deve ser trocado a cada 10 mil quilômetros ou um ano de uso.
O uso de um óleo inadequado é o ponto de partida para os problemas. “A correia incha, começa a soltar resíduos, filamentos e fibras. Isso entope o sistema e, com o tempo, o motor pode travar”, explica Bruno Bandeira, mecânico e proprietário da Oficina Mecânica Na Garagem.
Bruno acrescenta que muitos proprietários não realizam a troca completa do óleo do motor, apenas completam o nível que baixou — seja para economizar com mão de obra e o custo do óleo, ou por falta de orientação adequada do próprio mecânico.
“O óleo errado, ele faz com que a correia se degrade, ela esfarela, tem a composição completamente comprometida. Acaba estourando e dá problema", comenta Alexandre Dias, mecânico e proprietário das oficinas Guia Norte.
“A cada 60 mil quilômetros é preciso fazer visualização técnica, contato visual. Como que você vai desmontar tudo aqui só para olhar? Ninguém vai parar o carro só para olhar. É uma mão de obra longa, um trabalho de horas”, comenta Bruno.
Motor de um Onix aberto, mostrando o local da correia dentada banhada a óleo
André Fogaça/g1
Como a correia dentada banhada a óleo funciona dentro do motor, é necessário desmontar parcialmente o conjunto para inspecionar ou substituir o componente. Alexandre também ressalta que se trata de um serviço demorado.
“Não é que tem que desmontar o motor todo, não precisa de tanto. É mais complicado [que a seca]? É, mas não é um bicho de sete cabeças” complementa o mecânico.
Quando o problema com a correia já está instalado, o reparo pode ser bastante caro. Bruno relata que, em um serviço realizado em um Ford Ka, que também utiliza correia banhada a óleo, o custo total para desobstruir o motor e devolvê-lo ao cliente chegou a R$ 40 mil.
Motor do Chevrolet Tracker RS 2026, que também utiliza correia banhada a óleo
divulgação/Chevrolet
“A correia desfiou todinha, entupiu e o motor quebrou até o bloco. Cabeçote também foi danificado. Só a bomba de óleo nova, para trocar, foi R$ 7 mil”, comenta Bruno.
Em entrevista ao g1, Emerson Fischler, diretor de engenharia da GM América do Sul, apontou que outras partes são afetadas quando o óleo incorreto é utilizado, servindo como indícios que apontam os problemas com a correia.
“O pedal de freio vai ficando um pouco mais duro, pois a assistência de vácuo [com entupimento pelo farelo da correia] começa a diminuir. Como o mesmo vácuo alimenta a turbina, você começa a ter sinais de perda de potência”, revela o executivo.
De acordo com o manual dos veículos Chevrolet que utilizam correia banhada a óleo, é obrigatório o uso do óleo 0W20 com certificação Dexos 1 Gen 2, aprovada pela própria GM.
Em uma pesquisa rápida entre varejistas, este óleo não está entre os mais baratos. Na mesma loja online, o litro do produto recomendado pelo manual do Onix custa R$ 59, enquanto versões não homologadas pela GM, ainda que de marcas consagradas pelo mercado, são vendidas por cerca de R$ 39.
O Onix utiliza quatro litros de óleo, o que significa que a troca completa (considerando apenas o valor do óleo) pode custar R$ 156 com um produto fora das especificações do manual, ou R$ 238 para quem segue rigorosamente a recomendação.
Como alguns mecânicos apontaram que há motoristas apenas completando o nível, o custo com mão de obra pode cair significativamente.
Diminuir os gastos com manutenção pode ser uma maneira de economizar para quem já lida com as parcelas de um carro popular, por exemplo.
Existem pontos positivos?
Para Alexandre, as vantagens desse tipo de correia “são todas”. “Ela dura pra caramba, faz a mesma função da correia dentada a seco, com a vantagem de estar sempre lubrificada. Acho um baita projeto”, aponta.
De fato, a correia banhada a óleo apresenta maior durabilidade. O próprio manual do Onix comprova a longevidade do novo componente: enquanto a versão seca deve ser trocada a cada 60 mil quilômetros, a lubrificada só precisa ser substituída a cada 240 mil quilômetros.
Considerando apenas a quilometragem, para cada troca da correia banhada a óleo no Chevrolet Onix, a versão seca já teria sido substituída quatro vezes.
Bruno Bandeira também destaca a durabilidade da correia banhada a óleo. Outro benefício, segundo ele, é que, por ser lubrificada, ela gera menos vibração no bloco do motor — o que também contribui para reduzir o ruído característico dos motores de três cilindros.
Emerson, da GM, revelou que o Onix não deve receber um novo tipo de correia dentada. Segundo ele, a eficiência energética alcançada não compensa uma mudança de projeto.
"A gente acredita na eficiência dessa correia. Nós fizemos a troca da composição química dela, para que consiga suportar óleos de baixa qualidade de forma mais eficiente. A correia não ficou imune, mas ela vai resistir mais tempo”, afirma Fischler.
Onix já teve outra correia
A correia banhada a óleo não está presente desde o lançamento do Chevrolet Onix no Brasil. Na primeira geração do hatch, lançada em 2015, o sistema de comando utilizava uma correia seca.
Na primeira geração, a correia funcionava externamente ao motor, sem contato com o óleo lubrificante do sistema. De acordo com o manual do veículo, a inspeção deveria ser realizada anualmente ou a cada 10 mil quilômetros, com substituição recomendada a cada seis anos ou 60 mil quilômetros.
Em 2019, com o lançamento da segunda geração do Onix, houve uma mudança significativa: a correia passou a ser instalada dentro do motor, em contato direto com o óleo lubrificante — característica que lhe confere o nome “banhada a óleo”.
Correia banhada a óleo está em mais carros
Ford Ka também adotava a correia banhada a óleo
divulgação/Ford
O Chevrolet Onix não é o único carro vendido no Brasil que utiliza o sistema de correia dentada banhada a óleo. Dentro da própria GM, todos os modelos equipados com motor CSS de três cilindros, nas versões 1.0 ou 1.2 — aspiradas ou turbinadas — utilizam esse componente. São eles:
Chevrolet Onix;
Chevrolet Montana;
Chevrolet Tracker.
Ambos os mecânicos afirmam que a polêmica se concentra no Onix por um motivo simples: ele tem um volume de vendas muito maior.
De acordo com a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), mesmo com uma queda em relação aos anos anteriores, em 2025 o Onix vendeu quase 23% mais unidades que o SUV Tracker e registrou 257% mais emplacamentos do que a picape Montana:
Chevrolet Onix: 42.078 emplacamentos;
Chevrolet Tracker: 34.212 emplacamentos;
Chevrolet Montana: 11.784 emplacamentos.
Além dos modelos da Chevrolet, outros veículos também utilizam correia dentada banhada a óleo:
Ford Ka
Ford Ka Sedan
Ford EcoSport
Ford Fiesta
Peugeot 208 (com motor 1.2, três cilindros)
Citroën C3 (com motor 1.2, três cilindros)
O que diz a Chevrolet?
Mesmo nas versões mais recentes do Onix e do Tracker, a GM não realizou mudanças significativas na correia banhada a óleo. Segundo a montadora, a única alteração foi em um componente químico da composição.
O objetivo da mudança é tornar a correia mais resistente ao uso de óleos que não seguem as especificações do manual do Onix e do Tracker. Além disso, a Chevrolet ampliou recentemente a garantia do motor desses dois modelos, que agora é de cinco anos.
A nova garantia também pode ser revalidada para veículos usados, desde que o comprador de um Onix seminovo leve o hatch ou o sedã para avaliação em uma concessionária da Chevrolet.
Segundo a GM, a avaliação da correia custa R$ 660 e inclui a desmontagem parcial do motor e a verificação de componentes como o filtro da bomba de vácuo. Se não forem encontrados problemas, o óleo é totalmente substituído e a bomba também é trocada.
Se a inspeção identificar problemas na correia, é cobrado um valor adicional de R$ 700 para a substituição do chamado “kit da correia”, segundo a GM.
Ao g1, a montadora informou que esse pacote inclui mais de 20 itens, como a correia dentada, a bomba de vácuo, juntas, além de limpeza completa do motor e troca de óleo.
Questionada sobre os problemas enfrentados pelo Onix, a GM enviou uma nota oficial reconhecendo a situação.
Veja a seguir a íntegra do comunicado:
A correia banhada a óleo é uma tecnologia moderna, que oferece benefícios ao motor e ao consumidor, como menor consumo de combustível, redução de ruído e maior durabilidade em comparação a sistemas tradicionais.
É importante destacar que a manutenção adequada do veículo, com o uso de lubrificantes nos intervalos e especificações definidos pelo fabricante, é essencial para o desempenho e a longevidade de qualquer motorização.
Diante da crescente presença de lubrificantes adulterados no mercado, desenvolvemos uma nova geração da correia, com formulação ainda mais resistente à contaminação e à degradação química provocada por óleos de baixa qualidade.
Ainda assim, a nossa recomendação técnica permanece a mesma: utilização do lubrificante conforme o manual do veículo e substituição da correia aos 240 mil quilômetros — mesmo prazo de garantia do componente.
Como trocar o filtro de ar?
Bolsa Família 2025: pagamentos de agosto começam nesta segunda; veja calendário
Bolsa Família 2025: veja as regras e o calendário de pagamentos de agosto
A Caixa Econômica Federal inicia os pagamentos de agosto do Bolsa Família 2025 nesta segunda-feira (18). Os primeiros a receber serão os beneficiários com Número de Identificação Social (NIS) com final 1. (veja mais abaixo o calendário completo)
O dinheiro vai ser disponibilizado nos últimos 10 dias úteis de cada mês, de forma escalonada. A exceção é o mês de dezembro, quando os pagamentos são antecipados.
Confira o calendário do Bolsa Família para agosto de 2025:
Final do NIS: 1 - pagamento em 18/8
Final do NIS: 2 - pagamento em 19/8
Final do NIS: 3 - pagamento em 20/8
Final do NIS: 4 - pagamento em 21/8
Final do NIS: 5 - pagamento em 22/8
Final do NIS: 6 - pagamento em 25/8
Final do NIS: 7 - pagamento em 26/8
Final do NIS: 8 - pagamento em 27/8
Final do NIS: 9 - pagamento em 28/8
Final do NIS: 0 - pagamento em 29/8
Ao longo do ano, a previsão de pagamentos é:
Setembro: de 17/9 a 30/9;
Outubro: de 20/10 a 31/10;
Novembro: de 14/11 a 28/11;
Dezembro: de 10/12 a 23/12.
Bolsa Família
Luis Lima Jr/FotoArena/Estadão Conteúdo
Veja abaixo perguntas e respostas sobre o Bolsa Família.
Quem pode receber o Bolsa Família?
A principal regra para receber o benefício é ter renda mensal familiar de até R$ 218 por pessoa.
Para se enquadrar do programa, é preciso somar a renda total e dividir pelo número de pessoas. Caso o valor fique abaixo dos R$ 218, a família está elegível ao Bolsa Família.
Os beneficiários também precisam arcar com contrapartidas, como:
manter crianças e adolescentes na escola;
fazer o acompanhamento pré-natal (no caso de gestantes);
manter as carteiras de vacinação atualizadas.
Onde se cadastrar?
Os beneficiários precisam se inscrever no Cadastro Único (CadÚnico) — principal instrumento do governo federal para a inclusão de famílias de baixa renda em programas sociais — e aguardar uma análise de enquadramento.
Estar no Cadastro Único não significa a entrada automática nos programas sociais do governo, uma vez que cada um deles tem regras específicas. Mas o cadastro é pré-requisito para que a inscrição seja avaliada.
VEJA COMO FAZER O CADASTRO ÚNICO DO GOVERNO FEDERAL
Como sacar o Bolsa Família?
Os beneficiários recebem e podem movimentar os valores pelo aplicativo Caixa TEM e internet banking. Assim, não é necessário ir até uma agência da Caixa Econômica Federal — que é responsável pelo pagamento do Bolsa Família — para realizar o saque.
Segundo a Caixa, os beneficiários também podem utilizar o cartão do programa para realizar compras nos estabelecimentos comerciais, por meio da função de débito.
Além disso, há a opção de realizar saques nos terminais de autoatendimento, casas lotéricas e correspondentes Caixa Aqui, além das agências da Caixa.
Confira receita de doce de mamão verde enroladinho
O Globo Rural deste domingo (17) mostrou como preparar o doce de mamão verde enroladinho. Confira a receita a seguir. Ingredientes 2 mamões médios verdes. Linha e agulha para costurar os mamões enrolados. 2 kg de açúcar. 1 litro de água. Modo de preparo Corte o mamão em fatias ou em tiras finas. Enrole em formato de anéis e costure como se fosse fazer um colar. Ferva os "colares" em 1 litro de água. Retire os "colares" da água do cozimento, coloque-os na calda e os cozinhe por 40 minutos em fogo médio. Espere esfriar e retire o cordão ou linha, ➡️Veja mais receitas do Globo Rural
Veja como fazer doce de casca de limão galego com queijo
O Globo Rural deste domingo (17) mostrou como preparar o doce de casca de limão galego com queijo. Confira a receita a seguir. Ingredientes 1 kg de limão 4 litros de água 3,5 kg de açúcar 1 kg de queijo curado ralado 8 ovos Modo de preparo Limão: Higienize os limões, corte-os ao meio, e os cozinhe por 40 minutos, até a polpa se soltar. Depois de esfriar, use uma colher para retirar a polpa. Deixe o limão sem a polpa descansando em outro recipiente com água por um dia. Coloque as cascas de limão na calda e cozinhe por mais 40 minutos. Queijo: Misture o queijo e os ovos até ter uma massa homogênea. Faça bolinhas e cozinhe por 20 minutos na calda, feita usando 1 litro de água e 500 g de açúcar. Junção de limão e queijo: Faça a calda para o doce pronto usando 1 litro de água com 2 kg de açúcar; Coloque as bolinhas de queijo dentro da casca de limão e mergulhe na calda. ➡️Veja mais receitas do Globo Rural
As histórias de quem passou a vida na lida na roça
Vida no campo é marcada por vínculos afetivos, respeito e paixão pela rotina rural
TV TEM/Reprodução
Durante mais de meio século, o campo foi o cenário de trabalho, amizade e conquistas de Antônio Carlos de Sousa, conhecido como “Barão”, gerente de produção em uma fazenda de Palestina (SP).
Contratado ainda adolescente, ele começou cuidando de cavalos e se destacou na pecuária leiteira, ensinando colegas e ajudando a consolidar um laticínio que já tem 30 anos de história.
Ao lado do patrão, Antônio Alves de Toledo Neto, construiu uma relação que ultrapassa as cercas da fazenda. Entre as lembranças mais marcantes, está a foto de Barão a cavalo com o filho caçula do patrão, Ricardo, hoje engenheiro agrônomo.
O vínculo profissional se transformou em um legado familiar: os dois filhos, a nora e o genro de Barão também trabalham no laticínio. Embora tenha casa na cidade, ele prefere morar na fazenda, onde agora também cuida do neto.
Histórias como a dele se repetem na zona rural paulista. Em Onda Verde (SP), José Cerino Simões, aposentado, vive no sítio onde começou aos 23 anos, tirando leite manualmente por mais de três décadas. Mesmo com o trabalho arrendado para a cana, mantém um pequeno rebanho “para ter ocupação”.
Outro exemplo é Antônio Ferreira, tratorista que soma 52 anos na mesma propriedade. “Essa geração nova chega e logo vai embora. Eu gosto de ficar no lugar”, diz. Conhecido por resolver qualquer serviço difícil, ele continua ajudando na fazenda e aproveitando o sossego do campo.
Para todos eles, a permanência no mesmo local é mais que estabilidade: é uma escolha de vida marcada por vínculos afetivos, respeito e paixão pela rotina rural.
Veja a reportagem exibida no programa em 17/08/2025:
As histórias de quem passou a vida na lida na roça
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Produtores do interior de SP colhem safra de mandioca
Agricultores se sustentam com o cultivo da mandioca no interior de São Paulo
TV TEM/Reprodução
Com um pouco de força, um agricultor arranca da terra as raízes que sempre ajudaram a alimentar sua família e que, aos poucos, se tornaram sua fonte de renda.
Na pequena plantação, Tiago Coneglian cultiva, em dois hectares, tanto mandioca de mesa quanto para produção de farinha. De acordo com ele, a seleção é feita no próprio canteiro. “As raízes que não estão com qualidade boa para comércio vão ser usadas para alimentar o gado”, diz.
Tiago explica que as mandiocas que não estão com qualidade boa para comércio são usadas para alimentar o gado. Em períodos em que a estiagem atinge a plantação, a colheita se torna mais difícil e reduz a produtividade.
O agricultor Paulo Roberto da Silva também planta mandioca. Sua plantação passa dos 600 mil pés, que ele colhe aos poucos ao longo do ano, o que garante renda durante vários meses.
“Eu levo todo dia de oito a dez caixas. É um dinheirinho que não dá para ficar rico, mas está sempre ali. Uma coisa que não falta é dinheiro no bolso”, conta.
O manejo da mandioca é realizado manualmente, sempre com cuidados para controlar as pragas que surgem durante o ciclo e as plantas daninhas. Além disso, a produção se torna mais eficiente em áreas amplas.
Em 2024, o Estado de São Paulo produziu mais de um milhão e seiscentas mil toneladas de mandioca, e a previsão é que a quantidade diminua um pouco este ano, de acordo com levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No entanto, de toda forma, o cultivo garantirá o sustento de muitas famílias de agricultores do interior.
Veja a reportagem exibida no programa em 17/08/2025:
Produtores do interior de SP colhem safra de mandioca
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Cuidar do solo é fundamental para garantir uma boa produtividade
Produtor de Jundiaí (SP) analisa a terra durante os cuidados para a recuperação de seus nutrientes
Reprodução/TV TEM
Cuidar do solo é o primeiro passo para garantir bons frutos. E na região de Jundiaí (SP), o produtor Alfredo de Frascesco aposta neste cuidado para ter resultados positivos. No primeiro contato com o local, ele encontrou um terreno sem fertilidade, mesmo sabendo que antes havia sido de grande produtividade.
Alfredo decidiu devolver ao terreno a sua capacidade produtiva. Para isso, precisou cuidar da terra devolvendo os nutrientes, dando ao solo a capacidade produtiva. Ele explica que foram dois anos de adubação verde, fosfatagem e calagem. “Vale a pena investir no preparo, porque a planta se desenvolve muito melhor”, afirma o produtor.
Atualmente, ele cultiva mais de cinco mil pés de uva e espera colher cinco toneladas do fruto neste ano. Mesmo com a terra já produzindo, mantém o manejo, que inclui matéria orgânica, carvão e preparados de fungos. Segundo ele, isso estimula a vida microbiana, fortalecendo o ecossistema debaixo do solo.
O pesquisador Afonso Peche Filho, do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), explica que a saúde do solo pode ser verificada por qualquer agricultor usando apenas ferramentas simples, como uma enxada. Entre os dez pontos a serem observados estão a característica da cobertura, a presença de decompositores, a porosidade e até o cheiro da terra.
Outro produtor, Guilherme Lourenço, também aplica essa técnica de cuidado com o solo, utilizando análises laboratoriais em sua plantação de 15 mil pés de uva Niágara rosada. Com essa prática, ele garante a troca equilibrada entre a natureza e os cuidados com a terra. “Quando se trata da natureza, tudo o que a gente faz, ela retribui”, finaliza.
Veja a reportagem exibida no programa em 17/08/2025:
Cuidar do solo é fundamental para garantir uma boa produtividade
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Air Canada vai retomar operações neste domingo após determinação do governo canadense; greve afetou voos no Brasil
A Air Canada deve retomar as operações neste domingo (17) após uma determinação do Ministério do Trabalho canadense. Neste sábado (15), companhia aérea suspendeu todas as suas operações depois que mais de 10 mil comissários de bordo entraram em greve.
Segundo a agência de notícias Reuters, a previsão é de que os voos sejam retomados a partir das 21h, no horário de Brasília.
No sábado, o governo do Canadá anunciou medidas para encerrar a greve dos comissários de bordo da Air Canada, alegando que era preciso agir de forma imediata para evitar prejuízos econômicos de longo prazo.
A ministra do Trabalho, Patty Hajdu, informou que pediu ao Conselho Canadense de Relações Industriais a imposição de uma arbitragem obrigatória entre as partes, determinando o fim imediato da greve.
“Exerci minhas autoridades sob a Seção 107 do Código Trabalhista Canadense para direcionar o Conselho Canadense de Relações Industriais a ordenar que as partes retomem e continuem suas operações e deveres, a fim de garantir a paz trabalhista e proteger os interesses do Canadá, dos canadenses e da economia”, afirmou.
A suspensão atingiu rotas com passagem pelo Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, que têm como destino ou origem as cidades de Toronto, Montreal e Buenos Aires.
🛫 Segundo uma consulta ao painel de voos do aeroporto na manhã deste sábado, três partidas (para Buenos Aires, Toronto e Montreal) e duas chegadas (de Toronto e Buenos Aires) foram canceladas.
🛬 O aeroporto de Guarulhos orienta que os passageiros procurem a companhia para mais informações.
O g1 entrou em contato com a Air Canada para saber se mais voos no Brasil foram afetados, mas ainda não obteve resposta.
No mundo todo, segundo a companhia, mais de 700 voos foram suspensos.
Passageiros aguardam atendimento em balcão da Air Canada no Aeroporto Internacional em Québec na sexta-feira (15)
Christinne Muschi/The Canadian Press via AP
Em nota, a Air Canada lamentou os transtornos causados pelo cancelamento e orientou que os clientes afetados não se dirijam aos aeroportos.
"A companhia notificará os clientes com viagens previstas em breve sobre voos adicionais que venham a ser cancelados e as respectivas opções disponíveis. Para os clientes com voos próximos ainda não cancelados, a Air Canada implementou uma política de cortesia que permite remarcar a viagem ou obter crédito para uso futuro", diz a nota.
Segundo o porta-voz do Sindicato Canadense dos Empregados Públicos (CUPE), Hugh Pouliot, a greve começou após falta de acordo entre os funcionários e a companhia por reajuste salarial.
Os comissários iniciaram a paralisação por volta da 1h da manhã (5h no horário de Brasília) neste sábado. A paralisação total deve impactar cerca de 130 mil pessoas por dia, incluindo 25 mil canadenses que podem ficar retidos no exterior. A Air Canada opera cerca de 700 voos pelo mundo diariamente.
A Air Canada e o Sindicato Canadense dos Empregados Públicos estão em negociações contratuais há cerca de oito meses. Ambos os lados reconhecem que seguem distantes de um acordo referente à questão salarial e ao trabalho não remunerado dos comissários quando os aviões não estão em voo.
O sindicato recusou na sexta-feira (15) o pedido da companhia para levar o caso para intermediação do governo, uma medida que eliminaria o direito de greve e transferiria a decisão sobre os termos do acordo a um mediador independente.
A proposta mais recente da companhia incluía aumento de 38% na remuneração total — incluindo benefícios e aposentadoria — ao longo de quatro anos, o que, segundo a empresa, “tornaria nossos comissários os mais bem remunerados do Canadá”.
O sindicato, no entanto, rejeitou a proposta, alegando que o reajuste de 8% no primeiro ano não seria suficiente diante da inflação.
Painel de voos cancelados e atrasados da Air Canada no Aeroporto Internacional de Québec
Christinne Muschi/The Canadian Press via AP
O que acontece quando há atraso ou cancelamento de voo?
Assim que a companhia aérea tiver conhecimento de que haverá o atraso ou cancelamento de voos, deve notificar imediatamente o consumidor.
Devem, ainda, partir da própria empresa as seguintes medidas:
Manter o passageiro informado a cada 30 minutos quanto à previsão de partida dos voos atrasados;
Oferecer gratuitamente, de acordo com o tempo de espera, assistência material (veja mais abaixo);
Oferecer reacomodação, reembolso integral ou execução do serviço por outra modalidade de transporte, cabendo a escolha ao passageiro, quando houver atraso de voo superior a 4 horas ou cancelamento.
Tire todas as suas dúvidas aqui.
Voo atrasado ou cancelado? Veja os direitos do passageiro
Como uma façanha evolutiva nos deu as batatas — e por que elas não existiriam sem os tomates
Além de terem um passado comum, batatas e tomates combinam muito bem
AFP/Via BBC
Há muito tempo atrás — cerca de 8 ou 9 milhões de anos —, onde mais tarde foi chamado de América do Sul, quando os Andes ainda eram jovens, a vegetação era selvagem e os humanos eram inexistentes. Havia duas plantas.
"Mais como duas populações de plantas", diz Sandra Knapp, taxonomista de plantas do Museu de História Natural de Londres, em entrevista à BBC News Mundo, serviços de notícias em espanhol da BBC.
"Elas foram as ancestrais do que hoje reconhecemos como tomates (Solanum lycopersicum) e de um grupo de plantas chamado Solanum etuberosum, cujas três espécies atuais são encontradas no Chile e nas Ilhas Juan Fernández [arquipélago chileno no Pacífico]", acrescenta.
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Como você deve ter notado pelos nomes, elas eram parentes, e entre elas aconteceu algo que acontece até nas melhores famílias: elas tiveram relações sexuais.
Especialistas chamam isso de hibridização interespecífica, e ela ocorre com frequência, às vezes com resultados parcial ou totalmente infelizes.
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A mula, por exemplo, nasce de um encontro íntimo entre uma égua e um burro e, embora seja um híbrido bem-sucedido, apreciado desde a antiguidade, não tem capacidade de reprodução.
No reino vegetal, diz Knapp, os cruzamentos entre espécies "acontecem com frequência: é assim que frequentemente obtemos nossas plantas de jardim".
Naturalmente ou por intervenção humana, "às vezes elas se hibridizam e criam uma geração de plantas que parecem intermediárias entre suas progenitoras, mas às vezes são estéreis, de modo que não se desenvolvem em uma nova população", explica a especialista.
Mas quando a combinação de ingredientes é ideal, o fruto da união supera as expectativas.
Foi o que aconteceu aqui: daquele encontro casual, milhões de anos atrás, entre duas espécies da família Solanaceae, nasceu a batata.
À esquerda, Solanum lycopersicum; à direita, Solanum etuberosum: os descendentes dos progenitores da batata
LOC/Biblioteca do Patrimônio da Biodiversidade
"É fascinante que algo tão cotidiano e importante para nós como a batata tenha uma origem tão antiga e extraordinária", entusiasma-se Knapp.
"Finalmente resolvemos o mistério da origem da batata", comemora Sanwen Huang, pesquisadora da Academia Chinesa de Ciências Agrícolas.
"O tomate é a mãe e o etuberosum é o pai", acrescenta a cientista, que liderou a equipe internacional que conduziu o estudo revelador publicado na revista Cell.
A origem não foi o único mistério desvendado.
Como foi feita a descoberta
O ponto de partida foi algo que já era conhecido.
Embora, se as virmos no mercado, a batata — dura e rica em amido — não se pareça muito com o tomate — vermelho e suculento —, "eles são muito, muito parecidos", observa Knapp.
"Se você observar as plantas, as folhas são muito parecidas, as flores, embora de cores diferentes, também são muito parecidas, e se você tiver a sorte de ter uma planta de batata que produza frutos, verá que ela se parece com um pequeno tomate verde."
Além do que se vê, acrescenta a taxonomista, "sabemos há muito tempo que batatas, tomates e etuberosum eram intimamente relacionados."
"O que não sabíamos", continua ela, "era qual era o mais próximo das batatas, porque genes diferentes nos contavam histórias diferentes."
Cientistas passaram décadas tentando desvendar o enigma da origem do popular tubérculo, mas encontraram uma dificuldade: a genética da batata é incomum.
Enquanto a maioria das espécies de seres vivos, incluindo nós, possui duas cópias de cromossomos em cada célula, a batata possui quatro.
Batatas e tomates são tão semelhantes que enxertá-los produz uma planta que produz ambos, como esta chamada TomTato, produzida pela empresa de horticultura Thompson & Morgan
Thompson & Morgan/Via BBC
Para resolver o paradoxo, a equipe analisou mais de 120 genomas de dezenas de espécies abrangendo os grupos batata, tomate e etuberosum.
O que eles descobriram foi que os genomas de batata que sequenciaram exibiam aproximadamente a mesma divisão tomate-etuberosum. O ancestral "não era um ou outro: eram ambos", enfatiza Knapp.
Foi assim que eles descobriram esse romance no sopé das montanhas sul-americanas, milhões de anos atrás.
Foi uma união tremendamente bem-sucedida "porque gerou combinações de genes que permitiram que essa nova linhagem prosperasse nos habitats de alta altitude recém-criados dos Andes", explica ela.
Isso se deveu principalmente ao fato de que, embora a planta de batata acima do solo se assemelhasse muito aos seus pais, havia algo oculto que nenhum deles tinha: tubérculos.
Tê-los é como ter uma lancheira com você o tempo todo: eles armazenam energia, o que ajuda a sobreviver ao inverno, à seca ou a quaisquer outras condições desfavoráveis de crescimento.
E os cientistas descobriram algo fascinante: a planta desenvolveu esses tubérculos ganhando uma loteria genética.
A letra 'C' no gráfico mostra os frutos da batata, que são como pequenos tomates
Getty Images/Via BBC
Acontece que cada um de seus progenitores tinha um gene crucial para a formação do tubérculo.
Nenhum era suficiente por si só, mas, combinados, eles desencadearam o processo que transformou os caules subterrâneos em batatas saborosas.
A equipe chinesa com a qual Knapp trabalhou até conseguiu provar isso, diz a taxonomista: "Eles fizeram muitos experimentos muito elegantes", eliminando esses genes para confirmar sua hipótese, "e sem eles, os tubérculos não se formaram".
Uma façanha
A hibridização que criou a batata foi mais do que um feliz acidente.
Especialistas que comentaram o estudo enfatizam que esse cruzamento entre os ancestrais do tomateiro e os do Etuberosum criou um novo órgão.
E esse órgão, a batata, marca uma façanha evolutiva.
Sua existência permitiu que a planta se reproduzisse sem a necessidade de sementes ou polinizadores.
Assim, ela se adaptou a diversas altitudes e condições e se expandiu, levando a uma explosão de diversidade.
Ainda hoje, "existem mais de 100 espécies selvagens, encontradas apenas nas Américas, do sudoeste dos Estados Unidos, ao Chile e Brasil", diz Knapp.
No entanto, essa capacidade de se propagar assexuadamente também a prejudicou.
Para cultivar batatas, você planta pedaços pequenos, o que significa que, se você tiver um campo com apenas uma variedade, elas são essencialmente clones.
"Por serem geneticamente uniformes, são muito suscetíveis a doenças, porque se uma nova espécie aparece e não têm defesas contra ela, todas sofrem igualmente", explica Knapp.
Isso nos leva ao motivo que levou os cientistas a realizar esta pesquisa.
Knapp conta que a equipe chinesa "quer criar batatas que possam ser reproduzidas a partir de sementes, para que possam ser geneticamente modificadas mais facilmente, introduzindo genes de espécies selvagens e, assim, criando variedades que possam resistir às mudanças climáticas e a outras questões ambientais".
"Eu e os outros biólogos evolucionistas envolvidos neste estudo, por nossa vez, queríamos descobrir quem era o parente mais próximo das batatas e por que elas são tão diversas", acrescenta.
"Então, abordamos a pesquisa de perspectivas muito diferentes e pudemos fazer perguntas a partir de cada uma das nossas perspectivas, o que tornou o estudo muito divertido de se participar e trabalhar."
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Verde ou vermelho? Produtores têm perdas maiores quando café é colhido antes do tempo, comprova estudo
Estudo analisa tempo de maturação do grão do café conilon para evitar perdas na produção
Pesquisadores do curso de Agronomia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em São Mateus, no Norte do estado, estudaram o tempo certo de maturação do grão do café conilon e chegaram a uma conclusão que interfere na produtividade e até nos ganhos ou perdas dos produtores.
O levantamento mostrou que quando o produto é colhido antes do tempo, com os grãos ainda verdes, a perda é muito maior. Além disso, concluíram que o melhor aproveitamento do produto é feito com os frutos na cor vermelha.
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O Espírito Santo é o maior produtor de café conilon no país, responsável por aproximadamente 70% da produção nacional. Essa cultura é a principal fonte de renda em 80% das propriedades rurais capixabas localizadas em terras quentes.
Com isso, a pesquisa da Ufes busca ajudar o produtor a ter uma maior produtividade e qualidade do café colhendo os grãos no tempo certo da colheita para evitar prejuízos. Segundo o estud , as perdas podem passar de R$ 15 mil (apesar de o valor varia de acordo com o tamanho da produção de cada propriedade).
Verde ou vermelho? Produtores têm perdas maiores quando café é colhido antes do tempo, comprova estudo da Ufes, no Espírito Santo
Reprodução/TV Gazeta
Metodologia
Durante dois anos, laboratórios da universidade analisaram em seis genótipos o processo de maturação dos grãos em várias etapas para calcular a perda nas lavouras conforme o período em que a colheita acontece.
O café foi colhido de 14 em 14 dias para mostrar ao produtor o momento certo para retirada dos grãos.
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Verde ou vermelho? Produtores têm perdas maiores quando café é colhido antes do tempo, comprova estudo da Ufes, no Espírito Santo
Reprodução/TV Gazeta
No estudo, o grão totalmente verde traz uma perda de até 40%. A medida em que o café vai maturando, esse percentual vai caindo e a perda chega a zerar. O nível ideal para a colheita é quando atinge esse nível.
O professor da Ufes, Fábio Partelli, explicou que a cor do grão está relacionado com a saúde do pé de café, e o vermelho aponta um grão saudável e cheio de nutrientes.
"Quando você consegue colher tudo assim, vermelho cereja, maduro, você tem 100% de aproveitamento. A partir do momento em que você antecipa essa colheita, você vai ter perda na produção. A gente sabe que não consegue colher sempre com o grão todo maduro, porque pode demorar dois ou três meses, por infraestrutura ou falta mão de obra. E isso afeta os ganhos ou as perdas. Mas a análise que a gente faz é que a maioria dos cafeicultores poderia esperar um pouco mais do que normalmente", destacou.
Na prática
Os pesquisadores apontaram que em uma mesma plantação é possível encontrar o pé de café nos dois tipos de coloração: tanto vermelho, pronto para a colheita, quanto verde, o que significa que o produtor precisa esperar um pouco para não ter perdas.
"Analisando uma planta inteira, dá para perceber que ela têm muito verde na ponta ainda. Se eu colho ela desse jeito, ela vai dar uns 30% ou 40% de verde, e isso mostra que eu vou ter perda de até 15% do café. Se a gente for pensar em uma perda de 10%, estamos falando de uma lavoura de 100 sacas por hectare, sendo dez sacas a menos na produção. Dez sacas a menos é, na verdade, mais de R$ 15 mil", explicou o professor.
Estudantes de agronomia de Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) comprovaram em laboratório que quando café não é colhido no ponto certo, produtores podem ter prejuízos de mais de R$ 15 mil
Reprodução/TV Gazeta
Segundo o professor, a análise foi feita porque vários produtores de café no estado não esperam o melhor momento para colher por motivos variados. A ideia, então, foi apresentar aos produtores dados científicos.
"Todas as amostras que estão presentes no nosso laboratório foram trazidas diretamente da nossa área experimental. E todos os grãos que estão aqui passaram pelo mesmo processo", explicou o aluno de agronomia, Júlio César Pereira Machado.
José Sartorio Altoé é produtor de café conilon em Jaguaré, no Norte do estado. O agricultor comentou que, seguindo as orientações do estudo, agora espera a maior parte dos pés que têm na propriedade ficarem no ponto de maturação, o significa melhor momento para a colheita.
"Eu acredito que devo esperar para colher até meados de maio. Do dia 20 em diante, espero conseguir já começar a colher, porque o café já vai estar maduro. Até lá, o café aguenta, está verde. Depois do dia 20 já tenho que começar a colher porque se não já pode passar do ponto. Aí dá a broca. Fazendo da nova forma, esperando mais, dá um café melhor, de mais qualidade e ganho de peso também", contou.
Verde ou vermelho? Produtores têm perdas maiores quando café é colhido antes do tempo, comprova estudo da Ufes, no Espírito Santo
Reprodução/TV Gazeta
Altoé relatou que na colheita passada teve prejuízo por colher antes do tempo. Mas, na época, ele precisou fazer isso por causa da falta de mão de obra. Para o futuro, o produtor pensa em adquirir máquinas para ajudar no serviço.
"Eu gosto muito de participar de palestras porque é bom a gente ouvir e adquirir conhecimento, errar menos. A programação que a gente está fazendo aqui agora é plantar o café no final do ano na bitola, para essa máquina colher", revelou.
Pesquisa da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) mostrou que quanto mais verde o grão, maior a perda na produção de café
Reprodução/TV Gazeta
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Consignado CLT: portabilidade de dívidas pela carteira digital começa no fim do mês; entenda como vai funcionar
Os trabalhadores formais do setor privado poderão fazer a portabilidade do crédito consignado (com desconto em folha de pagamento) de um banco para outro por meio da plataforma da Carteira de Trabalho Digital a partir do dia 25 de agosto, informou o Ministério do Trabalho.
Até então, para fazer a portabilidade, ou seja, para levar a dívida de um banco para o outro, os clientes têm de buscar as instituições financeiras. Com a mudança, será mais fácil para o trabalhador fazer a troca do empréstimo entre os bancos.
Procurada pelo g1, a Dataprev, responsável pela gestão da plataforma, não respondeu se a carteira digital estará pronta no próximo dia 25 para que os trabalhadores possam fazer a portabilidade das dívidas. Informou apenas que "cumprirá os prazos pactuados" com o Ministério do Trabalho.
➡️O governo diz que o objetivo é beneficiar os detentores de contratos antigos de empréstimos consignados — fechados antes da autorização para oferecer o FGTS como garantia — que, em tese, possuem juros maiores.
➡️O Ministério do Trabalho informou que o banco original, que detém o contrato do crédito do trabalhador, poderá cobrir a oferta da instituição financeira para o qual o trabalhador desejar fazer a portabilidade, em um tipo de leilão. Nesse caso, poderá oferecer juros menores ainda do que a nova instituição financeira está autorizando.
➡️Atualmente, o programa conta com 70 instituições financeiras habilitadas para operar a modalidade, segundo o Ministério do Trabalho. Veja a lista.
Segundo Eduardo Lopes, presidente da Zetta, uma associação criada por empresas de tecnologia com objetivo de promover a competitividade, a inovação e a inclusão no setor financeiro, o início da portabilidade pela Carteira Digital contribui para baixar os juros cobrados nas operações.
"Esse é um produto que tem uma agenda de evolução que está em curso ainda. O marco da portabilidade, pela plataforma, que facilite a obtenção de ofertas, é uma etapa muito importante. Mas têm outras que devem vir até que a gente veja uma queda maior da taxa de juros, como é esperado por todo mundo", disse Eduardo Lopes, da Zetta.
Consignado CLT: Lula sanciona, com vetos, nova modalidade de empréstimo
Volume do consignado e taxas de juros
De acordo com o Ministério do Trabalho, o consignado para o setor privado, fechado depois de 21 de março, já tem um volume superior a R$ 27 bilhões, concedido a 3,8 milhões de trabalhadores.
De acordo com dados do Banco Central, a taxa média de juros na linha de crédito consignado ao setor privado somou 3,79% ao mês em junho.
O patamar ainda é o dobro da registrada no crédito com desconto em folha para aposentados (1,83% ao mês) e servidores públicos (1,84% ao mês) no mesmo período.
Veja as taxas médias de juros de outras linhas de crédito em junho:
➡️ Crédito pessoal não consignado: 6,32% ao mês;
➡️ Cheque especial das pessoas físicas: 7,47% ao mês;
➡️ Cartão de crédito rotativo: 15,11% ao mês.
➡️A modalidade conta com garantia do FGTS, mas essa ainda não foi regulamentada pelo governo. A expectativa do Ministério do Trabalho é de que a regulamentação seja feita em 10 de setembro — quando se reúne o Conselho Curador do FGTS.
"Embora desde a edição da Medida Provisória o trabalhador já possa dar o seu FGTS em garantia, até hoje não tem uma forma de, se necessário, executar essa garantia [buscar os recursos] por falta da regulamentação. Nossa expectativa é que esse seja mais um elemento que vá ajudar a reduzir o risco das operações, e, portanto, contribuir para redução da taxa de juros", avaliou Eduardo Lopes, da Zetta.
O empréstimo consignado CLT pode ser simulado à vontade
Pegatroco/Divulgação
Ranking do Banco Central
O Banco Central divulgou um ranking com as taxas de juros praticadas pelos bancos entre os dias 24 e 30 de julho. As taxas variam de 1,47% a 6,1% ao mês.
➡️ As taxas médias divulgadas pelo BC não garantem que esse será o juro final para os trabalhadores. O valor efetivo dependerá da análise de risco feita pelas instituições financeiras, considerando fatores como garantia oferecida, tempo de trabalho e histórico de crédito.
➡️A recomendação de especialistas é de que os trabalhadores façam uma ampla pesquisa no aplicativo da Carteira de Trabalho digital, promovendo concorrência entre as instituições financeiras, antes de fechar um empréstimo.
Sem teto no consignado ao setor privado
Até o momento, não há teto nos juros da nova linha de crédito do consignado ao setor privado. As taxas cobradas são definidas livremente pelas instituições financeiras com base no perfil de cada cliente.
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) tem defendido que não é necessário fixar um teto para os juros, pois as taxas cobradas, segundo a entidade, serão mais baixas com a garantia dos recursos do FGTS.
No lançamento da nova modalidade de crédito, em cerimônia no Palácio do Planalto na semana passada, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, afirmou que, caso seja "observado que o sistema financeiro esteja abusando, o governo poderá estabelecer teto de juros no futuro".
Em março, o governo publicou um decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) determinando que o Comitê Gestor das Operações de Crédito Consignado será responsável por definir os parâmetros, termos e condições dos contratos para empréstimos garantidos com recursos do FGTS.
Com isso, o governo abriu a porta para que seja criado, no futuro, um teto de juros na nova modalidade de crédito – caso julgue ser necessário.
Nova linha de crédito
A nova modalidade de crédito, com garantia do FGTS, foi lançada oficialmente em 21 de março, por meio de plataforma disponibilizada pelo governo.
🔎 As regras incluem o uso de até 10% do saldo do FGTS como garantia e, também, 100% da multa rescisória na demissão sem justa causa (que equivale a 40% do valor do saldo). As garantias, porém, ainda não foram regulamentadas.
💲 Nesta linha de crédito, as parcelas são quitadas com desconto no contracheque, ou seja, no salário do funcionário que pega um empréstimo em uma instituição financeira.
💲 O consignado ao setor privado já existia, mas, com as regras antigas, havia uma exigência de um acordo entre as empresas e os bancos — o que travava a liberação dos recursos.
💲 Desde 21 de março, a busca pelo crédito pode ser feita pelos trabalhadores diretamente por meio do aplicativo da Carteira de Trabalho Digital (CTPS Digital), sem a necessidade de acordo com os empregadores.
💲Desde 25 de abril, os trabalhadores podem contratar o empréstimo também por meio dos canais eletrônicos dos bancos habilitados.
💲De 16 de maio em diante, os trabalhadores do setor privado podem renegociar sua dívida utilizando a chamada "portabilidade" para outro banco, mas têm de procurar as instituições financeiras.
Tarifaço: maior parte do pacote para empresas ainda aguarda regulamentação
Lula assina medida provisória para socorrer empresas impactadas pelo tarifaço dos EUA
A equipe econômica divulgou nesta quarta-feira (13) — duas semanas após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinar o tarifaço elevando a alíquota de importação para 50% a quase dois mil produtos brasileiros — um pacote para atenuar o seu impacto para as empresas exportadoras.
Entretanto, apesar de a medida provisória (MP) do pacote já ter sido publicada, a maior parte das medidas ainda não está em vigor, pois depende de votação pelo Congresso Nacional ou de regulamentação e adequação de sistemas bancários para sair do papel.
➡Esse é o caso, por exemplo, da principal ação anunciada pelo governo: uma linha de crédito de R$ 30 bilhões destinada a incrementar as vendas externas.
Trump adia tarifaço ao Brasil e anuncia lista com quase 700 produtos que não vão ser taxados em 50%
"Estamos falando de uma primeira leva de medidas e não excluímos a eventual necessidade de editar outras em relação a outros temas. A gente segue trabalhando, vai seguir trabalhando com os Estados Unidos em decorrência da situação", disse o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, nesta semana.
Levantamento divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que pouco mais da metade das exportações brasileiras aos Estados Unidos têm tarifa de 50% para entrar no país.
Neste sábado (16), o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, afirmou que o Congresso Nacional precisa dar uma resposta rápida na análise do pacote de ajuda aos exportadores afetados pelo tarifaço.
"O governo fez parte da legislação por Medida Provisória e parte por projeto de lei complementar. Tenho certeza que vai ser rapidamente analisada e votada pelo Congresso", acrescentou Alckmin.
Entenda a situação de cada medida anunciada
➡️Linha de crédito de R$ 30 bilhões para exportadores: depende da aprovação de normas regulamentadoras, em especial pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), e da adequação operacional das instituições financeiras, que, segundo o governo, "vêm trabalhando em conjunto com o governo para viabilizar a oferta das linhas o mais rápido possível".
➡Segundo o Ministério da Fazenda, a medida ainda não está em vigor. Os atos normativos estão previstos para a próxima semana, assim como a reunião do Conselho Monetário Nacional, diz o governo.
"As condições [incluindo taxas de juros] e os critérios das novas linhas de crédito serão definidos em atos normativos infralegais. Paralelamente, as instituições financeiras já estão adequando seus sistemas para que a operacionalização ocorra o mais rápido possível após a publicação dessas normas", informou o governo.
➡️Seguro à exportação: governo anunciou instrumentos para proteger o exportador contra riscos como inadimplência ou cancelamento de contratos, permitindo que bancos e seguradoras utilizem essa garantia em mais tipos de operações.
Com esse objetivo, realizará aportes em fundos garantidores por fora das metas fiscais.
➡Para ter validade, a medida ainda precisa que os aportes previstos para os fundos garantidores sejam feitos, e que atos normativos sejam publicados.
"A Câmara de Comércio Exterior [Camex] estabelecerá as diretrizes, limites e condições para a utilização dos fundos como seguro à exportação", diz o Ministério da Fazenda.
➡️A Receita Federal foi autorizada a fazer diferimento (adiamento) de cobrança de impostos para as empresas mais afetadas pelo tarifaço.
Essa prática já havia sido adotada anteriormente durante a pandemia da Covid-19. A ideia é que sejam postergados para novembro e dezembro impostos que deveriam ser pagos em setembro e outubro.
➡Segundo o governo, essa medida também não foi regulamentada até o momento. Portanto, ainda não está valendo. "Ato do Ministério da Fazenda nos próximos dias irá definir condições e critérios", informou a pasta.
➡️Isenção de insumos para exportações: o governo anunciou a prorrogação, por um ano, do prazo para que as empresas consigam exportar mercadorias que tiveram insumos beneficiados pelo chamado "drawback".
O mecanismo foi criado para incentivar as exportações e permite a suspensão ou isenção de tributos na importação de insumos utilizados para fabricar produtos que serão exportados em seguida.
➡Segundo o Ministério da Fazenda, essa medida está em vigor desde a publicação da medida provisória, nesta semana, desde que atendidos seus critérios operacionais.
➡️Novo Reintegra: o governo também anunciou que as empresas exportadoras terão crédito tributário (valores a abater em impostos) para que suas vendas ao exterior sejam desoneradas.
As grandes e médias empresas passam a contar com até 3,1% de alíquota, e as micro e pequenas, com até 6%. Essa medida que diminui a arrecadação terá impacto de R$ 5 bilhões até o fim de 2026, valor que também está fora das metas fiscais.
➡Segundo o Ministério da Fazenda, a ação também não está em vigor, pois ainda depende de aprovação de projeto de lei complementar que trará a previsão legal necessária para garantir o crédito tributário.
➡️Compras públicas: Foi anunciado que a União, estados e municípios poderão fazer compras públicas para seus programas de alimentação (para merenda escolar, hospitais etc.).
➡A medida, que vale apenas para produtos afetados pelas sobretaxas dos EUA, está em vigor e já começou a ser implementada quando o governo anunciou compras públicas de R$ 2,4 bilhões ao Sistema Único de Saúde (SUS).
➡️Diversificação de mercados: o governo anunciou, ainda, que continuará trabalhando para diversificar mercados, ou seja, buscando novos países compradores dos produtos sobretaxados pelos Estados Unidos.
➡Essa medida já está sendo trabalhada nas últimas semanas, quando o governo orientou suas embaixadas, com participação dos adidos agrícolas, a intensificar a busca por novos mercados aos produtos brasileiros.
➡️Câmara Nacional de Acompanhamento do Emprego: governo anunciou que as empresas que se beneficiarem das linhas de crédito deverão manter os empregos. Essa câmara será responsável pelo acompanhamento.
➡A Câmara já foi instalada, por ato normativo publicado no "Diário Oficial da União", embora as linhas de crédito ainda não estejam disponíveis para contratação.
A menos de dois dias do início do tarifaço, governo dá aval para contestação na Organização Mundial do Comércio
Reprodução/TV Globo
Veja repercussão do pacote
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, considerou positivas as medidas anunciadas pelo governo federal para reduzir os efeitos do tarifaço de 50%.
"Recebemos positivamente pelo fato de contemplar muitas das demandas feitas pelas indústrias, federações e associações setoriais, e também porque englobou dois conceitos básicos: continuar negociando como prioridade e, o segundo, se novas medidas forem necessárias elas serão tomadas”, declarou Alban, da CNI.
O presidente do Sindicato da Micro e Pequena Indústria (SIMPI Nacional), Joseph Couri, avaliou positivamente as medidas anunciadas pelo governo.
"As ações são positivas, mas o impacto das tarifas continua a prejudicar uma parte significativa das exportações, especialmente para aqueles negócios que não conseguem redirecionar seus produtos ou renegociar com os compradores americanos. O governo tomou a decisão correta em focar nas pequenas empresas, mas é necessário continuar acompanhando as necessidades dessas empresas que ainda não estão totalmente amparadas", afirmou Joseph Couri, do SIMPI Nacional.
Pedro Da Matta, CEO da Audax Capital, disse que o pacote ajuda, mas que os exportadores devem antecipar recebíveis e diversificar compradores.
"O impacto do tarifaço nos produtos do agro exige soluções financeiras que mantenham a operação de ponta a ponta funcionando. Linhas de crédito emergenciais ajudam, mas é o financiamento estruturado que garante previsibilidade e liquidez em um ambiente de custos elevados, risco fiscal e incerteza no câmbio", disse Pedro Da Matta, da Audax Capital.
Jorge Kotz, CEO da Holding Grupo X, avaliou que o pacote do governo, com linhas subsidiadas e apoio às exportações, oferece fôlego para reorganizar capital de giro e manter operações ativas.
"Porém, com a dívida pública elevada e riscos de pressão sobre câmbio e Selic, o momento pede líderes preparados para agir rápido, preservar margens e buscar novos mercados. Mais do que resistir à crise, é hora de fortalecer cultura organizacional, capacitar equipes e alinhar todos à mesma visão de futuro, garantindo que a empresa saia desse cenário mais competitiva", afirmou Jorge Kotz, da Holding Grupo X.
Infográfico - Plano de socorro do governo a empresas afetadas pelo tarifaço de Trump.
Arte/g1
Chevrolet Onix 2026: o que ficou bom e o que precisa melhorar na nova versão do hatch; veja o teste
Chevrolet Onix fica mais moderno e segura motor para desconto de IPI Verde
Apresentado há algumas semanas, o novo Chevrolet Onix chega ao Brasil com preço reduzido pelo programa Carro Sustentável. Agora, parte de R$ 99.990, valor inferior ao preço original de R$ 102.990.
Com desconto, além de melhorias na mecânica e no design, o modelo busca reverter a queda nas vendas dos últimos anos. Por seis anos o carro mais vendido do Brasil, hoje ocupa um amargo sexto lugar entre os mais vendidos, fora o fardo da correia banhada a óleo — que foi reformada para que a fama ruim passasse.
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O Onix 2026 recebeu nova dianteira, trocou o painel de instrumentos analógico por um digital e aumentou o tamanho da central multimídia. O objetivo é reconquistar antigos clientes e atrair consumidores que hoje preferem concorrentes mais tecnológicos, como o Volkswagen Polo e o Peugeot 208.
Há outro desafio: os SUVs já respondem por mais da metade das vendas de carros zero no país. Com preço na faixa dos R$ 100 mil, o Onix concorre diretamente com boas opções de SUVs de entrada.
O g1 testou o novo Onix na versão hatch pelo interior de São Paulo, percorrendo trechos de estrada, áreas urbanas e até vias de terra, para avaliar os pontos fortes e fracos do modelo. Será possível voltar aos dias de glória?
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Chevrolet Onix 2026
divulgação/GM
Quem já dirigiu um Onix lançado nos últimos quatro anos dificilmente notará mudanças. O modelo preserva o conforto característico do compacto.
O volante tem resposta leve, graças ao eficiente sistema de assistência elétrica. Curvas e mudanças de faixa mais rápidas foram feitas com segurança, sem transmitir instabilidade ou sensação de perda de controle.
O motor perdeu pouco da potência, mas é praticamente o mesmo: passou de 121 para 115 cv, mantendo o torque em torno de 16 kgfm. Segundo a GM, essa redução é consequência da diminuição do IPI prevista no programa Carro Sustentável.
Manter o torque é mais importante do que a potência bruta, pois ele garante a força nas arrancadas. Mas o Onix não chega a ser "esperto" e nota-se um tempo maior para o motor alcançar o desempenho necessário em situações como ultrapassagens.
Ao acelerar com força, o carro leva quase três segundos para responder, mesmo em linha reta. É preciso elevar o giro do motor antes de qualquer tentativa de ultrapassagem, como ao passar por um caminhão.
Com o tempo, o motorista se adapta. O fato de o motor não ter sido alterado é que proprietários de versões anteriores já conhecem seu desempenho e sabem o que esperar.
Outro ponto mudou: o Onix continua usando a polêmica correia dentada banhada a óleo, mas agora com nova formulação para resistir melhor ao contato com lubrificantes que não seguem exatamente as especificações do manual do veículo.
De forma resumida: a partir de 2019, o Onix passou a utilizar uma correia dentada banhada a óleo, o que deixou o motor três cilindros mais silencioso — algo que pudemos comprovar. De fato, o hatch apresenta menos ruído em comparação com modelos concorrentes de mesma configuração.
No entanto, esse tipo de correia exige atenção especial ao óleo do motor, já que é dele que vem a lubrificação necessária para reduzir o ruído. Se o proprietário não seguir as recomendações do manual e utilizar um óleo inadequado, a correia pode se deteriorar precocemente, com fragmentos se acumulando em partes do motor, como o filtro da bomba de vácuo.
Correia dentada banhada a óleo utilizada pelo Onix
André Fogaça/g1
Como consequência, o sistema de freios perde o suporte da bomba, a turbina se torna menos eficiente e o veículo sofre perda de potência. Com o tempo, esses problemas tendem a se agravar. Para evitar esse cenário, a GM reformulou a correia e afirma que ela está mais resistente ao uso de óleos sem a certificação Dexos — selo emitido pela própria montadora e disponível em diferentes marcas de lubrificantes.
É cedo para saber se a mudança reduzirá as reclamações. As primeiras avaliações sobre o novo componente devem surgir apenas após a primeira troca de óleo, prevista para 10 mil quilômetros ou um ano de uso.
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Onix finalmente ganhou mais telas
Por fora, o novo Onix traz poucas mudanças. A grade frontal está mais larga, mas a entrada de ar não ocupa toda a peça. Esse detalhe lembra a ideia de ponteira de escapamento falsa, comum em modelos com apenas uma saída, mas que buscam um visual mais esportivo.
Um problema externo parece ter sido resolvido, ao menos durante o teste: o para-choque agora apresenta ângulo de ataque 30% maior que o da versão anterior. Em outras palavras, a dianteira está mais alta, o que deve facilitar a passagem por lombadas e valetas.
Em velocidades altas e baixas, o resultado foi positivo: as lombadas não encostaram na parte inferior do para-choque.
Na traseira, o porta-malas mantém 303 litros, suficiente para acomodar bem uma mala grande. Uma outra mala precisaria ser colocada no banco traseiro.
Chevrolet Onix 2026
divulgação/GM
Por dentro estão as novidades mais marcantes. O Onix agora tem painel de instrumentos digital, ainda que o display pudesse contar com opções de personalização mais práticas.
Todos os ajustes — como consumo de combustível, conta-giros ou apenas a velocidade — são feitos pela central multimídia. Ela que também aumentou para 11 polegadas, e agora se integra visualmente à mesma moldura do painel de instrumentos.
Vale para as versões mais caras, mas o conjunto é bem mais bonito e transmite a impressão de uma única peça, mais ampla, evitando que a central pareça uma tela separada.
Chevrolet Onix 2026 por dentro
Infelizmente, o Onix hatch ou sedã com motor aspirado — tanto automático quanto manual — mantém os ponteiros analógicos e a central multimídia de 8 polegadas, igual àquela do modelo anterior.
Alguns outros itens fazem falta no pacote do Onix. Não há retrovisor com antiofuscamento automático, e o carregador de celular por indução posiciona o aparelho muito próximo da alavanca do câmbio. Na posição P, os dedos tocam o celular à frente.
Outro ponto negativo é o uso excessivo de plástico rígido, como é de praxe nos carros de entrada. Apesar das texturas variadas, o toque macio aparece apenas no apoio de braço da porta. O material facilita a limpeza, mas transmite uma sensação menos sofisticada.
Onix ou Tracker? Ou outro?
O Onix tenta retomar uma época gloriosa. Em 2019, no auge, foram emplacados mais de 240 mil unidades do modelo, mais que o dobro do segundo colocado. Em 2024, o hatch não conseguiu ultrapassar a barreira dos 100 mil veículos vendidos.
Em entrevista exclusiva ao g1 em março, o vice-presidente da General Motors Brasil, Fabio Rua, apontou que a falta de atualização era um dos fatores que contribuíram para o veículo não retomasse o sucesso no pós pandemia.
Pois a atualização chegou, mas os desafios são enormes. O principal é que os hatches têm perdido amplo espaço na preferência dos compradores brasileiros.
Em 2025, eles respondem por 53,9% das vendas, enquanto os hatches registraram metade desse volume, com 24,5% dos emplacamentos. Os dados são da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
E, por R$ 100 mil, o consumidor encontra opções interessantes dos SUVs subcompactos de marcas concorrentes.
Citroën Basalt: a partir de R$ 93.990.
Fiat Pulse: a partir de R$ 99.990;
Volkswagen Tera: a partir de R$ 105.890;
A própria GM terá duas ameaças ao Onix em seu portfólio. O próprio Fábio Rua confirmou que a Chevrolet vai entrar na briga dos pequenos SUVs. Não disse quando chega, nem onde será produzido, mas espera-se que venha com preços abaixo do SUV de linha, o Tracker.
Falando nele, a versão avaliada do Onix, a Premier (R$ 129.190), custa mais do que o Tracker com motor turbo (a partir de R$ 119.900).
O utilitário deixa de oferecer alguns itens presentes no compacto testado, como:
Central multimídia menor, com 8 polegadas;
Painel digital analógico, mas com tela colorida de 3,5 polegadas
Ausência de alerta de ponto cego;
Lanternas em lâmpada halógena;
Ar-condicionado sem função automática;
Carregador de celular por indução ausente.
Porém, ele entrega:
Porta-malas maior, de 303 para 393 litros;
Motor mais forte, de 16,8 kgfm para 18,9 kgfm;
Maior espaço interno;
Acionamento remoto do motor.
O dilema não é de hoje: quem procura um carro mais equipado e não faz questão de um porta-malas espaçoso encontra uma boa opção no Onix Premier. Mas é tentador economizar R$ 10 mil e optar por mais espaço, um carro mais robusto e da mesma marca.
Se quiser seguir a moda do SUV, o Citroën Basalt tem valor mais baixo (R$ 93.990). E o Fiat Pulse tem um motor mais potente na versão Turbo 200 AT (130 cv), preço mais acessível (R$ 116,9 mil), e uma boa lista de equipamentos.
As investidoras que querem provar que empresas lideradas por mulheres dão mais lucro
Jaana Goeggel e Erica Fridman querem levantar R$ 25 milhões para investir em empresas fundadas por mulheres
BBC/ Reprodução
Microsoft, Amazon, Meta, Alphabet (controladora do Google), Nvidia e tantas outras. As empresas mais valiosas do mundo foram em sua grande maioria fundadas por homens e são lideradas por homens.
Não faltam mulheres talentosas capazes de serem CEOs, mas, quando decidem empreender, elas costumam esbarrar em uma sucessão de barreiras que muitas vezes as impede de chegar ao topo.
Foi essa avaliação que levou a brasileira Erica Fridman e a suíça Jaana Goeggel a uma empreitada que nos próximos anos vai investir R$ 25 milhões em empresas fundadas por mulheres.
Elas são gestoras do fundo de capital de risco (venture capital) Sororitê, estabelecido no fim do ano passado com foco em empresas de tecnologia inovadoras (startups) que estejam em estágio inicial e que tenham pelo menos uma mulher entre os fundadores — o primeiro fundo desse tipo no Brasil.
Segundo Erica Fridman, nove das dez empresas de tecnologia que hoje são as maiores do mundo hoje receberam investimento de fundos de venture capital, um recurso fundamental para acelerar seu crescimento: Apple, Microsoft, Nvidia, Amazon, Alphabet, Meta, Tesla, Broadcom e Tencent.
A única exceção da lista é a Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC).
"Eu vejo o poder dessa indústria de gerar impacto econômico e social, o poder que tem uma Meta, um Google… tem gente que escolheu colocar dinheiro ali atrás, e não fomos nós, mulheres, porque a gente não está jogando este jogo", diz Fridman à BBC News Brasil.
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BBC/ Reprodução
'Seu marido trabalha?'
As estatísticas mais recentes disponíveis na plataforma Pitchbook mostram que startups lideradas só por mulheres receberam apenas 0,04% do capital investido em 2020 no Brasil – se incluídas as empresas com homens e mulheres entre os fundadores, o índice é de 2,2%.
Fridman, que durante muito tempo trabalhou para as multinacionais americanas Johnson & Johnson e Procter & Gamble antes de entrar no mundo do venture capital, diz que a razão por trás dos números ficou clara quando começou a ouvir os relatos de mulheres empreendedoras decepcionadas depois das reuniões com possíveis investidores.
"A fundadora está lá fazendo o 'pitch' [apresentação para vender o projeto], a pessoa vira e pergunta: 'Seu marido trabalha?', 'Você tem filhos?'... Ou então fala: 'Nossa, como você é bonita!'", ela exemplifica.
"Eu falo com fundadoras o dia inteiro e não tem uma que não me traz uma história triste de perguntas inapropriadas ou perguntas em que o investidor, em vez de abordar o potencial do negócio, coloca empecilhos, fica tentando achar o furo", conta Fridman, ao falar sobre os vieses conscientes e inconscientes que levam os gestores de recursos a achar que as mulheres não conseguem dar conta da pressão de empreender.
"Nunca alguém achou que eu era menos capaz do que um homem dentro de nenhuma das empresas em que trabalhei. Eu me deparei com isso quando fui pra indústria do venture", acrescenta a brasileira.
"É uma dúvida de competência e uma dúvida de resiliência. Será que ela vai conseguir enfrentar essa jornada tão dura e árdua? E, se ela é mulher, vai ser uma boa líder?"
Curiosamente, os números, segundo ela, mostram que as empresas lideradas por mulheres são, na verdade, mais lucrativas.
Informações reunidas pelo Pitchbook apontam que elas consomem 25% menos caixa por mês, e dados da Ewing Marion Kauffman Foundation apontam que dão retorno 35% maior sobre o investimento feito no negócio.
Fridman diz que são muitas as pesquisas nesse sentido, mas elas também são olhadas com ceticismo por quem toma a decisão sobre quem recebe investimento.
"Tem gente que não acredita. Como que a gente resolve isso? Eu não consigo resolver imediatamente, mas, a partir do momento em que o fundo começa a trazer liquidez, eu posso ir para o mercado e falar: 'Gente, eu investi em 22 startups lideradas por mulheres e fiz sete vezes o investimento'. Essa é a melhor forma de provar", ela argumenta.
"'Oh, essa daqui tá com um valuation [avaliação do valor da empresa] de US$ 1 bilhão'. Não tem o que questionar se ela tem filhos, se tem marido, se ela teve tempo. Então é isso que a gente quer fazer."
No momento, o fundo está em fase de captação, ou seja, está aberto àqueles que quiserem aportar dinheiro na expectativa de que ele traga retorno quando as empresas que receberem o recurso crescerem e multiplicarem seu valor. Até agora o Sororitê tem 43 cotistas, sendo 40 mulheres e três homens, e levantou R$ 13 milhões.
Mesmo antes de fechar os R$ 25 milhões, o fundo investiu em duas empresas no ano passado, uma de tecnologia do setor imobiliário (proptech) e outra de cibersegurança ligada ao Pix, e neste ano pretende investir em mais seis.
Meta tem programa de diversidade, equidade e inclusão, mas fundador enalteceu 'energia masculina'
REUTERS
'Energia masculina' de Zuckerberg
O investimento acontece justamente em um momento em que cresce na política e no mundo corporativo e da tecnologia, especialmente nos Estados Unidos, uma reação contrária à diversidade, entre elas de gênero.
Em entrevista ao podcast de Joe Rogan em janeiro, o CEO da Meta e cofundador do Facebook, Mark Zuckerberg, disse acreditar que as empresas precisavam de mais "energia masculina" e que a cultura corporativa teria se aproximado demais de algo "neutro".
Questionada pela reportagem sobre o episódio, Fridman resumiu dizendo que Mark Zuckerberg era "decepcionante em muitos níveis".
E, se existe uma "energia masculina", existiria também uma "energia feminina" no mundo dos negócios? A gestora responde que "cada pessoa tem seu estilo", mas que as mulheres de forma geral são mais perfeccionistas e inseguras, o que faz com que elas estudem e se preparem muito mais.
"Eu falo assim: a gente compra o livro, a gente lê, grifa, faz o resumo e mesmo assim acha que não está preparada o suficiente para falar sobre o livro", ela ilustra.
A falta de confiança, ela continua, está de certa forma ligada aos mesmos obstáculos que impedem muitas vezes as mulheres de se tornarem líderes — e que ela espera ver mudar quando mais mulheres alcançarem essas posições.
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Mesmo mais escolarizadas, mulheres ganham 21% menos que homens
Mega-Sena, concurso 2.902: prêmio acumula e vai a R$ 65 milhões
O sorteio do concurso 2.902 da Mega-Sena foi realizado na noite deste sábado (16), em São Paulo. Nenhuma aposta acertou as seis dezenas, e o prêmio para o próximo sorteio acumulou em R$ 65 milhões.
Clique aqui para seguir o canal de Loterias do g1 no WhatsApp
Veja os números sorteados: 08 - 21 - 22 - 42 - 45 - 48.
5 acertos - 70 apostas ganhadoras: R$ 40.125,94
4 acertos - 4.919 apostas ganhadoras: R$ 941,23
O próximo sorteio da Mega será na terça-feira (19).
Mega-Sena, concurso 2.902
Reprodução
Entenda como funciona a Mega-Sena e qual a probabilidade de ganhar o prêmio
Para apostar na Mega-Sena
As apostas podem ser realizadas até as 19h (horário de Brasília) em qualquer lotérica do país ou por meio do site e aplicativo Loterias Caixa, disponíveis em smartphones, computadores e outros dispositivos.
O pagamento da aposta online pode ser realizado via PIX, cartão de crédito ou pelo internet banking, para correntistas da Caixa. É preciso ter 18 anos ou mais para participar.
Probabilidades
A probabilidade de vencer em cada concurso varia de acordo com o número de dezenas jogadas e do tipo de aposta realizada.
Para um jogo simples, com apenas seis dezenas, que custa R$ 6, a probabilidade de ganhar o prêmio milionário é de 1 em 50.063.860, segundo a Caixa.
Já para uma aposta com 20 dezenas (limite máximo), com o preço de R$ 232.560,00, a probabilidade de acertar o prêmio é de 1 em 1.292, ainda de acordo com a instituição.
Bilhetes da Mega-Sena, em imagem de arquivo
Marcelo Brandt/G1
Datafolha: 35% culpam Lula pelo tarifaço de Trump; 22% apontam Bolsonaro como responsável
Pesquisa Datafolha divulgada neste sábado (16) no site do jornal "Folha de S.Paulo" aponta que 35% dos entrevistados acreditam que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é o maior culpado pelo tarifaço imposto ao Brasil pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (22%) e o deputado Eduardo Bolsonaro (17%) são, respectivamente, o segundo e o terceiro mais citados como principais responsáveis.
Eduardo (PL-SP) se licenciou do mandato para viver nos Estados Unidos. Ele é investigado por buscar influenciar o governo americano a adotar medidas contra o Brasil. O objetivo é pressionar as autoridades para evitar a condenação do pai, que será julgado no Supremo Tribunal Federal (STF) por articular um golpe de Estado em 2022.
Segundo o Datafolha, 15% apontam o ministro Alexandre de Moraes, do STF, como responsável pelo tarifaço.
A pergunta feita pelo instituto aos entrevistados foi: "Na sua opinião, das figuras brasileiras quem é o principal culpado pela taxa de até 50% imposta pelo governo dos EUA?".
Veja os números:
Lula: 35%;
Jair Bolsonaro: 22%;
Eduardo Bolsonaro: 17%;
Alexandre de Moraes: 15%;
Não sabem responder: 7%;
Nenhuma das figuras listadas: 3%;
Todos —Lula, Bolsonaro, Eduardo e Moraes— são culpados: 1%.
O Datafolha realizou 2.002 entrevistas em 113 municípios entre os dias 11 e 12 de agosto. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, num nível de confiança de 95%.
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A pesquisa também revelou que a percepção sobre o culpado pelo tarifaço varia conforme o voto dos entrevistados na eleição de 2022.
Entre os eleitores de Lula, apenas 11% consideram o petista o principal responsável pelo tarifaço. Nesse grupo, 38% culpam Bolsonaro e 35%, Eduardo.
Entre os eleitores de Jair Bolsonaro, 58% apontam Lula como culpado pela sobretaxa e 25%, Moraes.
Prisão de Bolsonaro
O Datafolha mostra ainda que 40% dos entrevistados acreditam que, após a decretação da prisão domiciliar de Bolsonaro, Trump tomará medidas que prejudicarão ainda mais a economia brasileira.
Por outro lado, 28% apostam que o republicano não se preocupará com a prisão de Bolsonaro e aceitará negociar medidas que causem menos impacto econômico.
Cerca de 20% dos consultados acreditam que as medidas permanecerão inalteradas, sem ampliar ou reduzir seus efeitos. Por fim, 12% não souberam opinar.
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Legislativo tem que dar resposta rápida, diz Alckmin sobre pacote de ajuda aos exportadores
Geraldo Alckmin
Jornal Nacional
O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, afirmou neste sábado (16) que o Congresso Nacional precisa dar uma resposta rápida na análise e votação do pacote de ajuda aos exportadores afetados pelo tarifaço, apresentado nesta semana pelo governo federal.
Durante visita a uma concessionária de automóveis em Brasília, ele foi questionado sobre denúncias envolvendo o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e se isso poderia atrasar a votação da medidas de ajuda aos exportadores. Ele disse não ter informação sobre o tema.
"Mas entendo que o Legislativo tem um papel importante a cumprir, que é dar resposta rápida. Fui constituinte. Por que criamos a Medida Provisória? Porque no Estado moderno as mudanças são rápidas. Nosso tempo é o tempo da mudança, e da velocidade da mudança. Você precisa agir rápido. Por isso, na Constituinte, estabelecemos o princípio da MP. O governo fez parte da legislação por Medida Provisória e parte por projeto de lei complementar. Tenho certeza que vai ser rapidamente analisada e votada pelo Congresso", acrescentou Alckmin.
Pacote de ajuda aos exportadores
O pacote de ajuda aos exportadores, anunciado nesta semana, traz uma série de medidas, como linhas de crédito, adiamento do prazo de pagamento de tributos e seguro às vendas externas, por exemplo.
Lula recebe medidas de Alckmin contra tarifaço
A maior parte delas consta em Medida Provisória, já publicada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que precisa ser votada em até 120 dias pelo Congresso Nacional. Mesmo com a MP em vigor, várias ações ainda não estão vigorando, pois aguardam regulamentação por parte do Executivo.
Uma das medidas, porém, foi encaminhada por meio de projeto de lei, e precisa ser votada pelo Congresso para ter validade. Trata-se do crédito tributário (valores a abater em impostos) que as empresas terão direito em suas vendas ao exterior. Essa medida terá impacto de R$ 5 bilhões até o fim de 2026, por fora das metas fiscais.
Infográfico - Plano de socorro do governo a empresas afetadas pelo tarifaço de Trump.
Arte/g1
Air Canada suspende operação em meio a greve de funcionários; voos são afetados no Brasil
Passageiros aguardam atendimento em balcão da Air Canada no Aeroporto Internacional em Québec na sexta-feira (15)
Christinne Muschi/The Canadian Press via AP
A Air Canada suspendeu todas as suas operações depois que mais de 10 mil comissários de bordo entraram em greve na madrugada deste sábado (16).
A suspensão também atingiu rotas com passagem pelo Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, que têm como destino ou origem as cidades de Toronto, Montreal e Buenos Aires.
🛫 Segundo uma consulta ao painel de voos do aeroporto na manhã deste sábado, três partidas (para Buenos Aires, Toronto e Montreal) e duas chegadas (de Toronto e Buenos Aires) foram canceladas.
🛬 O aeroporto de Guarulhos orienta que os passageiros procurem a companhia para mais informações.
O g1 entrou em contato com a Air Canada para saber se mais voos no Brasil serão afetados, mas ainda não obteve resposta.
Em nota, a Air Canada lamentou os transtornos causados pelo cancelamento e orientou que os clientes afetados não se dirijam aos aeroportos.
"A companhia notificará os clientes com viagens previstas em breve sobre voos adicionais que venham a ser cancelados e as respectivas opções disponíveis. Para os clientes com voos próximos ainda não cancelados, a Air Canada implementou uma política de cortesia que permite remarcar a viagem ou obter crédito para uso futuro", diz a nota.
Segundo o porta-voz do Sindicato Canadense dos Empregados Públicos (CUPE), Hugh Pouliot, a greve começou após falta de acordo entre os funcionários e a companhia por reajuste salarial.
Os comissários iniciaram a paralisação por volta da 1h da manhã (5h no horário de Brasília) neste sábado. A paralisação total deve impactar cerca de 130 mil pessoas por dia, incluindo 25 mil canadenses que podem ficar retidos no exterior. A Air Canada opera cerca de 700 voos pelo mundo diariamente.
A Air Canada e o Sindicato Canadense dos Empregados Públicos estão em negociações contratuais há cerca de oito meses. Ambos os lados reconhecem que seguem distantes de um acordo referente à questão salarial e ao trabalho não remunerado dos comissários quando os aviões não estão em voo.
O sindicato recusou na sexta-feira (15) o pedido da companhia para levar o caso para intermediação do governo, uma medida que eliminaria o direito de greve e transferiria a decisão sobre os termos do acordo a um mediador independente.
A proposta mais recente da companhia incluía aumento de 38% na remuneração total — incluindo benefícios e aposentadoria — ao longo de quatro anos, o que, segundo a empresa, “tornaria nossos comissários os mais bem remunerados do Canadá”.
O sindicato, no entanto, rejeitou a proposta, alegando que o reajuste de 8% no primeiro ano não seria suficiente diante da inflação.
No sábado, o governo do Canadá anunciou medidas para encerrar a greve dos comissários de bordo da Air Canada, alegando que era preciso agir de forma imediata para evitar prejuízos econômicos de longo prazo.
A ministra do Trabalho, Patty Hajdu, informou que pediu ao Conselho Canadense de Relações Industriais a imposição de uma arbitragem obrigatória entre as partes, determinando o fim imediato da greve.
“Exerci minhas autoridades sob a Seção 107 do Código Trabalhista Canadense para direcionar o Conselho Canadense de Relações Industriais a ordenar que as partes retomem e continuem suas operações e deveres, a fim de garantir a paz trabalhista e proteger os interesses do Canadá, dos canadenses e da economia”, afirmou.
Painel de voos cancelados e atrasados da Air Canada no Aeroporto Internacional de Québec
Christinne Muschi/The Canadian Press via AP
Passageiros ficam em situação de incerteza
Ainda não se sabe por quanto tempo os aviões da companhia ficarão em solo, mas o diretor de Operações da Air Canada, Mark Nasr, afirmou que pode levar até uma semana para retomar totalmente a programação de voos se um acordo provisório for firmado.
O canadense Alex Laroche, de 21 anos, morador de Montreal, e a namorada estavam economizando desde o Natal para uma viagem à Europa. Agora, os US$ 8 mil gastos para o passeio, com hospedagem não reembolsável, estão em risco enquanto aguardam uma posição da Air Canada sobre o voo de sábado à noite para Nice, na França.
Laroche contou que chegou a considerar comprar passagens em outra companhia, mas os voos estavam quase lotados e custavam mais que o dobro dos US$ 3 mil pagos originalmente. “Neste momento, é apenas um jogo de espera”, disse ele à agência Associated Press.
A companhia disse também que tentará oferecer alternativas em outras companhias aéreas canadenses e estrangeiras, quando possível. Mas alertou que não há garantia de remarcação imediata, já que os voos de outras empresas estão lotados devido à alta temporada.
*Com informações da Associated Press
O que acontece quando há atraso ou cancelamento de voo?
Assim que a companhia aérea tiver conhecimento de que haverá o atraso ou cancelamento de voos, deve notificar imediatamente o consumidor.
Devem, ainda, partir da própria empresa as seguintes medidas:
Manter o passageiro informado a cada 30 minutos quanto à previsão de partida dos voos atrasados;
Oferecer gratuitamente, de acordo com o tempo de espera, assistência material (veja mais abaixo);
Oferecer reacomodação, reembolso integral ou execução do serviço por outra modalidade de transporte, cabendo a escolha ao passageiro, quando houver atraso de voo superior a 4 horas ou cancelamento.
Tire todas as suas dúvidas aqui.
Voo atrasado ou cancelado? Veja os direitos do passageiro
Tarifaço de Trump: por que o dólar e a bolsa não reagiram tão mal aos efeitos negativos?
A uma semana de tarifaço, dólar sobe e Ibovespa tem queda
Quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, a primeira reação do mercado financeiro foi de pânico: o dólar disparou e o Ibovespa caiu.
Mas, desde que de fato entrou em vigor na última quarta-feira (6), a medida parece ter provocado pouco — ou nenhum — impacto no mercado financeiro. A moeda americana acumula uma desvalorização de 3,62% neste mês, enquanto a bolsa de valores subiu 1,98%.
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Mais que isso: o dólar chegou a bater o menor valor em um ano e meio nesta semana. E a bolsa está a pouco mais de 3% de seu recorde de pontuação.
Segundo os especialistas ouvidos pelo g1, embora o tarifaço possa gerar perdas para a economia brasileira, o pessimismo dos investidores diminuiu desde o anúncio inicial.
Um dos principais motivos é que quase 700 produtos foram mantidos com a tarifa de 10%, ficando de fora do aumento. Entre eles estão suco de laranja, minério de ferro, fertilizantes e itens da aviação civil.
Leonel Mattos, analista sênior de Inteligência de Mercado da StoneX, explica que, para investidores que aguardavam um aumento generalizado de 50%, o tarifaço acabou sendo visto como “menos pior” do que o inicialmente previsto.
“A preocupação com o impacto no Brasil diminuiu bastante após a divulgação da ordem executiva, que incluiu diversas exceções. Dos produtos exportados para os EUA, cerca de 36% foram atingidos pela tarifa de 50%”, diz o analista.
Tarifaço “precificado” na bolsa
Outro ponto que abrandou os efeitos do tarifaço é de que não há um impacto sistêmico no Brasil, afetando apenas uma parte das exportações para os EUA.
Grande parte desse risco já havia sido antecipada pelo mercado e incorporada aos preços. Marco Noernberg, sócio da Manchester Investimentos, lembra que a bolsa de valores, por exemplo, já registrava quedas antes da efetivação das tarifas.
Em julho, o Ibovespa caiu 4,17%, registrando o pior desempenho mensal do ano até agora e a maior baixa desde dezembro de 2024.
Ainda assim, ele ressalta que o impacto negativo do tarifaço sobre o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro é estimado em cerca de 0,1% — ruim, mas insuficiente para desestabilizar o mercado.
“[O tarifaço] não é positivo, mas também não é algo que vá desestabilizar as ações negociadas em bolsa. Grande parte desse risco já havia sido incorporada, e as empresas mais expostas sentiram os efeitos antes mesmo da aplicação das tarifas.”
Ou seja, o mercado já havia refeito as posições de investimento antes de a medida entrar em vigor, o que contribuiu para a queda da bolsa de valores no mês passado.
Desvalorização mundial do dólar
Por outro lado, a recente queda do dólar — que nesta semana voltou a níveis próximos aos de junho de 2024 — tem pouca relação com o tarifaço sobre produtos brasileiros e está mais associada ao cenário político e econômico dos EUA.
Dados do Banco Central mostram que, entre 13 de julho e 13 de agosto, o real se valorizou 3,7% frente ao dólar — a maior alta entre as principais moedas globais, mesmo com o tarifaço em vigor.
Outras moedas também se valorizaram em relação ao dólar, como o rand sul-africano (+1,8%), o forint húngaro (+1,3%), o peso chileno (+1,2%), a libra esterlina (+0,5%), o peso mexicano (+0,8%), o zloty polonês (+0,1%) e o euro (+0,1%).
Leonel Mattos explica que a queda do dólar em relação a outras moedas reflete a perda de confiança dos investidores nos EUA, motivada, entre outros fatores, pelo temor de interferências políticas nas instituições econômicas.
“A própria Casa Branca agrava o cenário ao anunciar medidas e recuar logo em seguida, o que gera insegurança jurídica e desconfiança no mercado. Com menos investimentos nos EUA e no dólar, os recursos acabam migrando para outros países e moedas”, afirma.
Mapa do tarifaço
Arte/g1
Desaceleração econômica nos EUA
Além da instabilidade provocada pelas decisões de Trump, a economia norte-americana apresenta sinais de pressão estagflacionária — quando há, ao mesmo tempo, crescimento fraco, inflação alta e aumento do desemprego.
Segundo Mattos, esse cenário impõe desafios adicionais ao Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, que já enfrenta riscos como as tarifas impostas por Trump e a desvalorização do dólar — fator que, por si só, encarece as importações e pressiona os preços para os consumidores americanos.
“Isso coloca o Fed em uma encruzilhada: reduzir juros para conter o risco de desaceleração econômica ou elevá-los para controlar a inflação”, afirma o analista sênior da StoneX.
Atualmente, a taxa de juros nos EUA está entre 4,25% e 4,5% ao ano. Segundo estimativas da ferramenta FedWatch, da CME, 84% dos investidores esperam um corte já em setembro.
Bolsa e câmbio de olho no Fed
Os movimentos da política de juros dos EUA também influenciam a economia brasileira. André Muller, estrategista e economista da AZ Quest, destaca que esse deve ser um dos fatores mais relevantes para a trajetória do real nos próximos meses.
“Se aumentar a expectativa de cortes de juros pelo Fed, o dólar deve continuar se desvalorizando frente a várias moedas, incluindo o real”, afirma.
Na bolsa de valores, o cenário é parecido. Segundo Noernberg, da Manchester Investimentos, quando os títulos soberanos dos EUA — considerados de baixo risco — oferecem rendimentos menores, os investidores tendem a buscar mercados com retornos mais altos.
“E esses investidores acabam vindo para o Brasil, favorecendo o real e o Ibovespa. Um corte de juros pelo Fed pode impulsionar a bolsa e pressionar o dólar para baixo”, completa.
Lula planeja nova rodada de ligações a líderes de países para discutir alternativas ao tarifaço
Em nova declaração, Trump mistura tarifaço com Bolsonaro e Lula responde
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve intensificar nesta semana as ligações para presidentes e primeiros-ministros a fim de discutir alternativas ao tarifaço determinado pelo presidente dos EUA, Donald Trump.
Desde 6 de agosto está em vigor uma sobretaxa de 50% para entrada de produtos brasileiros nos EUA. Lula anunciou um pacote de socorro às empresas afetadas, com uma linha de crédito de R$ 30 bilhões, e tenta buscar novos mercados, movimento reforçado pelas ligações a líderes estrangeiros.
Infográfico - Plano de socorro do governo a empresas afetadas pelo tarifaço de Trump.
Arte/g1
Em falas recentes, Lula afirmou que pretende telefonar para líderes de países como África do Sul (Cyril Ramaphosa), México (Claudia Sheinbaum), França (Emmanuel Macron), Alemanha (Friedrich Merz) e Reino Unido (Keir Starmer), além da União Europeia (Ursula von der Leyen).
Segundo integrantes do governo, a primeira ligação deve ser para o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa. A África do Sul é parceira do Brasil no Brics e, dos fundadores do bloco, Lula só não conversou com Ramaphosa.
Lula já conversou com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, e os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da China, Xi Jinping.
Busca por novos mercados
Desde que Trump enviou uma carta pública a Lula e anunciou a tarifa de 50%, o governo federal está em busca de ampliar o mercado de exportação do Brasil para tentar amenizar os impactos da taxação às empresas brasileiras.
Trump tem criticado países do Brics, acusando o bloco de países emergentes de promover "políticas antiamericanas" – nos casos de Brasil e Índia, a tarifa é de 50%.
O governo brasileiro entende que a negociação com os EUA estão travadas por decisão de Trump, que deseja influenciar o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF).
Lula, Donald Trump, Jair Bolsonaro e Alexandre de Moraes são os principais atores políticos da notícias de julho.
Evaristo Sa/AFP//Antonio Augusto/STF//Adriano Machado/Reuters//Patrick Semansky/AP
Segundo interlocutores do governo, as ligações feitas também tentam alinhar um discurso de defesa do sistema multilateral de comércio. A avaliação é que as medidas de Trump afeta a todos os países e vai muito além do Brics.
Disputa na OMC
Na semana passada, em um evento no Palácio do Planalto, Lula afirmou que vai pedir aos países, nessas ligações, "que tomem decisão sobre o que está acontecendo".
Em 11 de agosto, o Brasil solicitou consultas à Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre as tarifas impostas por Trump. O pedido inicia formalmente uma disputa na OMC.
🔎As consultas dão às partes a oportunidade de discutir a questão e encontrar uma solução sem prosseguir para um julgamento. Caso as consultas não resolvam a disputa dentro de 60 dias, o reclamante — no caso, o Brasil —poderá pedir que um painel da OMC decida sobre o caso.
A reforma da OMC é um dos temas no radar de Lula e pode entrar em um encontro virtual com líderes do Brics. O Brasil está na presidência do bloco e tenta acertar uma data para esse diálogo.
A defesa do multilateralismo e a reforma da OMC são temas que aliados de Lula consideram passíveis de uma posição afinada dentro do Brics, já que cada integrante tem negociado o tarifaço de forma própria com os EUA.
Tarifaço: futuro da relação comercial com os EUA passa pelo julgamento da Seção 301; entenda
O futuro das relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos, já impactadas pelo tarifaço do presidente Donald Trump, vai depender dos desdobramentos do julgamento da Seção 301, mecanismo usado pelos EUA para adotar medidas unilaterais contra o que consideram práticas comerciais desleais.
O Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês) iniciou uma investigação comercial contra o Brasil a pedido do presidente Donald Trump, sob alegação de que o país comete “práticas comerciais desleais”. O anúncio foi feito em um documento oficial divulgado em 15 de julho.
🔎A medida norte-americana foi tomada com base na Seção 301 da Lei de Comércio de 1974 — legislação que prevê a investigação de práticas estrangeiras desleais que impactam o comércio americano. O julgamento ocorrerá nos EUA.
Alguns dos alvos da investigação são o PIX, tarifas chamadas de injustas e preferenciais, aplicação de medidas anticorrupção, proteção da propriedade intelectual e a comercialização do etanol brasileiro. Os Estados Unidos alegam que essas supostas práticas desleais estariam prejudicando “empresas, trabalhadores, agricultores e inovadores tecnológicos dos EUA”.
Caso a investigação conclua que o Brasil comete práticas desleais, os Estados Unidos podem aplicar mais tarifas, suspender benefícios comerciais, dentre outras retaliações. Mas, se não for identificado nenhuma irregularidade, o governo norte-americano pode reduzir ou medidas retaliatórias.
Trump, ao aplicar o tarifaço, atacou decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) para adequar redes sociais norte-americanas às leis brasileiras e o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado. Isso foi visto pelo governo brasileiro como chantagem.
Gerson Camarotti: Trump escala crise com Brasil
Negociações x via judicial
Segundo o embaixador aposentado José Alfredo Graça Lima, a busca pelo entendimento sobre a elevação da alíquota à 50% sobre as exportações brasileiras pode ser divida em duas etapas.
Uma era a negociação, que não alcançou o resultado esperado pelo Brasil:
“Aquela em que parecia ver uma janela de oportunidade, de acordo com a própria carta, de 9 de julho, parágrafos finais que apontavam para a possibilidade de reverter, minimizar o dano. Parecia que havia como, com todos os outros países, uma possibilidade de entendimento através de concessões por parte, no caso do Brasil, para que a redução se efetuasse. Isso não aconteceu”, contextualiza.
Para ele, quando a Embraer e outros setores foram excluídos da tarifa, para evitar prejuízos para os Estados Unidos, ficou nítida a prevalência da “lógica econômica comercial".
Por isso, a etapa restante é a via judicial.
“Agora, a partir do momento em que a parte norte-americana decide abrir uma investigação sobre a seção 301, fica claro essa divisão que eu estava me referindo. Você tem uma etapa em que nada foi, nada terá sido pedido ao Brasil e, agora, uma etapa nova, sobretudo, a partir das audiências públicas de setembro, uma demanda por parte dos Estados Unidos”, acrescenta.
Produção de tilápia no interior de São Paulo; setor de pescados é afetado por tarifaço
Nelson Almeida/AFP
Estratégia do Brasil
Ao g1, o Itamaraty informou que coordena com demais áreas do governo uma manifestação escrita “robusta”.
“Para isso, foi criada uma força-tarefa composta por servidores com ampla experiência nos temas envolvidos que, em articulação com os órgãos competentes da Esplanada, têm elaborado os comentários do governo brasileiro, atualmente em estágio avançado de preparação”, explicam.
Para o conselheiro consultivo internacional do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), Hussein Kalout, a resposta do Brasil não é “pro forma”, tem “peso” e deve apresentar os argumentos técnicos contra o tarifaço.
Segundo Kalout, os três produtos mais exportados pelos EUA para o Brasil entram sem taxação, o que por si só já rebate o argumento americano.
Ex-secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência, Hussein Kalout diz que Lula deve manter a posição de não aceitar discutir a situação jurídica do ex-presidente Jair Bolsonaro, uma vez que seria até inconstitucional o petista tentar interferir no Supremo Tribunal Federal (STF).
Brasil ‘não vai desistir’
Em uma rede social, o Ministério das Relações Exteriores afirmou que o Brasil “não vai desistir de negociar” com os Estados Unidos.
O Itamaraty acrescentou ainda que o país “é bom em cultivar amizades”.
Nos bastidores, diplomatas dizem que, apesar das conversas entre integrantes dos dois governos, as negociações não avançam. Avaliam que, até agora, Donald Trump não deu aval a nenhum assessor direto para que negocie de fato as tarifas. Dizem os diplomatas, de forma reservava, que o governo americano tem agido com “truculência”.
“Trump não quer negociar, quer impor a sua vontade. […] Ele ignora os fatos deliberadamente”, desabafou um diplomata a par das conversas com emissários do presidente americano.
Esse diplomata acrescentou ainda ver a investigação aberta pelos EUA como “mais um instrumento de pressão econômica” contra o Brasil.
Segundo ele, essa pressão tem sido demonstrada na “seletividade” das tarifas americanas, buscando penalizar países comandados por presidentes que “não se curvam” a Trump e beneficiando países alinhados ao presidente americano.
Na avaliação do embaixador Graça Lima, "se houve alguma tentativa de negociação ela se esgotou naquele período, até a entrada em vigor do tarifaço, de modo que a partir daí, enfim, não vejo nenhum tema que possa ser objeto de discussão sobretudo, negociação", diz. "O processo hoje está definido pela investigação sobre a Seção 301", conclui.
Entenda por que a conta de luz deve subir mais do que a inflação em 2025
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) projeta que a conta de luz deve ter um reajuste médio de 6,3% em 2025, o que indica que as tarifas de energia elétrica devem subir mais do que a inflação neste ano – a última projeção do mercado financeiro é de um índice de 5,05%.
A inflação no Brasil registrou leve alta em julho, mas veio abaixo do esperado pelo mercado
O aumento da estimativa é influenciado, principalmente, pelo orçamento da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) de 2025, fixado em R$ 49,2 bilhões. O valor é 8,6 bilhões acima do previsto anteriormente.
🔎A CDE é um fundo setorial abastecido, principalmente, por cobranças embutidas nas contas de luz de todos os consumidores, além de multas e aportes do Tesouro Nacional.
O fundo financia políticas públicas no setor elétrico, como:
tarifa social para famílias de baixa renda;
programa Luz Para Todos;
geração de energia em regiões isoladas;
subsídios para fontes renováveis;
compensações para consumidores que geram a própria energia, como os que usam painéis solares.
Impacto no consumo das famílias
Para especialistas ouvidos pelo g1, a projeção de alta preocupa, pois a energia elétrica tem peso relevante no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – cerca de 4% da cesta de consumo das famílias.
Professor do Ibmec, José Ronaldo Souza Jr explica que reajustes nas tarifas refletem diretamente na inflação. Em julho passado, por exemplo, a alta da conta de luz sozinha adicionou 0,12 ponto percentual ao índice mensal.
"Quando a tarifa média de energia cresce mais que a inflação projetada para o ano, significa que a eletricidade está ficando mais cara em termos reais em relação ao conjunto dos demais preços da economia", acrescenta o professor, que vê consequências tanto para os consumidores quanto para a política monetária.
Reajustes nas tarifas de energia elétrica refletem diretamente na inflação.
Divulgação/Energisa
"Para os consumidores, isso reduz o poder de compra e pesa especialmente sobre famílias de baixa renda, que destinam maior parte do orçamento para pagar a conta de luz. Porém, a mudança recente na política de tarifa social atenua os efeitos sobre essa população de renda mais baixa", contextualiza.
Em maio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou a medida provisória (MP) que altera regras do setor elétrico e amplia descontos na tarifa de energia. A proposta determina a ampliação da tarifa social. Segundo dados do governo, cerca 55 milhões de brasileiros serão beneficiados com desconto e 60 milhões com a isenção. O custo da isenção é estimado em R$ 3,6 bilhões por ano.
Na avaliação de Souza Jr., esse tipo de choque cria desafios para a política monetária. "Mesmo sendo um preço administrado, fora do controle direto do Banco Central, ele pressiona o IPCA e pode contaminar expectativas e reajustes salariais. Assim, aumenta a dificuldade de trazer a inflação de volta à meta sem manter juros elevados por mais tempo", adiciona.
Pressão sobre a inflação dificulta o trabalho do Banco Central.
Marcello Casal/Agência Brasil
A economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitória, vai na mesma linha. "Os maiores reajustes refletem a elevação dos custos principalmente encargos no setor, além de carregar a inércia, ou seja, a inflação passada, que está mais alta por um tempo mais prolongado", explica.
"Esses reajustes acabam estendendo ainda mais esse período de inflação mais alta que estamos vendo, mesmo com preços industriais em queda. Com isso, a inflação mais persistente acaba adiando a discussão de corte de juros, apesar da Selic no elevado patamar em 15%", avalia a economista.
Clima e bandeiras tarifárias
Além do orçamento da CDE, a atualização da projeção foi influenciada também por fatores como os hidrológicos e bandeiras tarifárias.
“Com afluências abaixo da média em todo o país, observa-se redução na geração das hidrelétricas. Esse cenário eleva os custos de geração de energia, devido à necessidade de acionamento de fontes mais caras, como as usinas termelétricas”, diz boletim da Aneel, divulgado no início desta semana.
No mesmo informe, a agência destaca que o acionamento das bandeiras tarifárias deve continuar até o início da recuperação do nível de armazenamento esperado para o final do ano.
🔎O sistema de bandeiras tarifárias foi criado pela Aneel para sinalizar o custo da geração de energia. Quando o custo de produção aumenta, com o acionamento de usinas termelétricas, a bandeira muda de cor. Em agosto, a bandeira está no nível vermelho 2.
Segundo projeções da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), há possibilidade de retorno da bandeira verde em dezembro, com o início do período úmido e recuperação dos reservatórios, aumentando a participação das hidrelétricas na matriz energética.
"Enquanto a bandeira verde não retorna, os consumidores continuam pagando adicionais (como os R$ 7,87 a cada 100 kWh da bandeira vermelha 2), o que mantém a conta de luz mais cara.
A previsão de bandeira verde apenas em dezembro significa que só no fim do ano deve haver alívio, quando a tarifa cairá com a retirada do adicional, podendo inclusive contribuir para uma inflação menor no fechamento do ano", avalia José Ronaldo Souza Jr.
GWM inicia produção em SP, na segunda grande fábrica de carros chineses no Brasil; veja os planos
Inauguração da fábrica da GWM em Iracemápolis (SP) contou com a presença do presidente Lula
Divulgação/GWM
A GWM inaugurou nesta sexta-feira (15) sua fábrica em Iracemápolis (SP), interior de São Paulo. Esta é a segunda grande instalação de uma montadora chinesa a se estabelecer no mercado automotivo brasileiro.
Assim como a BYD — que inaugurou sua unidade no mês passado, em Camaçari (BA) —, a GWM ainda importa parte dos componentes, que serão montados posteriormente no Brasil.
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O sistema é chamado pela marca de “peça por peça”, porque alguns componentes já têm produção local. A meta é alcançar 60% de conteúdo nacional nos carros até 2026.
Segundo Marcio Alfonso, diretor de produção da fábrica, neste momento a localização de itens na linha de montagem envolve cerca de 60 componentes. “São itens como pintura, vedação, verniz, solda e ajustes em sistemas e sensores de auxílio ao motorista, o ADAS”, disse o executivo.
“Começamos com partes com curto período de desenvolvimento, mas no futuro, no mínimo em quatro anos, ampliaremos para motores, inversores, módulos e outras partes feitas aqui.”
O primeiro modelo a sair da linha de montagem será o SUV Haval H6. Seguirão o mesmo processo a picape Poer P30 e o SUV Haval H9. A previsão é que a produção desses modelos comece ainda em agosto.
Fábrica da GWM em Iracemápolis (SP)
De acordo com a montadora, o investimento total da GWM no Brasil será de R$ 10 bilhões ao longo de 10 anos. A nova fábrica é apenas a terceira da empresa fora da China e já conta com 600 funcionários. A expectativa é alcançar 1 mil trabalhadores até o fim de 2025.
A marca também terá, ao lado da nova fábrica, seu primeiro centro de pesquisa na América Latina. O espaço contará com 60 técnicos e engenheiros dedicados ao desenvolvimento de motores híbridos flex, à adaptação dos veículos às preferências do consumidor brasileiro, entre outras funções.
Haval H6
Inauguração da fábrica da GWM em Iracemápolis (SP)
Divulgação/GWM
O Haval H6 foi o primeiro modelo da GWM lançado no Brasil. Ele está disponível em cinco versões, sendo quatro delas com características bem distintas.
Todas as versões são híbridas: três adotam o sistema convencional (HEV) e outras duas contam com baterias maiores no sistema plug-in (PHEV), oferecendo até 113 quilômetros de autonomia no modo exclusivamente elétrico.
O Haval H6 tem dimensões:
Comprimento: 4,72 metros para as versões HEV e PHEV, 4,68 metros para a versão GT;
Largura: 1,88 metros para as versões HEV e PHEV, 1,94 metros para a versão GT;
Altura: 1,73 metro para todas as versões.
Haval H9
GWM Haval H9
Divulgação | GWM
O Haval H9 é um SUV de sete lugares que chega ao Brasil para competir com o Caoa Chery Tiggo 8, atualmente vendido por R$ 199.990.
O modelo da GWM vem equipado com motor 2.4 Turbo Diesel, que entrega 184 cv de potência e 48,9 kgfm de torque, associado a uma transmissão automática de nove marchas.
Em dimensões, o SUV traz:
Comprimento: 4,95 metros;
Largura: 1,97 metro;
Altura: 1, 93 metro.
Os itens de série são:
Faróis em LED;
Assentos revestidos em couro;
Assentos climatizados;
Central multimídia de 14,6 polegadas;
Câmera 360 graus;
Controle remoto de funções do carro via aplicativo;
Carregador de celular por indução;
Piloto automático adaptativo e sistemas de auxílio ao motorista (ADAS).
Poer P30
GWM Poer P30
Divulgação | GWM
Já a picape Poer P30 compartilha o mesmo motor turbo diesel e os itens de série, mas apresenta diferenças nas dimensões da carroceria:
Comprimento: 5,41 metros;
Largura: 1,94 metro;
Altura: 1, 88 metro.
Concorrentes fazem quase o mesmo
BYD e GWM não são as únicas montadoras que adotam o modelo de produção baseado na montagem de componentes pré-fabricados. Praticamente todas as marcas chinesas que atuam no Brasil seguem esse formato.
Abaixo, veja quais já possuem fábricas ou têm planos de produzir localmente:
Montadoras chinesas no Brasil
Arte/g1
BYD: inaugurou sua fábrica em Camaçari (BA), em julho. No local, funcionava a antiga planta da Ford. A capacidade prevista é de 150 mil veículos por ano. Os modelos produzidos serão Dolphin Mini, King e Song Pro.
GWM: abriu sua fábrica em Iracemápolis (SP), em agosto. O espaço abrigava a planta da Mercedes-Benz. A capacidade inicial é de 30 mil veículos por ano, com expectativa de chegar a 50 mil em três anos. Os primeiros modelos serão os SUVs Haval H6 e H9, além da picape Poer P30.
GAC: tem planos de abrir sua fábrica em 2026, em Catalão (GO), utilizando a estrutura da HPE Automotores. Enquanto a produção não começa, a marca opera um centro de distribuição de peças em Cajamar (SP).
Geely: ainda não anunciou uma fábrica própria, mas vai utilizar a unidade da Renault em São José dos Pinhais (PR). As duas empresas são parceiras tanto na montagem quanto na produção de motores, por meio da marca Horse. Não foram confirmados os primeiros modelos, mas o SUV elétrico EX5 é um forte candidato.
Chery: uma das primeiras montadoras chinesas a instalar uma fábrica no Brasil, tem duas unidades. Uma delas fica em Jacareí (SP), foi inaugurada em 2014 e fechada em 2022 para modernização. A expectativa é que ela produza os modelos das marcas Omoda e Jaecoo, que pertencem ao grupo Chery. Hoje, a Chery produz seus veículos na fábrica de Anápolis (GO), de onde saem os modelos Tiggo 5X, 7 e 8. A capacidade dessa planta é de 80 mil veículos por ano.
Está se sentindo desestimulado e apático no trabalho? Você pode estar sofrendo de 'rust out'
O rust out é o declínio mental e emocional causado por tarefas repetitivas e monótonas, que leva à desmotivação profissional
Getty Images via BBC
Funcionários tensos e sobrecarregados em qualquer lugar reconhecem as características do burnout: exaustão, despersonalização (sentir-se desligado dos outros ou de você mesmo no trabalho) e uma sensação reduzida de realização pessoal. Isso acontece quando o estresse crônico no trabalho não é administrado de forma adequada.
No outro extremo do espectro do estresse está o "rust out". Você talvez já tenha passado por isso. É quando os funcionários ficam entediados, apáticos ou desmotivados, frequentemente fazendo o mínimo necessário no trabalho. Isso pode levar à procrastinação, fazer com que eles passem muito tempo nas redes sociais ou busquem algo que os estimule em outro lugar.
Rust out é o declínio mental e emocional causado por tarefas repetitivas e monótonas e pela estagnação profissional contínua. Ao contrário do burnout, que resulta em sobrecarga de trabalho, o rust out surge da subutilização e da falta de tarefas estimulantes.
Essa condição pode ser agravada quando um ambiente de trabalho valoriza mais a eficiência e cumprimento de metas do que o engajamento profissional, levando as pessoas a se sentirem invisíveis ou substituíveis. Em outras palavras, acontece quando a pessoa não é desafiada o suficiente.
Pode parecer uma reclamação estranha para quem adoraria pensar um pouco menos em trabalho. Mas, a longo prazo, isso pode levar à insatisfação com a carreira e afetar a saúde mental.
Ainda assim, em muitas profissões, o rust out continua sendo um problema que não é falado. Talvez isso se deva à expectativa não oficial de que o trabalho seja algo entediante.
Falta de oportunidades no desenvolvimento de carreira e desafios pode gerar sentimentos de rust out
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Nossa pesquisa investigou o rust out em uma profissão específica: a dos formadores de professores. Eles são professores universitários que treinam futuros professores. Um total de 154 desses profissionais responderam um questionário e, com 14 deles, realizamos entrevistas.
Embora a maioria tenha dito gostar do trabalho, nós encontramos sintomas e experiências que indicam rust out. Acreditamos que nossas descobertas possam ter relevância para outros contextos profissionais.
O rust out pode parecer um pouco com a tendência das redes sociais chamada quiet quitting (ou demissão silenciosa, na tradução para o português).
Contudo, os formadores de professores com quem nós conversamos não estavam deliberadamente se afastando de suas funções ou planejando sair. Na verdade, eles permaneciam altamente comprometidos com seus alunos — o que tornava a situação ainda mais frustrante.
Com frequência, eles viam a profissão como uma vocação e sentiam orgulho em guiar novos professores para a carreira. Muitos contaram sobre a alegria que era possível encontrar no trabalho e sobre os jovens brilhantes e inspiradores que eles ajudaram a formar. No entanto, alguns haviam perdido esse entusiasmo.
Pilhas cada vez maiores de documentos de trabalho os obrigaram a desviar o foco daquilo que eles amavam. E, de forma crucial, havia a sensação de que eles não faziam mais o trabalho para o qual haviam se candidatado.
Foco nos formadores de professores
Os formadores de professores no ensino superior equilibram múltiplas responsabilidades: dar aulas, supervisionar os estágios de seus alunos, orientar e realizar um extenso trabalho administrativo. Essas demandas deixam pouco espaço para o envolvimento com pesquisa, que é cada vez mais valorizada em universidades orientadas por métricas.
Descobrimos que a burocratização do ensino superior na Irlanda e no Reino Unido tem levado a um excesso de papelada, tarefas de compliance e mudanças constantes nos sistemas. Um professor nos disse: "Cerca de 70% da minha carga de trabalho agora é quase só administração, o que é muito deprimente."
Em conjunto, isso pode deixar pouco tempo para aspectos mais criativos ou profissionalmente enriquecedores da função, como o desenvolvimento de currículo, o ensino ou a pesquisa. "Eu geralmente sinto que eu não produzi nada no fim da semana e não há sensação de desenvolvimento", disse outro educador.
A satisfação profissional é fundamental para o bem-estar dos funcionários e sucesso de uma empresa
Getty Images via BBC
O rust out também pode acontecer quando há um desalinhamento entre as aspirações profissionais e as demandas do trabalho.
Por exemplo, no nosso estudo, alguns formadores de professores altamente qualificados, com experiência significativa em pesquisa, ensino e liderança, se sentiam sobrecarregados com tarefas repetitivas e de baixo valor, em vez de realizarem atividades mais alinhadas à sua expertise.
Um profissional disse: "As pessoas podem ser colocadas em uma função e permanecer naquela zona de conforto, em vez de serem desafiadas ou convidadas a tentar algo novo que poderia estimular a criatividade."
Alguns podem ficar confortáveis com o rust out por um tempo, mas ficar preso nessa situação pode levar à insatisfação profissional.
O crescimento profissional restrito pode gerar sentimentos de rust out. Isso inclui oportunidades limitadas para mudança de carreira, estruturas rígidas e falta de apoio ao desenvolvimento de carreira no ambiente de trabalho.
Se os funcionários são vistos como uma espécie de "porto-seguro", que podem ajudar a manter a operação em andamento, a satisfação profissional deles não é levada em conta.
"A conversa não acontece; é apenas 'você fez o trabalho?'", disse um formador de professores. "Não se trata de satisfação no trabalho; mas de você ter sorte de ter um emprego."
Os custos escondidos do rust out
O rust out traz consequências tanto pessoais quanto institucionais. A nível individual, ele leva ao desengajamento profissional, apatia e redução da motivação. Um dos entrevistados pela pesquisa disse estar "funcionando sem prosperar", com tarefas repetitivas corroendo seu senso de propósito.
Muitos formadores de professores relataram não conseguir falar sobre a insatisfação devido à cultura do ambiente de trabalho e às expectativas de desempenho.
"O rust out existe na formação de professores. Com certeza. Contudo, eu não tenho nenhuma experiência de conversar sobre isso com alguém", disse um professor.
Isso pode acontecer porque é conveniente para todos não falar sobre o assunto. Nada é abalado quando a equipe está trabalhando e cumprindo suas funções.
Esse silêncio beneficia as instituições a curto prazo, já que mantém a estabilidade e adia conversas difíceis. Mas, a longo prazo, pode contribuir para problemas de retenção, um clima organizacional negativo e possivelmente redução da inovação.
Acreditamos que o rust out deve entrar na agenda de saúde mental nos locais de trabalho, assim como acontece com o burnout. Os empregadores precisam reconhecer que o bem-estar de seus funcionários é parte essencial para o sucesso.
* Sabrina Fitzsimons é professora de Educação e co-diretora do Centro de Pesquisa Colaborativa em Formação de Professores na Dublin City University (DCU), na Irlanda.
David Smith é professor na Escola de Estudos Sociais Aplicados na Robert Gordon University, no Reino Unido.
Este artigo foi publicado originalmente no site de notícias acadêmicas The Conversation e republicado aqui sob uma licença Creative Commons. Leia aqui a versão original (em inglês).
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No interior de São Paulo, toneladas de tilápias estão prontas para seguir ao frigorífico, mas o destino delas é incerto após o tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aos produtos brasileiros.
Com mais de 60% de suas exportações para os Estados Unidos, a indústria do pescado sofre como poucas com a taxa de 50%, em vigor desde 6 de agosto. Os lucros das empresas e os empregos do setor enfrentam um panorama sombrio.
Segunda exportadora de tilápia do Brasil, a empresa Fider Pescados tem 400 tanques de criação e engorda no rio Grande, em São Paulo. Eles abastecem seu frigorífico em Rifaina, pequena cidade no interior do estado, onde processa 9.600 toneladas por ano.
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Tanques para produção de tilápia em Rifaina, no interior de São Paulo
Nelson Almeida/AFP
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Antes do tarifaço, 40% deste volume iam para o mercado norte-americano. Desde que a taxa entrou em vigor, as exportações já diminuíram quase um terço.
"A expectativa agora é que as exportações aos Estados Unidos fiquem zeradas. A taxação de 50% é inviável", diz o diretor da empresa, Juliano Kubitza.
O ciclo da tilápia, peixe de carne branca e consumo popular, leva oito meses. "Não é como o frango, que tem um ciclo de 40 dias e você pode recalcular. O peixe é como um trem em movimento: não dá para frear rapidamente", lamenta.
A diretoria da Fider corre contra o tempo para abrir novos mercados, mas reconhece que não existem outros países com o mesmo consumo dos EUA.
Tilápia é um dos peixes mais consumidos pela população
Nelson Almeida/AFP
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Funcionários temem demissões
Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Pescados, cerca de 20 mil trabalhadores podem ser afetados em cortes e paralisações.
A Fider emprega cerca de 500 pessoas em Rifaina, cidade de 4 mil habitantes às margens do rio Grande, e em municípios vizinhos.
"Eu já comentei com os meninos: 'Olha, o tarifaço vem para dar uma rebatida na gente. Querendo ou não, isso vai impactar no nosso emprego e na produção, porque aqui exportamos muito'", admite Sérgio Secco, de 43 anos, líder de equipe nos tanques da empresa.
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Trabalhador em tanque para produção de tilápia no interior de São Paulo
Nelson Almeida/AFP
Enquanto corta filés de pescado na linha de produção, Rafaela Ferreira do Nascimento, de 26 anos, admite que os funcionários estão com receio de ficar sem trabalho.
Mas, por enquanto, demitir os funcionários não é opção: a redução do pessoal a impediria de processar a tempo as toneladas de tilápia que estão prontas para sair da água.
Produção de tilápia no interior de São Paulo
Nelson Almeida/AFP
Mercado interno pode ser alternativa
Quando o peixe atinge peso ideal nos tanques, deve seguir para o frigorífico para abate, processamento e envio ao destino, fresco ou congelado.
Os Estados Unidos consomem principalmente tilápia fresca, que tem uma margem de lucro maior. Com a queda nas exportações, a empresa terá que congelar parte dos peixes que seriam vendidos frescos, afirma o supervisor de produção Samuel Araújo Carvalho.
Tanque para produção de tilápia no interior de São Paulo
Nelson Almeida/AFP
"Se olharmos para fora, tem poucos países onde poderíamos chegar com produto fresco", acrescenta o diretor da Fider, Juliano Kubitza.
Por isso, a aposta imediata é aumentar as vendas no Brasil, que já recebe metade da produção.
Mas não se conquista um mercado da noite para o dia. A empresa terá que vender por preços menores do que previa antes do tarifaço.
"Com esse negócio das taxas, [a Fider] veio nos oferecer um precinho. Mas eles sempre nos venderam caro e agora nós não vamos comprar", diz o dono de um restaurante em Rifaina, que prefere não se identificar.
Enquanto procura novos clientes, a Fider suspendeu um plano para aumentar a produção em 35%.
"O desempenho dos próximos meses vai ditar o que faremos no ano que vem. Agora é sangue frio e buscar para quem vender", afirma Kubitza.
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Mega-Sena pode pagar R$ 55 milhões neste sábado
Mega-Sena
Marcelo Brandt/G1
O concurso 2.902 da Mega-Sena pode pagar um prêmio de R$ 55 milhões para os acertadores das seis dezenas. O sorteio ocorre às 20h deste sábado (16), em São Paulo.
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No concurso da última quinta-feira (14), ninguém levou o prêmio máximo.
A aposta mínima para a Mega-Sena custa R$ 6 e pode ser realizada também pela internet, até as 19h – saiba como fazer a sua aposta online.
A Mega tem três sorteios semanais: às terças, quintas e sábados.
Entenda como funciona a Mega-Sena e qual a probabilidade de ganhar o prêmio
Para apostar na Mega-Sena
As apostas podem ser realizadas até as 19h (horário de Brasília) em qualquer lotérica do país ou por meio do site e aplicativo Loterias Caixa, disponíveis em smartphones, computadores e outros dispositivos.
É necessário ter 18 anos ou mais para participar. O pagamento, nesse caso, é realizado de forma online, com opção via PIX.
Probabilidades
A probabilidade de vencer em cada concurso varia de acordo com o número de dezenas jogadas e do tipo de aposta realizada. Para um jogo simples, com apenas seis dezenas, que custa R$ 6, a probabilidade de ganhar o prêmio milionário é de 1 em 50.063.860, segundo a Caixa.
Já para uma aposta com 20 dezenas (limite máximo), com o preço de R$ 232.560,00, a probabilidade de acertar o prêmio é de 1 em 1.292, ainda de acordo com a instituição.
Brasil não tem tratamento desleal ou discriminatório contra EUA, diz confederação do agro
Trump dá entrevista à imprensa
Mandel NGAN / AFP)
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) negou que o Brasil tenha práticas comerciais que possam ser consideradas “desleais ou discriminatórias” contra os EUA. A entidade protocolou, nesta sexta-feira (15), uma defesa contra a investigação aberta a pedido do presidente Trump, em julho.
A investigação realizada pelo Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês) tem por base a Seção 301 da Lei de Comércio de 1974. Essa legislação prevê a apuração de práticas estrangeiras desleais que impactam o comércio americano.
Essa lei permite que os EUA adotem medidas para tentar corrigir práticas comerciais desleais, como a aplicação de tarifas ou sanções contra o país-alvo da investigação.
A investigação misturou declarações comerciais e políticas para tentar justificar a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Envolveu desmatamento e até a ferramenta PIX, do Banco Central, e o comércio da 25 de março.
A defesa do CNA aborda 3, dos 6 eixos temáticos apontados pelos EUA na investigação. Confira abaixo.
Tarifas preferenciais
Qual é a acusação: o documento diz que o Brasil concede tarifas reduzidas e vantajosas a determinados parceiros comerciais estratégicos, o que colocaria as exportações dos EUA em desvantagem competitiva.
O que diz a CNA: a entidade alega que o Brasil concede tratamento tarifário preferencial de forma limitada, com base em acordos compatíveis com o Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT) e com a Cláusula de Habilitação da Organização Mundial do Comércio (OMC), como os celebrados com México e Índia.
Esses acordos representariam apenas 1,9% das importações brasileiras, segundo a confederação. Além disso, a organização afirma que os EUA possuem acordos de livre comércio em vigor com 20 países.
Por estas razões, "não há tratamento discriminatório contra os EUA e a rede atual de acordos preferenciais do Brasil é limitada e não prejudica as relações comerciais bilaterais com o país", diz o documento.
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Acesso ao mercado de etanol
Qual é a acusação: o texto diz que o país "recuou de seu compromisso de oferecer tratamento praticamente livre de tarifas ao etanol dos EUA e agora impõe tarifas substancialmente mais altas às exportações americanas".
O que diz a CNA: a confederação informa que entre 2010 e 2017 houve uma isenção tarifária para o etanol dos EUA. Depois deste período, foi adotada a tarifa de Nação Mais Favorecida (NMF), que é de 18% — ainda inferior o imposto aplicado aos países do Mercosul, que é de 20%.
A entidade aponta também que o programa RenovaBio, que estimula a produção e consumo de combustíveis renováveis, é aberto a produtores estrangeiros que atendam aos critérios técnicos e ambientais exigidos.
Desmatamento ilegal
Qual é a acusação: segundo o documento, “o Brasil aparentemente não está fazendo cumprir de maneira eficaz as leis e regulamentações destinadas a combater o desmatamento ilegal, o que compromete a competitividade dos produtores americanos de madeira e produtos agrícolas”.
O que diz a CNA: a organização defende que o Brasil possui legislação ambiental robusta e avançada, como o Código Florestal, a Lei de Crimes Ambientais, o Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento e Queimadas (PPCD), além de sistemas de monitoramento.
O documento divulgado nesta sexta-feira alega também que o Brasil possui ferramentas como o Cadastro Ambiental Rural (CAR), que garantem rastreabilidade e conformidade da produção agropecuária.
Também são citados o Sistema Nacional de Controle da Origem dos Produtos Florestais (Sinaflor) e o Documento de Origem Florestal (DOF+), que fazem um controle da exploração de madeira no Brasil, com rastreabilidade obrigatória e certificações reconhecidas
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Quais são os outros 3 eixos?
Na defesa da CNA, ficaram de fora os seguintes eixos presentes no documento da investigação do USTR:
➡️Comércio digital e serviços de pagamento eletrônico
Segundo o documento dos EUA, o Brasil pode estar prejudicando a competitividade de empresas americanas nesses setores, ao adotar medidas de retaliação contra companhias que se recusam a censurar discursos políticos ou o impor restrições à sua atuação no mercado nacional.
➡️Aplicação de medidas anticorrupção
“A falha do Brasil em aplicar medidas de combate à corrupção e de transparência levanta preocupações em relação às normas internacionais contra suborno e corrupção”, afirma o texto.
➡️Proteção da propriedade intelectual
De acordo com o documento, o Brasil aparenta falhar na garantia de proteção eficaz e fiscalização rigorosa dos direitos de propriedade intelectual, o que impacta negativamente os trabalhadores americanos que atuam em setores baseados em inovação e criatividade.
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Justiça dos EUA poupa Argentina de entregar ações da estatal YPF enquanto avalia recursos
Apoiadores do projeto de lei de nacionalização do petróleo acenam com bandeiras que dizem: 'Lutar e devolver a YPF', em frente ao Congresso em Buenos Aires, na Argentina, em 25 de abril de 2012.
AP/Natacha Pisarenko
Um tribunal de apelações de Nova York aceitou, nesta sexta-feira (15), o pedido do governo da Argentina para suspender a entrega de 51% das ações da YPF.
A decisão vale enquanto os recursos relacionados à sentença que obriga o país a indenizar duas empresas afetadas pela estatização da petroleira são analisados.
A YPF é uma empresa estatal petroquímica estatizada em 2012, durante a gestão da então presidente Cristina Kirchner.
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Na época, a Argentina assumiu o controle de 51% das ações da YPF, então parcialmente controlada pelo gigante espanhol Repsol, que recebeu US$ 5 bilhões de indenização dois anos depois (R$ 10,2 bilhões na cotação do período).
Acionistas minoritários, como Petersen Energía e Eton Park Capital, não receberam indenização, o que os levou, em 2015, a entrar com uma ação alegando que o país não realizou a oferta pública de aquisição (OPA) prevista em lei.
Após decidir contra a Argentina em setembro de 2023, a juíza federal norte-americana Loretta Preska determinou, em 30 de junho, que o Estado argentino entregasse 51% das ações da YPF.
A medida, conforme a decisão, tinha o objetivo de garantir "parcialmente" o pagamento de US$ 16,1 bilhões (R$ 86,8 bilhões) a duas empresas que detinham 25,4% do capital da petroleira antes da nacionalização.
A Argentina recorreu da decisão e pediu a suspensão da ordem de Preska, um pedido aceito nesta sexta-feira por um tribunal de apelações em Nova York.
"Após a devida consideração, por meio desta, ordena-se que sejam aceitas as moções de suspensão e que as ordens do tribunal distrital de 30 de junho de 2025 fiquem suspensas enquanto se resolvem as apelações", determinou em seu despacho Catherine O'Hagan Wolfe, secretária do Tribunal do Segundo Circuito de Manhattan.
A gestão do presidente Javier Milei celebrou a decisão. Em comunicado, o governo afirmou que a medida "garante que a República Argentina mantenha a participação majoritária do Estado Nacional na companhia enquanto avança a apelação".
A ordem do tribunal "não afeta o curso da apelação de mérito contra a sentença emitida em setembro de 2023", acrescentou.
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Por que grandes frigoríficos brasileiros não deverão sentir tanto o tarifaço dos EUA
Carne bovina do Brasil é um dos alvos do tarifaço de Trump
CNA e Reuters
Grandes produtores de alimentos, JBS, Marfrig e Minerva estão entre as maiores exportadoras brasileiras de carne bovina, com unidades dentro e fora do Brasil. Essa flexibilidade provavelmente fará com que essas empresas não sintam tanto o peso do tarifaço de 50% dos EUA.
Marfrig e Minerva já disseram que não dependem exclusivamente dos seus frigoríficos brasileiros para atender ao mercado norte-americano, segundo maior comprador de carne do país.
Um dia depois de Donald Trump anunciar o tarifaço de 50%, no início de julho, a Minerva divulgou para o mercado que a sobretaxa para compra de produtos brasileiros pelos EUA poderia afetar, no máximo, 5% de sua receita total.
Além do Brasil, a empresa envia produtos para os EUA pelas suas indústrias na Argentina, no Paraguai, no Uruguai e na Austrália.
Segundo a Minerva, no último ano, as exportações para os EUA representaram 16% do seu faturamento, sendo que o Brasil respondeu por apenas 30% dessa fatia.
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DESAFIO: redirecionar o que não for comprado pelos EUA para novos mercados não é tão simples
A Marfrig manda carne para o país de Trump a partir de fábricas no Brasil, no Uruguai e na Argentina, segundo comunicado feito para investidores no início deste mês.
A empresa informou que, em 2025, as exportações de carne bovina e processados do Brasil para os EUA representaram somente 1,4% das vendas totais da companhia na América do Sul e 0,18% de toda a operação global.
A JBS disse, na última quinta-feira (14), que ainda é cedo para estimar qual será efeito do tarifaço de 50%. Mas que não houve impacto da sobretaxa nos resultados da empresa no segundo trimestre do ano: em abril, Trump já tinha imposto uma tarifa extra de 10% sobre os produtos brasileiros; somente a partir de agosto ela passou para 50%.
"Se você olhar só para a Friboi no Brasil, no geral o impacto não é relevante. Mas, em algumas plantas específicas que exportavam mais para os EUA, talvez", contextualizou o CEO global, Gilberto Tomazoni, durante a divulgação dos resultados.
"Mas essa é a vantagem da nossa plataforma global, que permite redirecionar a produção e mitigar bastante o impacto", destacou.
Tomazoni afirmou à agência Reuters, na quarta-feira (13), que algumas fábricas da JBS no Brasil que interromperam brevemente a produção retomaram as atividades para redirecionar alguns produtos para outros mercados.
Como o tarifaço de Trump impacta nas exportações de carne bovina do Brasil?
Indústria de carne nos EUA vive desafio
Questionada pelo g1, a JBS não informou de quais países partem os embarques para os EUA, além do Brasil. A empresa também tem unidades no México e na Austrália, além dos EUA, onde a Marfrig também atua.
Além de São Paulo, a JBS passou a negociar suas ações na Bolsa de Nova York, em junho deste ano, e anunciou novos investimentos nos EUA nesta quinta, incluindo US$ 200 milhões em plantas no Texas e no Colorado.
Vale lembrar que os rebanhos dos americanos estão no nível mais baixo da história, o que tem feito as compras do alimento de países estrangeiros dispararem — e o preço da carne nos EUA também.
A própria JBS prevê que a disponibilidade de gado nos EUA vai melhorar gradualmente apenas a partir do final de 2027.
Quantidade de bois no território americano ao longo dos anos.
Arte/g1
Outro fator que impacta a operação de carne bovina da JBS nos EUA, segundo a empresa, é o fechamento da fronteira com o México, em maio, devido à ocorrência da bicheira-do-Novo Mundo, um parasita.
Possíveis perdas para o Brasil
Mesmo com a possibilidade de sentirem menos o tarifaço, Marfrig e JBS têm articulado com empresas e com o governo dos EUA para livrar a carne bovina brasileira da sobretaxa, afirmou o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Roberto Perosa, em evento na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), no último dia 12.
Ainda que os EUA comprem um volume de carne bovina bastante inferior ao da China, maior cliente do Brasil, a associação estima que as perdas com o tarifaço para o setor podem chegar a US$ 1 bilhão em 2025.
As exportações para os EUA, que foram recordes no início do ano, começaram a cair a partir de maio, na comparação mensal, já impactadas pela sobretaxa de 10%, que começou a valer no mês anterior.
Mesmo assim, as vendas totais de carne brasileira para o exterior bateram recorde em julho, segundo a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo).
Raio X: veja dados da exportação de carne bovina brasileira
Arte / g1
Tarifaço do Trump: agro quer mais detalhes e agilidade na aplicação de medidas de socorro a exportadores
Governo Federal anuncia socorro aos exportadores prejudicados pelo tarifaço americano
O agro quer mais detalhes e agilidade do governo federal na aplicação das medidas de socorro a empresas afetadas pelo tarifaço de 50% que os EUA impuseram aos produtos brasileiros.
O governo anunciou o pacote na quarta-feira (13), mas grandes entidades, como a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) e a Associação Brasileira Agronegócio (Abag), não se manifestaram até esta sexta-feira (15).
A assessoria de imprensa da Abag disse que isso se deve à “complexidade das medidas que ainda serão definidas pelo governo”.
Apenas os exportadores de frutas divulgaram nota no dia do anúncio. Associações de café, mel, frutas e pescados se manifestaram um dia depois, mas ainda têm com dúvidas sobre:
quais serão as taxas de juros e os prazos de pagamento da linha de crédito de R$ 30 bilhões;
se o crédito poderá ser usado para pagar empréstimos já contratados, como o adiantamento de contrato de câmbio, em que o exportador recebe recursos antes do embarque das mercadorias;
se os benefícios tributários irão valer apenas para as vendas aos EUA, ou para todos os países.
Apesar da urgência do setor, a implementação das medidas não deve ser rápida. Parte delas depende da publicação de 20 atos normativos para terem efeito prático, e o governo ainda não deu prazo para isso acontecer.
É o caso da linha de crédito de R$ 30 bilhões. Em resposta ao g1, o Ministério da Fazenda disse que as condições do empréstimo ainda estão sendo definidas e que precisam ser aprovadas pelo Conselho Monetário Nacional (CNM).
Abaixo, veja o que associações de café, frutas e mel pensam sobre o pacote.
Café ☕
Dentre as medidas anunciadas, o Reintegra é uma das que têm potencial para ajudar o setor, afirma o diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics), Aguinaldo Lima.
Este é um programa que devolve para o exportador parte dos impostos pagos ao longo da produção. Para grandes e médias empresas, essa devolução será de 3,1% do valor da venda, enquanto para as micro e pequenas, de 6%.
➡️Por exemplo, se um grande exportador faz uma venda de R$ 100 mil, ele recebe de volta 3% desse montante.
Mas Lima diz que essa medida só ajudará o setor se for aplicada nas exportações de café para todos os países, e não somente para os EUA, algo que o governo ainda não esclareceu.
"Nosso café vai ficar 50% mais caro nos EUA. Se eu recebo 3% de volta, significa que eu vou poder reduzir meu preço de venda para os EUA em 3%. Isso é bom, mas não compensa todas as perdas que eu terei naquele mercado", comenta Lima.
"Agora, se eu consigo diminuir meu preço em 3% para todos os países, eu me torno mais competitivo em outros mercados, e consigo compensar o que eu eventualmente perder para os EUA", acrescenta.
De qualquer forma, Lima destaca que a demanda principal é incluir o café na lista de isenção de tarifas dos EUA. O país é hoje o maior comprador de café solúvel brasileiro, respondendo por 20% de todas as exportações nacionais do setor.
Outra demanda da Abics é esclarecer se a linha de crédito de R$ 30 bilhões será destinada aos Adiantamentos de Contrato de Câmbio (ACC), modalidade de empréstimo bastante utilizada pelo setor, que permite aos exportadores antecipar recursos antes do embarque das mercadorias.
O diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Marcos Matos, disse que, em relação à linha de crédito, é preciso ter um detalhamento dos limites por empresa e das taxas de juros.
Plano de socorro do governo a empresas afetadas pelo tarifaço de Trump.
Arte/g1
Frutas 🥭
A Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas (Abrafrutas) disse, em nota, que o anúncio do governo federal foi um avanço, e que algumas das medidas anunciadas, como o drawback e o adiamento de tributos, atenderam a pleitos do setor.
Além disso, a entidade diz que a compra pública de frutas pode minimizar parte das perdas.
No entanto, afirmam que o pacote não alcança todos os produtores.
"O pequeno agricultor, que comercializa sua produção para empresas exportadoras, corre o risco de ficar desamparado neste plano, uma vez que os instrumentos anunciados priorizam diretamente o exportador direto", disse a associação.
"Sem medidas que cheguem efetivamente à base da produção, há risco de retração nas compras e prejuízo à renda e à permanência desses produtores no campo", acrescenta.
Segundo a entidade, os pequenos agricultores representam a maior parte da fruticultura.
Mel 🐝
Já os produtores de mel estão preocupados com o tempo que as medidas levarão para chegar, de fato, às mãos dos exportadores, afirma Renato Azevedo, presidente da Associação Brasileira dos Exportadores de Mel (Abemel).
Ele explica que os exportadores fecharam contratos com empresas dos EUA para os próximos três, quatro meses, com um preço de venda já definido.
Com o tarifaço, esses contratos foram suspensos, e muitos exportadores estão agora com produtos estocados. Além disso, empresas americanas estão querendo diminuir o preço pago pelo mel.
"Isso causa um descompasso financeiro para as empresas, e as medidas precisam ser efetivadas a tempo para evitar esse problema", diz Azevedo.
Apesar disso, ele ressalta que o governo também contemplou pedidos do setor, e que a linha de crédito é uma das medidas que mais pode ajudá-los.
"As compras públicas podem ajudar em algumas regiões, como o Nordeste, que é um grande produtor de mel orgânico – quase 100% exportado e não tem um alto consumo interno", afirma Azevedo.
"Se não houver compras, o mel pode ser desvalorizado e ter seu preço reduzido ao de um mel convencional", acrescenta.
Pescados 🐟
O presidente executivo da Peixe BR, Francisco Medeiros, disse que as medidas são um importante avanço nas políticas de exportação.
"As principais expectativas, principalmente na questão de recursos e compra governamentais, ainda dependem de regularização", afirma
"Após esses regulamentos, poderemos avaliar a real oportunidade de ajuda que o programa possa nos trazer imediatamente, de forma emergencial", acrescenta.
O g1 procurou a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), mas a entidade não respondeu até a publicação dessa reportagem.
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São Paulo Innovation Week: capital paulista sediará conferência global de inovação e tecnologia em 2026
Rio Innovation Week 2025
Divulgação
A capital paulista será, pela primeira vez, sede de um dos maiores eventos de inovação e tecnologia do país. A primeira edição do São Paulo Innovation Week foi anunciada para maio de 2026 nesta sexta-feira (15), último dia da edição do Rio Innovation Week, no Pier Mauá.
O SPIW será realizado em parceria entre a Base — organizadora do Rio Innovation Week — e o Estadão. A expectativa é atrair cerca de 30 mil visitantes por dia.
📱Baixe o app do g1 para ver notícias do RJ em tempo real e de graça
Os palcos principais ficarão no Mercado Livre Arena Pacaembu e na Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), mas a programação também vai se espalhar por equipamentos culturais na periferia da cidade. Os locais ainda vão ser definidos.
A programação terá como base as principais trilhas da economia e prevê: 24 conferências, mais de 1,5 mil palestrantes, 1 mil startups e 150 expositores, em uma área de 50 mil m².
“A expansão para São Paulo é um caminho natural depois de cinco edições muito bem-sucedidas no Rio de Janeiro. A São Paulo Innovation Week vai permitir aprofundar temas como finanças, agronegócio e empreendedorismo, que fazem parte do DNA da cidade e do estado", afirmou Jerônimo Vargas, cofundador e diretor-geral do evento.
Terceiro dia do Rio Innovation Week reúne tecnologia, inovação e histórias inspiradoras no Píer Mauá
O projeto prevê trilhas temáticas que vão da inteligência artificial ao agronegócio, passando por saúde global, moda digital, transição energética, esportes, mobilidade e varejo.
Segundo os organizadores, a conferência será uma oportunidade de oferecer ao público acesso antecipado a ideias e tendências que impactam o mercado e a sociedade.
A programação também incluirá eventos paralelos gratuitos na periferia, com painéis de jovens empreendedores locais e encontros sobre transformação digital e cultural.
A novidade paulista não significa o fim do evento carioca de inovação, que em 2025 chegou a sua 5ª edição.
"O Rio continuará sendo a nossa casa, pois é onde a nossa história começou. Ter o evento nas duas maiores metrópoles do país vai potencializar oportunidades de negócios e conexões entre os participantes de ambas as cidades", afirmou Vargas.
Conferências previstas para o SPIW
Temáticas gerais:
Plenária SP Innovation Week
SPIW Talks
Temáticas segmentadas:
AI in Action
Agro Tech
Ciência para Todos (com Marcelo Gleiser)
Edutech
Fintech
Futuro (Mercado de Trabalho)
Geopolítica e Geoeconomia
Global Health
E-Gov
Humanare – DHO
Luxo Contemporâneo
Moda e Beleza Digital
Nova Mobilidade
Open Innovation
Real State Tech
Retail Talks
Sports Tech Revolution
Sociedade 5.0
SP Creative Mind
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Desemprego cai em 18 estados brasileiros no 2º trimestre de 2025, diz IBGE
Jovens negras são mais afetadas pelo desemprego no Brasil
A taxa de desemprego caiu em 18 estados brasileiros no segundo trimestre de 2025, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua Trimestral, divulgada nesta sexta-feira (15) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Nas outras nove unidades da federação (UFs), o índice ficou estável, com oscilações menos expressivas na comparação com o primeiro trimestre do ano. Veja abaixo.
Tiveram queda na taxa de desemprego: Santa Catarina (SC), Goiás (GO), Espírito Santo (ES), Rio Grande do Sul (RS), Mato Grosso do Sul (MS), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Ceará (CE), Maranhão (MA), Alagoas (AL), Amapá (AP), Piauí (PI), Paraíba (PB), Minas Gerais (MG), Pará (PA), Bahia (BA), Amazonas (AM), Rio Grande do Norte (RN)
Tiveram estabilidade: Pernambuco (PE), Distrito Federal (DF), Sergipe (SE), Acre (AC), Roraima (RR), Tocantins (TO), Paraná (PR), Mato Grosso (MT), Rondônia (RO)
As maiores taxas foram de Pernambuco (10,4%), Bahia (9,1%) e Distrito Federal (8,7%) e as menores, de Santa Catarina (2,2%), Rondônia (2,3%) e Mato Grosso (2,8%).
De acordo com o IBGE, a média geral de desemprego no Brasil foi de 5,8%, uma queda em relação ao primeiro trimestre, quando a taxa era de 7%. Este é também o menor índice registrado para o período desde que o IBGE passou a calcular o indicador, em 2012.
🔎 O IBGE considera desocupadas as pessoas que não têm trabalho, mas estão ativamente procurando uma oportunidade, mesmo critério usado em padrões internacionais.
"O primeiro trimestre mostrou que o mercado conseguia absorver grande parte da mão de obra temporária. Agora, os dados do segundo trimestre confirmam que o mercado continua resistente a pioras, indicando um cenário positivo", afirma William Araújo, pesquisador do IBGE.
Segundo ele, isso explica o aumento do emprego formal e a redução da informalidade no país.
INFOGRÁFICO - Taxa de desemprego em 27 estados da federação
Arte/g1
Menor escolaridade concentra maior taxa de desemprego
A pesquisa do IBGE divulgada nesta sexta-feira também compara os níveis de desemprego segundo gênero, cor ou raça e nível de escolaridade.
Na série histórica, o desemprego foi mais alto entre quem não concluiu o ensino médio, chegando a 22,7% no 2º trimestre de 2021.
No segundo trimestre de 2025, a taxa de desocupação foi de 4,8% entre os homens e 6,9% entre as mulheres.
Por cor ou raça, o índice ficou abaixo da média nacional entre os brancos (4,8%) e acima entre pretos (7,0%) e pardos (6,4%).
Entre quem tem nível superior incompleto, a taxa alcançou 5,9%, quase o dobro da observada entre os que concluíram o nível superior (3,2%).
Redução no tempo de busca por emprego
No segundo trimestre de 2025, menos pessoas estavam desempregadas em todas as categorias de tempo que elas levam para procurar trabalho, se comparado ao mesmo período de 2024.
Algumas faixas de tempo registraram os menores números já vistos para um segundo trimestre desde 2012, mostrando melhora histórica no mercado de trabalho.
As exceções foram:
Pessoas que procuram emprego há menos de um mês: o número caiu, mas o menor registro anterior havia sido em 2016.
Pessoas que buscam trabalho há 2 anos ou mais: ainda eram 1,3 milhão, mas esse número caiu 23,6% em relação ao mesmo período de 2024.
Maranhão registra a maior proporção de desalentados e informais; Santa Catarina, a menor
O percentual de desalentados — pessoas que gostariam de trabalhar, mas desistiram de procurar emprego — no país chegou a 2,5% no segundo trimestre de 2025.
Maranhão (9,3%), Piauí (7,1%) e Alagoas (6,9%) apresentaram os maiores percentuais, enquanto os menores foram registrados em Santa Catarina (0,3%) e Mato Grosso do Sul (0,8%). Em seguida, vinham Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Rio Grande do Sul e São Paulo (todos com 0,9%).
Já a taxa de informalidade, ou seja, trabalhadores sem carteira assinada, foi de 37,8% da população ocupada no país.
As maiores taxas ficaram com Maranhão (56,2%), Pará (55,9%) e Bahia (52,3%) e as menores, com Santa Catarina (24,7%), Distrito Federal (28,4%) e São Paulo (29,2%).
Segundo William Araújo, Santa Catarina, onde os índices eram os menores, é a unidade da federação com a maior participação na indústria, com 23% da população ocupada no setor, o maior percentual do país.
Santa Catarina tem taxa de desemprego abaixo da média nacional.
Foto: Roberto Zacarias/SECOM
Dólar fecha a semana a R$ 5,39, à espera de encontro entre Trump e Putin; Ibovespa recua
Trump e Putin se encontram nesta sexta (15).
O dólar fechou em queda de 0,35% nesta sexta-feira (15), cotado a R$ 5,3983. O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, teve leve queda de 0,01%, aos 136.341 pontos.
O principal assunto do dia é o aguardado encontro entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com o presidente russo, Vladimir Putin , no Alasca. Eles discutem um possível acordo de cessar-fogo na Ucrânia, mas a Casa Branca não descarta uma segunda cúpula que envolva o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.
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▶️ No Brasil, investidores seguem atentos aos efeitos da tarifa de 50% imposta pelos EUA sobre produtos brasileiros.
Ontem, Trump criticou o Brasil, chamando o país de “péssimo parceiro comercial”. Além disso, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, disse esperar novas tarifas e possíveis sanções a autoridades brasileiras.
Os EUA também cancelaram o visto da esposa e da filha de 10 anos de Alexandre de Padilha, ministro da Saúde do governo Lula (PT). Ambas estão no Brasil. Padilha não foi afetado porque seu visto está vencido desde 2024.
O governo dos EUA afirma que o Programa Mais Médicos, criado por Padilha no primeiro governo Dilma Rousseff (2011 a 2014), representou um “golpe diplomático”.
▶️ Enquanto isso, o presidente da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), Cristiano Zanin, marcou para 2 de setembro a primeira sessão de julgamento da ação penal sobre a tentativa de golpe de Estado.
Serão julgados o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus do chamado núcleo crucial do golpe, formado por aqueles considerados os principais integrantes da suposta organização criminosa denunciada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
▶️ Na bolsa, investidores reagem ao balanço do segundo trimestre do Banco do Brasil. O lucro líquido do banco foi de R$ 3,8 bilhões, queda de 60% em relação ao mesmo período do ano anterior e abaixo das expectativas do mercado.
▶️ O IBGE divulgou a PNAD Contínua trimestral, que mostrou queda na taxa de desemprego em 18 estados brasileiros no segundo trimestre.
🔎 A PNAD Contínua é uma pesquisa domiciliar que acompanha a evolução da força de trabalho e outras informações socioeconômicas, apresentando dados trimestrais sobre a população ocupada e desocupada, além de indicadores anuais sobre temas como educação, trabalho infantil e outros assuntos relevantes.
Veja a seguir como esses fatores influenciam o mercado.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
💲Dólar
a
Acumulado da semana: -0,69%;
Acumulado do mês: -3,62%;
Acumulado do ano: -12,64%.
📈Ibovespa
Acumulado da semana: +0,31%;
Acumulado do mês: +2,46%;
Acumulado do ano: +13,35%.
Trump critica o Brasil
Na quinta-feira, o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que o Brasil é um "péssimo parceiro comercial". Ao ser questionado sobre as tarifas aplicadas a países da América Latina e à aproximação deles com a China, principalmente após a medida, Trump afirmou que não está preocupado.
No entanto, ele não poupou críticas ao Brasil:
"O Brasil tem sido um péssimo parceiro comercial em termos de tarifas — como você sabe, eles nos cobram tarifas enormes, muito, muito maiores do que as que nós cobramos, e, basicamente, nós nem estávamos cobrando nada”, disse Trump.
Apesar disso, dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) mostram que o país tem déficit na relação comercial com os Estados Unidos desde 2009. Em 2024, considerando produtos e serviços, o déficit foi superior a US$ 28 bilhões.
O presidente americano também voltou a defender Bolsonaro, afirmando que “o Brasil tem algumas leis muito ruins acontecendo”.
Falando no ex-presidente brasileiro, o seu filho Eduardo Bolsonaro, deputado federal licenciado, disse ontem à Reuters que, após reuniões com autoridades norte-americanas, não vê como o Brasil negociar a redução da tarifa de 50% imposta pelo governo Trump sem que haja “concessões” do Supremo.
Encontro com Putin
Donald Trump e Vladimir Putin, presidente da Rússia, voltarão a ficar cara a cara nesta sexta-feira (15) — em um encontro com potencial de "selar a paz mundial", como disse esperar Putin.
A reunião, que ocorrerá a partir das 16h pelo horário de Brasília em uma base militar do Alasca que já foi usada para espionagem à ex-União Soviética — em território norte-americano, portanto — não terá a presença do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.
Segundo a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, a exclusão de Zelensky ocorreu porque partiu de Putin a ideia do encontro com Trump.
Embora tenham trocado críticas e ameaças nos últimos meses, tanto Trump como Putin sinalizaram, na véspera da reunião, estar esperançosos que será um bom encontro.
Indicadores econômicos dos EUA no radar
Esta sexta-feira é marcada pela divulgação de indicadores econômicos nos EUA, que devem orientar as expectativas dos investidores sobre as pressões inflacionárias no país.
O dia começou com a divulgação das vendas no varejo em julho, que cresceram 0,5% no mês passado, após alta revisada para 0,9% em junho. Parte desse aumento pode estar relacionada a elevação de preços impulsionada por tarifas, e não necessariamente ao aumento do volume vendido.
A previsão de economistas ouvidos pela Reuters era de avanço de 0,5%, após um aumento de 0,6%.
Em seguida, o Escritório de Estatísticas do Trabalho do Departamento do Trabalho informou que os preços de importados, excluídas as tarifas, subiram 0,4% no mês passado, após queda revisada para 0,1% em junho.
Economistas previam estabilidade nos preços de importados, após avanço de 0,1%.
Em seguida, a Pesquisa de Consumidores da Universidade de Michigan mostrou que o Índice de Confiança do Consumidor caiu para 58,6 neste mês, ante 61,7 em julho.
Economistas consultados pela Reuters esperavam que o índice subisse levemente para 62.
Balanço do Banco do Brasil decepciona
Ontem, o Banco do Brasil divulgou seus resultados financeiros do 2º trimestre. No período, a estatal registrou lucro líquido ajustado de R$ 3,784 bilhões.
O resultado representa queda de 60% em relação ao mesmo período do ano passado e também ficou abaixo da previsão do mercado, que estimava cerca de R$ 5 bilhões para o trimestre.
Como o balanço foi divulgado após o fechamento da bolsa, os resultados foram avaliados pelos investidores no pregão desta sexta-feira.
Com a queda no lucro, a revisão para baixo do payout (percentual do lucro distribuído aos acionistas como dividendos) e a ausência de anúncio de dividendos, as ações chegaram a cair mais de 2% na abertura do mercado.
Ao fim do dia, subiram 4%, após terem operado em leilão pela manhã (quando uma ação sai do pregão por um curto período, sem deixar de ser negociada).
Desemprego cai no Brasil
A taxa de desemprego caiu em 18 estados brasileiros no segundo trimestre de 2025, segundo a PNAD Contínua Trimestral, divulgada nesta sexta-feira (15) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A média nacional do desemprego foi de 5,8%, queda em relação ao primeiro trimestre, quando a taxa foi de 7%. O resultado é o menor para o período desde que o IBGE iniciou o cálculo do índice, em 2012.
Tiveram queda na taxa de desemprego: Santa Catarina (SC), Goiás (GO), Espírito Santo (ES), Rio Grande do Sul (RS), Mato Grosso do Sul (MS), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Ceará (CE), Maranhão (MA), Alagoas (AL), Amapá (AP), Piauí (PI), Paraíba (PB), Minas Gerais (MG), Pará (PA), Bahia (BA), Amazonas (AM), Rio Grande do Norte (RN);
Tiveram estabilidade: Pernambuco (PE), Distrito Federal (DF), Sergipe (SE), Acre (AC), Roraima (RR), Tocantins (TO), Paraná (PR), Mato Grosso (MT), Rondônia (RO).
Bolsas globais
Em Nova York, o índice Dow Jones fechou em alta após atingir um recorde nesta sexta-feira, com um salto das ações da UnitedHealth depois que a Berkshire Hathaway aumentou sua participação na seguradora de saúde. Os outros índices de Wall Street caíram, com os dados mistos da economia.
De acordo com dados preliminares, o S&P 500 perdeu 0,29%, para 6.449,68 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq caiu 0,40%, para 21.626,68 pontos. O Dow Jones subiu 0,10%, para 44.955,09 pontos.
Na Europa, investidores reagem aos balanços trimestrais das empresas e mantêm a expectativa em relação ao encontro entre Trump e Putin, que pode avançar em um acordo de paz para a Ucrânia.
O índice pan-europeu STOXX 600 teve leve queda de 0,06%, a 553,56 pontos, depois de atingir o maior nível em quase cinco meses mais cedo.
Na Ásia, as ações da China subiram e registraram o maior ganho semanal em nove meses. No fechamento, o índice de Xangai avançou 0,83%, enquanto o CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, subiu 0,7%.
Por outro lado, o índice Hang Seng, de Hong Kong, caiu 0,98%. Já o Nikkei, da bolsa do Japão, avançou 1,71%, para 43.378 pontos.
Dólar vive disparada nos últimos dias
Cris Faga/Dragonfly/Estadão Conteúdo
*Com informações da agência de notícias Reuters
Por que consumidores na América Latina têm comprado menos Coca-Cola e Pepsi no supermercado
Inflação cai em julho
Os mexicanos estão entre os povos que mais bebem refrigerante no mundo. Em média, quase 270,9 litros por domicílio por ano, contra 76,6 litros no Brasil, 114 litros no Reino Unido e 40 em Portugal, segundo os números da empresa de pesquisa Worldpanel by Numerator.
Tem gente que toma em todas as refeições, inclusive no café-da-manhã, conta Marcela Botana, que há muitos anos pesquisa os hábitos de consumo dos latino-americanos.
As marcas mais consumidas são, de longe, Coca-Cola e Pepsi — especialmente a primeira, que chega a mais de 90% dos lares do país.
Mas mesmo no México as duas marcas americanas vêm enfrentando uma dupla concorrência que tem reduzido a frequência com que vêm sendo compradas em supermercados na América Latina, Brasil incluído.
De um lado, está a percepção de que os refrigerantes não são saudáveis e, de outro, a emergência de marcas locais.
A dinâmica foi observada no conjunto de 15 países da região acompanhados pela pesquisa Brand Footprint América Latina, que analisa o comportamento de consumo no varejo dos moradores da região em relação a marcas globais. O relatório de 2025 foi adiantado com exclusividade à BBC News Brasil.
Consumo na América Latina é bastante sensível a preços, diz especialista
Getty Images via BBC
Colombiana, Pritty, Itubaína
A categoria de refrigerantes foi a que mais perdeu alcance em 2024, de acordo com a medida usada pela pesquisa, os Consumer Reach Points, ou CRP (pontos de alcance do consumidor, em tradução literal), que medem quantas vezes as marcas são escolhidas nas gôndolas pelos consumidores.
Acompanhando os gastos mensais de milhares de famílias, a análise olha para categorias como alimentos, bebidas e produtos de higiene pessoal (o grupo que no jargão do setor é conhecido pela sigla FMCG, de "fast-moving consumer goods", ou "bens de consumo de rápida movimentação", em tradução literal).
A queda foi puxada pelas duas marcas que dominam o mercado, a Cola-Cola, com redução de 4,7% em relação ao ano anterior, e a Pepsi, de 4,9%.
Uma das razões identificadas para o movimento é uma dinâmica recorrente quando se trata de América Latina: aumento de preços.
A trajetória de alta da inflação no último ano, especialmente de alimentos, reduziu o poder de compra de muitas famílias e as obrigou a fazer escolhas que acabaram diminuindo a frequência com que escolhiam as marcas no supermercado.
"Na América Latina, a gente sabe lidar com essa questão [da inflação]. O consumidor equilibra", comenta Botana.
Uma das consequências dessa busca por equilíbrio financeiro foi o aumento do consumo de marcas locais, que geralmente são mais baratas.
Caso da Red Cola no México, da Cunnington e da Pritty na Argentina, da Colombiana na Colômbia e do Itubaína no Brasil. A marca brasileira, que hoje pertence ao Grupo Heineken, registrou o maior aumento de CRP em relação ao ano anterior, de mais de 50%.
Botana destaca que a chance de entrar na casa das pessoas é uma oportunidade para as marcas menores tentarem ser mais conhecidas — um movimento bastante difícil num mercado dominado por duas grandes multinacionais.
"A partir do momento em que essas marcas começam a ser repetidas [compradas mais de uma vez], elas passam a atrair mais consumidores. É uma construção de relevância pra elas", destaca a especialista, emendando que o levantamento não observou um movimento de rejeição a essas marcas menores, com compras isoladas que não se repetiram.
Lei de rotulagem para produtos ultraprocessados ganhou fôlego na região
Getty Images via BBC
'Alto em açúcar adicionado'
Em paralelo à motivação econômica, a análise identificou outra força impulsionando a redução de frequência no consumo de Coca e Pepsi, a ideia de que refrigerantes fazem mal à saúde.
Em um levantamento recente da Worldpanel by Numerator, 89% dos latino-americanos declararam enxergar bebidas açucaradas como negativas e 38% disseram querer diminuir o consumo de refrigerantes em algum momento nos três meses seguintes.
Em entrevista recente à BBC News Brasil, a nutricionista do programa de Alimentação Saudável e Sustentável do Instituto de Defesa de Consumidores (Idec), Mariana Ribeiro, ressaltou que os consumidores brasileiros estão cada vez mais interessados em verificar o que de fato estão consumindo e se informar sobre o rótulo dos produtos.
Em 2022, o país tornou obrigatória a inclusão de selos de alerta sobre o conteúdo nutricional de alimentos industrializados, chamando atenção para aqueles que têm alto teor de sal, gordura saturada e açúcar adicionado.
A medida se encaixa em uma tendência mais ampla que nos últimos anos tem ganhado espaço em diversos países da América Latina.
O Equador foi o primeiro, em 2014, com o "semáforo nutricional", que destaca em vermelho ingredientes de baixo teor nutricional que existam em grande quantidade, em amarelo em média e verde, pequena (por exemplo: alimento alto em açúcar e baixo em sal).
O Chile veio na sequência, com implementação entre 2016 e 2019, depois Peru (2019 a 2021), Argentina (2021), Brasil e Colômbia (2022) e México (2020 a 2025).
No momento, outros cinco países da região têm projetos de implementação da lei: República Dominicana, Guatemala, El Salvador, Costa Rica e Panamá.
Botana diz que a medida deixou os consumidores muito mais atentos sobre o que ingerem.
Os números acompanhados pela Worldpanel, segundo ela, não indicam que as pessoas deixaram de consumir os produtos que ganharam rótulos negativos, mas apontam que, em muitas ocasiões, elas reduziram a frequência com que os levam pra casa.
Foi o que aconteceu com os refrigerantes. Enquanto isso, vem crescendo a frequência de consumo de produtos vistos como mais saudáveis pelos consumidores, como água natural engarrafada e isotônicos.
A especialista destaca que, apesar do cenário, Coca-Cola e Pepsi ainda têm grande popularidade na América Latina.
Mesmo com a retração, a Coca ainda ficou em primeiro lugar no ranking da Brand Footprint na América Latina, posição que sustenta de forma praticamente ininterrupta nos mais de dez anos em que a pesquisa vem sendo realizada.
Ela foi a marca mais escolhida pelos consumidores na região em 2024, com maior número de Consumer Reach Points. A Pepsi ficou em terceiro.
"Essas marcas 'principais' realmente ocupam espaço, a gente está falando de outro patamar de alcance. O poder que elas têm pra se recuperar é gigantesco", pontua Botana.
Nesse sentido, ambas têm buscado se adaptar às mudanças no cenário de consumo lançando bebidas "zero açúcar", produtos em embalagens menores e até retornáveis, nesse último caso em um aceno à sustentabilidade.
A reportagem procurou as duas empresas para que se manifestassem sobre o relatório caso desejassem. A Coca-Cola não retornou o contato e a Pepsi respondeu que preferia não comentar.
Antiamericanismo?
A reportagem questionou a especialista sobre a possibilidade de que a redução na frequência de consumo das duas marcas pudesse também estar ligada a uma reação dos consumidores às tarifas impostas pela gestão de Donald Trump a diversos países e à retórica por vezes considerada hostil do presidente americano em relação ao restante do mundo.
Botana afirmou que há alguns meses a Worldpanel tem investigado essa possibilidade em um conjunto de 10 marcas globais que consideram ser as mais associadas aos EUA, avaliando o comportamento de consumidores em todo o mundo.
No momento, conforme os resultados parciais, já é possível verificar uma correlação entre redução de consumo e uma espécie de boicote entre países como Dinamarca, Finlândia, Noruega e Suécia. Na América Latina, contudo, esse movimento não tem sido observado.
"Nos países nórdicos a gente viu de fato isso acontecendo bem rapidamente, com algumas quedas de penetração já mais marcadas", ressalta Botana.
"A gente não esperava nenhuma grande mudança na América Latina, porque a questão do preço aqui é muito importante", ela acrescenta, referindo-se ao fato de que os consumidores elegem algumas categorias de produtos, como refrigerantes, por exemplo, por razões financeiras, para evitar opções mais caras.
Por que consumidores na América Latina têm comprado menos Coca-Cola e Pepsi no supermercado
Getty Images via BBC
Entenda por que Azul diz que corte de até 30 aeronaves não afeta operações da companhia
Azul se vê 'mais leve' e projeta saída de processo de recuperação judicial
A Azul defende que a devolução de até 30 aeronaves, uma das ações dentro do processo de recuperação judicial nos Estados Unidos, não vai afetar a capacidade operacional da companhia. Segundo o CEO John Rodgerson, a medida envolve o corte de aviões que estão fora de operação, que geram custos em vez de receitas.
Com a empresa "mais leve", pela redução de custos dessas aeronaves em solo, e a otimização da frota em rotas mais lucrativas, a Azul projeta aumento das receitas - no 2º trimestre, registrou alta de 18% na comparação com o mesmo período de 2024.
"Muitas dessas aeronaves já estavam paradas, e estavámos pagando aluguel por aeronaves que não iam voar mais. O processo do Chapter 11 vai permitir tirar a obrigação de pagar aluguel por uma aeronave que não está gerando mais receita. Isso vai deixar a Azul mais leve. Não vamos ficar menor, vamos ficar onde estamos, e crescer um pouco mais modesto daqui para frente. Todas as obrigações vão sair do nosso balanço e deixar a gente mais leve daqui para a frente", defendeu o CEO.
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Essa otimização passa, por exemplo, pelo encerramento de voos em destinos com pouca demanda. Ao longo do ano, a Azul fechou operações em 14 cidades brasileiras que que representavam 0,3% da receita líquida - veja lista abaixo.
Crateús(CE)
São Benedito(CE)
Sobral (CE)
Iguatú (CE)
Campos (RJ);
Correia Pinto (SC)
Jaguaruna (SC)
Mossoró (RN)
São Raimundo Nonato (PI)
Parnaíba (PI)
Rio Verde (GO)
Barreirinhas (MA)
Três Lagoas (MS)
Ponta Grossa (PR)
A companhia defende que vai focar em rotas com maior demanda partindo de hubs como Campinas (SP), Confins (MG), Recife (PE) e Porto Alegre (RS), por exemplo.
Um dos aumentos de demanda apontados no resultado financeiro positivo da companhia envolve os voos internacionais. A oferta de assentos nas operações entre Brasil e Estados Unidos pela Azul, por exemplo, cresceu 52% entre janeiro e julho, na comparação com o mesmo período do ano passado.
Oferta de voos/2025: 1.114
Oferta de assentos/2025: 279.545
Oferta de voos/2024: 736
Oferta de assentos/2024: 183.841
Recuperação judicial
Após a sétima audiência do processo do Capítulo 11 da Lei de Falências, nos Estados Unidos, a Azul prevê apresentar em setembro o plano de reestruturação completo, com a expectativa de deixar o processo de recuperação judicial até dezembro.
"Recuperação judicial é para tirar aquele peso do passado dos nossos ombros. Para tirar aquelas aeronaves que não estão operando, e para tornar a Azul uma empresa mais eficiente. Tirando aquela dívida que nós pegamos em 2020 e 2021, quando não tivemos nenhum aporte governamental, como outras empresas aéreas em outros locais do mundo tiveram. Nós estamos tirando aquela dívida para andar muito mais leve", disse Rodgerson.
Assim, entre as ações já estabelecidas no processo estão a devolução de aeronaves: 12 já foram concretizadas, e o número pode chegar a 30.
Redução de frota? Entenda o que prevê Azul no plano de recuperação judicial nos EUA
A Azul projeta que a redução da frota total ao fim do processo será menor que o corte dessas aeronaves fora de operação, pois haverá chegada de novos aviões.
Atualmente são 180 aeronaves, e a projeção é que após o processo de recuperação, a companhia opere com 20 a menos.
Companhia aérea azul voos Araxá e Patos de Minas
Azul/Divulgação
Recuperação judicial
A recuperação judicial da empresa, aprovada na Justiça dos Estados Unidos na primeira audiência do processo, em 29 de maio, prevê um financiamento de US$ 1,6 bilhão para eliminar a dívida.
Segundo a empresa, a intenção é manter todos os seus ativos, podendo continuar com a operação, negociar um possível adiamento de suas dívidas e, com aprovação judicial, conseguir um novo empréstimo.
O que está por trás da suspensão? g1 entrevista CEO, que revela corte de custos
"Parte desse capital será usada para comprar uma parte da dívida e parte para custear a operação da empresa durante esse período", disse, após a primeira audiência, o vice-presidente da institucional da Azul, Fábio Campos.
Nesta quinta (14), Fábio Campos explicou que até o momento não houve qualquer objeção da justiça e dos credores dentro das ações apresentadas pela companhia em sete audiências, e que tudo ocorre dentro do cronograma estimado.
A apresentação do plano estutural completo, em setembro, marca, segundo Fábio, o começo da caminhada para a saída da recuperação judicial nos Estados Unidos, com a expectativa pelo encerramento do processo em dezembro.
Azul anuncia suspensão de operações em 12 cidades brasileiras; oito são do Nordeste
VÍDEOS: Tudo sobre Campinas e Região
Veja mais notícias sobre a região na página do g1 Campinas.
Prefeitura de SP fará ação nas ruas do Brás nesta sexta para mapear vagas em lojas e intermediar contratações
Anúncios de vagas de emprego no Brás e no Bom Retiro
Alobrás/Paola Patriarca/g1
A Prefeitura de São Paulo fará nesta sexta-feira (15) uma ação nas ruas do Brás para identificar e cadastrar vagas de emprego oferecidas por lojistas da região.
A medida faz parte de uma parceria com a Associação de Lojistas do Brás (Alobrás) com o Centro de Apoio ao Trabalho e Empreendedorismo (Cate) para tentar reduzir o déficit de cerca de 10 mil postos abertos no comércio local.
O g1 mostrou no dia 7 de agosto que placas com anúncios de vagas de emprego estão tomando conta das vitrines de lojas no Brás e na Rua José Paulino, no Bom Retiro, tradicionais comércios populares. Lojistas relataram dificuldade para contratar funcionários (leia mais abaixo).
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Conforme a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, equipes do Cate irão percorrer nesta sexta, a partir das 10h, as ruas Oriente, Miller e Casemiro de Abreu para apresentar os serviços de intermediação de mão de obra da administração municipal e cadastrar as vagas disponíveis dos lojistas interessados.
Ainda conforme a pasta, outra ação com a Alobrás será o Contrata SP – Brás, que é um mutirão de empregabilidade. Ele está programado para ocorrer em setembro.
"Estimativas da entidade apontam que há por volta de 10 mil vagas de emprego no comércio local, nos mais variados perfis e em cargos operacionais como de vendas, administrativos, fabris, entre outros", enfatizou a secretaria em nota enviada ao g1.
Escassez de mão de obra
Lojistas do Brás e do Bom Retiro relatam dificuldade para contratar
De acordo com Lauro Pimenta, vice-presidente da Alobrás, as principais vagas são para vendedor, caixa, cortador, overloquista, repositor, área administrativa, mas há oportunidades até para gerentes.
“No mínimo 80% das lojas precisam de pelo menos uma pessoa. Queremos colocar um link do Cate dentro do site da Alobrás para ajudar a preencher essas vagas”, afirmou.
Ainda conforme Lauro, todos os lojistas da associação estão "em uma corrida antecipada". "Falta mesmo mão de obra. Se deixarmos para a época que sempre procurávamos, que é de setembro em diante, não vamos achar, porque, hoje, um autônomo se vê mais recompensado que um CLT. A escala 6x1 também afasta as pessoas mais novas."
Plaquinha permanente
Anúncios de vaga de emprego no Brás, Centro de SP
Lauro Pimenta/Alobrás
Heloilson de Castro do Canto Leite é comerciante há 31 anos e tem uma loja que vende bolsas, malas e sacolas no Brás. Ao g1, ele relatou que precisa de 10 funcionários.
“Faz mais de um ano que eu não tiro mais a placa da frente [da loja]. Sempre está precisando de embalador, principalmente jovens de 18 anos até 30 anos, além de funcionária para atendimento. Está todo mundo passando por essa dificuldade”, afirmou.
A comerciante Sandra Maria da Silva conta que tinha uma loja no Brás desde 2014, mas precisou fechar as portas em fevereiro deste ano por encontrar dificuldade em contratar mais pessoas e não conseguir se manter com apenas dois funcionários. Agora, ela vende as mercadorias através de plataformas on-line.
“O horário dos funcionários era das 4h às 13h, e o salário, de R$ 2.500. Atraía muita gente. Mas no máximo de 15 dias já pediam demissão. Chegavam atrasados, faltavam às segundas-feiras, deixavam a loja sozinha ou até dormiam”, relatou.
Sandra também afirma que, mesmo com o modelo on-line, a dificuldade de contratar funcionários persiste.
“Estou procurando alguém para ajudar na separação de pedidos, embalagem, impressão de etiquetas e emissão de notas fiscais. Mas é difícil por três motivos: muitos não sabem mexer no computador, mesmo com treinamento; outros desistem logo após o primeiro salário, às vezes trabalham só quatro dias; e há os que ficam, mas faltam às segundas e aos sábados”, explica.
Dunia Saed é comerciante há 16 anos no Brás e tem cerca de 30 vagas abertas em suas lojas. “Desde vendas, reposição, estoque e também na parte de atendimento digital, como e-commerce, SAC e marketing. Não encontramos mão de obra, nem qualificada e nem não qualificada”, ressalta.
E complementa: “Essas vagas ficam abertas o ano todo porque, na maioria dos casos, além da dificuldade de encontrar essas pessoas qualificadas para a vaga, a rotatividade de colaboradores está muito grande. Alguns deles nem sequer passam do período de experiência, e não é porque nossa empresa não quer registrar, eles mesmos não se adaptam à empresa e acabam saindo”.
Sete meses de procura
Anúncio de vaga na rua José Paulino, Bom Retiro
Paola Patriarca/g1
O g1 também esteve na Rua José Paulino e constatou que a situação é a mesma que no Brás. Mais de 40 lojas estão com anúncios nas vitrines para vagas de emprego — desde vendedor até gerente. Uma vendedora relatou que a loja em que trabalha ficou sete meses tentando contratar funcionários.
“Ninguém quer mais trabalhar aqui, e isso sobrecarrega quem ainda está, porque ficam poucas vendedoras atendendo as clientes que chegam do país todo”, afirmou a vendedora.
Segundo a Câmara de Dirigentes Lojistas do Bom Retiro, duas em cada três lojas estão com falta de mão de obra em vários setores. Uma representante ouvida pelo g1 e que preferiu não se identificar informou que a prefeitura ajuda, mas não se encontra quem queira trabalhar no comércio.
Em nota, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Trabalho informou que mantém diálogo com todos os setores que podem ajudar a gerar empregos e renda na cidade.
Segundo o comunicado, a pasta recebeu em 1º de agosto "representantes da Associação do Brás, e as equipes técnicas do Cate estão analisando as demandas da entidade para desenvolver ações conjuntas ainda neste ano. Essas ações visam facilitar a entrada de novos profissionais no mercado de trabalho. O Brás é conhecido pelo seu comércio vibrante, o que demanda uma mão de obra constante para atender a clientela de todo o país que frequenta esse importante polo de compras na capital".
O que causa a escassez no comércio popular?
Segundo Vivian Almeida, professora de economia do Ibmec, num cenário com baixas taxas de desemprego, a oferta de mão de obra tende a ser menor para postos que costumam pagar menos, que não exigem uma habilidade técnica específica ou têm alta rotatividade.
A taxa de desemprego no Brasil foi de 5,8% no segundo trimestre de 2025, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgada em 31 de julho pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O índice do trimestre encerrado em junho representa a menor taxa da série histórica iniciada em 2012.
"Se você primeiro ultrapassa a barreira de reduzir o desemprego e, com isso, atinge um público maior, mais pessoas ofertam a sua força de trabalho. As pessoas começam a ter a possibilidade de escolher os seus trabalhos. Para que ela troque aquela situação, ela precisa ter uma oferta melhor em termos de renda, que é basicamente o que a gente procura quando oferta a nossa força de trabalho", afirma.
Segundo o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de São Paulo, Mauricio Stainoff, a escassez de mão de obra atinge não só o chamado comércio popular, mas também diversos outros segmentos do comércio, como supermercados e shoppings, por exemplo.
"A rotatividade supera 30% dos empregos, o que dificulta e encarece o treinamento. O comércio é a porta de entrada para o mercado de trabalho, pois a exigência de qualificação é menor e os salários, especialmente os não comissionados, são mais baixos. A remuneração está diretamente relacionada à produtividade", afirmou.
"A produtividade brasileira, de forma geral, é baixa se comparada à de países mais desenvolvidos, pois está limitada pela baixa qualidade do nosso ensino e pelo alto custo da mão de obra, em que o trabalhador recebe apenas metade do custo total que representa para a empresa naquele posto de trabalho".
Ainda conforme Mauricio, é natural que o jovem troque de emprego ao conseguir uma colocação melhor. "Soma-se a isso o horário de trabalho, com jornadas que se estendem aos sábados e, em shoppings e supermercados, também aos domingos".
"Esse problema não é recente, porém se intensificou durante a pandemia. Muitos buscaram trabalhos ou empreendimentos informais, onde o horário é flexível e a remuneração é diretamente proporcional ao esforço, mesmo sem garantias trabalhistas", complementou.
Mais de 40 mil postos de trabalho formais em junho
O estado de São Paulo fechou junho com 40.089 novos postos formais, resultado de 678.491 admissões e 638.402 desligamentos. Os números são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), divulgado na segunda-feira (4) pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Conforme os dados, no acumulado do ano, São Paulo acumula 349.904 novos empregos formais entre janeiro e junho de 2025. Como comparação, em todo o ano de 2024, o estado paulista gerou 455.252 novos postos de trabalho com carteira assinada.
Em junho, São Paulo apresentou desempenho positivo nos cinco grandes grupamentos de atividades econômicas avaliados. O destaque foi o setor de serviços, que terminou o mês com saldo de 23.013 vagas.
Na sequência aparecem:
Comércio: 9.109
Agropecuária: 6.378
Construção: 947
Indústria: 642
A capital paulista foi o município paulista com melhor saldo em junho, com 16.859 novos postos. A cidade tem um estoque de 5 milhões de empregos formais.
Na sequência dos municípios com melhores desempenhos no estado aparecem: Barueri (3.634), Osasco (2.511), Guarulhos (1.903) e São José dos Campos (1.618).
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Visto de Padilha para os EUA está vencido há meses, diz ministro
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse nesta quinta-feira (14) ao blog que o seu visto para os Estados Unidos está vencido há vários meses. Padilha, que comandava a pasta em 2013, quando foi criado o Mais Médicos, afirmou que, por esse motivo, não poderia ter o visto cassado pelo governo americano. O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (13) a revogação dos vistos americanos de Mozart Júlio Tabosa Sales, secretário do Ministério da Saúde do Brasil, e Alberto Kleiman, um ex-funcionário do governo brasileiro. A decisão foi revelada pelo secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio. Ele disse que o programa Mais Médicos, em que o governo federal brasileiro contratou cubanos para conseguir preencher vagas no Sistema Único de Saúde (SUS), foi "um golpe diplomático inconcebível". Mais Médicos: o que é o programa e como foi a participação cubana no projeto Sanções e críticas dos EUA O anúncio das sanções foi acompanhado de uma postagem da embaixada americana em Brasília, atribuída à Agência para as Relações com o Hemisfério Ocidental. No texto, o Mais Médicos é descrito como "um golpe diplomático que explorou médicos cubanos, enriqueceu o regime cubano corrupto e foi acobertado por autoridades brasileiras e ex-funcionários da Opas". A publicação acrescenta: "Não restam dúvidas: os EUA continuarão responsabilizando todos os indivíduos ligados a esse esquema coercitivo de exportação de mão de obra". Criado no governo Dilma Rousseff e retomado no governo Luiz Inácio Lula da Silva, o programa tem como objetivo levar profissionais de saúde a regiões carentes, como o interior do país e periferias de grandes cidades. Parte dos médicos veio do exterior, especialmente de Cuba, por meio de uma cooperação com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Defesa do programa Após o anúncio, Padilha defendeu o Mais Médicos e disse que o programa “sobreviverá a ataques injustificáveis de quem quer que seja”. Segundo ele, “o programa salva-vidas e é aprovado por quem mais importa: a população brasileira”. O presidente Lula também saiu em defesa da iniciativa. Ele afirmou ser “importante” que os Estados Unidos saibam que a relação do Brasil com Cuba é de “respeito de um povo que é vítima de um bloqueio há 70 anos”. Ao se dirigir a Mozart Sales, atual secretário de Atenção Especializada do Ministério da Saúde e um dos atingidos pelas sanções, Lula disse: “Há muitos lugares para você conhecer dentro do Brasil”.
Caso Ultrafarma: o que é crédito de ICMS e como a reforma tributária pode ajudar a evitar corrupção
Dono da Ultrafarma é preso em operação em São Paulo
O dono da Ultrafarma, Sidney Oliveira, e o diretor estatutário da Fast Shop, Mario Otávio Gomes, foram presos nesta semana após o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) revelar um esquema bilionário de fraudes envolvendo créditos de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).
Segundo as investigações, Artur Gomes da Silva Neto, auditor fiscal de alto escalão da Secretaria da Fazenda de São Paulo (Sefaz-SP), atuava como o "cérebro" do esquema, que movimentou cerca de R$ 1 bilhão em propinas desde 2021.
Silva Neto é apontado pelo MP-SP como o responsável por manipular processos administrativos e facilitar o pagamento de créditos de ICMS para a Ultrafarma e a Fast Shop. Ele também foi preso.
Mas como funcionam os créditos de ICMS? E como a reforma tributária, que passa a vigorar integralmente em 2033, pode ajudar a coibir esse tipo de fraude?
O g1 conversou com especialistas para entender. Veja nos tópicos abaixo:
O que são os créditos de ICMS
Determinados setores podem acumular mais crédito
Como funciona a devolução dos valores
Morosidade e burocracia são principais desafios
De que maneira a reforma tributária pode ajudar a coibir fraudes
Como funcionava o esquema envolvendo Ultrafarma e Fast Shop
O que dizem as empresas envolvidas e a Sefaz-SP
O empresário Sidney Oliveira, dono da Ultrafarma, em imagem de 03/10/2013.
José Patrício/Estadão Conteúdo
O que são os créditos de ICMS
O crédito de ICMS é gerado quando uma empresa adquire produtos, mercadorias ou serviços ligados à sua atividade principal e paga o imposto nessas operações — por exemplo, uma fábrica de calçados que compra couro para confeccionar o produto final.
Esse imposto pago na aquisição da matéria-prima gera um crédito que pode ser usado para descontar o tributo devido pela empresa ao Estado na venda dos produtos.
🔎 Esse mecanismo é chamado de não cumulatividade. Na prática, significa que o ICMS pago na compra de insumos pode ser abatido do ICMS devido nas vendas. Se o imposto das vendas for maior que o crédito das compras, a empresa paga apenas a diferença ao Estado.
"Em tudo que eu adquiro para realizar minha atividade, e que tem relação com ela, eu posso tomar [o ICMS já pago] como crédito", explica Fabio Florentino, sócio da área tributária do Demarest.
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Determinados setores podem acumular mais crédito
Em algumas situações, as empresas acumulam mais créditos do que débitos, destaca Marcelo Moreno da Silveira, advogado do Juri Consultoria Empresarial.
"Dependendo do segmento ou da atividade da empresa, pode haver crédito na entrada superior ao débito apurado na saída. O saldo é transferido para uso posterior e se acumula mês a mês nos livros fiscais, gerando o saldo credor de ICMS", diz.
Isso pode acontecer, segundo tributaristas ouvidos pelo g1, em casos de empresas que atuam com:
Exportações. As vendas para o exterior, por serem isentas do imposto, não geram débito de ICMS. Na prática, a empresa obtém crédito na entrada (ao pagar ICMS na compra de insumos), mas não o utiliza na saída (na venda), resultando no acúmulo desse crédito.
Diferença de alíquotas. Isso também ocorre quando a alíquota de ICMS (tributo estadual) na entrada é maior que a aplicada na saída para outros estados. Um exemplo é uma empresa que compra um produto em São Paulo, com alíquota de 18%, e o vende para outro estado, onde a alíquota é menor, de 7%. Essa diferença gera acúmulo de crédito.
Substituição Tributária (ICMS-ST). Nessa modalidade, o imposto é recolhido antecipadamente, geralmente pelo fabricante ou importador, para cobrir todas as operações subsequentes até a venda ao consumidor final. Sem débito de ICMS a compensar, o crédito se acumula.
Fabio Florentino, do Demarest, afirma que o acúmulo de créditos de ICMS acontece com frequência no varejo — como os casos da Ultrafarma e da Fast Shop — por conta, principalmente, do processo de substituição tributária.
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Como funciona a devolução dos valores
Para recuperar os créditos acumulados mensalmente, as empresas precisam formalizar requerimentos à Secretaria da Fazenda do respectivo estado.
Marcelo Silveira, do Juri Consultoria Empresarial, explica que o processo é o seguinte:
Os contribuintes apuram o crédito acumulado de ICMS ao enviar arquivos digitais que comprovem suas operações.
A partir desse envio, inicia-se o processo administrativo.
"Esse processo é distribuído à Delegacia Regional Tributária, para início da fiscalização das operações da empresa no período. Após a validação das informações, o pedido é deferido pela Fazenda, que irá homologar o montante do crédito a que o contribuinte tem direito", explica Silveira.
Segundo informações do MP-SP, a fraude do auditor fiscal estadual no caso Ultrafarma e Fast Shop teria ocorrido, principalmente, na etapa do processo administrativo.
🔎 As investigações apontam que o auditor coletava a documentação, acelerava a aprovação dos pedidos para esse ressarcimento e garantia que eles não fossem revisados internamente. Em alguns casos, os valores liberados eram maiores que os devidos, e o prazo para pagamento, reduzido.
Fabio Florentino, do Demarest, explica que as principais formas de uso ou devolução do crédito são:
Recebimento direto do crédito em dinheiro pelo Fisco;
Autorização para transferência do crédito para outro contribuinte do mesmo estado, que pode utilizá-lo para abater seus próprios débitos de ICMS.
Edson Hideki, sócio da Revio, diz que essa transferência pode ser feita, por exemplo, a fornecedores ou clientes, para abater o valor de novas compras. Ele acrescenta que o pedido de ressarcimento em dinheiro é mais burocrático.
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Morosidade e burocracia são principais desafios
Morvan Meirelles Costa Junior, advogado e sócio do escritório Meirelles Costa Advogados, ressalta que o aproveitamento de créditos acumulados de ICMS é complexo, enfrenta morosidade na análise e exige extensa documentação.
"A complexidade pode, de fato, abrir margem para irregularidades e práticas de corrupção na liberação desses valores, tendo em vista, inclusive, o tempo que esses processos chegam a levar até a efetiva homologação do crédito de ICMS pleiteado — de até 2 anos", diz.
Segundo os tributaristas ouvidos pelo g1, essa lentidão faz com que muitos contribuintes, especialmente em São Paulo, não consigam utilizar os valores acumulados. O total pendente de utilização ou transferência pode chegar, hoje, a R$ 10 bilhões, estimam.
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De que maneira a reforma tributária pode ajudar a coibir fraudes
Os especialistas veem a reforma tributária como uma ferramenta promissora para reduzir a ocorrência de fraudes e agilizar a recuperação de créditos. A nova legislação foi promulgada pelo Congresso Nacional em 2023 e teve regulamentação aprovada em janeiro deste ano.
O texto estabelece, entre outros pontos, que cinco tributos serão substituídos por dois Impostos sobre Valor Agregado (IVAs) — um gerenciado pela União e outro com gestão compartilhada entre estados e municípios:
Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS): com gestão federal, vai unificar IPI, PIS e Cofins;
Imposto sobre Bens e Serviços (IBS): com gestão compartilhada estados e municípios, unificará ICMS (estadual) e ISS (municipal).
O ICMS será extinto definitivamente em 2033, quando se encerra o período de transição da reforma tributária e as novas regras passam a valer integralmente.
Fabio Florentino, do Demarest, cita ao menos três pontos da reforma tributária que poderão ajudar a coibir ou desincentivar fraudes.
Unificação e centralização da apuração: A extinção do ICMS (imposto estadual) e a criação do IBS irão unificar a legislação tributária em todo o país. Isso evitará diferenças de alíquotas entre estados e permitirá um controle mais eficiente sobre a geração de créditos tributários.
Prazos expressos para devolução: A Lei Complementar 214/2025, que regulamenta a reforma, estabelece prazos que variam de 60 a 180 dias para a devolução dos créditos. Atualmente, não há um prazo legal definido, o que contribui para a morosidade.
Comitê Gestor do IBS: O dinheiro dos impostos ficará em um comitê gestor, um órgão à parte das Secretarias da Fazenda dos estados. Isso pode desvincular a devolução dos créditos da necessidade de caixa dos estados, agilizando o processo.
Além disso, a reforma prevê automatização dos processos e o mecanismo de "split payment" (pagamento dividido), em que o imposto é retido automaticamente na transação e direcionado ao Fisco.
Edson Hideki, da Revio, destaca que isso "elimina a possibilidade de liberar crédito sem pagamento real".
Morvan Meirelles Costa Junior, do Meirelles Costa Advogados, destaca que a criação da CBS e do IBS trará uma revolução na recuperação de créditos fiscais ao adotar a "não cumulatividade plena".
Isso permitirá às empresas aproveitar créditos sobre "praticamente todos os bens e serviços utilizados em suas atividades", incluindo os de uso indireto, o que amplia significativamente a base de créditos recuperáveis comparado ao sistema atual de ICMS, diz.
Fabio Florentino, do Demarest, lembra que atualmente existem muitas discussões sobre quais produtos geram crédito dentro dos processos de uma empresa. Segundo ele, a nova legislação deve reduzir, inclusive, as controvérsias jurídicas sobre o tema.
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Como funcionava o esquema envolvendo Ultrafarma e Fast Shop
Segundo investigação, um auditor fiscal facilitava o processo de ressarcimento de créditos para favorecer empresas em troca de propinas de mais de R$ 1 bilhão.
Arte/g1
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O que dizem as empresas envolvidas e a Sefaz-SP
No dia da operação do MP-SP, Sidney Oliveira, dono da Ultrafarma, informou que celebrou há alguns meses um Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) com o Ministério Público, no qual reconheceu irregularidades tributárias, e foi homologado pela Justiça.
Disse também que os valores devidos foram parcelados e estão sendo pagos. Sobre a prisão, seu advogado afirmou que iria analisar os motivos que levaram à decisão judicial.
No mesmo dia, a Fast Shop afirmou que não tinha tido acesso ao conteúdo da investigação e declarou que está colaborando com as autoridades para esclarecer os fatos.
A Sefaz-SP disse que está à disposição das autoridades e que irá colaborar com os desdobramentos da investigação por meio de sua Corregedoria da Fiscalização Tributária (Corfisp). Afirmou também que instaurou processo administrativo para apurar a conduta do auditor fiscal.
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Quem é Sidney Oliveira, fundador da Ultrafarma preso nesta terça (12) em SP
CNH sem autoescola: especialista em segurança mostra os pontos positivos e negativos da medida
Governo estuda acabar com obrigatoriedade de autoescola
Desde que o ministro dos Transportes, Renan Filho, anunciou o plano do governo federal de por fim à obrigatoriedade de aulas em autoescolas para obter a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), especialistas discutem se será possível aprender a dirigir por outros meios antes dos exames teórico e prático.
O debate ganhou força devido ao custo atual das autoescolas, que varia de R$ 3 mil a R$ 4 mil. No início de agosto, o presidente da Associação Nacional dos Detrans (AND), Givaldo Vieira, reuniu-se com o ministro para discutir alternativas ao modelo tradicional de formação de condutores.
Após o encontro, Vieira concedeu entrevista à GloboNews, em que expressou preocupação com os impactos da proposta na segurança viária e destacou o alto custo da CNH.
"[Esse custo] exclui pessoas, limita o número de profissionais para o mercado, e coloca nas ruas pessoas não habilitadas que conduzem veículos. [...] Por isso, a AND faz a CNH social, pagando a habilitação para milhares de pessoas", explicou.
Diante do número elevado de condutores sem habilitação, Vieira defende mudanças no modelo atual de formação e propõe uma ampla reforma nas regras de instrução. "Existem muitas exigências desnecessárias que tornam o processo mais caro, lento e burocrático."
Mas será possível simplesmente eliminar a exigência das autoescolas sem prejuízo à segurança no trânsito? O g1 procurou um especialista no tema.
O que diz o especialista?
O presidente do Observatório Nacional de Segurança Viária, Paulo Guimarães, discorda que essa seja a melhor solução. Para ele, a formação de condutores é um dos pilares da segurança no trânsito e não pode ser negligenciada.
“Não é apenas ensinar a passar na prova ou guiar o carro. Trata-se de preparar alguém para lidar com situações reais e tomar decisões seguras. Retirar a obrigatoriedade das aulas sem um modelo alternativo eficiente pode comprometer a qualidade da formação”, afirmou Guimarães.
Embora a proposta possa reduzir o custo da CNH, os riscos são claros: “Mais motoristas despreparados, mais acidentes e dificuldade para manter um padrão de qualidade. No trânsito, a consequência de uma má decisão pode ser irreversível”, alertou.
Segundo ele, tirar a obrigatoriedade das aulas pode:
✅ Reduzir a burocracia;
✅ Diminuir o custo para obtenção da licença;
❌ Levar motoristas despreparados às ruas;
❌ Aumentar o número de acidentes.
Por isso, antes de eliminar a exigência de frequentar autoescolas é necessário estruturar um sistema eficiente de formação. “Precisamos modernizar o processo e criar alternativas seguras. Apenas retirar a obrigatoriedade não resolve — pode até piorar”, afirmou.
Ele defende que a exigência aumente, e não diminua. “O segredo está em provas teóricas e práticas mais rigorosas, examinadores bem treinados, uso de tecnologia para registrar as aulas e auditorias constantes. Não basta ter uma prova final: é preciso garantir que todo o processo seja sério e transparente”, disse.
Segundo o Observatório, a formação ideal deve seguir oito passos:
Tornar o conteúdo mais prático e realista;
Preparar o condutor para diferentes condições;
Manter um núcleo mínimo de aulas obrigatórias;
Atualizar o conteúdo com novos métodos e tecnologias;
Rediscutir o uso de simuladores;
Investir em direção defensiva;
Ensinar a convivência com ciclistas, motociclistas e pedestres;
Criar um sistema progressivo de habilitação.
“Esse modelo já funcionou em países com bons resultados. Oferecer conteúdos e metodologias que aprimorem a percepção de risco e a autoavaliação dos condutores faz com que os motoristas tomem decisões mais seguras”, concluiu.
Como tirar a CNH
Arte/g1
O que diz a Senatran?
Na tarde da última quinta-feira (13), Givaldo Vieira e o secretário nacional de Trânsito, Adrualdo Catão, se reuniram para debater os próximos passos da proposta.
Em nota enviada ao g1, a AND informou que ainda não há definições sobre mudanças na formação de condutores, mas confirmou que haverá uma consulta pública. Confira a íntegra:
"Na data de hoje, a AND, acompanhada por presidentes e representantes de Detrans de diversos estados, esteve na sede da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) para conhecer, na íntegra, as propostas divulgadas na imprensa. Durante o encontro, os Detrans apresentaram questionamentos técnicos e operacionais, além de solicitar esclarecimentos sobre os impactos das alterações previstas.
Os Detrans solicitaram a proposta, e a Senatran se comprometeu a enviá-la no prazo de 15 dias, antes da realização da consulta pública. Após o recebimento do inteiro teor, os Detrans irão avaliar tecnicamente o conteúdo, a fim de se posicionarem."
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Mais que a metade dos donos de moto no Brasil não possui CNH
Um estudo da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), divulgado em setembro do ano passado, revelou que mais da metade dos proprietários de motocicletas no Brasil não possui CNH de categoria A.
O Brasil conta com 34,2 milhões de donos de motocicletas, motonetas e ciclomotores. Destes, 17,5 milhões não são habilitados para pilotá-los — ou seja, 53,8% dos proprietários não poderiam estar rodando com suas motos.
Entre os habilitados com categoria A, a maioria (61%) não possui uma motocicleta própria. Em resumo: a maior parte dos proprietários de moto não tem CNH, e a maioria dos habilitados não possui moto.
Governo diz que autoescolas são muito caras
Governo avalia fim de autoescola obrigatória para baratear preço da CNH, diz Renan Filho
Em entrevista à GloboNews, o ministro Renan Filho destacou que o custo elevado — entre R$ 3 mil e R$ 4 mil — tem levado milhões de brasileiros a dirigir sem habilitação.
“Qual o problema do Brasil? É que a gente tem uma quantidade muito grande de pessoas dirigindo sem carteira porque ficou impeditivo tirar uma carteira no Brasil. Entre R$ 3 mil e R$ 4 mil. O cidadão não aguenta pagar isso”, afirmou o ministro.
“Quando o custo de um documento é impeditivo, o que acontece? A informalização. As pessoas dirigem sem carteira. E esse é o pior dos mundos porque o nível da qualificação. (...) Isso aumenta o risco para ela, aumenta o risco de acidentes.”
Segundo o ministro, o governo estuda formas de reduzir ao máximo o custo da CNH, permitindo que mais pessoas possam se qualificar e obter o documento.
Renan Filho afirmou que cerca de 20 milhões de brasileiros dirigem sem habilitação atualmente, e outros 60 milhões têm idade para obter a CNH, mas ainda não possuem o documento. “A pesquisa que fizemos apontou o custo como o principal motivo”, disse.
Como fica o risco de acidentes?
'O grande problema é que as pessoas já dirigem sem carteira', diz Renan Filho
Ao ser questionado sobre o risco de acidentes com a flexibilização da exigência, o ministro afirmou que os cursos continuarão disponíveis, ministrados por instrutores qualificados e supervisionados pela Senatran e pelos Detrans.
“O grande problema é que as pessoas já dirigem sem carteira. (...) E se você for olhar, por exemplo, as pessoas que compram moto, 40% delas, quando a gente faz um cruzamento entre o CPF de quem comprou e se ele tem ou não habilitação, não possuem habilitação”, disse.
“Se as pessoas dirigem sem curso algum, a gente está propondo garantir cursos para que as pessoas melhorem, tenham mais qualificação na hora de dirigir.”
Renan Filho também destacou as desigualdades sociais no acesso à CNH, afirmando que, em muitos casos, as mulheres são excluídas do processo de habilitação.
“Se a família tem dinheiro para tirar só uma carteira, muitas vezes escolhe tirar a do homem. A mulher fica inabilitada justamente por essa condição.”
Máfias das autoescolas
Facilitar a vida do cidadão tira o incentivo econômico para criação de máfias da CNH, diz Renan Filho
Renan Filho também criticou o modelo atual, que, segundo ele, favorece a atuação de máfias em autoescolas e nos exames. “É tão caro que não basta a pessoa pagar uma vez o preço alto. Quem pode pagar, muitas vezes, é levado a ser reprovado para ter que pagar de novo”, afirmou.
“O que que acaba com isso? Desburocratizar, baratear, facilitar a vida do cidadão tira o incentivo econômico para criação dessas máfias.”
Segundo o ministro, o Brasil emite entre 3 e 4 milhões de CNHs por ano. Com os preços atuais, isso representa um gasto anual entre R$ 9 bilhões e R$ 16 bilhões para a população.
“Se isso for barateado, esse dinheiro vai para outros setores da economia, (...) que geram empregos competindo internacionalmente. Isso ajuda a economia brasileira a se dinamizar.”
Como colocar em vigor?
Facilitar a CNH deve incentivar a formação de motoristas profissionais, diz Renan Filho
Questionado sobre a necessidade de aprovação legislativa, o ministro afirmou que a proposta pode ser colocada em prática por meio de regulamentação, sem passar pelo Congresso.
“Não precisa passar pelo Congresso essa parte da modificação. Construímos um projeto que pode funcionar a partir daquilo que o próprio governo pode fazer. Não vamos mexer em leis profundamente.”
Para Renan Filho, a proposta configura apenas uma mudança regulatória. “A gente acredita que a gente pode, por meio da regulamentação das normas, facilitar, desburocratizar para o cidadão, que o que certamente facilita o debate político.”
O ministro também afirmou que a medida deve incentivar a formação de trabalhadores, permitindo o acesso antecipado a vagas que exigem carteiras de habilitação profissional.
“Condutores de ônibus, de caminhões, de vans de transporte, essas pessoas precisam ter uma carteira que não é essa que a gente está discutindo. A gente está discutindo a carteira A e B. (...) E, se as pessoas tiverem mais cedo, elas vão ter condição de acessar com mais facilidade o mercado de trabalho, é, de garantir melhoria na sua própria vida.”
Abono salarial PIS-Pasep 2025 terá último lote de pagamento nesta sexta; veja quem vai receber
Veja se você tem direito a receber os valores esquecidos no PIS/Pasep
José Cruz/Agência Brasil
O abono salarial PIS-Pasep 2025, referente ao ano-base 2023, terá novo pagamento nesta terça-feira (15). Desta vez, o benefício será destinado aos trabalhadores que nasceram nos meses de novembro e dezembro.
Os valores ficarão disponíveis para saque até o encerramento do calendário em 29 de dezembro de 2025. (confira as datas abaixo)
➡️ O abono salarial é um benefício no valor de até um salário-mínimo concedido anualmente a trabalhadores da iniciativa privada (PIS) e a servidores públicos (Pasep) que atendem aos requisitos do programa.
No geral, têm direito ao abono pessoas que trabalharam durante pelo menos 30 dias no ano-base e receberam até dois salários-mínimos por mês. (veja os requisitos abaixo)
O banco de recebimento, data e os valores, inclusive de anos anteriores, estão disponíveis para consulta no aplicativo Carteira de Trabalho Digital e no portal gov.br. (veja como consultar abaixo)
Assim como em 2024, o calendário de pagamento de 2025 foi unificado: tanto os trabalhadores da iniciativa privada como os servidores públicos vão receber de acordo com o mês de nascimento de cada beneficiário.
Ao todo, em 2025, serão disponibilizados R$ 30,7 bilhões para pagamento do benefício a cerca de 25,8 milhões de trabalhadores, segundo o Ministério do Trabalho.
Em abril, o Ministério do Trabalho já efetuou o pagamento para os nascidos nos meses de março e abril. Em maio, foi a vez dos trabalhadores que nasceram nos meses de maio e junho.
No mês passado, receberam os nascidos nos meses de setembro e outubro. Veja o calendário completo, além de perguntas e respostas:
Veja perguntas e respostas:
Como consultar? (passo a passo)
Quem tem direito ao abono salarial?
Quem não tem direito ao abono salarial?
Qual é o valor?
Como são os pagamentos?
Canal de dúvidas
1. Como consultar? (passo a passo)
Para fazer a consulta pelo aplicativo da Carteira de Trabalho Digital, siga o passo a passo:
Certifique-se de que o aplicativo esteja atualizado;
Acesse o sistema com seu número de CPF e a senha utilizada no portal gov.br;
Toque em "Benefícios" e, em seguida, em "Abono Salarial". A tela seguinte irá informar se o trabalhador está ou não habilitado para receber o benefício.
Vale lembrar que trabalhadores do setor privado também podem consultar a situação do benefício e a data de pagamento nos aplicativos Caixa Trabalhador e Caixa Tem.
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Consulta ao abono salarial PIS-Pasep 2025 já está liberada
2. Quem tem direito ao abono salarial?
Os trabalhadores devem atender aos seguintes critérios para ter direito ao benefício:
estar cadastrado no programa PIS/Pasep ou no CNIS (data do primeiro emprego) há pelo menos cinco anos;
ter trabalhado para empregadores que contribuem para o Programa de Integração Social (PIS) ou para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep);
ter recebido até 2 salários-mínimos médios (no valor em vigor no ano-base) de remuneração mensal no período trabalhado;
ter exercido atividade remunerada durante pelo menos 30 dias, consecutivos ou não, no ano-base da apuração (2023);
ter os dados informados pelo empregador (pessoa jurídica ou governo) corretamente na Relação Anual de Informações Sociais (Rais) ou no eSocial do ano-base considerado para apuração (2023).
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3. Quem não tem direito ao abono salarial?
empregado(a) doméstico(a);
trabalhadores rurais empregados por pessoa física;
trabalhadores urbanos empregados por pessoa física;
trabalhadores empregados por pessoa física equiparada a jurídica.
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4. Qual é o valor?
O valor do abono salarial é proporcional ao tempo de serviço do trabalhador no ano-base em questão.
O cálculo corresponde ao valor atual do salário-mínimo dividido por 12 e multiplicado pela quantidade de meses trabalhados no ano-base. Assim, somente quem trabalhou os 12 meses do ano-base recebe o valor total de um salário-mínimo.
Com o aumento do salário mínimo, o valor do abono salarial passará a variar de R$ 126,50 a R$ 1.518,00, de acordo com a quantidade de meses trabalhados. Veja no gráfico abaixo:
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5. Como são os pagamentos?
O pagamento do PIS (Programa de Integração Social) aos trabalhadores da iniciativa privada é administrado pela Caixa Econômica Federal. São quatro opções para receber:
As pessoas que possuem conta corrente ou poupança na Caixa receberão o abono automaticamente, informou o banco.
Também é possível receber os valores por meio da Poupança Social Digital, cuja movimentação é feita pelo aplicativo Caixa Tem.
Outra opção é fazer o saque com o cartão social e senha nos terminais de autoatendimento, unidades lotéricas e Caixa Aqui.
Se o trabalhador não possuir cartão social, o pagamento também pode ser realizado em qualquer agência da Caixa com a apresentação de um documento de identificação.
Já o Pasep (Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público) é válido para os servidores públicos, e os depósitos são feitos pelo Banco do Brasil.
Nesse caso, o pagamento será realizado prioritariamente como crédito em conta bancária, transferência via TED, via PIX ou presencial nas agências de atendimento, informou o Ministério do Trabalho.
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6. Ainda tem dúvidas?
Mais informações podem ser solicitadas nos canais de atendimento do Ministério do Trabalho e nas unidades das Superintendências Regionais do Trabalho, pelo telefone 158 ou pelo e-mail: trabalho.uf@economia.gov.br (substituindo os dígitos UF pela sigla do estado do trabalhador).
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Saiba regras do PIS-Pasep:
Consulta ao abono salarial PIS-Pasep 2024 é liberada
Triangulação: por que mandar produtos para outro país antes dos EUA para driblar tarifaço é ilegal; veja o que é permitido
Socorro contra tarifaço terá R$ 30 bi em crédito
Mandar produtos brasileiros para um país intermediário e, de lá, enviá-los para os EUA poderia ser uma alternativa para o Brasil escapar da tarifa de 50% imposta por Trump? Não, disseram advogados ouvidos pelo g1.
Esse tipo de ação é ilegal e pode sair caro para os importadores norte-americanos, que são os que pagam o tarifaço quando compram produtos estrangeiros.
✅ O que é permitido? Produtos brasileiros até podem passar por outros países antes de chegarem aos EUA. Mas só se houver a industrialização do alimento: ele sai do Brasil e é transformado em outro produto em um país intermediário, para, então, ser vendido por esse país aos norte-americanos. É algo que acontece com o café, por exemplo.
E existem ainda empresas brasileiras que possuem unidades de produção em outros países e não dependem totalmente do que é feito no Brasil para exportar para os EUA, que é o caso de grandes frigoríficos. Mas esta saída requer altos investimentos.
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Brasil é um dos maiores exportadores de alimentos do mundo
Reprodução/TV Globo
O que não se pode fazer
Na chamada triangulação, o país de origem mandaria o produto para um destino intermediário, por exemplo algum país que tenha sobretaxa menor do que o Brasil. E, de lá, o produto embarcaria para o país de Trump, com os importadores pagando apenas a taxa correspondente à daquele fornecedor.
O Brasil recebeu a maior sobretaxa do governo Trump, de 50%. Apenas a Índia tem um tarifaço semelhante.
"Um exemplo [do que seria ilegal] é a empresa simular para os EUA que a mercadoria veio do México, quando, na verdade, ela é brasileira. Assim, paga as taxas de importação do México, não do Brasil", descreve Renata Emery, advogada especializada em direito tributário do escritório TozziniFreire, em São Paulo.
A triangulação de exportações viola princípios da Organização Mundial do Comércio (OMC), que determina que a mercadoria deve pagar taxas correspondentes ao seu país de origem, explica William Crestani, especialista em direito tributário do escritório Pinheiro Neto Advogados, em São Paulo.
Renata Emery também destaca que a prática foi explicitamente proibida por um decreto assinado por Trump em 31 de julho, na mesma semana em que ele confirmou as sobretaxas ao Brasil e a outros países.
Segundo a decisão, empresas flagradas tentando a manobra terão que pagar a tarifa do país de origem, uma taxa adicional de 40%, além de outras possíveis penalidades.
"Para o exportador brasileiro, o efeito é indireto. Como o importador não vai querer assumir esse risco, mesmo que uma empresa do Brasil queira triangular, não vai encontrar compradores norte-americanos dispostos a isso", diz.
Brasil começa disputa na OMC sobre tarifaço de Trump
Mudar local de industrialização é permitido
Os especialistas explicam que até existem maneiras legais de o produto sair do Brasil, passar por outro país e chegar aos EUA sem estar sujeito à tarifa de 50% sobre os itens brasileiros.
Uma delas é enviar a carga para outro país e transformá-la significativamente por lá, processo conhecido como industrialização.
“Se houver uma transformação relevante, ele pode ter a origem no país onde passou por essa mudança e, consequentemente, pagar as tarifas daquele país”, explica o advogado tributarista William Crestani.
O problema, segundo ele, é que:
Os EUA não definem claramente o que é uma transformação substancial, e cada caso precisa ser analisado individualmente, sem garantia de que a alfândega dos EUA aceite.
Mudar a cadeia produtiva é caro e complexo, viável apenas para empresas que já tenham estruturas capazes de fazer transformações substanciais no produto em outros países.
Entre os setores brasileiros, Crestani aponta que a carne bovina teria mais chances de se enquadrar.
“Um boi transportado vivo para outro país, onde é abatido, embalado e só então vendido para os EUA, tem mais chances de ser considerado um novo produto, com nova tarifa”, afirma.
"Além disso, alguns frigoríficos brasileiros já têm operações em outros países, principalmente, da América do Sul", diz.
Tarifaço pode encarecer ou baratear o preço dos alimentos no Brasil?
Tarifaço de Trump: entenda o impacto para o agro do Brasil (e para os EUA) em 5 pontos
Operar dentro e fora do Brasil também é saída legal
JBS, Marfrig e Minerva estão entre as maiores exportadoras brasileiras de carne bovina, com operações dentro e fora do Brasil.
Marfrig e Minerva afirmam que não dependem exclusivamente dos seus frigoríficos brasileiros para atender ao mercado norte-americano.
ENTENDA: Por que grandes frigoríficos brasileiros não deverão sentir tanto o tarifaço dos EUA
Além do Brasil, a Minerva envia produtos para os EUA pelas suas indústrias na Argentina, no Paraguai, no Uruguai e na Austrália.
Um dia depois do anúncio do tarifaço de 50%, a empresa divulgou para o mercado que a medida poderia afetar no máximo 5% de sua receita total.
E que, no último ano, as vendas para os EUA representaram 16% do faturamento, sendo que o Brasil respondeu por apenas 30% dessa fatia.
Como o tarifaço de Trump impacta nas exportações de carne bovina do Brasil?
A Marfrig manda carne para o país de Trump a partir de plantas no Brasil, no Uruguai e na Argentina.
A empresa informou os investidores que, em 2025, as exportações de carne bovina e processados do Brasil representaram somente 1,4% das vendas totais da companhia na América do Sul e 0,18% de toda a operação global.
Marfrig e JBS também têm operação nos EUA. Em entrevista à Reuters, o CEO global Gilberto Tomazoni afirmou que a JBS responde por cerca de 15% das exportações brasileiras de carne bovina para lá.
Questionada pelo g1, a empresa não informou de quais países partem os embarques para os EUA, além do Brasil. A JBS também tem unidades no México e na Austrália.
Ela passou a negociar suas ações na Bolsa de Nova York em junho e anunciou novos investimentos nos EUA nesta quinta-feira (14), incluindo US$ 200 milhões em plantas no Texas e no Colorado.
Vale lembrar que os rebanhos dos americanos estão no nível mais baixo da história, o que tem feito as compras do alimento de países estrangeiros dispararem — e o preço da carne nos EUA também.
A própria JBS prevê que a disponibilidade de gado nos EUA vai melhorar gradualmente apenas a partir do final de 2027, relatou Reuters nesta quinta-feira (14).
Quantidade de bois no território americano ao longo dos anos.
Arte/g1
Outro fator que afeta a operação de carne bovina da JBS nos EUA é o fechamento da fronteira com o México, em maio, devido à ocorrência da bicheira-do-Novo Mundo, um parasita.
Apesar de menos impactadas pelo tarifaço, Marfrig e JBS têm articulado com empresas e com o governo dos EUA para livrar a carne bovina brasileira da sobretaxa, afirmou o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Roberto Perosa, em evento na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), no último dia 12.
Rota europeia para o café brasileiro
O setor cafeeiro do Brasil não tem tantas operações no exterior como os exportadores de carne bovina, segundo o advogado tributarista William Crestani.
Mas existem países que compram o grão brasileiro para fazer modificações, industrializar, e, em seguida, reexportar, segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cacafé).
A Alemanha é um exemplo. Sem produção significativa de café, o país é o segundo maior importador do grão brasileiro no mundo, atrás apenas dos EUA, mas também é um grande vendedor do produto.
Café brasileiro à venda em uma loja de produtos importados em Nova York em 15 de julho de 2025
Adam Gray/Reuters
O país europeu foi o maior reexportador de café entre maio de 2024 e abril de 2025, com 13 milhões de sacas vendidas, segundo a Organização Internacional do Café, que mapeia esse tipo de operação.
O Cecafé destacou que a reexportação é uma iniciativa dos importadores, como a Alemanha, e não dos exportadores da matéria-prima, como o Brasil.
Com o tarifaço, esse cenário deve se intensificar, afirmou o economista José Roberto Mendonça de Barros no podcast O Assunto (ouça abaixo) da última quinta.
Segundo ele, o exportador brasileiro vende o grão, por exemplo, para um produtor europeu que vai transformar isso em café pronto, na lata. "A Europa faz muito isso. Esse café entra lá e, de lá, vai para os EUA. Isso eu acho que vai acontecer", diz.
Tarifaço pode encarecer ou baratear o preço dos alimentos no Brasil?
Entenda o impacto do tarifaço de Donald Trump para o agro do Brasil
Lula diz a Motta que não interessa ao governo o enfraquecimento do presidente da Câmara
Hugo Motta diz que não pode ter preconceito com pautas
No encontro de reaproximação na noite da última terça-feira (12), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse a Hugo Motta (Republicanos-PB), que preside a Câmara dos Deputados, que não interessa para o governo o seu enfraquecimento.
Segundo relato de interlocutores de Lula ao blog, o presidente reafirmou o apoio a Motta, mesmo depois da crise entre parlamento e Executivo por conta da derrubada do decreto que aumentava o IOF.
“Lula afirmou que não interessa ao governo um presidente da Câmara fraco”, disse um ministro.
O encontro teve também um momento de discussão da relação entre os dois poderes. Ao citar a derrubada do decreto presidencial sobre o IOF, Motta disse a Lula eleito por uma gama de parlamentares da esquerda à direita, e que precisa negociar e atender a todos.
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT)(e), e o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), durante a cerimônia de assinatura da medida provisória da reforma do setor elétrico, no Palácio do Planalto, em Brasília (DF), em 21 de maio de 2025.
Wilton Junior/Estadão Conteúdo
O governo avalia que, ao final, se saiu vitorioso no episódio, já que o decreto foi parcialmente restituído por decisão do STF.
Motta e Lula discutiram também a pauta da Câmara no segundo semestre.
Lula pediu para que dois projetos tenham prioridade:
a ampliação da isenção do imposto de renda para R$ 5 mil;
a medida provisória que amplia a tarifa social de luz, com isenção para famílias do cadastro único que consomem até 80kwh por mês.
O encontro teve como motivo a apresentação do pacote de auxílio a empresas afetadas pelo tarifaço do governo dos EUA às exportações brasileiras.
A medida provisória do governo precisa ser aprovada nas duas casas para valer por mais de 120 dias. Também na terça, Lula almoçou com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre.
De devolução de aeronaves paradas a aumento da receita, Azul se vê 'mais leve' e projeta saída de processo de recuperação judicial
Azul se vê 'mais leve' e projeta saída de processo de recuperação judicial
"Não vamos ficar menor, vamos ficar onde estamos. Bem mais leve". Foi assim que classificou John Rodgerson, CEO da Azul Linhas Aéreas, ao comentar os resultados operacionais e o andamento do processo de recuperação judicial pelo qual a companhia passa nos Estados Unidos, na noite desta quinta-feira (14).
Após a sétima audiência do processo do Capítulo 11 da Lei de Falências, nos Estados Unidos, a Azul prevê apresentar em setembro o plano de reestruturação completo, com a expectativa de deixar o processo de recuperação judicial até dezembro.
Ao divulgar os dados do 2º trimestre, a Azul informou que alcançou receita operacional de R$ 4,9 bilhões, alta de 18% no comparativo com abril a junho de 2024. Um resultado impulsionado principalmente pela alta demanda registrada, entre eles a participação dos mercados internacionais.
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'Mais leve'
Ao falar que a companhia fica mais leve, Rodgerson destacou como "peso" o pagamento de aluguel por aeronaves paradas, fora de operação, que davam custos à Azul sem a possibilidade de receita.
"Recuperação judicial é para tirar aquele peso do passado dos nossos ombros. Para tirar aquelas aeronaves que não estão operando, e para tornar a Azul uma empresa mais eficiente. Tirando aquela dívida que nós pegamos em 2020 e 2021, quando não tivemos nenhum aporte governamental, como outras empresas aéreas em outros locais do mundo tiveram. Nós estamos tirando aquela dívida para andar muito mais leve", disse.
Assim, entre as ações já estabelecidas estão a devolução de aeronaves: 12 já foram concretizadas, e o número pode chegar a 30.
"Muitas dessas aeronaves já estavam paradas, e estavámos pagando aluguel por aeronaves que não iam voar mais. O processo do Chapter 11 vai permitir tirar a obrigação de pagar aluguel por uma aeronave que não está gerando mais receita. Isso vai deixar a Azul mais leve. Não vamos ficar menor, vamos ficar onde estamos, e crescer um pouco mais modesto daqui para frente. Todas as obrigações vão sair do nosso balanço e deixar a gente mais leve daqui para a frente", defendeu o CEO.
A Azul projeta que a redução da frota total ao fim do processo será menor que o corte dessas aeronaves fora de operação, pois haverá chegada de novos aviões.
Atualmente são 180 aeronaves, e a projeção é que após o processo de recuperação, a companhia opere com 20 a menos.
Redução de frota? Entenda o que prevê Azul no plano de recuperação judicial nos EUA
Otimizar hubs
A melhora nos resultados operacionais passa por atuar em rotas com maior demanda, o que explica, por exemplo, o encerramento de operações de voos em 14 cidades brasileiras em 2025.
As mudanças ocorreram em março e parte havia sido anunciada em janeiro - quando a companhia comunicou a suspensão em 12 municípios.
Em uma apresentação para investidores, a companhia informou, no início de agosto, que o encerramento das operações nas cidades "não lucrativas" representava a eliminação de 53 rotas - veja lista abaixo.
Na coletiva desta quinta, a empresa destacou que os destinos cancelados representavam 0,3% da receita líquida de companhia.
"Com as mudanças, a companhia adaptou sua malha para a operação dos próximos meses, quando se inicia o período da alta temporada. A Azul fez um planejamento de malha com oferta de 3,6 mil voos extras e oferta de 520 mil assentos em todo o país, com destaque para operações inéditas a partir do aeroporto de Congonhas. Pela primeira vez, a Companhia converterá 45% dos voos originalmente voltados ao público corporativo em operações sazonais de lazer para atender a intensa demanda do período", destacou a empresa, em comunicado.
Lista de cidades
Crateús(CE)
São Benedito(CE)
Sobral (CE)
Iguatú (CE)
Campos (RJ);
Correia Pinto (SC)
Jaguaruna (SC)
Mossoró (RN)
São Raimundo Nonato (PI)
Parnaíba (PI)
Rio Verde (GO)
Barreirinhas (MA)
Três Lagoas (MS)
Ponta Grossa (PR)
Agora, a companhia afirma que irá focar em seus hubs - o principal deles é o Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP). Entre as principais operações também estão Confins (MG) e Recife (PE), mas a Azul informou que haverá investimentos para aumento nas operações em Porto Alegre (RS).
Companhia aérea azul voos Araxá e Patos de Minas
Azul/Divulgação
Recuperação judicial
A recuperação judicial da empresa, aprovada na Justiça dos Estados Unidos na primeira audiência do processo, em 29 de maio, prevê um financiamento de US$ 1,6 bilhão para eliminar a dívida.
Segundo a empresa, a intenção é manter todos os seus ativos, podendo continuar com a operação, negociar um possível adiamento de suas dívidas e, com aprovação judicial, conseguir um novo empréstimo.
O que está por trás da suspensão? g1 entrevista CEO, que revela corte de custos
"Parte desse capital será usada para comprar uma parte da dívida e parte para custear a operação da empresa durante esse período", disse, após a primeira audiência, o vice-presidente da institucional da Azul, Fábio Campos.
No início de julho, a companhia informou ao g1 que obteve a aprovação final de todas as petições feitas durante segunda audiência que envolve a recuperação judicial.
Cronograma da recuperação judicial
Nesta quinta (14), Fábio Campos explicou que até o momento não houve qualquer objeção da justiça e dos credores dentro das ações apresentadas pela companhia em sete audiências, e que tudo ocorre dentro do cronograma estimado.
A apresentação do plano estutural completo, em setembro, marca, segundo Fábio, o começo da caminhada para a saída da recuperação judicial nos Estados Unidos, com a expectativa pelo encerramento do processo em dezembro.
Anúncio da suspensão em 12 cidades
Azul anuncia suspensão de operações em 12 cidades brasileiras; oito são do Nordeste
Em janeiro, quando fez o anúncio da suspensão das operações em 12 cidades, a companhia destacou que "as mudanças fazem parte do planejamento operacional, e os clientes impactados estão sendo comunicados previamente e receberão a assistência necessária, conforme prevê a resolução 400 da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac)".
Na época, antes mesmo do processo de recuperação judicial nos EUA, a companhia citou os impactos causados pela crise global na cadeia de suprimentos e a alta no dólar, somada às questões de disponibilidade de frota e de ajustes de oferta e demanda entre as justificativas para a suspensão.
Pelos mesmos motivos, anunciou na mesma ocasião que os voos para Fernando de Noronha (PE) seriam operados somente a partir de Recife (PE) e que os de Juazeiro do Norte (CE) teriam como destino o Aeroporto de Viracopos.
As operações no aeroporto de Caruaru (PE) também foram "readequadas" devido à baixa ocupação. Os voos passaram a ser operados por aeronaves Cessna Grand Caravan, com capacidade para nove clientes.
A companhia ressaltou que “como empresa competitiva, reavalia constantemente as operações em suas bases, como parte de um processo normal de ajuste de capacidade à demanda”. Disse ainda que “está sempre avaliando as possibilidades e necessidades de mercado e, consequentemente, mudanças fazem parte do planejamento operacional”.
VÍDEOS: Tudo sobre Campinas e Região
Veja mais notícias sobre a região na página do g1 Campinas.
Mega-Sena, concurso 2.901: prêmio acumula e vai a R$ 55 milhões
G1 | Loterias - Mega-Sena 2901
O sorteio do concurso 2.901 da Mega-Sena foi realizado na noite desta quinta-feira (14), em São Paulo. Nenhuma aposta acertou as seis dezenas, e o prêmio para o próximo sorteio acumulou em R$ 55 milhões.
Clique aqui para seguir o canal de Loterias do g1 no WhatsApp
Veja os números sorteados: 02 - 20 - 28 - 38 - 44 - 47.
5 acertos - 38 apostas ganhadoras: R$ 59.141,96
4 acertos - 3.111 apostas ganhadoras: R$ 1.190,77
O próximo sorteio da Mega será no sábado (16).
concurso 2.901 da Mega-Sena
Caixa / Reprodução
Entenda como funciona a Mega-Sena e qual a probabilidade de ganhar o prêmio
Para apostar na Mega-Sena
As apostas podem ser realizadas até as 19h (horário de Brasília) em qualquer lotérica do país ou por meio do site e aplicativo Loterias Caixa, disponíveis em smartphones, computadores e outros dispositivos.
O pagamento da aposta online pode ser realizado via PIX, cartão de crédito ou pelo internet banking, para correntistas da Caixa. É preciso ter 18 anos ou mais para participar.
Probabilidades
A probabilidade de vencer em cada concurso varia de acordo com o número de dezenas jogadas e do tipo de aposta realizada.
Para um jogo simples, com apenas seis dezenas, que custa R$ 6, a probabilidade de ganhar o prêmio milionário é de 1 em 50.063.860, segundo a Caixa.
Já para uma aposta com 20 dezenas (limite máximo), com o preço de R$ 232.560,00, a probabilidade de acertar o prêmio é de 1 em 1.292, ainda de acordo com a instituição.
Bilhetes da Mega-Sena, em imagem de arquivo
Marcelo Brandt/G1
Banco do Brasil tem lucro de R$ 3,8 bilhões no 2º trimestre, queda de 60% em um ano
Sede do Banco do Brasil, em Brasília
Adriano Machado/Reuters
O Banco do Brasil registrou lucro líquido ajustado de R$ 3,784 bilhões no segundo trimestre, um tombo de 60% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (14) pela instituição.
Projeções compiladas pela LSEG apontavam lucro líquido de R$ 5 bilhões para o período.
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O BB atualizou estimativas que tinha suspendido anteriormente, entre elas a de lucro líquido ajustado, agora calculado entre R$ 21 bilhões e R$ 25 bilhões em 2025. Antes de suspender em maio, previa entre R$ 37 bilhões e R$ 41 bilhões.
Em fato relevante divulgado ao mercado, o banco também anunciou revisão do payout para 2025 para 30%, versus entre 40% e 45% anteriormente. Payout é a percentagem do lucro distribuída aos acionistas como dividendos.
Investidores aguardavam com ansiedade pela divulgação dos números do segundo trimestre, após o resultado do primeiro trimestre, apresentado em meados de maio, ser "pior do que se temia", como escreveram analistas do BTG Pactual após os dados.
Nos primeiros três meses do ano, o BB mostrou um resultado bem aquém das previsões no mercado, com lucro líquido ajustado de R$ 7,37 bilhões, pressionado pelo agravamento da inadimplência de parte da carteira de agronegócios e novas regras contábeis.
O banco de controle estatal suspendeu na ocasião várias previsões sobre o desempenho em 2025, incluindo para o lucro. No primeiro pregão após a divulgação do balanço, as ações chegaram a desabar quase 15% no pior momento.
Desde então, em meio a revisões de perspectivas para o banco pelo mercado e novos ruídos envolvendo números do Banco Central sobre o setor, os papéis acumularam uma perda de mais de 30%.
Banco Central do Brasil sobe selic para 15% ao ano
Trump diz que previdência dos EUA tem 135 mil nomes com mais de 160 anos
O presidente dos EUA, Donald Trump, faz comentários no Salão Oval da Casa Branca, em Washington, D.C.
Kevin Lamarque/Reuters
Ao fazer um balanço de sua gestão na previdência social dos Estados Unidos, o presidente Donald Trump afirmou nesta quinta-feira (14) ter encontrado mais de 135 mil registros de pessoas com mais de 160 anos, apontando possível fraude no recebimento de benefícios.
"Havia quase 135 mil pessoas listadas com mais de 160 anos e, em alguns casos, recebendo pagamentos. Então, alguém está recebendo esses pagamentos — e estamos atrás disso", declarou, em discurso no Salão Oval.
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Segundo o republicano, sua gestão removeu 12,4 milhões de registros da previdência de pessoas com mais de 120 anos. Ele afirmou que o país enfrenta uma fraude previdenciária “em níveis que ninguém jamais tinha visto".
As declarações ocorreram durante um evento que celebrou os 90 anos do programa norte-americano Social Security, sistema público de previdência do país.
Entre as medidas destacadas por Trump está o fim da tributação sobre benefícios previdenciários — promessa de campanha implementada recentemente pelo chamado “One Big Beautiful Bill" (Um grande e belo projeto).
Além de eliminar a cobrança sobre esses benefícios, o megapacote aprovado no mês passado prevê a redução de impostos, o corte de programas sociais (especialmente na área da saúde), a retirada de incentivos à energia limpa e o aumento da verba para políticas anti-imigração e gasto militar.
Na prática, a nova legislação isenta a maioria dos aposentados do pagamento de impostos sobre os valores recebidos do Social Security.
“O presidente Trump está demonstrando seu compromisso inabalável com a proteção e o fortalecimento desse programa vital para quase 72 milhões de americanos”, declarou, em comunicado, a secretária de imprensa assistente da Casa Branca, Liz Huston.
Número de imigrantes presos nos EUA bate recorde e passa os 60 mil em agosto
Retirada de imigrantes
Trump também declarou que retirou quase 275 mil imigrantes ilegais da previdência dos EUA.
"São pessoas que, muitas delas, já haviam deixado o país e, mesmo assim, nós estávamos enviando cheques o tempo todo", disse.
O presidente é conhecido por adotar uma política anti-imigração. Segundo o jornal americano "The New York Times", o número de imigrantes detidos em prisões do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE, na sigla em inglês) dos EUA bateu recorde e passou dos 60 mil.
O "The New York Times" disse ter obtido documentos internos do ICE que comprovam o número recorde. Em contraste, em janeiro havia cerca de 39 mil pessoas mantidas em prisões destinadas a imigrantes.
A estatística decorre da intensificação da busca por imigrantes ordenada por Trump, e supera o recorde anterior, estabelecido também pelo republicano durante seu primeiro mandato, de 55.654 imigrantes presos em agosto de 2019, segundo o jornal.
Tarifaço: Lula diz que Brasil não vai ficar de 'joelho' e que Trump mente sobre país ser mau parceiro comercial
Lula diz que Trump resolveu contar mentiras sobre o Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (14) que o Brasil não vai ficar de "joelho" para os Estados Unidos e que Donald Trump mente ao dizer que o país é mau parceiro comercial dos norte-americanos.
"É mentira quando o presidente norte-americano diz que o Brasil é um mau parceiro comercial. O Brasil é bom, só não vai andar de joelho para o governo americano", disse Lula em um evento em Pernambuco.
Trump afirmou nesta quinta que o Brasil é um "péssimo parceiro comercial" e chamou o processo contra o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL) de "execução política". As declarações foram dadas em conversa com jornalistas na Casa Branca.
Trump e Lula
AFP
Ao ser questionado sobre as tarifas aplicadas a países da América Latina e à aproximação deles com a China, principalmente após a medida, Trump afirmou que não está preocupado e voltou a atacar o Brasil.
"O Brasil tem sido um péssimo parceiro comercial em termos de tarifas — como você sabe, eles nos cobram tarifas enormes, muito, muito maiores do que as que nós cobramos, e, basicamente, nós nem estávamos cobrando nada. (...) Eles cobram tarifas enormes e tornaram tudo muito difícil de fazer. Então, agora estão sendo cobrados 50% de tarifas, e não estão felizes, mas é assim que funciona", disse.
O Brasil tem déficit na relação comercial com os Estados Unidos desde 2009, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Em 2024, considerando produtos e serviços, o déficit foi superior a US$ 28 bilhões.
Defesa de Bolsonaro
O presidente americano também voltou a defender Bolsonaro:
"O Brasil tem algumas leis muito ruins acontecendo... Quando eles pegam um presidente e eles o colocam na prisão ou estão tentando prendê-lo. Eu conheço esse homem e vou lhe dizer — eu sou bom em avaliar pessoas: acho que ele é um homem honesto. Acho que o que fizeram é uma coisa… Isso é realmente uma execução política que estão tentando fazer com o Bolsonaro", afirmou Trump.
Lula afirmou que a "democracia está julgando Bolsonaro" e que Trump seria julgado pelo Judiciário brasileiro caso a invasão do Congresso dos Estados Unidos tivesse ocorrido no Brasil.
"O que o Trump tem preocupação é que, vocês estão lembrados, o discurso deles é que nem o outro daqui. Que as eleições não eram sérias, que não podia perder. Ele [Trump] invadiu o Capitólio, morreram cinco pessoas. Eu disse ao presidente Trump: se você morasse no Brasil e tivesse feito o que fez nos EUA aqui também você seria julgado e se culpado, iria para cadeia", disse Lula.
Trump diz Brasil é 'péssimo parceiro comercial'
O comércio com os EUA
A Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil) informou que 48% das exportações dos EUA ao Brasil chegam sem imposto e 15% têm taxação de até 2%.
Embora a tarifa média de importação brasileira para o mundo seja de 12,4%, o imposto médio efetivo sobre as importações americanas é de 2,7%.
💵 Segundo a entidade, essa diferença acontece porque:
grande parte do que o Brasil importa dos EUA é isenta de imposto – aeronaves e peças, petróleo bruto e gás natural, por exemplo;
mesmo quando há uma alíquota vigente, existem regimes aduaneiros especiais – "drawback", ex-tarifário e Recof, por exemplo – que reduzem ou até eliminam por completo a cobrança nos itens trazidos dos EUA.
Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás somente da China, com o petróleo liderando em receita entre os produtos vendidos aos norte-americanos.
Os EUA são um dos principais mercados para bens manufaturados brasileiros de maior valor agregado, como aeronaves, autopeças e máquinas.
Um levantamento feito pela reportagem do g1, com base em dados públicos de comércio exterior, revela os principais produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos entre janeiro e junho de 2025. Confira o ranking abaixo:
Óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos — US$ 2,37 bilhões
Produtos semimanufaturados de ferro ou aço (baixo carbono) — US$ 1,49 bilhão
Café não torrado, não descafeinado — US$ 1,16 bilhão
Carnes bovinas desossadas e congeladas — US$ 737,8 milhões
Ferro-gusa (ferro fundido bruto não ligado) — US$ 683,6 milhões
Celulose (pasta química de madeira não conífera) — US$ 668,6 milhões
Óleos combustíveis e preparações de petróleo — US$ 610,2 milhões
Os EUA são o maior consumidor de café do mundo e, com exceção de pequenos cafezais no Havaí e em Porto Rico, não produzem a commodity. O Brasil é de longe o maior fornecedor, respondendo por cerca de um terço de tudo o que é importado pelos americanos.
Trump diz que Brasil é 'péssimo parceiro comercial' e chama processo contra Bolsonaro de 'execução política'
Trump diz Brasil é 'péssimo parceiro comercial' e chama processo contra Bolsonaro de 'exec
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que o Brasil é um "péssimo parceiro comercial" e chamou o processo contra o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro de "execução política". As declarações foram dadas em conversa com jornalistas na Casa Branca nesta quinta-feira (14).
Ao ser questionado sobre as tarifas aplicadas a países da América Latina e à aproximação deles com a China, principalmente após a medida, Trump afirmou que não está preocupado e voltou a atacar o Brasil:
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"O Brasil tem sido um péssimo parceiro comercial em termos de tarifas — como você sabe, eles nos cobram tarifas enormes, muito, muito maiores do que as que nós cobramos, e, basicamente, nós nem estávamos cobrando nada. (...) Eles cobram tarifas enormes e tornaram tudo muito difícil de fazer. Então, agora estão sendo cobrados 50% de tarifas, e não estão felizes, mas é assim que funciona".
O Brasil tem déficit na relação comercial com os Estados Unidos desde 2009, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Em 2024, considerando produtos e serviços, o déficit foi superior a US$ 28 bilhões.
O presidente americano também voltou a defender Bolsonaro:
"O Brasil tem algumas leis muito ruins acontecendo... Quando eles pegam um presidente e eles o colocam na prisão ou estão tentando prendê-lo. Eu conheço esse homem e vou lhe dizer — eu sou bom em avaliar pessoas: acho que ele é um homem honesto. Acho que o que fizeram é uma coisa… Isso é realmente uma execução política que estão tentando fazer com o Bolsonaro".
Donald Trump
REUTERS
Desde julho, Trump vem falando ocasionalmente sobre Jair Bolsonaro ao mencionar o Brasil. Ele acusa o Judiciário brasileiro de estar fazendo uma “caça às bruxas” contra o ex-presidente.
Nesta quarta-feira (13), o presidente Lula afirmou que o governo seguirá tentando uma negociação com os Estados Unidos para tentar reverter a tributação de produtos brasileiros:
"A gente vai continuar teimando em negociação porque nós gostamos de negociar. Nós não queremos conflito. Não quero conflito nem com Uruguai, nem com a Venezuela, quanto mais com os EUA. Agora a única coisa que precisamos exigir é que a soberania nossa é intocável, ninguém dê palpite nas coisas que nós temos que fazer".
Ao anunciar taxas de 50% aos produtos brasileiros que entram nos EUA, em 9 de julho, Trump associou a medida diretamente ao julgamento no qual Bolsonaro é réu.
Desde o anúncio da nova taxação, Trump saiu repetidas vezes em defesa do ex-presidente. Em 17 de julho, por exemplo, divulgou uma carta escrita para Bolsonaro, em que voltava a defender o político do PL e a criticar a Justiça brasileira. Dois dias antes, voltou a citar a "caça às bruxas".
“O presidente Bolsonaro é um bom homem. Conheci muitos primeiros-ministros, presidentes, reis e rainhas, e sei que sou muito bom nisso. O presidente Bolsonaro não é um homem desonesto. Ele ama o povo brasileiro. Ele lutou muito pelo povo brasileiro. (...) Não é que ele seja meu amigo. Ele é alguém que eu conheço. Sei que ele representa milhões de brasileiros, são ótimas pessoas, ele ama o país e lutou muito por essas pessoas. E eles querem prendê-lo. Acho que isso é uma caça às bruxas e acho muito lamentável”, disse Trump, no último dia 15 de julho.
Segundo a PGR, Bolsonaro liderou uma organização criminosa armada voltada a desacreditar o sistema eleitoral, incitar ataques a instituições democráticas e articular medidas de exceção.
Em interrogatório no STF em junho, Bolsonaro negou que tenha liderado a trama golpista.
Críticas em relatório
Sob Trump, relatório de Direitos Humanos dos EUA critica Moraes e governo Lula
Nesta terça-feira (12), os Estados Unidos afirmaram que situação dos direitos humanos no Brasil "se deteriorou", em um relatório feito pelo governo do republicano Donald Trump.
Compare a avaliação do Brasil nos governos Biden e Trump
O documento, elaborado pelo Departamento de Estado dos EUA, faz críticas ao presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e ao ministro do STF Alexandre de Moraes. Também critica a prisão de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, réu no Supremo Tribunal Federal por tentativa de golpe de estado.
"A situação dos direitos humanos no Brasil piorou ao longo do ano. Os tribunais tomaram medidas amplas e desproporcionais para minar a liberdade de expressão e a liberdade na internet, bloqueando o acesso de milhões de usuários a informações", afirma.
Montagem com fotos do ministro do STF, Alexandre de Moraes, e do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump
Gustavo Moreno/STF e Evelyn Hockstein/Reuters
Além disso, também critica a Europa e afirma que não há "abusos significativos de direitos humanos" em El Salvador, para onde o governo Trump enviou vários imigrantes deportados e onde governa um aliado do republicano, Nayib Bukele, que acaba de aprovar a reeleição ilimitada no país.
📂O que é o documento divulgado pelos EUA: o "relatório de práticas de direitos humanos de países em 2024" foi entregue nesta terça-feira ao Congresso americano. Ele é composto por avaliações de 196 países membros da Organização das Nações Unidas (ONU) e é referência mundial —usado, por exemplo, em tribunais dos EUA e internacionais. O relatório é divulgado anualmente.
✅ Contexto Trump: o relatório de direitos humanos sobre o Brasil vocaliza críticas semelhantes a adotadas por Trump desde que anunciou um tarifaço aos produtos brasileiros. Ao justificar a tarifa, Trump citou perseguição política ao ex-presidente Bolsonaro, seu aliado. O relatório mostra uma mudança em relação ao o divulgado em 2024, feito sob a administração de Joe Biden (Partido Democrata), rival de Trump.
🚨Suspeita de politização: o jornal Washington Post relatou que a redação do relatório sobre o Brasil causou "desconforto" no Departamento de Estado, com servidores dizendo que "o processo foi indevidamente politizado" quando comparado a anos anteriores.
No relatório de 2024, produzido pela gestão do democrata Joe Biden e relativo aos acontecimentos de 2023 ou anteriores, as eleições presidenciais brasileiras foram consideradas justas e livres de abusos ou irregularidades.
O relatório apenas mencionava pontos de atenção em relação a assédio eleitoral e tentativas de interferências de organizações criminosas, além do aumento nas inspeções da Polícia Rodoviária Federal em ônibus públicos no Nordeste nas eleições presidenciais de 2022, num suposto movimento para dissuadir o voto em uma região com maior presença de eleitores de Lula.
Entenda o que é a Lei Magnitsky
24 milhões foram vítimas de golpe do PIX ou boleto falso, indica Datafolha
24 milhões foram vítimas de golpe do PIX ou boleto falso, indica Datafolha
Pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (14) aponta que 24 milhões de brasileiros foram vítimas de golpes do PIX ou de boletos falsos. O levantamento foi feito em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública e ouviu 2.007 pessoas de 16 anos ou mais em 130 municípios entre os dias 2 e 6 de junho.
Do total de entrevistados, 14% responderam que caíram nesses golpes virtuais — eram 10% em 2024. O prejuízo médio agregado chega a quase R$ 29 bilhões, segundo a pesquisa, com perda média de R$ 1.198 por pessoa. O número é superior aos entrevistados que disseram ter sido vítimas de roubo, furto, roubo ou furto de celular, ou que receberam notas de dinheiro falso.
Veja os números:
Golpes do PIX ou boleto falso: 14% (equivalente a 24 milhões de brasileiros);
Roubo ou furto de celular: 9% (o que equivale a 15,7 milhões de pessoas);
Roubo ou assalto em geral: 11% (18,7 milhões de brasileiros);
Recebeu notas de dinheiro falso: 10% (16 milhões de pessoas).
Segundo o levantamento, 37% dos entrevistados que sofreram tentativas de golpes do PIX ou boletos são das classes A ou B, enquanto 22% são das classes C, D ou E.
A pesquisa indica que a quantidade de vítimas de crimes patrimoniais online, como golpes, superou o total de brasileiros que caem neste tipo de crime presencialmente. Dos entrevistados, 33% afirmam ter sido vítimas de crimes virtuais, enquanto 22%, de ações presenciais (veja no gráfico abaixo).
O levantamento aponta que aumentou a quantidade de pessoas que foram vítimas de golpes do PIX ou de boletos após terem celulares furtados, ou roubados.
"Golpe envolvendo PIX ou boleto falso, por exemplo, teve prevalência de 14,3% na população com 16 anos ou mais, mas chega a 35,1% dos que tiveram seu celular roubado ou furtado no período, reforçando a hipótese de que o lucro oriundo do roubo/furto do aparelho vai muito além do valor do celular, sendo o acesso às informações pessoais da vítima um elemento chave para compreender a epidemia de roubos e furtos de celulares que assola o país", diz o estudo.
Os tipos crimes variam conforme a faixa etária, conforme a pesquisa: 11% dos idosos com 60 anos ou mais relataram terem sofrido algum tipo de fraude bancária (conta-corrente ou poupança), número que é de 6% em relação ao total de entrevistados.
Já os mais jovens, de 16 a 24 anos, caem em golpes que envolvem compras pela internet ou redes sociais que não foram entregues, com 23% de incidência no grupo -- a média nacional é de 18%.
32 milhões foram chantageados
O levantamento questionou aos entrevistados se eles sofreram ameaças ou chantagens decorrentes de dados vazados deles, ou de seus familiares durante o último ano. Um em cada cinco brasileiros (19% do total) respondeu "sim", o que equivale a 32 milhões de pessoas e 5,4 mil vítima por hora.
É o crime com maior incidência entre os levantados pela pesquisa, mas que não necessariamente significou um prejuízo financeiro para a vítima. Apesar disso, os prejuízos relatados por quem caiu neste tipo de chantagem é estimado em R$ 24,4 bilhões.
Ao todo, 46,4 milhões de brasileiros disseram ter sofrido algum tipo de contato por mensagem ou ligação telefônica envolvendo falsas centrais de segurança no período analisado, de julho de 2024 a junho de 2025.
A pesquisa indica que as pessoas que tiveram o aparelho celular roubado ou furtado têm uma chance quase quatro vezes maior de sofrer golpes do que o restante da população.
Pessoa segurando celular na área Pix de aplicativo bancário
Bruno Peres/Agência Brasil
Dona da Fiat inaugura desmanche veicular e vende peças por menos da metade do preço
Centro Circular AutoPeças é o desmanche de carros da Stellantis, localizado em Osasco (SP)
Vinicius Montoia | g1
A Stellantis, dona da Fiat, inaugurou nesta quinta-feira (14), em Osasco (SP), o primeiro "Centro de Desmontagem Veicular Circular AutoPeças" da América Latina. Com investimento de R$ 13 milhões, a montadora entra no mercado de reciclagem estruturada de veículos sinistrados, em fim de vida útil ou fora de uso — inclusive de outras marcas.
As peças recebem uma classificação de 1 a 10, e somente itens com notas entre 5 e 10 são colocados à venda, segundo a Stellantis. De acordo com Alexandre Aquino, vice-presidente de economia circular da montadora na América do Sul, todas custam menos de 50% do valor original.
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"A nota estará pública através de etiqueta em cada peça, para ser ainda mais transparente com o cliente. Ele tem garantia de que a peça passou por um processo legal de desmontagem", afirma Aquino.
Este é o primeiro desmanche oficial de veículos da Stellantis fora da Europa. O projeto faz parte do plano global da empresa voltado à economia circular. O investimento foi destinado à construção do centro, que deve gerar cerca de 150 empregos nos próximos anos.
Com capacidade para desmontar até 8 mil veículos por ano, o novo centro prioriza a reciclagem automotiva e o reaproveitamento de peças. A operação pode evitar a emissão de aproximadamente 30 mil toneladas de CO₂ ao ano, segundo a empresa.
"Vai ter carros de outras montadoras. E vamos comercializar as peças dessas outras fabricantes, sim", diz Paulo Solti, vice-presidente de peças e serviços para a América do Sul.
Onde comprar peças usadas?
As peças em bom estado, retiradas dos veículos desmontados, serão vendidas ao público em canais físicos e digitais.
Em Osasco, o atendimento ocorrerá na loja física do centro, instalada em um contêiner de vendas. Pela internet, os componentes estarão disponíveis na loja oficial da "Circular AutoPeças" no Mercado Livre e, em breve, também em um e-commerce próprio.
Todas as vendas seguem os critérios de rastreabilidade e segurança do Detran, garantindo conformidade com a legislação e oferecendo peças em condições de uso, com qualidade e procedência certificadas.
Peças são etiquetadas e vendidas na internet
Vinicius Montoia | g1
De onde vêm os carros desmontados pela Stellantis?
O centro de desmanche recebe veículos acidentados, classificados como perda total, ou automóveis que chegaram ao fim de sua vida útil. Eles são adquiridos em leilões e passam por um processo de desmontagem que garante a destinação correta de peças e materiais.
Ao chegar à unidade, o veículo passa por uma área de descontaminação, onde todos os fluidos — como óleos e combustíveis — são retirados. Depois, segue para a linha de desmontagem, onde técnicos avaliam a condição geral do veículo e de seus componentes por meio de testes e inspeções detalhadas.
As peças em condições de reaproveitamento são separadas para reuso ou remanufatura. As destinadas à reutilização passam por limpeza com produtos biodegradáveis e recebem identificação individual com classificação, valor de mercado e etiqueta de rastreamento emitida pelo Detran.
Cada veículo é vinculado a uma “carteira de desmonte”, emitida por fornecedor homologado, que lista até 49 itens com rastreabilidade total, incluindo informações sobre o veículo de origem, o responsável pelo desmonte e a procedência da peça.
Além de cumprir as exigências dos órgãos reguladores, a Stellantis adota um sistema próprio de codificação e controle de qualidade, garantindo a padronização de todo o processo.
“Hoje, temos uma destinação correta para 100% dos materiais dos veículos desmontados. Desde os fluidos, como óleos e combustíveis, até matérias-primas como aço, ferro, alumínio, cobre e outros metais nobres. Tudo é reaproveitado", explica Paulo Solti, vice-presidente de Peças e Serviços para a América do Sul.
O reaproveitamento de peças veiculares ainda enfrenta grandes desafios no Brasil. A Stellantis estima que a frota nacional tenha cerca de 48 milhões de veículos e que, a cada ano, aproximadamente 2 milhões cheguem ao fim de sua vida útil.
Desses, apenas 1,5% recebem destinação correta. Segundo a montadora, o mercado brasileiro de reciclagem de veículos tem potencial para movimentar até R$ 2 bilhões por ano. Os outros 98,5% permanecem nos pátios dos Detrans ou acabam abandonados.
"O Circular AutoPeças também contribui para reduzir os índices de criminalidade, já que diminui o número de veículos desmontados de forma irregular", afirma Solti.
A siderúrgica ArcelorMittal mantém contrato com a Stellantis, e todas as carrocerias são enviadas para reciclagem do material.
“Ao internalizar as operações de desmontagem, a Stellantis passa a ter controle sobre o fluxo de componentes e materiais dos veículos, ao mesmo tempo em que reduz o desperdício”, afirma Laurence Hansen, vice-presidente sênior global de Economia Circular.
Paulo Solti, vice-presidente de Peças e Serviços para a América do Sul, garante que o desmanche da Stellantis também realizará a desmontagem e reciclagem de carros elétricos e híbridos.
Primeiro centro de desmanche fora da Europa
O novo centro, em Osasco, integra a expansão industrial da Stellantis na área de Economia Circular na América do Sul. É o primeiro fora de Turim, na Itália, onde foi inaugurado o desmanche pioneiro do conglomerado.
Segundo a fabricante, o objetivo é prolongar a vida útil dos produtos, reduzir o impacto ambiental e incentivar um consumo mais consciente.
“Baseada na estratégia dos 4R (Remanufatura, Reparo, Reuso e Reciclagem), buscamos estender a vida dos produtos, reduzir o desperdício e reintegrar materiais no ciclo produtivo, formando um ecossistema integrado essencial para preservar os recursos do planeta”, afirma Emanuele Cappellano, presidente da Stellantis América do Sul.
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Zeekr 7X: SUV elétrico chega ao Brasil por R$ 448 mil, com mais potência que Porsche 911
Zeekr 7X: SUV elétrico acelera mais que Porsche 911 Carrera e abre a porta para você
Após chegar ao Brasil de forma discreta, a chinesa Zeekr apresentou seu terceiro modelo: o Zeekr 7X, um SUV médio totalmente elétrico com preço de R$ 448 mil.
O 7X é maior que o outro SUV da marca, o X, e tem dimensões próximas às do Jeep Commander, mas com um nível de sofisticação que o motorista não encontra no utilitário da marca americana.
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Entre os itens de destaque estão:
Maçanetas escamoteáveis;
Retrovisores sem armação visível;
Alto-falantes no encosto de cabeça;
Bancos com massagem, aquecimento e ventilação;
Rede para reduzir a entrada de luz para passageiros da segunda fileira;
Abertura elétrica das portas por botão;
Dois carregadores de celular por indução;
Central multimídia de 16 polegadas;
Projeção da rota do GPS no para-brisa.
O SUV conta com dois motores elétricos que entregam 646 cv de potência e 72,3 kgfm de torque, garantindo tração integral. Esse torque supera o da maior picape da Ford no Brasil, a F-150, que oferece 56,7 kgfm.
Zeekr 7X
Segundo a fabricante, o Zeekr 7X acelera de 0 a 100 km/h em 3,8 segundos — melhor que os 4,1 segundos do Porsche 911 Carrera. A vantagem é que, ao contrário do esportivo alemão, o SUV acomoda até cinco ocupantes.
O Zeekr 7X utiliza uma bateria de 100 kWh, que proporciona autonomia de até 423 quilômetros com uma única carga.
A recarga pode ser feita em eletropostos de 400 kW — ainda inexistentes no Brasil — em 13 minutos, para passar de 10% a 80% de carga. Em apenas cinco minutos, esse tipo de carregador repõe 150 km de autonomia.
No interior, o Zeekr 7X traz materiais macios ao toque em quase todas as superfícies. A central multimídia, típica dos modelos chineses, tem 16 polegadas e fica em um painel flutuante, ao lado do quadro de instrumentos digital de 13 polegadas voltado para o motorista.
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Zeekr 7X por dentro
Os sistemas de assistência ao motorista e o gerenciamento das telas são controlados pelo chip Snapdragon 8295, desenvolvido exclusivamente para veículos. Ele pode ser comparado, com as devidas diferenças, ao Snapdragon 8 Gen 3 presente em smartphones como o Galaxy S24 Ultra.
Ainda no campo da tecnologia, o Zeekr 7X oferece sistemas de auxílio ao motorista, como piloto automático adaptativo e ajuste automático para centralização na faixa.
Para mapear o ambiente, o veículo conta com:
12 radares ultrassônicos;
12 câmeras de alta definição;
1 radar de ondas milimétricas.
Embora tenha dimensões semelhantes às do Jeep Commander, o Zeekr 7X acaba concorrendo com modelos como o Ford Mustang Mach-E, versão elétrica do clássico muscle car, e o Audi Q6 e-tron.
O Mustang Mach-E oferece menos equipamentos, tem potência inferior e custa R$ 486 mil.
Já o Audi Q6 e-tron é mais completo, tem porte semelhante ao 7X e preço inicial de R$ 559.990.
Quem é a Zeekr?
A Zeekr é uma empresa chinesa, fundada em 2021 pelo grupo Geely, que tem outros nomes como Volvo, Lotus e Smart. O objetivo de sua criação é de competir com marcas já bem estabelecidas no mercado internacional de veículos elétricos, como a americana Tesla.
Os primeiros veículos foram lançados em 2021 e neste mesmo ano a Zeekr auxiliou o desenvolvimento do sistema de táxi autônomo utilizado pela Waymo, para o serviço Waymo One que funciona em algumas cidades dos Estados Unidos.
A Zeekr já vendeu 340 mil carros globalmente, em um leque de sete modelos desenvolvidos. A companhia está presente em mais de 35 países como Israel, Alemanha, Austrália, Suécia, México, Colômbia, Uruguai e Costa Rica.
No Brasil, a Zeekr já tem oito concessionárias prontas para iniciar as vendas, com duas extras em finalização da construção.
Elas estão espalhadas nos estados:
Rio Grande do Sul;
Santa Catarina;
Paraná;
São Paulo;
Rio de Janeiro;
Espírito Santo;
Pernambuco;
Distrito Federal.
A marca prometeu oito anos de garantia para a bateria dos carros vendidos no Brasil, cinco anos de garantia para o veículo e atendimento para motoristas que podem ficar sem carga.
Ícone da fotografia, Kodak enfrenta crise e pode fechar as portas após 133 anos
Por que empresas pedem recuperação judicial nos EUA?
A Eastman Kodak, gigante histórica da fotografia, enfrenta um dos momentos mais críticos de seus 133 anos de existência e pode estar próxima de encerrar as atividades.
Em comunicado divulgado na última segunda-feira (11), a empresa informou que não possui financiamento garantido nem liquidez suficiente para quitar cerca de US$ 500 milhões (aproximadamente R$ 2,7 bilhões) em dívidas que vencem em breve.
No relatório de resultados, a Kodak reconheceu que essa situação “levanta dúvidas substanciais” sobre sua capacidade de manter a operação em continuidade.
O alerta veio acompanhado de um balanço negativo: no segundo trimestre deste ano, a companhia teve prejuízo de US$ 26 milhões, queda de 1% na receita em relação a 2024 e desempenho bem abaixo do esperado.
Do auge ao declínio
A trajetória da Kodak começou em 1879, quando George Eastman registrou sua primeira patente para uma máquina de revestimento de chapas.
Em 1888, lançou a primeira câmera Kodak por US$ 25 (R$ 125, na cotação atual), popularizando a fotografia com o famoso slogan: “Você aperta o botão, nós fazemos o resto”. Ao longo do século XX, tornou-se um ícone global, dominando o mercado de câmeras e filmes fotográficos.
A virada veio a partir de 1975, com o avanço da fotografia digital — ironicamente, uma tecnologia que a própria Kodak ajudou a desenvolver, mas não priorizou comercialmente.
Nos anos 1990, as vendas despencaram, gerando dificuldades financeiras cada vez maiores.
Em 2012, a empresa pediu falência, com dívidas que chegavam a US$ 6,75 bilhões (cerca de R$ 36 bilhões). Mais tarde, em 2020, a Kodak diversificou suas atividades e passou a atuar também no setor farmacêutico, ao ser contratada pelo governo dos EUA para produzir ingredientes.
Hoje, a Kodak mantém a produção de filmes e produtos químicos para a indústria cinematográfica e licencia sua marca para diversos itens de consumo.
No entanto, o peso das dívidas e a falta de liquidez ameaçam a sobrevivência de uma das marcas mais icônicas da fotografia.
Imagem de 2004 mostra filmes antigos da Kodak antes de irem para a reciclagem em um laboratório na França.
AFP
Plano de recuperação
Diante do cenário desafiador, a Kodak avalia suspender os pagamentos do plano de aposentadoria dos funcionários. No entanto, a medida pode não ser suficiente, especialmente com os impactos das tarifas de Donald Trump.
O CEO Jim Continenza afirmou que, apesar da incerteza do mercado, a empresa segue avançando em seu plano de longo prazo e confia em pagar parte significativa da dívida, buscando renegociar ou refinanciar o restante.
m anúncio da Kodak para filmes e câmeras na faixada da loja Morgan Camera Shop, na Sunset Boulevard, California.
Reuters
Dólar sobe a R$ 5,41 com dados econômicos dos EUA; Ibovespa cai, puxado pelas mineradoras
Quem está com bravata e não quer negociação são eles, diz Lula sobre tarifaço
O dólar fechou em alta de 0,32% nesta quinta-feira (14), cotado a R$ 5,4175. Já o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, teve queda de 0,24%, aos 136.356 pontos.
Os investidores reagiram ao pacote de ajuda do governo brasileiro para enfrentar o tarifaço e os dados econômicos dos Estados Unidos.
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▶️ Desde ontem repercute a assinatura da medida provisória do programa “Brasil Soberano”. A proposta inclui uma linha de crédito de R$ 30 bilhões e o adiamento de impostos para empresas mais afetadas pelo tarifaço, mas especialistas alertam para possíveis riscos nas contas públicas.
▶️ Ainda nesse tema, o Ministério da Fazenda divulgou o Prisma Fiscal, levantamento mensal com estimativas do mercado sobre as contas. Houve melhora das projeções, mas a pesquisa foi feita antes do pacote de ajuda anunciado pelo governo.
▶️ No Ibovespa, as empresas mineradoras são afetadas pela queda do minério, após a China suspender as atividades de construção. Já o setor bancário sobe, com destaque para o Banco do Brasil, que vai divulgar o seu balanço após o fechamento do mercado. (saiba mais abaixo)
▶️ Nos EUA, investidores analisam o índice de preços ao produtor (PPI), que subiu 0,9% em julho, acima das expectativas, e os pedidos semanais de auxílio-desemprego, que vieram abaixo das previsões.
▶️ Aqui, o IBGE divulgou a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) com resultados de junho. O volume do setor avançou 0,3% frente a maio e registrou alta de 2,8% em relação ao mesmo mês do ano passado.
🔎 A PMS é um estudo que monitora o setor de serviços no Brasil, fornecendo dados sobre o volume de atividade e receita. Ele ajuda a entender tendências do mercado e orientar políticas e estratégias de negócios.
Veja abaixo como esses fatores impactam o mercado.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
💲Dólar
a
Acumulado da semana: -0,33%;
Acumulado do mês: -3,27%;
Acumulado do ano: -12,33%.
📈Ibovespa
Acumulado da semana: +0,33%;
Acumulado do mês: +2,47%;
Acumulado do ano: +13,36%.
Plano de socorro do governo
Ontem, o governo assinou a medida provisória do programa “Brasil Soberano”, que institui o programa “Brasil Soberano”, primeira etapa do pacote de apoio às empresas brasileiras impactadas pelo tarifaço aplicado pelos EUA.
Especialistas ouvidos pelo g1 afirmam que a medida frear a atividade econômica e reduzir a inflação deste ano — mesmo que de forma moderada. Ainda assim, o pacote de ajuda pode pressionar câmbio e Selic.
Infográfico - Plano de socorro do governo a empresas afetadas pelo tarifaço de Trump.
Arte/g1
▶️ Confira os detalhes do pacote da MP "Brasil Soberano"
Prisma fiscal
O relatório Prisma Fiscal de agosto indica que os agentes consultados pelo Ministério da Fazenda revisaram para cima as previsões para o resultado primário do governo em 2025 e 2026.
Os economistas agora esperam que:
Em 2025, o resultado primário registre déficit de R$ 70,877 bilhões, ante a estimativa anterior de R$ 72,107 bilhões. Para 2026, a previsão passou para um déficit de R$ 81,064 bilhões, contra R$ 89,374 bilhões no levantamento anterior;
A dívida bruta do governo geral fique em 79,80% do Produto Interno Bruto (PIB) no fim de 2025, abaixo dos 80,00% projetados em julho. Para 2026, a estimativa é de 83,87% do PIB, frente à projeção anterior de 84,10%.
A arrecadação alcance R$ 2,323 trilhões em 2025, ante R$ 2,318 trilhões previstos no mês passado. Em 2026, a receita esperada é de R$ 2,491 trilhões, contra R$ 2,482 trilhões estimados anteriormente;
As despesas do governo central subam para R$ 2,395 trilhões neste ano, frente à previsão de R$ 2,394 trilhões feita anteriormente, e atinjam R$ 2,577 trilhões em 2026, ante R$ 2,574 trilhões projetados no mês passado.
As projeções foram feitas antes do anúncio do plano de auxílio do governo às empresas afetadas pelo tarifaço, medida que gerou alerta entre economistas quanto ao aumento das despesas públicas e ao risco para o equilíbrio fiscal.
Pesquisa Mensal de Serviços no Brasil
O setor de serviços no Brasil cresceu 0,3% em junho em relação a maio e avançou 2,8% na comparação com o mesmo mês do ano anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado ficou próximo das expectativas do mercado. Para a comparação mensal, previa-se um crescimento ligeiramente maior, de 0,4%. Na comparação anual, a mediana das estimativas apontava alta um pouco menor, de 2,2%.
O destaque do mês foi o setor de transportes, que cresceu 1,5% e foi o único a registrar resultado positivo, impulsionado pelo avanço mais expressivo no transporte de cargas e no transporte aéreo de passageiros.
Queda do minério de ferro
Os contratos futuros do minério de ferro recuaram nesta quinta, após o governo chinês determinar a suspensão das atividades de construção antes de um desfile militar em Pequim.
O contrato de janeiro, o mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE), caiu 2,94%, para 775 iuanes (US$ 108,06) por tonelada.
Com isso, as ações de mineradoras recuaram e pressionaram o Ibovespa para o campo negativo.
Vale (VALE3): -1,09%
CSN Mineração (CMIN3): -0,82%
CSN (CSNA3): -6,06%
Gerdau (GGBR4): -1,15%
Usiminas (USIM5): -7,42%
Bancos sobem na bolsa
No setor bancário, as ações oscilaram ao longo do pregão desta quinta-feira. O Banco do Brasil, que divulga o balanço do 2º trimestre após o fechamento do mercado, registrou alta ao longo do dia.
Já os demais bancos alternaram altas e baixas, sem direção definida.
Banco do Brasil (BBAS3): +2,90%
Bradesco (BBDC4): -1,12%
Itaú (ITUB4): -0,05%
Santander (SANB11): -0,11%
Dados econômicos dos EUA
Nos EUA o Departamento do Trabalho informou que o núcleo do índice de preços ao produtor (PPI) — que exclui itens mais voláteis — subiu 0,9% em julho ante o mês anterior e avançou 3,7% na comparação anual.
O resultado superou as estimativas dos analistas, que projetavam alta de 0,2% no mês e de 2,9% no ano.
🔎 O mercado aguardava dados mais fracos, que poderiam sinalizar desaceleração da economia americana e abrir espaço para o Federal Reserve (Fed) iniciar cortes de juros já em setembro.
Outro dado divulgado foi o número semanal de pedidos de auxílio-desemprego, que recuou em 3 mil na semana encerrada em 9 de agosto, totalizando 224 mil solicitações. O resultado veio abaixo da previsão de 230 mil pedidos feita por analistas.
O total da semana anterior foi revisado de 226 mil para 227 mil. Já os pedidos contínuos recuaram 15 mil na semana encerrada em 2 de agosto, somando 1,953 milhão.
Mercados globais
Em Wall Street, os dados econômicos frustraram as expectativas dos investidores. Com o PPI acima do previsto, aumentou a percepção de que o Fed pode adiar o início dos cortes de juros para depois da reunião de setembro.
De acordo com dados preliminares, o S&P 500 registrou variação positiva de 0,03%, para 6.468,27 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq registrou variação negativa de 0,01%, para 21.711,34 pontos. O Dow Jones registrou variação negativa de 0,04%, para 44.902,57 pontos.
Já os mercados europeus fecharam em alta. Apesar da menor perspectiva de cessar-fogo na Ucrânia, investidores reagiram a dados regionais e aos balanços corporativos das empresas europeias.
O índice Stoxx 600 avançou 0,49%, a 553,55 pontos. A bolsa de Frankfurt (DAX) subiu 0,79%, a 24.377,50 pontos, e a de Paris (CAC 40) ganhou 0,84%, a 7.870,34 pontos.
Na Ásia, as bolsas fecharam majoritariamente em queda. As maiores baixas foram no Japão (Nikkei), com recuo de 1,45%, e na China (Shanghai SE), com queda de 0,46%.
Notas de dólar.
Luisa Gonzalez/ Reuters
*Com informações da agência de notícias Reuters
Bitcoin bate novo recorde e supera os US$ 124 mil
Criminosos são presos por sequestrar aposentada e pedir resgate de R$ 3 milhões em bitcoin
O bitcoin bateu um novo recorde na noite de quarta-feira (13), ultrapassando pela primeira vez a marca dos US$ 124 mil (aproximadamente R$ 668 mil, na cotação atual).
O movimento foi impulsionado por uma legislação favorável e pela alta das ações nos Estados Unidos.
O último recorde da criptomoeda aconteceu em 14 de julho, quando o ativo chegou a US$ 123,2 mil e ultrapassou os US$ 124,5 mil. Já na manhã desta quinta-feira (24), o bitcoin voltou a perder força, sendo negociado a US$ 120.869 (cerca de R$ 651 mil) por volta das 8h (horário de Brasília).
O que motivou o recorde do bitcoin?
A alta do bitcoin na noite de ontem refletiu o dia positivo nas bolsas americanas. A S&P 500, que reúne 500 ativos negociados na bolsa de Nova York, por exemplo, registrou recorde pelo segundo dia seguido. O mesmo aconteceu com a Nasdaq, bolsa especializada em empresas de tecnologia.
Sinais de que as tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos importados ainda não foram totalmente repassadas aos preços pagos pelos consumidores trouxeram alívio aos investidores nesta semana, já que indicam um impacto inflacionário menor do que o esperado.
Além disso, o mercado está mais otimista de que o Federal reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos), finalmente reduza a principal taxa de juros da maior economia do mundo em setembro.
Avanços regulatórios
A valorização do bitcoin também acontece após iniciativas do presidente Trump para ampliar o acesso a criptoativos.
Na semana passada, Trump assinou uma ordem executiva determinando que o Departamento do Trabalho avalie a possibilidade de incluir criptomoedas, como o Bitcoin, em planos de aposentadoria.
Neste ano, o governo americano também já aprovou o GENIUS Act, primeiro marco regulatório federal para stablecoins — criptomoedas lastreadas em dólar —, além de flexibilizar regras da SEC, equivalente à CVM no Brasil, para favorecer o setor.
*Com informações da France Presse
Ilustração mostra representação de bitcoin.
Dado Ruvic/ Reuters
Tarifaço: analistas veem impacto favorável na inflação brasileira em 2025; cenário é incerto no futuro
O tarifaço implementado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a produtos brasileiros, com uma alíquota de 50% para mais da metade das vendas externas do Brasil ao país, tende a conter a atividade e gerar um impacto baixista na inflação deste ano — mesmo que de forma moderada.
Para 2026, porém, o cenário é incerto e, pode, até mesmo, haver pressões inflacionárias.
As análises são de economistas ouvidos pelo g1.
▶️Com o tarifaço imposto pelos Estados Unidos a uma extensa lista de produtos brasileiros, como café, carnes, máquinas e equipamentos, frutas e peixes, entre outros, a tendência é de que os preços de alguns produtos caiam - principalmente aqueles que não encontrarem novos mercados no exterior.
▶️A lógica é de que a produção que seria destinada aos EUA, ou parte dela, fique no mercado interno. Com o aumento da oferta desses itens, a tendência de mercado é que eles fiquem mais baratos.
Novas tarifas aumentadas por Trump entraram em vigor logo após a meia-noite
Cenário para 2025
De acordo com Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, há um consenso de que os preços vão ficar menores neste ano, principalmente dos itens mais afetados pelo tarifaço de Trump.
"A questão de frutas e peixes, esses sim vão tentar colocar o máximo no mercado doméstico e a gente já vê relatos de preços menores. Isso realmente a gente deve sentir. Ovos também devem ficar um pouco mais baratos", avaliou Gustavo Cruz, da RB Investimentos.
Segundo o analista, outros produtos sobretaxados, entretanto, podem ter uma queda menor de preços, pois seus representantes têm indicado que buscam novos destinos externos para a produção. É o caso de carnes e café. "Então, por isso, talvez o efeito seja um pouco menor, menos sentido", avaliou ele.
Haddad observa Lula falando durante evento que anunciou plano de socorro a empresas afetadas pelo tarifaço de Trump
Adriano Machado/Reuters
Para o economista André Perfeito, o quadro inflacionário é nitidamente benigno com o resultado do IPCA de julho, que veio abaixo das expectativas do mercado financeiro.
"Fora isso o comportamento de alimentos in natura seguem jogando o índice para baixo e deve continuar assim uma vez que ainda não está computado a sobre oferta de alimentos derivada do tarifaço de Trump", acrescentou André Perfeito.
Marcelo Boragini, especialista em renda variável na Davos Investimentos, também projeta queda nos preços de alguns produtos, mas com impacto pequeno na inflação do ano de 2025. "A gente tá falando aí de alguns centésimos de ponto percentual", disse.
"Eu acho que um efeito deflacionário aqui no Brasil, sim, é esperado. Eu acho que produtos como carne, café, frutas e peixes vão sim ter um impacto, mas um impacto bem pequeno. Frutas como manga e uva, a gente já vê que estão mais baratas. Com relação aos peixes, a tilápia, que é um tipo de peixe que tem forte dependência do mercado americano, deve sim sofrer uma queda no preço", disse Marcelo Boragini, da Davos Investimentos.
Ano de 2026
▶️Se há uma tendência de queda de preços de alguns produtos alimentícios neste ano, o cenário não está claro para 2026. Analistas apontam que pode até mesmo acontecer o contrário, com aumento de pressões inflacionárias por conta de um eventual corte de produção.
"Às vezes o produtor, ele não tá com tanto espaço assim, o prejuízo desse ano seja suficiente para que ele no ano que vem ainda assim segure tanto o pé no freio, que aconteça o contrário, os preços subam mais do que o imaginado porque se plantou menos, porque se cultivou, se criou menos peixes", avaliou Gustavo Cruz, da RB Investimentos.
Por conta disso, ele avalia que os dirigentes de bancos centrais ao redor do mundo estão muito cautelosos ao falar se os impactos na inflação são pontuais ou duradouros.
Para Juliana Machado Goncalves Daitx, coordenadora de investimentos Unicred Porto Alegre, há uma expectativa que, apesar do alívio inflacionário em um primeiro momento, "dificilmente terá força para mudar de forma significativa as projeções de inflação de 2026 em diante".
"Neste curto prazo a tendência é de redução na pressão inflacionária, porém, não é possível dizer que esse efeito permanecerá pois os produtores tenderão a tomar novas decisões futuras sob as novas condições de mercado, como baixar a produção, procurar outros países para exportar, entre outras formas de escoar essa produção", avaliou Juliana Daitx, da Unicred Porto Alegre.
Controle da inflação
O controle da inflação no Brasil é uma tarefa que cabe ao Banco Central, que se utiliza, principalmente, da taxa básica de juros da economia, a Selic, para cumprir seu papel.
🔎Para definir os juros, a instituição atua com base no sistema de metas, olhando para a frente (estimativas de inflação). Se as projeções estão em linha com as metas, é possível baixar os juros. Se estão acima, o Copom tende a manter ou subir a Selic.
🔎Desde o início de 2025, com a adoção do sistema de meta contínua, o objetivo é manter a inflação em 3%, sendo considerado dentro da meta se variar entre 1,5% e 4,5%.
🔎Neste momento, o BC já está calibrando a taxa de juros com base na inflação acumulada em 12 meses até março de 2027, pois as mudanças na Selic demoram até 18 meses para terem impacto pleno na economia. A projeção do BC é de um IPCA de 3,4% nesse período.
Atualmente, a taxa Selic está em 15% ao ano — o maior em quase 20 anos. Isso porque a inflação está acima do teto das metas fixadas pelo governo.
O BC tem avaliado que uma desaceleração da atividade é algo necessário para conter as pressões inflacionárias. "As pesquisas setoriais mensais e os dados mais tempestivos de consumo corroboram uma redução gradual de crescimento", informou, na ata da última reunião do Copom.
Corte de juros
▶️Até o momento, a previsão da maior parte do mercado financeiro é de que o juro básico da economia começará a cair somente em 2026.
Para André Perfeito, porém, o tarifaço de Trump pode acelerar o processo de corte dos juros pelo Banco Central. De acordo com o economista, a taxa Selic pode terminar este ano em 14,50% ao ano, contra o atual patamar de 15%.
Ele avalia que, mesmo considerando que as contas públicas podem piorar com a ajuda aos setores afetados pelo tarifaço (pressionando a inflação), "é provável que o mercado comece a considerar seriamente cortes de juros este ano e com maior intensidade".
Segundo Marcelo Boragini, se a queda dos preços alimentícios realmente se confirmar e ajudar a inflação ficar abaixo da meta nos próximos anos, existe, de fato, a possibilidade de Banco Central antecipar os cortes, talvez ainda em 2025.
"Mas a gente está falando de [as projeções de inflação virem na] meta ou abaixo da meta. Esse não é o nosso cenário, está longe disso o nosso cenário. Tudo pode acontecer sem dúvida nenhuma, mas, repito, não é o nosso cenário e eu acho pouco provável isso acontecer [corte de juros ainda em 2025]", concluiu.
INFOGRÁFICO - Linha do tempo do tarifaço contra o Brasil
Arte/g1
Mega-Sena pode pagar R$ 47 milhões nesta quinta-feira
Mega-Sena
Marcelo Brandt/G1
O concurso 2.901 da Mega-Sena pode pagar um prêmio de R$ 47 milhões para os acertadores das seis dezenas. O sorteio ocorre às 20h desta quinta-feira (14), em São Paulo.
No concurso da última terça-feira (12), ninguém levou o prêmio máximo.
A aposta pode ser realizada também pela internet, até as 19h – saiba como fazer a sua aposta online.
A Mega-Sena tem três sorteios semanais: às terças, quintas e sábados.
Entenda como funciona a Mega-Sena e qual a probabilidade de ganhar o prêmio
Para apostar na Mega-Sena
As apostas podem ser realizadas até as 19h (horário de Brasília) em qualquer lotérica do país ou por meio do site e aplicativo Loterias Caixa, disponíveis em smartphones, computadores e outros dispositivos.
É necessário ter 18 anos ou mais para participar. O pagamento, nesse caso, é realizado de forma online, com opção via PIX.
Probabilidades
A probabilidade de vencer em cada concurso varia de acordo com o número de dezenas jogadas e do tipo de aposta realizada. Para um jogo simples, com apenas seis dezenas, que custa R$ 6, a probabilidade de ganhar o prêmio milionário é de 1 em 50.063.860, segundo a Caixa.
Já para uma aposta com 20 dezenas (limite máximo), com o preço de R$ 232.560,00, a probabilidade de acertar o prêmio é de 1 em 1.292, ainda de acordo com a instituição.
Vendas no comércio recuam 0,1% em junho, terceiro mês seguido sem crescimento
Vendas no comércio recuam 0,1% em junho, terceiro mês seguido sem crescimento
Reprodução/TV Globo
As vendas no comércio ficaram no vermelho em junho: queda de 0,1%. O IBGE considera o resultado estável. Foi o terceiro mês seguido sem crescimento para o setor.
No primeiro semestre, o varejo teve uma alta de quase 2%.
Exportadores afetados pelo tarifaço vão ter linha de crédito, cobrança de impostos adiada e produtos comprados pelo governo
Governo Federal anuncia socorro aos exportadores prejudicados pelo tarifaço americano
O governo federal apresentou nesta quarta-feira (13) o pacote de ajuda às empresas exportadoras brasileiras atingidas pela chantagem tarifária do presidente americano, Donald Trump.
O governo publicou o pacote de ajuda aos exportadores em uma edição extra do Diário Oficial. A medida provisória, no entanto, precisa de aprovação do Congresso Nacional.
As empresas impactadas pelo tarifaço terão acesso a uma linha de crédito de até R$ 30 bilhões, dinheiro do Fundo de Garantia à Exportação. O Conselho Monetário Nacional ainda vai estabelecer as condições do financiamento, como a taxa de juros, e os ministérios, os critérios de elegibilidade – quais setores terão prioridade no acesso ao crédito.
O governo ainda não informou quando o dinheiro do empréstimo estará disponível para as empresas. A condição exigida neste primeiro momento é manter os empregos. Ainda não há detalhes sobre como a regra será aplicada aos diferentes setores exportadores e por quanto tempo a ajuda vai durar.
Outras medidas e custos
O governo prorrogou o prazo do regime de drawback, que permite a suspensão de impostos sobre matérias-primas importadas usadas na fabricação de produtos destinados à exportação. As empresas terão mais um ano para vender para o exterior sem perder o incentivo. Além disso, as empresas poderão pedir adiamento do pagamento de tributos federais nos próximos dois meses.
Governo Federal, estados e municípios poderão comprar parte da produção de perecíveis que seria exportada. Os produtos irão para merenda escolar e hospitais, por exemplo. Até 2026, empresas exportadoras terão direito à devolução de parte dos tributos pagos ao longo da cadeia de produção, com até 6% para micro e pequenas empresas e até 3,1% para as demais. O governo vai deixar de arrecadar R$ 5 bilhões com essa medida.
O Tesouro Nacional também fará um aporte de R$ 4,5 bilhões em fundos garantidores, segundo a equipe econômica com o objetivo de garantir o acesso de pequenos e médios exportadores às linhas de crédito. As duas medidas custarão R$ 9,5 bilhões, e o governo vai pedir autorização ao Congresso para que esse valor não entre no cálculo da meta das contas públicas.
A Associação Brasileira das Indústrias de Calçados disse que as medidas emergências divulgadas divulgadas são importantes para a preservação das empresas. E defendeu a necessidade de novos acordos comerciais, especialmente para potencializar a inserção dos produtos industrializados no mercado externo.
Confederação Nacional da Indústria (CNI) disse que as medidas dão fôlego à indústria e mantêm negociação aberta com os EUA. Na solenidade desta quarta-feira (13), o presidente da CNI defendeu maior atenção aos exportadores com dificuldade em encontrar novos mercados.
"Aplauso às medidas que são paliativas. E vamos trabalhar muito duro para que essas medidas possam ser superadas o mais breve possível. Esses setores certamente vão precisar de muito mais carinho, muito mais atenção e muito mais esforço, principalmente porque o mercado não está disponível para nós, como estaria talvez para as commodities", diz Ricardo Alban, presidente da CNI.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o governo continuará monitorando os impactos.
"É uma leva de proposições que vão atenuar esse impacto inicial. Vamos ficar atentos, monitorando nossas exportações e o comportamento do mercado. Já quero informar, presidente, que há setores que não estão no radar hoje, mas que podem vir a entrar no radar em função de uma agressividade muito grande, por exemplo, da exportação de algodão e soja por parte dos Estados Unidos, que está impondo compras de outros países aos seus produtos, isso pode arrecadar problemas internos aqui no Brasil".
Lula rebate críticas e busca aliados
O presidente Lula voltou a rebater os argumentos do governo americano para o tarifaço, enfatizando que não há desrespeito aos direitos humanos no Brasil. Nesta terça-feira (12), os Estados Unidos publicaram um relatório afirmando que a situação dos direitos humanos no Brasil se deteriorou.
O documento faz críticas ao governo Lula, ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e à prisão de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, réu na ação sobre a tentativa de golpe.
"O Brasil não tinha efetivamente nenhuma razão para ser taxado e tampouco aceitaremos qualquer pecha de que no Brasil nós não respeitamos o Direitos Humanos e que o julgamento nosso está sendo feito de forma arbitrária. Na verdade, o que nós estamos fazendo é aquilo que é feito apenas em país democrático. Julgando alguém com base em provas coletadas, em testemunhas e com total direito de presunção de inocência. Isso é democracia elevada à quinta potência", afirmou Lula.
O presidente afirmou que, no momento, o Brasil não vai adotar ações de reciprocidade.
"Nós não estamos anunciando reciprocidade. Veja como nós somos negociadores. Nós não queremos, no primeiro momento, fazer nada que justifique piorar a nossa relação. Neste momento nós estamos tentando aproximar a relação. Procurando o nosso parceiro. Eu já falei com a Índia, já falei com a China, já falei com a Rússia, vou falar com a África do Sul, com a França, com a Alemanha, vou falar com todo mundo. Para eles se darem conta do que está acontecendo no mundo, e junto aos Brics nós vamos fazer uma teleconferência que está sendo articulada para a gente discutir, dentro dos Brics, o que a gente pode fazer para melhorar a nossa relação entre todos os países que foram afetados."
Exportadores afetados pelo tarifaço vão ter linha de crédito, cobrança de impostos adiada e produtos comprados pelo governo
Reprodução/TV Globo
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Exportação brasileira de carne foi recorde em julho, mas vendas aos EUA apresentam queda em meio a tarifaço
Como o tarifaço de Trump impacta nas exportações de carne bovina do Brasil?
O volume das exportações brasileiras de carne bovina bateu recorde para um único mês, em meio ao tarifaço imposto pelos EUA aos produtos brasileiros.
Em julho, o país enviou 366 mil toneladas, um aumento de 27,4% em relação a igual período do ano passado, segundo a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo).
O crescimento foi também em valor: as exportações totais em julho renderam 48% a mais do que o mesmo mês no ano passado.
Os EUA são o segundo maior comprador da carne brasileira. Entre janeiro e julho, eles foram o destino de 23,6% das vendas. No período, eles importaram 484 mil toneladas de carne, uma alta de 86% em relação a igual período de 2024.
Mas as vendas começaram a cair em abril, após o presidente americano Donald Trump taxar em 10% produtos brasileiros. Naquele mês, as exportações para os EUA chegaram a bater recorde de US$ 306 milhões. Em julho, o valor comercializado foi US$ 183 milhões.
📉O resultado ainda não reflete o impacto do tarifaço de 50% imposto pelo presidente americano Donald Trump, já que essa taxa começou a valer apenas no dia 6 de agosto. Entretanto, a sobretaxa de 10% passou a valer em abril.
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Por outro lado, a China, principal cliente do Brasil, aumentou suas aquisições em 14%, gerando uma receita de US$ 4,082 bilhões. Entre janeiro e julho, o país foi responsável por 44,5% das vendas ao exterior.
O Chile permanece em terceiro lugar e também elevou as compras, com alta de 20% no acumulado até julho de 2025.
O México passou a ocupar a quarta posição, saindo das 22 mil toneladas importadas em 2024 para 67 mil toneladas em 2025, um salto de 196%.
Segundo a Abrafrigo, até 2023, o México não aparecia nem entre os 20 maiores clientes do país. Mas, com a abertura de mercado naquele ano, as compras começaram a crescer.
De janeiro a julho, o Brasil enviou, no total, 2 milhões de toneladas de carne bovina para o exterior, uma alta de 19%. Neste período, 124 países aumentaram as compras do produto nacional, enquanto 48 reduziram.
Raio X: veja dados da exportação de carne bovina brasileira
Arte / g1
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Lula assina medida provisória para socorrer empresas impactadas pelo tarifaço dos EUA
Nesta quarta-feira (13), o governo lançou o plano “Brasil Soberano”, com medidas para socorrer exportadores nacionais que vendem para os Estados Unidos. O destaque é a criação de uma linha de crédito de R$ 30 bilhões.
Apesar de representar um “alívio” para empresas afetadas, especialmente pequenos e médios negócios, analistas ouvidos pelo g1 alertam para os efeitos fiscais e o aumento da dívida pública.
“O Brasil enfrenta um elevado nível de endividamento, com a dívida pública já demonstrando sinais de insustentabilidade”, diz Victor Borges, especialista em investimentos da Manchester.
Segundo ele, a dívida nominal hoje corresponde a cerca de 76% a 77% do Produto Interno Bruto (PIB). “Com um cenário fiscal já fragilizado, o governo propõe mais gastos. Esse é o ponto central”, avalia Borges.
João Ferreira, sócio da One Investimentos, concorda e ressalta que a medida provisória pode criar um “desafio adicional” para o cumprimento das metas fiscais. Ele também lembra que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que os R$ 30 bilhões representam apenas o início do apoio previsto.
“Ainda é importante saber qual será o volume total desse pacote de subsídio e qual vai ser o rearranjo nas contas públicas para fazer caber mais esse gasto público”, completa.
Efeitos nos juros e no câmbio
Enquanto isso, Danilo Coelho, economista e especialista em investimentos, avalia que o pacote deve beneficiar as exportadoras, mas ressalta que o governo ainda precisa planejar como redirecionar essa produção para outras cadeias de distribuição e parceiros comerciais.
Ele pondera, porém, que as medidas tendem a agravar o quadro fiscal e aumentar a pressão sobre a taxa básica de juros (Selic). Mesmo assim, o economista acredita que o pacote pode ajudar as empresas a manterem um nível razoável de empregos.
“Isso pode, num curto prazo, gerar espaço para o Banco Central cogitar um corte de juros, porque vai preservar a capacidade de produção, consumo e emprego das empresas que foram mais impactadas”, afirma Coelho.
Por outro lado, ele não descarta que as medidas afastem investidores estrangeiros, já que o desequilíbrio fiscal e nas contas públicas pode elevar a percepção de risco sobre o Brasil.
“Vai depender muito de como serão as próximas medidas do governo que ainda virão para tentar minimizar esse impacto das tarifas. Se não houver um resultado razoável com a arrecadação ou corte de gastos em outras áreas, pode pressionar os nossos juros e o câmbio [dólar] para cima.”
Pacote de ajuda do governo
Nesta quarta-feira, a medida provisória “Brasil Soberano” foi assinada como parte do pacote de ajuda do governo brasileiro às empresas afetadas pelo tarifaço imposto pelos EUA.
"É importante a gente dizer que a gente não pode ficar apavorada e nervoso e muito excitado quando tem uma crise. A crise existe para nós criarmos novas coisas. O que é desagradável é que as razões justificadas para impor tarifas ao Brasil não existem", disse Lula, durante o evento.
O governo criou uma linha de crédito de R$ 30 bilhões para empresas afetadas, condicionada à manutenção dos empregos. Além disso, o governo ainda anunciou:
Prorrogação por um ano o prazo para exportar mercadorias com insumos beneficiados pelo “drawback” — mecanismo que suspende ou isenta tributos sobre insumos usados na fabricação de produtos exportados;
A Receita Federal poderá adiar a cobrança de impostos das empresas mais afetadas pelo tarifaço, prática já adotada na pandemia da Covid-19;
Empresas exportadoras terão crédito tributário para desonerar vendas externas: até 3,1% de alíquota para grandes e médias, e até 6% para micro e pequenas.
▶️ Confira os detalhes do pacote da MP "Brasil Soberano"
Após anunciar o plano de ajuda, o governo também pretende iniciar o debate sobre medidas de reciprocidade contra produtos dos EUA, segundo revelou a jornalista Ana Flor, da GloboNews.
Infográfico - Plano de socorro do governo a empresas afetadas pelo tarifaço de Trump.
Arte/g1
Lula mostra linha de crédito de socorro a empresas impactadas pelo tarifaço
Adriano Machado/Reuters
Inflação na Argentina fica em 1,9% em julho e cai para 36,6% em 12 meses
Milei anunciou pacote de medidas para tentar aumentar a circulação de dólares na economia argentina
Agustin Marcarian/Reuters
A inflação na Argentina foi de 1,9% em julho, segundo o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), divulgado nesta quarta-feira (13) pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec). O resultado veio em linha com a expectativa de economistas.
O dado representa uma aceleração em relação aos 1,6% de junho. Enquanto isso, o índice acumulado em 12 meses até julho foi de 36,6%, abaixo dos 39,4% registrados no mês anterior.
O setor de maior alta em julho foi o de recreação e cultura (4,8%). Na sequência, vieram transporte (2,8%), restaurantes e hotéis (2,8%), comunicação (2,3%) e bens e serviços diversos (2,1%).
Os dados do Indec mostram que o índice oficial de preços da Argentina apresentou progresso ao longo do primeiro ano de gestão do presidente ultraliberal Javier Milei. Em 2025, no entanto, a taxa mensal estagnou entre 2% e 3%. Já nas últimas divulgações atingiu o patamar abaixo de 2%.
A Argentina, que já vinha enfrentando uma forte recessão, passa por um grande ajuste econômico. Após tomar posse, em dezembro de 2023, Milei decidiu paralisar obras federais e interromper o repasse de dinheiro para os estados.
Foram retirados subsídios às tarifas de água, gás, luz, transporte público e serviços essenciais. Com isso, houve um aumento expressivo nos preços ao consumidor.
O país também observou uma intensificação da pobreza no primeiro semestre de 2024, com 52,9% da população nessa situação. No segundo semestre, o percentual caiu para 38,1% — um total de 11,3 milhões de pessoas. A insatisfação da população despertou protestos pelo país.
Por outro lado, o presidente conseguiu uma sequência de superávits (arrecadação maior do que gastos) e retomada da confiança dos investidores.
Acordo com o FMI
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A melhora nos indicadores econômicos fez com que Milei alcançasse, em 11 abril, um acordo de US$ 20 bilhões em empréstimos junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI). A primeira parcela, de US$ 12 bilhões, foi disponibilizada ao país poucos dias depois.
O repasse dos recursos representa um voto de confiança do fundo internacional no programa econômico do presidente argentino. Os valores anunciados se somam a dívidas antigas do país junto ao FMI, que já superavam os US$ 40 bilhões.
Nesse cenário, reduzir a inflação é fundamental para o governo do líder argentino, que deseja eliminar completamente os controles de capitais que prejudicam os negócios e os investimentos. Para isso, Milei quer que a inflação permaneça abaixo de 2% ao mês.
Após o acordo com o FMI, o banco central da Argentina anunciou uma redução dos controles cambiais, o chamado “cepo”. A flexibilização determinou o fim da paridade fixa para o peso argentino e introduziu o "câmbio flutuante" — quando o valor da moeda é determinado pela oferta e demanda do mercado.
Com isso, o governo de Javier Milei passou a ensaiar o fim do sistema de restrição cambial que estava em vigor desde 2019, limitando a compra de dólares e outras moedas estrangeiras pelos argentinos.
Em suas ações mais recentes, o governo e o Banco Central da Argentina lançaram medidas de naturezas monetária, fiscal e cambial para injetar dólar no país, com o objetivo de fortalecer o cumprimento do acordo com o FMI para a recuperação econômica.
Em 22 de maio, o governo anunciou sua decisão de permitir que os cidadãos utilizem dólares mantidos fora do sistema financeiro — ou seja, guardados "debaixo do colchão" — sem a obrigatoriedade de declarar a origem dos recursos.
Em 10 de junho, lançou medidas como a flexibilização no uso de pesos e dólares no mercado de títulos públicos e um plano de captação de empréstimo de US$ 2 bilhões com emissões de títulos. Além disso, se comprometeu a reduzir a emissão de moeda pelo BC.
O objetivo do governo é estabilizar a inflação, reforçar as reservas comerciais do país, melhorar o câmbio e atrair investimentos, enquanto busca avançar no forte ajuste econômico promovido por Milei.
Socorro a exportadores: o que é o Drawback e como ele funciona
Lula assina medida provisória para socorrer empresas impactadas pelo tarifaço dos EUA
Nesta quarta-feira (13), o governo anunciou a primeira etapa de um pacote para apoiar empresas afetadas pela taxa extra de 50% aplicada pelos EUA sobre produtos brasileiros.
As medidas incluem uma linha de crédito de R$ 30 bilhões, o adiamento do pagamento de tributos federais para as companhias mais impactadas e a prorrogação dos prazos do regime de Drawback.
A seguir, o g1 explica como funciona o Drawback, benefício fiscal bastante utilizado por empresas brasileiras que exportam para outros países.
O que é Drawback?
Criado pelo Decreto-Lei nº 37, de 1966, o Drawback é um regime aduaneiro especial que incentiva as exportações ao permitir a isenção ou suspensão de impostos sobre matérias-primas usadas na fabricação de produtos destinados ao exterior.
Na prática, as empresas podem importar ou adquirir insumos no mercado interno sem pagar determinados tributos, desde que eles sejam utilizados para produzir bens que serão exportados.
A redução ou eliminação de impostos diminui o custo de produção e aumenta a competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional.
Entre os principais tributos incluídos no regime estão:
Imposto de Importação;
Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI);
PIS;
Cofins.
As modalidades do Drawback
O regime pode ser aplicado em três modalidades: suspensão, isenção e restituição de tributos.
1. Suspensão de tributos (a mais utilizada no Brasil):
Nessa modalidade, os impostos sobre a compra de insumos — no país ou no exterior — são suspensos quando o material é destinado à produção de bens para exportação.
Como funciona:
A empresa adquire os insumos sem pagar determinados tributos;
Se exportar o produto final no prazo e nas condições previstas, a suspensão se converte em isenção definitiva;
Caso não cumpra o prazo, será obrigada a pagar os impostos suspensos, com multa e juros.
EXEMPLO: Uma fábrica importa couro sem imposto, produz sapatos e exporta. Cumprido o prazo, não paga os tributos sobre o couro.
2. Isenção de tributos
Permite que a empresa importe ou compre insumos no mercado interno para repor estoques usados na produção de um bem já exportado, sem pagar determinados tributos.
Como funciona:
Primeiro, a empresa exporta o produto;
Depois, pode repor a mesma quantidade e tipo de insumos utilizados, sem impostos.
EXEMPLO: Uma indústria exporta 100 mil camisas feitas com tecido importado e pode repor o tecido sem pagar tributos.
3. Restituição de tributos (praticamente extinta)
Prevê a devolução dos impostos pagos na importação de insumos usados em produtos exportados.
Governo prorroga prazo do Drawback
Segundo anúncio do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o governo vai ampliar em um ano o prazo para que empresas exportem produtos fabricados com insumos adquiridos sem impostos pelo regime de Drawback.
"A medida vale para as empresas que contrataram exportações para os Estados Unidos que seriam realizadas até o final deste ano", diz o plano divulgado pelo governo.
Sem a prorrogação, quem não conseguisse exportar a tempo teria de pagar multas e juros.
Agora, essas empresas terão mais tempo para cumprir o compromisso, podendo vender tanto para os EUA quanto para outros mercados. O objetivo é ampliar o prazo de planejamento e evitar a perda de créditos.
🔎 Em 2024, dos US$ 40 bilhões (cerca de R$ 215 bilhões) exportados para os EUA, cerca de US$ 10,5 bilhões (aproximadamente R$ 56 bilhões) utilizaram o Drawback.
Somente em março, 1.151 empresas no Brasil exportaram produtos com o regime na modalidade de suspensão, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) — o que significa que tiveram o imposto suspenso temporariamente durante a produção.
O governo afirma que a prorrogação não gera custo fiscal, pois apenas estende o prazo para cumprir o que já estava previsto.
Infográfico - Plano de socorro do governo a empresas afetadas pelo tarifaço de Trump.
Arte/g1
Governo vai fiscalizar se empresas ajudadas manterão empregos; entenda medidas contra o tarifaço
'Vamos continuar teimando em negociar. Mas a nossa soberania é intocável', diz Lula
O governo federal anunciou nesta quarta-feira (13) a primeira etapa do pacote de medidas para socorrer empresas afetadas pela sobretaxa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros.
Veja abaixo perguntas e respostas sobre a iniciativa.
O que motivou as medidas?
O pacote é uma resposta à sobretaxa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros. A tarifa, em vigor desde 6 de agosto, atinge setores como vestuário, máquinas e equipamentos, têxteis, alimentos, químicos e calçados.
Qual é a principal medida?
O governo vai criar uma linha de crédito de R$ 30 bilhões, com recursos do superávit do Fundo Garantidor de Exportações (FGE). Hoje, o superávit é de R$ 48 milhões. O financiamento será condicionado à manutenção do número de empregos nas empresas beneficiadas.
Quem vai fiscalizar se os empregos serão mantidos?
O Ministério do Trabalho instalará a Câmara Nacional de Acompanhamento do Emprego, que vai monitorar o nível de emprego, fiscalizar o cumprimento de obrigações e acordos trabalhistas e propor ações para preservar postos de trabalho. A atuação será nacional e regional, por meio de Câmaras Regionais nas Superintendências Regionais do Trabalho.
Já se sabe quando e como será possível pedir o crédito?
Ainda não. O governo não divulgou a taxa de juros nem a data de início para solicitação dos empréstimos.
Quais outras medidas foram anunciadas?
Prorrogação do prazo do drawback: mais um ano para exportar mercadorias com insumos beneficiados pelo mecanismo que suspende ou isenta tributos na importação de insumos usados em produtos destinados à exportação.
Diferimento de impostos: adiamento da cobrança para empresas mais afetadas, como já ocorreu na pandemia de Covid-19.
Crédito tributário: desoneração das vendas ao exterior, com alíquotas de até 3,1% para grandes e médias empresas e até 6% para micro e pequenas. Impacto estimado de R$ 5 bilhões até 2026.
Seguros para exportadores: ampliação do acesso a operações contra riscos como inadimplência e cancelamento de contratos, com foco em pequenas e médias empresas.
Compras públicas: União, estados e municípios poderão priorizar produtos atingidos pelo tarifaço para programas como merenda escolar e alimentação hospitalar.
Diversificação de mercados: missões empresariais ao México e à Índia lideradas por Geraldo Alckmin; Lula receberá o presidente da Nigéria e visitará Malásia e Indonésia em outubro.
Por que o governo não aplicou medidas de reciprocidade?
O presidente Lula afirmou que o Brasil prefere, neste momento, apostar na negociação e evitar ações que possam agravar a relação comercial com os EUA.
Medidas de reciprocidade, previstas na lei brasileira, permitiriam ao governo sobretaxar também os produtos vindos dos EUA. Mas Lula entendeu que isso não seria interessante nem para as negociações nem para os importadores brasileiros.
Impacto na meta fiscal
Ao enviar as medidas para o Congresso, o governo vai tentar tirar R$ 9,5 bilhões do cálculo da meta fiscal. Ou seja, esse valor não contaria para o déficit das contas públicas. Mas é preciso que o Congresso aprove.
Tentativas de negociação e novos mercados
A sobretaxa de 50% está em vigor desde 6 de agosto. O vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, coordena o comitê criado por Lula para tentar negociar com o governo americano — até agora, sem sucesso.
Auxiliares de Lula afirmam que Trump condiciona qualquer diálogo ao encerramento dos processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe.
Sem avanços nas negociações, o governo intensificou a busca por novos mercados. Na última semana, Lula conversou por telefone com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi; com o presidente da Rússia, Vladimir Putin; e com o líder chinês, Xi Jinping.
Lula fala sobre linha de crédito para empresas afetadas pelo tarifaço
Adriano Machado/Reuters
A MP do governo soberano
O governo batizou a medida de "Brasil Soberano", mote adotado como resposta à tentativa de Trump interferir no Judiciário brasileiro para beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A MP entra em vigor ao ser publicada no "Diário Oficial da União" (DOU), porém terá de ser aprovada em até 120 dias pelo Congresso Nacional para continuar válida.
O pacote foi fechado após semanas de reuniões entre técnicos, ministros e Lula. As tarifas estão em vigor e fazem parte da guerra comercial travada por Trump com dezenas de países.
Infográfico - Plano de socorro do governo a empresas afetadas pelo tarifaço de Trump.
Arte/g1
Gastos de pacote aos exportadores podem ser abatidos de meta das contas públicas, diz secretário da Fazenda
O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, afirmou nesta quarta-feira (13) que as medidas do pacote de apoio aos exportadores afetados pelo tarifaço dos Estados Unidos podem ser abatidos das metas fiscais, ou seja, não prejudicar a meta. Segundo ele, isso pode abranger: os aportes adicionais para a fundos garantidores de linhas de crédito, que buscam viabilizar empréstimos mais barato para os exportadores, no valor de R$ 4,5 bilhões. os R$ 5 bilhões em crédito tributário (valores a abater em impostos, por meio do Reintegra). 🔍O Reintegra (Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras) é um programa do governo federal que devolve às empresas exportadoras parte dos tributos pagos ao longo da cadeia produtiva e que não puderam ser compensados de outra forma. Quem está com bravata e não quer negociação são eles, diz Lula sobre tarifaço ➡️O total a ser abatido das metas, portanto, é de R$ 9,5 bilhões até o fim do ano que vem. "Há possibilidade de excluir esses valores da meta de 2025. Créditos para FGE [Fundo de Garantia à Exportação] e demais fortalecimentos. O governo trabalha com o Congresso em um projeto de lei complementar para que, quando editado o crédito extraordinário prevendo os aportes nos fundos, tenha esse 'waiver' (dispensa das regras fiscais) do Reintegra. Com um limite muito claro", disse Dario Durigan, da Fazenda. ➡️Mesmo se retiradas do limite de gastos e da meta fiscal, essas despesas elevarão ainda mais a dívida pública — já considerada alta para o padrão de países emergentes. 🔎O abatimento dos gastos do pacote aos exportadores da meta fiscal, para ter validade, ainda tem de passar pelo crivo do Congresso Nacional. Metas fiscais 🔎 Para este ano, a meta é zerar o déficit das contas. Pelas regras do arcabouço fiscal, o governo pode ter um déficit de até 0,25% do PIB sem que o objetivo seja formalmente descumprido, o equivalente à cerca de R$ 31 bilhões. Para fins de cumprimento da meta fiscal, também são excluídos outros R$ 44,1 bilhões em precatórios, ou seja, decisões judiciais. Gastos do pacote de ajuda aos exportadores. 🔎Para 2026, a meta das contas do governo é de um superávit de 0,25% do PIB, algo como R$ 31 bilhões. Pelas regras do arcabouço fiscal, o governo pode ter um déficit de um saldo zero até um superávit de R$ 62 bilhões, sem que o objetivo seja formalmente descumprido. Para fins de cumprimento da meta fiscal, também serão excluídos os pagamentos de alguns precatórios e gastos com o pacote de ajuda aos exportadores. Alckmin já havia antecipado possibilidade A possibilidade de excluir os gastos do pacote de apoio aos exportadores já havia sido antecipada pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, durante entrevista no programa da apresentadora Ana Maria Braga, da TV Globo. Além do auxílio ao Rio Grande do Sul, gastos fora das metas fiscais, e do teto de despesas, já foram feitos anteriormente, também, durante a pandemia da Covid-19, entre 2020 e 2022. Em 2020, por exemplo, primeiro ano da Covid-19, os gastos do governo federal bateram recorde e, em valores corrigidos pela inflação até maio deste ano, superaram a marca de R$ 1 trilhão. Outro tipo de despesa que, em parte, o governo tem excluído, em parte, das metas fiscais e do limite do arcabouço são os precatórios. Isso acontece com aval da Justiça.
Brasil está sendo sancionado pelos EUA 'por ser mais democrático que o seu agressor', diz Haddad
'O Brasil é um país que está sendo sancionado por ser mais democrático do que o seu agressor', diz Haddad sobre EUA
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira (13) que o Brasil está sendo sancionado pelos Estados Unidos por ser um país "mais democrático" do que o norte-americano.
O ministro da Fazenda deu a declaração durante anúncio do governo de medidas de resposta ao tarifaço de Donald Trump.
Entre as ações, estão uma linha de crédito de R$ 30 bilhões para empresas afetadas, adiamento da cobrança de impostos e compra de produtos por entes federativos.
"O Brasil é um país que tá sendo sancionado por ser mais democrático do que o seu agressor. É uma situação inédita e muito incomum no mundo um país que não persegue adversários, imprensa, escritórios de advocacia, universidades, imigrantes legais ou ilegais, e está sujeito a uma retaliação injustificável do ponto de vista político e econômico", disse.
Lula: Não estamos desrespeitando direitos humanos
Pacote de resposta
Haddad observa Lula falando durante evento que anunciou plano de socorro a empresas afetadas pelo tarifaço de Trump
Adriano Machado/Reuters
O governo apresentou a primeira parte do pacote de medidas para socorrer empresas afetadas pela cobrança de uma sobretaxa de 50% para entrada de produtos brasileiros nos Estados Unidos.
A principal medida anunciada foi a criação de uma linha de crédito de R$ 30 bilhões para auxiliar empresas impactadas pelo tarifaço imposto pelo presidente dos EUA, Donald Trump.
Entre as medidas, o governo está prorrogando, por um ano, o crédito tributário para empresas que importam para produzir.
O chamado "drawback" é uma das ferramentas para a redução de custos em operações de comércio exterior. O mecanismo foi criado para incentivar as exportações, permitindo a suspensão ou isenção de tributos na importação de insumos utilizados na fabricação de produtos que serão exportados.
Também em resposta ao tarifaço, Alckmin afirmou que as compras governamentais, de municípios, estados e da União, devem priorizar produtos fabricados por empresas afetadas pelo tarifaço de Trump.
Governo anuncia plano de socorro a empresas afetadas pelo tarifaço de Trump
Governo anuncia plano de socorro a empresas afetadas pelo tarifaço de Trump O governo federal anunciou nesta quarta (13) um pacote de medidas para socorrer exportadoras impactadas pela tarifa de 50% dos EUA. O plano de socorro cria uma linha de crédito para as empresas atingidas, adia a cobrança de impostos e prevê compras públicas de mercadorias afetadas
Lula anuncia R$ 30 bilhões em crédito para empresas afetadas pelo tarifaço
Lula assina medida provisória para socorrer empresas impactadas pelo tarifaço dos EUA
O governo apresentou nesta quarta-feira (13) a primeira parte do pacote de medidas para socorrer empresas afetadas pela cobrança de uma sobretaxa de 50% para entrada de produtos brasileiros nos Estados Unidos.
➡️A principal medida anunciada foi a criação de uma linha de crédito de R$ 30 bilhões para auxiliar empresas impactadas pelo tarifaço imposto pelo presidente dos EUA, Donald Trump. O acesso às linhas estará condicionado à manutenção do número de empregos.
➡️Também foi prorrogado, por um ano, o prazo para que as empresas consigam exportar mercadorias que tiveram insumos beneficiados pelo chamado "drawback". O mecanismo foi criado para incentivar as exportações e permite a suspensão ou isenção de tributos na importação de insumos utilizados para fabricar produtos que serão exportados em seguida.
➡️Além disso, a Receita Federal fica autorizada a fazer diferimento (adiamento) de cobrança de impostos para as empresas mais afetadas pelo tarifaço. Essa prática já havia sido adotada anteriormente durante a pandemia da Covid-19.
➡️O governo também anunciou que as empresas exportadoras terão crédito tributário (valores a abater em impostos) para que suas vendas ao exterior sejam desoneradas. As grandes e médias empresas passam a contar com até 3,1% de alíquota, e as micro e pequenas, com até 6%. Essa medida terá impacto de R$ 5 bilhões até o fim de 2026.
➡️As empresas exportadoras, principalmente as pequenas e médias, terão mais acesso a operações de seguro, que protegem o exportador contra riscos como inadimplência ou cancelamento de contratos.
➡️A União, estados e municípios poderão fazer compras públicas para seus programas de alimentação (para merenda escolar, hospitais etc.). A medida vale apenas para produtos afetados pelas sobretaxas dos EUA.
➡️O governo anunciou, ainda, que continuará trabalhando para diversificar mercados, ou seja, buscando novos países compradores dos produtos sobretaxados pelos Estados Unidos.
Infográfico - Plano de socorro do governo a empresas afetadas pelo tarifaço de Trump.
Arte/g1
Para garantir a manutenção do emprego para as empresas beneficiadas, o governo anunciou a criação da Câmara Nacional de Acompanhamento do Emprego.
"Com o intuito de monitorar o nível de emprego nas empresas e suas cadeias produtivas, fiscalizar obrigações, benefícios e acordos trabalhistas, e propor ações voltadas à preservação e manutenção dos postos de trabalho. A atuação será coordenada em nível nacional e regional via Câmaras Regionais nas Superintendências Regionais do Trabalho", informou o governo.
O que disseram as autoridades
A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou que as medidas representam a defesa da soberania nacional e da democracia.
"O Brasil e o mundo são testemunhas de que essa situação, que consideramos uma verdadeira chantagem, foi provocada por aqueles que tentaram abolir o estado democrático de direito e agora respondem por seus crimes perante à lei e à justiça", disse.
Gleisi Hoffmann afirma que as medidas representam a defesa da soberania nacional e da democracia
Geraldo Alckmin detalhou a prorrogação, por um ano, do crédito tributário para empresas que importam para produzir.
Segundo ele, o chamado "drawback" é uma das ferramentas para a redução de custos em operações de comércio exterior.
Também em resposta ao tarifaço, Alckmin mencionou que as compras governamentais, de municípios, estados e da União, devem priorizar produtos produzidos por empresas afetadas pelo tarifaço de Trump.
O presidente da CNI, Ricardo Alban, informou que a entidade contratou escritórios de advocacia para defender seus interesses nos EUA. A CNI também vai atuar com lobby para tentar reduzir as tarifas dos EUA.
"Nada justifica sairmos de um piso para um teto", disse.
Alban destacou a importância de buscar novos mercados para os produtos brasileiros e elogiou as "medidas paliativas" adotadas pelo governo.
"Vamos trabalhar para que essas medidas possam ser superadas o mais breve possível", declarou.
Governo anuncia sistema de crédito e de seguro para empresas afetadas por tarifaço
Tarifa 'injustificável'
Já o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a tarifa é "injustificável" do ponto de vista econômico e político.
"O Brasil é um país que está sendo sancionado por ser mais democrático do que o seu agressor. É uma situação inédita e muito incomum no mundo", disse.
Durante a apresentação do plano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou uma medida provisória (MP) para viabilizar a linha de crédito.
Os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcolumbre (União-AP) participaram da cerimônia.
Segundo Lula, agora, "o time do governo está passando a bola para o time da Câmara e do Senado".
"É importante a gente dizer que a gente não pode ficar apavorada e nervoso e muito excitado quando tem uma crise. A crise existe para nós criarmos novas coisas. O que é desagradável é que as razões justificadas para impor tarifas ao Brasil não existem", prosseguiu o presidente.
Lula reforçou que o Brasil não está assinando uma medida de "reciprocidade".
"O Brasil não tinha, efetivamente, nenhuma razão para ser taxado e, tampouco, aceitaremos qualquer pecha de que no Brasil nós não respeitamos direitos humanos e de que o julgamento nosso está sendo feito de forma arbitrária", justificou Lula.
"Nós não estamos anunciando reciprocidade, veja como nós somos negociadores. Nós não queremos em um primeiro momento fazer nada que justifique piorar nossa relação", emendou.
'Vamos continuar teimando em negociar. Mas a nossa soberania é intocável', diz Lula
'Brasil Soberano'
O governo batizou a medida de "Brasil Soberano", mote adotado como resposta à tentativa de Trump interferir no Judiciário brasileiro para beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A MP entra em vigor ao ser publicada no "Diário Oficial da União" (DOU), porém terá de ser aprovada em até 120 dias pelo Congresso Nacional para que continue válida.
O pacote foi fechado após semanas de reuniões entre técnicos, ministros e Lula. As tarifas estão em vigor e fazem parte da guerra comercial travada por Trump com dezenas de países.
Lula e Donald Trump
Getty Images via BBC
Tentativas de negociação e novos mercados
A sobretaxa de 50% está em vigor desde 6 de agosto. O vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, coordena o comitê criado por Lula para tentar negociar com o governo americano — até agora, sem sucesso.
Auxiliares de Lula afirmam que Trump condiciona qualquer diálogo ao encerramento dos processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe.
Sem avanços nas negociações, o governo intensificou a busca por novos mercados. Na última semana, Lula conversou por telefone com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi; com o presidente da Rússia, Vladimir Putin; e com o líder chinês, Xi Jinping.
Setores mais afetados com o tarifaço
Reprodução/MDIC
Setores mais afetados
Levantamento divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) na semana passada mostra que pouco mais da metade das exportações brasileiras aos EUA terão tarifa de 50% para entrar no país.
Segundo o estudo, 41,4% da pauta exportadora brasileira aos EUA, com 7.691 produtos de variados setores, está sujeita à tarifa combinada de 50%.
Os setores com maior número de produtos exportados afetados pela sobretaxa combinada de 50% seriam:
Vestuário e acessórios (14,6%)
Máquinas e equipamentos (11,2%)
Produtos têxteis (10,4%)
Alimentos (9,0%)
Químicos (8,7%) e
Couro e calçados (5,7%).
Cerca de 50 trabalhadores são resgatados de condições análogas à escravidão em colheita de café
Trabalhador resgatado de situação análoga à escravidão em MG mostra como vivia
O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) resgatou 59 trabalhadores submetidos a condições análogas à escravidão em duas regiões produtoras de café em Minas Gerais.
Os resgates aconteceram no Centro-Oeste, no município de Córrego Danta, e no Sul de Minas, nas cidades de Machado e Campestre.
As fiscalizações começaram na primeira semana de agosto e contaram com apoio do Ministério Público do Trabalho (MPT), Polícia Federal (PF) e Polícia Militar (PM).
Em ambos os casos, os empregados atuavam na colheita do café sem registro em carteira, sem alojamentos adequados e sem condições mínimas de segurança e saúde.
Trabalhador resgatado em condições análogas à escravidão em Corrego Dantas (MG)
Divulgação/MTE
Situação no Centro-Oeste de Minas
Na zona rural de Córrego Dantas, auditores fiscais encontraram 30 trabalhadores nessa condição.
Nenhum tinha vínculo formal de emprego e todos arcavam com os próprios equipamentos de proteção e ferramentas de trabalho, como panos para colheita, rastelos e baldes – prática proibida pela legislação.
No local, não havia banheiros, lavatórios ou áreas adequadas para refeições. As 14 mulheres do grupo, assim como os demais, improvisavam espaços no meio da lavoura para comer, sentadas no chão e expostas ao sol e a animais peçonhentos.
As marmitas eram preparadas no dia anterior e consumidas frias. Um trabalhador estava com o pé quebrado havia cerca de 30 dias e não recebeu qualquer tipo de assistência (veja imagem acima).
Marmitas dos trabalhadores submetidos a condições análogas à escravidão em duas regiões produtoras de café em Minas Gerais.
Divulgação/MTE
Situação no Sul de Minas
Nas cidades de Machado e Campestre, seis trabalhadores foram resgatados da colheita de café em condições degradantes. Além da falta de registro, foram constatadas diversas irregularidades, como:
Ausência de exames médicos obrigatórios;
Falta de fornecimento de água potável;
Inexistência de programa de gerenciamento de riscos no trabalho rural;
Falta de instalações sanitárias;
Alojamentos precários;
Ausência ou inadequação de equipamentos de proteção individual;
Falta de treinamento;
Ausência de materiais de primeiros socorros.
Para cinco desses trabalhadores, foi garantido o pagamento de mais de R$ 200 mil em verbas rescisórias e salários atrasados.
O caso mais grave foi o de um trabalhador idoso, analfabeto e sem família, que vivia havia cerca de 40 anos em uma propriedade rural em condições precárias, sem acesso a água potável ou saneamento básico.
Ele mantinha vínculos afetivos com a família do empregador original, já falecido, mas nunca teve seus direitos trabalhistas garantidos.
A situação segue em acompanhamento para assegurar que receba todos os direitos e uma condição de vida digna.
Mais de 500 trabalhadores são resgatados de condições análogas à escravidão em canteiro de obras
O que é trabalho análogo à escravidão?
O Código Penal define como trabalho análogo à escravidão aquele que é "caracterizado pela submissão de alguém a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou seu preposto".
Todo trabalhador resgatado por um auditor-fiscal do Trabalho tem, por lei, direito ao benefício chamado Seguro-Desemprego do Trabalhador Resgatado (SDTR), que é pago em três parcelas no valor de um salário-mínimo cada.
Esse benefício, somado à garantia dos direitos trabalhistas cobrados dos empregadores, busca oferecer condições básicas para que o trabalhador ou trabalhadora possa recomeçar sua vida após sofrer uma grave violação de direitos.
Além disso, a pessoa resgatada é encaminhada à rede de Assistência Social, onde recebe acolhimento e é direcionada para as políticas públicas mais adequadas ao seu perfil e necessidades específicas.
⚠️ COMO DENUNCIAR? - Existe um canal específico para denúncias de trabalho análogo à escravidão: é o Sistema Ipê, disponível pela internet. O denunciante não precisa se identificar, basta acessar o sistema e inserir o maior número possível de informações.
A ideia é que a fiscalização possa, a partir dessas informações do denunciante, analisar se o caso de fato configura trabalho análogo à escravidão e realizar as verificações no local.
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Brasil tem déficit acima de US$ 28 bilhões com os EUA em 2024 em comércio e serviços, diz governo
Tatiana Prazeres, secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços
Reprodução/MDIC
O Brasil registrou um déficit com os Estados Unidos superior a US$ 28 bilhões em todo ano de 2024 considerando produtos e serviços. Uma relação é deficitária quando um país mais importa do que vende para o outro.
A informação, que considera estatísticas norte-americanas, foi divulgada nesta quarta-feira (13) pela secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Tatiana Prazeres.
Ela participou de audiência pública na Comissão de Desenvolvimento Econômico (CDE) da Câmara dos Deputados.
"O Brasil não é um problema comercial para os Estados Unidos. A relação comercial é ganha-ganha, interessa aos dois países, há complementariedade econômica. Isso gera emprego e investimentos para os dois lados, de modo que é importante valorizar a relação comercial", afirmou Tatiana.
De acordo com os números apresentados pelo Ministério do Desenvolvimento, a maior parte do déficit do Brasil com os EUA está no setor de serviços, que não é alvo do tarifaço implementado pelo presidente Donald Trump.
Veja o déficit por setores de serviço em 2024:
Serviços de manutenção e reparo: -US$ 759 milhões
Transporte: -US$ 2,53 bilhões
Viagens (incluindo educação): -US$ 6,98 bilhões
Serviços de seguros: -US$ 394 milhões
Serviços financeiros: -US$ 2,58 bilhões
Encargos de propriedade intelectual: -US$ 5,15 bilhões
Serviços de telecomunicações e informática: -US$ 2,84 bilhões
Socorro contra tarifaço terá R$ 30 bi em crédito
"Se o Brasil tem um déficit com os Estados Unidos, não deveria ser alvo das medidas adotadas, sobretudo porque esse parece ser um tema de preocupação relevante para os Estados Unidos", acrescentou a secretária de Comércio Exterior.
De acordo com ela, a alíquota média de importação do Brasil para produtos importados dos EUA é de 2,73%, considerando que há vários regimes especiais que permitem que importações ocorram com isenção.
"O que tem a ver com a complementariedade econômica que temos com os Estados Unidos. O Brasil importa muitos produtos com alíquota zero, petróleo e derivados. Dos 10 principais produtos, oito tem imposto de importação zero", acrescentou Tatiana Prazeres.
Ela afirmou que o objetivo do governo brasileiro é ampliar a lista de exceções à sobretaxa de 40% para produtos brasileiros anunciados no fim de julho pelo presidente do país, Donald Trump.
Decreto assinado em julho por Trump elevou para 50% a alíquota sobre produtos brasileiros, mas também trouxe uma lista de 700 exceções que beneficiam segmentos estratégicos como o aeronáutico, o energético e parte do agronegócio.
Entretanto, setores como o de máquinas e equipamentos, de carnes, cafeeiro, de frutas, móveis, produtos têxteis e calçados, entre outros, continuaram sobretaxados.
De acordo com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), cerca de 35,9% das exportações brasileiras aos EUA serão afetadas pela tarifa de 50%, anunciada pelo presidente Donald Trump.
Dólar sobe e Ibovespa cai após anúncio do pacote de ajuda do governo
Lula assina medida provisória para socorrer empresas impactadas pelo tarifaço dos EUA
O dólar fechou em alta de 0,27% nesta quarta-feira (13), cotado a R$ 5,4002. O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, opera em queda de 0,89%, aos 136.687 pontos.
A principal notícia do dia foi o anúncio do pacote de ajuda do governo brasileiro para conter os efeitos do tarifaço. Analistas de mercado disseram ao g1 que o plano de resgate deve ajudar exportadores, mas pode pressionar câmbio e Selic.
📱Baixe o app do g1 para ver notícias em tempo real e de graça
▶️ A medida provisória do programa “Brasil Soberano” foi assinada hoje pelo presidente Lula (PT). A proposta prevê uma linha de crédito de R$ 30 bilhões e adiamento de impostos para as empresas mais impactadas pelo tarifaço. (veja mais abaixo)
▶️ Sem mais notícias sobre tarifas, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que está avaliando ao menos 11 candidatos para substituir o dirigente do Federal Reserve, Jerome Powell, cujo mandato vai terminar em maio de 2026.
▶️ Pela manhã, o IBGE divulgou os dados de junho das vendas no varejo. Houve queda de 0,1% em comparação com o mês anterior e alta 0,3% sobre um ano antes. Os resultados ficaram abaixo da expectativa do mercado.
🔎 Os dados do varejo mostram o desempenho do comércio varejista no Brasil. Eles ajudam a entender o consumo, a economia e a movimentação do setor no país.
Veja abaixo como esses fatores impactam o mercado.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
💲Dólar
a
Acumulado da semana: -0,65%;
Acumulado do mês: -3,58%;
Acumulado do ano: -12,61%.
📈Ibovespa
Acumulado da semana: +0,57%;
Acumulado do mês: +2,72%;
Acumulado do ano: +13,64%.
Pacote de ajuda do governo
Nesta quarta-feira, a medida provisória “Brasil Soberano” foi assinada como a primeira parte do pacote de ajuda do governo brasileiro às empresas afetadas pelo tarifaço imposto pelos EUA.
"É importante a gente dizer que a gente não pode ficar apavorada e nervoso e muito excitado quando tem uma crise. A crise existe para nós criarmos novas coisas. O que é desagradável é que as razões justificadas para impor tarifas ao Brasil não existem", disse Lula, durante o evento.
O governo criou uma linha de crédito de R$ 30 bilhões para empresas afetadas, condicionada à manutenção dos empregos. Além disso, o governo ainda anunciou:
Prorrogação por um ano o prazo para exportar mercadorias com insumos beneficiados pelo “drawback” — mecanismo que suspende ou isenta tributos sobre insumos usados na fabricação de produtos exportados;
A Receita Federal poderá adiar a cobrança de impostos das empresas mais afetadas pelo tarifaço, prática já adotada na pandemia da Covid-19;
As empresas exportadoras terão crédito tributário para desonerar vendas externas: até 3,1% de alíquota para grandes e médias, e até 6% para micro e pequenas.
▶️ Confira os detalhes do pacote da MP "Brasil Soberano"
Dados do varejo
As vendas no varejo brasileiro recuaram 0,1% em junho na comparação com o mês anterior e subiram 0,3% sobre um ano antes, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira.
A expectativa em pesquisa da Reuters era de alta de 0,70% na comparação mensal e de avanço de 2,40% sobre um ano antes.
Com isso, as vendas varejistas encerraram o segundo trimestre com alta de 0,1% sobre os três meses anteriores, desacelerando ante os ganhos de 0,7% no primeiro trimestre, segundo o IBGE.
A expectativa entre analistas é de desaceleração gradual no ritmo do comércio ao longo do ano sob o impacto do aperto monetário realizado pelo Banco Central, que começa a aparecer de forma mais clara e afeta o crédito.
🔎 A taxa básica de juros Selic está atualmente em 15% ao ano e o BC já indicou que ela seguirá em patamar elevado por tempo prolongado.
Trump avalia candidatos para o Fed
O governo dos EUA analisa 11 possíveis substitutos para Jerome Powell, atual presidente do Federal Reserve, cujo mandato no banco central americano vai até maio de 2026.
Segundo informações da CNBC, a equipe de Donald Trump considera nomes como David Zervos, estrategista-chefe de mercado da Jefferies; Larry Lindsey, ex-membro do Conselho do Fed; e Rick Rieder, diretor de investimentos em renda fixa global da BlackRock.
Ainda nos Estados Unidos, a Administração de Informações de Energia (AIE, na sigla em inglês) divulga às 11h30 os estoques semanais de petróleo e derivados.
Esses números podem influenciar a cotação da commodity e, consequentemente, movimentar as ações de empresas do setor listadas na bolsa de valores, como a Petrobras.
Mercados globais
Os índices S&P 500 e Nasdaq atingiram novos picos pelo segundo dia consecutivo nesta quarta-feira, impulsionadas pela reação dos investidores a uma inflação americana abaixo do esperado divulgada ontem. A expectativa é de que o Fed possa reduzir os juros em setembro.
De acordo com dados preliminares, o S&P 500 ganhou 0,33%, para 6.466,77 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq avançou 0,15%, para 21.713,99 pontos. O Dow Jones subiu 1,06%, para 44.927,71 pontos
Na Ásia, as bolsas também encerraram em alta pelo mesmo motivo. O destaque ficou para Hong Kong (Hang Seng Index) e Japão (Nikkei), que avançaram 2,46% e 1,30%, respectivamente.
Seguindo o mesmo movimento, as bolsas europeias atingiram uma máxima de quase duas semanas. O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou em alta de 0,5%, aos 550,85 pontos.
Em Londres, o FTSE 100 avançou 0,19%, alcançando 9.165,23 pontos, já o DAX, de Frankfurt, subiu 0,67%, aos 24.185,59 pontos. Em Paris, o CAC 40 avançou de 0,66%, chegando aos 7.804,97 pontos.
Por lá, o otimismo também foi afetado pelo encontro entre líderes europeus e da Ucrânia com Donald Trump, antes da sua reunião com o presidente russo Vladimir Putin, marcada para sexta-feira. O presidente americano ameaçou aplicar "consequências severas" à Rússia caso não ocorra um cessar-fogo.
Funcionário de banco em Jacarta, na Indonésia, conta notas de dólar, em 10 de abril de 2025.
Tatan Syuflana/ AP
*Com informações da agência de notícias Reuters
Tarifaço de Trump leva empresas a adotarem férias coletivas; veja quais os direitos do trabalhador
O que são férias coletivas? Sou obrigado a tirá-las? Entenda o que diz a lei
Empresas do setor madeireiro no Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso anunciaram que concederão férias coletivas aos trabalhadores em razão da tarifa de 50% sobre a importação de produtos brasileiros anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Um exemplo é a indústria Randa, fabricante de portas, molduras e compensados em Bituruna, no sul do Paraná. A empresa informou que dará férias coletivas a todos os seus 800 funcionários.
Ao g1, o CEO da empresa, Guilherme Ranssolin, explicou que 55% da produção é destinada aos EUA — e que todos os pedidos do país foram cancelados por causa do tarifaço.
Segundo ele, 400 trabalhadores iniciaram o rodízio de férias coletivas há cerca de 15 dias, e os outros 400 sairão quando os primeiros retornarem ao trabalho. Com isso, metade da produção está paralisada.
Ranssolin afirma que a Randa acumula estoque parado por não conseguir embarcar seus produtos e, por isso, optou por conceder férias coletivas a todos os trabalhadores, na tentativa de evitar demissões.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo deve anunciar nesta quarta-feira (13) um pacote de medidas para apoiar exportadores brasileiros afetados pelo aumento de tarifas. As medidas devem incluir linhas de crédito, facilitação de comércio e descontos de impostos.
Enquanto isso, empresas de diferentes setores têm feito como a Randa e recorrido às férias coletivas para ajustar custos e se preparar para um cenário econômico incerto.
A medida, embora legal e prevista na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), gera dúvidas: as empresas podem obrigar seus funcionários a participar das férias coletivas? Se sim, como é feito o cálculo? Os dias podem ser descontados das férias individuais ou da remuneração?
O g1 conversou com especialistas para esclarecer essa e outras dúvidas frequentes.
O que são as férias coletivas?
Em quais situações a empresa pode conceder férias coletivas?
Existe um limite de frequência ou de duração para férias coletivas?
O trabalhador pode recusar as férias coletivas? As empresas podem obrigar a tirá-las?
Já agendei férias individuais e até comprei passagens. E agora?
Em situações como o tarifaço, qual é o papel das férias coletivas?
Qual a diferença entre férias coletivas e programas de suspensão de contratos?
A reforma trabalhista alterou as regras para férias coletivas?
O que a lei poderia prever para proteger mais o trabalhador nesses casos?
O que acontece se empresa utilizar as férias coletivas de forma irregular?
Tarifaço leva indústria de beneficiamento de madeira de MT a planejar férias coletivas
1. O que são as férias coletivas?
Férias coletivas são períodos de descanso concedidos, ao mesmo tempo, a todos os funcionários ou a um setor específico da empresa. Essa modalidade, com regras próprias e diferentes das férias individuais, está prevista no artigo 139 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
O período concedido de férias coletivas é descontado do total de férias anuais a que o empregado tem direito. (entenda abaixo como funciona)
O pagamento segue as mesmas regras das férias individuais: o valor dos dias deve ter acréscimo de 1/3 constitucional e ser pago até dois dias antes do início.
🔎 Se o trabalhador ainda não tiver completado 12 meses de serviço, ele receberá férias proporcionais, conforme o artigo 140 da CLT. Para eles, um novo período aquisitivo começa após as férias.
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2. Em quais situações a empresa pode conceder férias coletivas?
As férias coletivas podem ser concedidas em qualquer época do ano, mas costumam ser usadas para reduzir custos e facilitar o planejamento em períodos de menor demanda.
De acordo com a advogada trabalhista Nathalia Sequeira Coelho, do escritório Ferraz dos Passos, não se trata de um recurso para disfarçar demissões ou queda na produção, mas uma ferramenta de gestão para evitá-las.
“Quando usadas de forma estratégica, ajudam a manter empregos de profissionais já qualificados e familiarizados com a atividade, ao mesmo tempo em que cumprem a obrigação legal de conceder férias anuais aos empregados”, completa a especialista.
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3. Existe um limite de frequência ou de duração para férias coletivas?
Segundo a advogada trabalhista Ana Gabriela Burlamaqui, sócia do escritório A.C Burlamaqui Consultores, as férias coletivas podem abranger todos os empregados ou apenas setores específicos.
O período pode ser de até 30 dias ou dividido em dois blocos, desde que nenhum tenha menos de 10 dias.
O procedimento exige três requisitos formais:
Comunicar o Ministério do Trabalho com, no mínimo, 15 dias de antecedência;
Fixar aviso nos locais de trabalho;
Notificar o sindicato da categoria.
A comunicação aos próprios empregados também deve ocorrer no mesmo prazo. Se as regras não forem seguidas, a empresa pode ter de pagar o período em dobro.
Além disso, os dias de descanso são contados de forma corrida. Assim, se coincidirem com Natal ou Ano Novo, essas datas não podem ser descontadas.
🚫 Durante as férias coletivas, como nas individuais, o contrato de trabalho fica suspenso e o empregado não pode ser demitido sem justa causa.
As férias coletivas não precisam ser concedidas sobre todo o período de 30 dias, podendo ser apenas 10 dias de forma coletiva e o restante de forma individual, por exemplo.
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4. O trabalhador pode recusar as férias coletivas? As empresas podem obrigar a tirá-las?
O empregado não pode se recusar a tirar férias coletivas, salvo em situações previstas em acordo ou convenção coletiva, ou em casos excepcionais. Ou seja, se a empresa decidir conceder férias coletivas a todos ou a um setor, todos os envolvidos devem participar.
Essas férias devem ser comunicadas com pelo menos 15 dias de antecedência. Se o prazo não for cumprido, a concessão pode ser considerada irregular e a empresa obrigada a pagar o período em dobro.
A notificação deve ser feita por escrito, por meio de comunicados internos, e-mails ou avisos nos murais da empresa.
“Cabe ao empregador, por seu poder diretivo, a escolha da data das férias. Vejo como insubordinação, sujeita às sanções disciplinares de praxe”, explica a advogada trabalhista Nathalia Sequeira Coelho.
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5. Já agendei férias individuais e até comprei passagens. E agora?
Se a empresa decidir conceder férias coletivas, os funcionários que já haviam marcado férias individuais em outras datas podem ter o período alterado para coincidir com o coletivo.
Mesmo que o trabalhador já tenha comprado passagens ou feito reservas, a empresa pode determinar que as férias sejam tiradas no período coletivo, o que pode sobrepor-se ao planejamento individual.
“Nesses casos, é importante que o funcionário comunique à empresa os compromissos já assumidos para tentar negociar uma solução, mas a empresa não é obrigada a manter as férias individuais previamente agendadas”, diz a advogada trabalhista Luiza Carvalho.
💵 A advogada diz, porém que, caso as férias coletivas causem prejuízos comprovados ao empregado, o empregador poderá ser responsabilizado pelo ressarcimento.
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6. Em situações como o tarifaço, qual é o papel das férias coletivas?
Segundo Nathalia Sequeira Coelho, em cenários de crise, as férias coletivas podem funcionar como medida temporária de ajuste, especialmente diante da incerteza sobre a aplicação e o alcance da nova tarifa, por exemplo.
Essa estratégia permite à empresa ganhar tempo para planejar, evitar demissões em massa, reduzir custos operacionais de imediato e ajustar a produção à nova realidade, prevenindo acúmulo de estoque em períodos de queda nas vendas.
🔎 Em outras palavras, trata-se de uma ferramenta para atravessar momentos de instabilidade, adaptando-se ao mercado sem recorrer de imediato a cortes de pessoal.
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7. Qual a diferença entre férias coletivas e programas de suspensão de contratos?
As férias coletivas mantêm o vínculo empregatício, são pagas pelo empregador e descontadas do saldo anual de 30 dias. Essa modalidade também está prevista na CLT e não depende da decretação de estado de calamidade pública.
Já o Benefício Emergencial (BEm) permite suspender ou reduzir temporariamente a jornada e o salário mediante acordo, com compensação financeira paga pelo governo. O programa é uma medida emergencial voltada à preservação do emprego, como ocorreu durante a pandemia de Covid-19.
Durante a suspensão do BEm, o empregador não paga salários, e o trabalhador recebe um valor calculado com base no seguro-desemprego. Esse período não é descontado das férias, mas também não conta para aquisição proporcional de novos direitos, salvo previsão legal ou acordo específico.
“As férias coletivas são um descanso remunerado, com ônus financeiro ao empregador. A suspensão de contrato é uma medida temporária excepcional, com custeio parcial pelo governo e suspensão das obrigações contratuais principais”, completa Nathalia Sequeira Coelho.
⚠️ IMPORTANTE: Não foi anunciada qualquer medida excepcional nesse sentido para o cenário do tarifaço.
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8. A reforma trabalhista alterou as regras para férias coletivas?
Segundo Nathalia Sequeira Coelho, a reforma trabalhista não modificou diretamente as regras das férias coletivas, mas alterou as férias individuais, que agora podem ser divididas em até três períodos, com concordância do empregado.
Essa flexibilização não se aplica às férias coletivas, que continuam limitadas a, no máximo, dois períodos anuais, cada um com no mínimo 10 dias corridos.
A reforma também permitiu que acordos e convenções coletivas estabeleçam regras próprias para as férias coletivas, como definição de períodos, formas de pagamento e parcelamento do adicional de um terço. Na ausência de regras específicas, valem as disposições da CLT.
Antes da reforma, as férias deveriam ser concedidas de uma só vez para menores de 18 anos e maiores de 50. Este ponto também foi revogado, o que impacta as férias coletivas se forem realizadas em dois períodos.
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9. O que a lei poderia prever para proteger mais o trabalhador nesses casos?
Embora a CLT já contenha regras para proteger o trabalhador nas férias coletivas, Nathalia Sequeira Coelho avalia que a legislação poderia avançar, garantindo mais previsibilidade e segurança financeira.
Entre as melhorias possíveis estão:
Ampliar o prazo mínimo de comunicação, tanto para o empregado quanto para o sindicato;
Evitar que as férias coletivas reduzam de forma desproporcional o descanso anual individual;
Exigir que o pagamento seja feito com antecedência maior, assegurando que o trabalhador tenha recursos disponíveis antes do início do período de descanso.
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10. O que acontece se empresa utilizar as férias coletivas de forma irregular?
Se a concessão ocorrer de forma irregular — como ausência de comunicação ou fracionamento acima do permitido — o trabalhador pode requerer indenização, inclusive com pagamento em dobro.
As denúncias podem ser feitas ao sindicato, ao Ministério do Trabalho ou ao Ministério Público do Trabalho.
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Reprodução/TV Globo
Mega-Sena, concurso 2.900: prêmio acumula e vai a R$ 47 milhões
G1 | Loterias - Mega-Sena 2900
O sorteio do concurso 2.900 da Mega-Sena foi realizado na noite desta terça-feira (12), em São Paulo. Nenhuma aposta acertou as seis dezenas, e o prêmio para o próximo sorteio acumulou em R$ 47 milhões.
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Veja os números sorteados: 33 - 50 - 54 - 55 - 59 - 60.
5 acertos - 53 apostas ganhadoras, R$ 40.487,59
4 acertos - 2.885 apostas ganhadoras, R$ 1.226,03
O próximo sorteio da Mega será na quinta-feira (14).
concurso 2.900 da Mega-Sena
Caixa / Reprodução
Entenda como funciona a Mega-Sena e qual a probabilidade de ganhar o prêmio
Para apostar na Mega-Sena
As apostas podem ser realizadas até as 19h (horário de Brasília) em qualquer lotérica do país ou por meio do site e aplicativo Loterias Caixa, disponíveis em smartphones, computadores e outros dispositivos.
O pagamento da aposta online pode ser realizado via PIX, cartão de crédito ou pelo internet banking, para correntistas da Caixa. É preciso ter 18 anos ou mais para participar.
Probabilidades
A probabilidade de vencer em cada concurso varia de acordo com o número de dezenas jogadas e do tipo de aposta realizada.
Para um jogo simples, com apenas seis dezenas, que custa R$ 6, a probabilidade de ganhar o prêmio milionário é de 1 em 50.063.860, segundo a Caixa.
Já para uma aposta com 20 dezenas (limite máximo), com o preço de R$ 232.560,00, a probabilidade de acertar o prêmio é de 1 em 1.292, ainda de acordo com a instituição.
Bilhetes da Mega-Sena, em imagem de arquivo
Marcelo Brandt/G1
Tarifaço: Lula diz que medida de ajuda a exportadores começará com R$ 30 bilhões em crédito
Miriam Leitão: Tarifaço vai ajudar a derrubar inflação
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira (12) que assinará uma Medida Provisória (MP) com uma linha de crédito de R$ 30 bilhões para a exportadores afetados pelo tarifaço dos Estados Unidos.
Segundo Lula, a medida será anunciada oficialmente nesta quarta-feira (13) pelo governo federal. A MP faz parte do pacote de ajuda do governo brasileiro às empresas afetadas pelas taxas impostas pelo presidente norte-americano, Donald Trump.
"Amanhã eu vou assinar uma MP que cria uma linha de crédito de R$ 30 bilhões para as empresas brasileiras que, porventura, tiverem prejuízos com a taxação do Trump. [...] R$ 30 bilhões é o começo. O começo. Você não pode colocar mais, você não sabe quanto é", disse Lula.
O presidente deu a declaração ao jornalista Reinaldo Azevedo no programa "O É da Coisa", da rádio BandNews.
Segundo Lula, os presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União-AP), devem participar do anúncio das medidas.
Presidente Lula em entrevista para a Reuters
Adriano Machado/Reuters
Segundo Lula, o valor será direcionado a empresas que perderam competitividade no mercado externo devido ao aumento das taxas de importação.
"Vai ser extremamente importante para que a gente possa mostrar que ninguém ficar desamparado por conta da taxação do presidente Trump, de que nós vamos cuidar dos trabalhadores dessas empresas, vamos procurar achar outros mercados para essas empresas. Nós estamos mandando a lista dos produtos que a gente vendia para os Estados Unidos, para outros países", afirmou o presidente.
Novos mercados e briga judicial
O presidente também afirmou que vai acionar os presidentes de países que conhece para tentar abrir novos mercados para os produtos brasileiros e também analisar o que pode ser vantajoso importar para o Brasil destes locais.
"Também [quero] incentivar os empresários a brigar pelos mercados. Não dá para deixar barato a taxa do Trump. Tem lei nos Estados Unidos que eles podem abrir processo, eles podem brigar lá. É isso que nós queremos que aconteça e eu acho que vai dar certo", afirmou.
Nos últimos dias, Lula manteve conversas com os líderes de países que formam o Brics. O presidente brasileiro conversou com: Xi Jinping, da China; Vladimir Putin, da Rússia; e Narendra Modi, da Índia.
O tarifaço de Trump
O tarifaço foi anunciado por Trump em julho e atinge principalmente produtos industrializados e commodities brasileiras.
O governo brasileiro já havia informado que trabalhava em um plano emergencial para mitigar os prejuízos de exportadores e preservar empregos nos setores mais afetados.
Além do pacote econômico, o Palácio do Planalto estuda medidas pontuais de reciprocidade contra produtos norte-americanos, previstas na nova Lei de Reciprocidade, aprovada pelo Congresso e regulamentada dias após o anúncio das tarifas pelos EUA.
A proposta é de que eventuais retaliações sejam específicas e negociadas com setores produtivos, para evitar impacto negativo na economia interna.
Exportações brasileiras de café para os EUA caíram antes de tarifaço de 50% e indústria americana segura novas compras
EUA são os maiores compradores de café do Brasil.
Mike Kenneally/Unplash
As exportações brasileiras de café para os EUA caíram 18% de janeiro a julho deste ano, para 3,7 milhões de sacas, em relação a igual período de 2024, segundo um relatório do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), divulgado nesta terça-feira (12).
O movimento já era esperado uma vez que o Brasil exportou volumes recordes em 2024, não só para os americanos, como também para outros mercados, o que reduziu os estoques nacionais.
📉A queda ainda não reflete o impacto do tarifaço de 50% imposto pelo presidente americano, Donald Trump em julho, já que essa taxa começou a valer apenas no dia 6 de agosto.
Preço do café tem 1ª queda na inflação oficial desde dezembro de 2023, aponta IBGE
Exportação brasileira de carne foi recorde em julho, mas vendas aos EUA apresentam queda em meio a tarifaço
Em abril, os EUA já haviam sobretaxado os produtos brasileiros em 10%. E, no mês passado, impuseram uma tarifa adicional de 40% a uma série de mercadorias, incluindo o café.
"A partir de agora, as indústrias americanas estão em compasso de espera, pois possuem estoque por 30 a 60 dias, o que gera algum fôlego para aguardarem um pouco mais as negociações em andamento", explica Márcio Ferreira, presidente do Cecafé.
"Porém, o que já visualizamos são eventuais pedidos de prorrogação, que são extremamente prejudiciais ao setor", comenta.
Entenda o impacto do tarifaço de Donald Trump para o agro do Brasil
Ferreira explica que, quando um exportador fecha um negócio, ele contrata, junto a um banco, um financiamento pré-embarque, conhecido como Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC), o que permite que ele obtenha recursos antecipados.
"Com a prorrogação dos negócios, o ACC não é cumprido e passamos a sofrer com mais juros, com taxas altas e custos adicionais", diz Ferreira.
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EUA são maior mercado do Brasil
Apesar da queda nas exportações, os EUA continuam como os maiores clientes do Brasil. De janeiro a julho, eles compraram 16,8% de todo o café que o Brasil exportou.
Por isso, a associação de exportadores diz que vem trabalhando junto ao governo brasileiro e ao setor privado dos EUA para que os cafés do Brasil entrem na lista de isenção do tarifaço.
A entidade acrescenta que vem mantendo diálogos com os governos estaduais e federal para implementação de medidas compensatórias ao setor.
China como alternativa?
Neste mês, a China autorizou 183 empresas brasileiras a exportarem café para o país. Mas, segundo o presidente do Cecafé, muitos desses exportadores já atuavam no mercado chinês.
Por isso, ele avalia que a medida "não necessariamente" vai aumentar as exportações brasileiras para o país asiático.
"Observamos atentamente o potencial de crescimento do consumo chinês, mercado que importou 571.866 sacas de janeiro a julho e ocupa a 11ª posição no ranking dos principais parceiros dos cafés do Brasil em 2025", diz Ferreira.
"Esse credenciamento por cinco anos é positivo do ponto de vista de desburocratização, mas, por si só, não representa nenhum aumento de exportações à China”, finaliza.
China libera 183 empresas do Brasil para exportar café após tarifaço dos EUA
Haddad diz que governo anunciará nesta quarta o pacote para ajuda a exportadores afetados pelo tarifaço
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira (12) que o governo deve anunciar nesta quarta-feira (13) um pacote de medidas para apoiar exportadores brasileiros afetados pelo aumento de tarifas dos Estados Unidos sobre produtos nacionais. Segundo ele, a ideia é oferecer instrumentos que reduzam os impactos do tarifaço de 50% anunciado pelo presidente americano, Donald Trump, sobre uma série de mercadorias brasileiras. O objetivo é dar fôlego ao setor enquanto o país busca uma solução negociada para a disputa comercial. "O presidente [Lula] disse que ele ia assinar [a medida] hoje [terça]. Mas ele preferiu anunciar amanhã [quarta]. Vão estar detalhados os valores, os processos", afirmou o ministro. Miriam Leitão: Tarifaço vai ajudar a derrubar inflação O pacote está sendo elaborado em conjunto pelos ministérios da Fazenda, do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, e das Relações Exteriores, e deve incluir linhas de crédito, facilitação de comércio e eventuais desonerações pontuais. A taxação americana foi anunciada em julho e atinge produtos como aço, alumínio, etanol e alguns itens agrícolas. Empresários brasileiros temem perda de competitividade no mercado norte-americano e redução das exportações. Medidas O plano de contingência deve contemplar: linhas de crédito para as empresas impactadas pela sanção americana, para financiar investimentos e capital de giro das companhias (entenda melhor a seguir); adiamento das cobranças de tributos e contribuições federais por até dois meses, repetindo um movimento adotado pelo Planalto na pandemia de Covid-19; e compras públicas de mercadorias perecíveis. Há uma preocupação com os estoques de alimentos como peixes, frutas e mel, parados desde o anúncio do presidente americano, Donald Trump.
Senado ouve Fernando Haddad sobre novas regras de tributação
Senado ouve Fernando Haddad sobre novas regras de tributação O ministro da Fazenda é convidado da comissão mista que analisa a Medida Provisória que trata de novas regras de tributação sobre aplicações financeiras e ativos virtuais. O Senado debate nesta terça-feira a Medida Provisória (MP) 1.303/2025 que prevê a tributação de fundos de investimento hoje isentos.. São exemplos desses fundos as letras de crédito e fundos imobiliários, que passariam a pagar alíquota de 5% sobre o rendimento.. A comissão tem quatro audiências públicas para o mês de agosto. . Depois da audiência com Haddad, a comissão vai votar o seu plano de trabalho e alguns requerimentos.
Justiça Federal nega pedido para proibir que Boeing contrate engenheiros do Brasil
Justiça Federal nega pedido para proibir que Boeing contrate engenheiros do Brasil
A Justiça Federal negou um pedido de associações da área aeronáutica do Brasil que pretendiam proibir a contratação em massa de engenheiros brasileiros pela Boeing, fabricante de aviões dos Estados Unidos.
As associações alegavam que a Boeing estava contratando funcionários experientes de empresas como a Embraer e que isso representava perigo de vazamento de segredos industriais que podiam comprometer a defesa da soberania nacional, uma vez que estes funcionários tinham informações e conhecimentos específicos no cenário da aviação nacional.
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Com esses argumentos, a ação pedia que as contratações realizadas pela Boeing fossem limitadas ao teto anual de 0,6% dos quadros de cada uma das empresas brasileiras - leia mais abaixo.
A decisão negando o pedido foi publicada no final de julho e é da 3ª Vara Federal de São José dos Campos (SP), do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3). Em 2023, o pedido já havia sido negado de forma liminar - leia mais detalhes abaixo.
O modelo 737 MAX 8, da fabricante Boeing.
Ted S. Warren/AP
Pedido
A ação civil pública foi movida pela Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil (AIAB) e pela Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Defesa (Abimde), que alegam que a contratação massiva de engenheiros brasileiros pela Boeing atrapalha o desenvolvimento de projetos do Ministério da Defesa.
No pedido, as associações afirmaram que a política agressiva de contratações da Boeing prejudica o país, já que a empresa norte-americana estaria adquirindo principalmente os profissionais mais qualificados e experientes do Brasil.
Segundo o pedido das associações, a Embraer - principal fabricante de aviões no Brasil - teria perdido 65 profissionais altamente especializados e em posições de liderança para a Boeing.
Por isso, na ação, as associações pediam que a Boeing parasse de realizar contratações de engenheiros, de forma sistêmica, das Empresa Estratégicas de Defesa (EEDs) e das Empresas de Defesa (ED), que atuam no desenvolvimento de projetos estratégicos do Ministério da Defesa.
Decisão
Na decisão, a Justiça Federal concordou ser frustrante a perda de engenheiros especializados e formados com apoio do Estado - como por exemplo no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) -, mas considerou que a política da Boeing não é ilícita. A decisão judicial citou também que os prejuízos narrados pelas associações não foram comprovados.
Além disso, a Justiça Federal considerou que a livre concorrência é um princípio regente da ordem econômica e que a limitação pretendida pelas associações do setor poderia afetar o direito dos trabalhadores brasileiros, que têm o direito de buscar as melhores condições e salários para trabalhar.
O que dizem os envolvidos?
Procuradas pela reportagem, a AIAB e a Abimde informaram que estão avaliando a decisão e vão discutir os próximos passos com as empresas associadas.
Já a Boeing e a Embraer informaram que não vão comentar o assunto.
Justiça nega pedido de liminar proposta contra a Boeing - vídeo de 2023.
Contexto
A decisão faz parte de uma ação movida por associações da área aeronáutica do Brasil para barrar a Boeing de fazer contratações massivas de engenheiros brasileiros.
Na ação, as associações pediam que a Boeing fosse impedida pela Justiça de contratar engenheiros de empresas estratégicas - como a Embraer, por exemplo -, que atuam no desenvolvimento de projetos do Ministério da Defesa.
Em maio de 2023, a Justiça Federal negou uma liminar para as associações e destacou que, para restringir contratações, seria necessário provar os prejuízos causados ao país.
Em abril de 2024, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez críticas contra a Boeing durante um evento realizado na Embraer e repreendeu as contratações de profissionais brasileiros pela empresa norte-americana.
No discurso, Lula fez uma analogia usando o futebol, afirmando que, quando os jogadores começam a ficar bons, são levados para o exterior. Na sequência, contextualizou a situação com a aviação, dizendo que o mesmo ocorria com os engenheiros, e criticou as contratações de brasileiros feitas pela Boeing.
“A gente está com um problema, porque a nossa molecada com 14, 15 anos fica boa de bola e já é comprada para ir para o exterior. E agora estou sabendo que os engenheiros da Embraer também. A Boeing tentou comprar a Embraer, teve um ‘piripaque’ lá nos Boeing, não deu certo, ela não quis e não pagou sequer o cumprimento do contrato da multa que ela tinha, e instalou aqui um prédio para levar nossos engenheiros”, declarou Lula.
“Não é correto a gente formar engenheiro, investir dinheiro e depois vir alguém aqui cooptar a gente. Então, jogador e engenheiro, nós estamos numa situação muito complicada, que nós vamos ter que discutir (...) a gente precisa discutir que não é honesto vir aqui e roubar nossos engenheiros, sem gastar um centavo para formá-los”, afirmou o presidente no ano passado.
Durante discurso na Embraer, Lula criticou Boeing - foto de maio de 2024.
Ricardo Stuckert / PR
Boeing
Reuters
Um Boeing 777X em Everett, Washington.
Reuters/Terray Sylvester
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'Não podemos adiar o debate', diz Haddad sobre minerais críticos do Brasil
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu nesta terça-feira (12) que o Brasil abra, com urgência, uma discussão estratégica sobre o uso de suas reservas de minerais críticos, como terras raras — insumos essenciais para a produção de baterias, semicondutores e tecnologias de transição energética. Para ele, não dá mais para adiar o debate.
O tema tem ganhado espaço nas agendas econômica e ambiental de diversos países, diante da corrida tecnológica e da disputa global por cadeias de produção mais sustentáveis.
Terras raras: 12 estados brasileiros têm potencial para riqueza mineral
A União Europeia, os Estados Unidos e a China tratam o assunto como estratégico para garantir autonomia industrial e reduzir dependências externas. Em meio à crise do tarifaço comercial, os Estados Unidos demonstraram interesse em explorar os minerais do Brasil.
No Brasil, especialistas alertam que a simples exportação desses recursos mantém o país preso ao papel de fornecedor de matérias-primas, sem capturar o valor agregado da industrialização.
“O Brasil é rico em terras raras e minerais e precisa pensar. O padrão do Brasil é exportar commodities. Nós tínhamos que pensar numa forma de agregar valor. Simplesmente exportar minérios vamos reproduzir a lógica de empregos de qualidade duvidosa. Temos que agregar valor”, afirmou Haddad.
Fernando Haddad participa de audiência no Senado
Reprodução
Segundo o ministro, já houve conversas, durante o governo de Joe Biden nos Estados Unidos, sobre a possibilidade de instalar joint ventures no país para produzir baterias. Ele disse esperar que parcerias semelhantes possam ser firmadas com a Europa e a China.
“Não podemos adiar esse debate, temos que precipitar esse debate. Concordo que tem que ser objeto de deliberação dos poderes da República”, acrescentou.
A discussão interna sobre minerais críticos envolve não apenas política industrial, mas também segurança nacional, transição energética e inserção internacional.
O Brasil detém reservas significativas desses insumos, como nióbio, grafite e lítio, e poderia, segundo analistas, se posicionar como fornecedor de produtos de alto valor tecnológico em vez de exportador bruto.
As terras raras formam um grupo de 17 elementos químicos essenciais para o funcionamento de diversos produtos modernos
Arte/g1
Azul encerra operações em 14 cidades no Brasil em 2025; veja municípios
Companhia aérea azul voos Araxá e Patos de Minas
Azul/Divulgação
A Azul Linhas Aéreas informou, na segunda-feira (11), que encerrou as operações de voos em 14 cidades brasileiras em 2025. As mudanças ocorreram em março e parte havia sido anunciada em janeiro - quando a companhia comunicou a suspensão em 12 municípios.
A companhia aérea passa por um processo semelhante à recuperação judicial, chamado Capítulo 11 da Lei de Falências, nos Estados Unidos. Ao menos duas audiências foram realizadas desde maio, quando o processo começou - entenda aqui.
Em uma apresentação para investidores, a companhia informou, no início de agosto, que o encerramento das operações nas cidades "não lucrativas" representava a eliminação de 53 rotas. Além disso, informava que iria focar nos hubs - o principal deles é o Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP).
Lista de cidades
Crateús(CE)
São Benedito(CE)
Sobral (CE)
Iguatú (CE)
Campos (RJ);
Correia Pinto (SC)
Jaguaruna (SC)
Mossoró (RN)
São Raimundo Nonato (PI)
Parnaíba (PI)
Rio Verde (GO)
Barreirinhas (MA)
Três Lagoas (MS)
Ponta Grossa (PR)
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Adequação da malha
Nesta segunda-feira, a companhia informou que as rotas operadas também passam, desde julho, por um processo "normal" de adequação da malha, "inclusive para novos voos que serão implantados na alta temporada".
"Os ajustes levam em consideração, ainda, uma série de fatores que vão desde o aumento nos custos operacionais da aviação, impactados pela crise global na cadeia de suprimentos e a alta do dólar, até questões de disponibilidade de frota, bem como o seu atual processo de reestruturação".
Recuperação judicial
A recuperação judicial da empresa, aprovada na Justiça dos Estados Unidos na primeira audiência do processo, em 29 de maio, prevê um financiamento de US$ 1,6 bilhão para eliminar a dívida.
Segundo a empresa, a intenção é manter todos os seus ativos, podendo continuar com a operação, negociar um possível adiamento de suas dívidas e, com aprovação judicial, conseguir um novo empréstimo.
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"Parte desse capital será usada para comprar uma parte da dívida e parte para custear a operação da empresa durante esse período", disse, após a primeira audiência, o vice-presidente da institucional da Azul, Fábio Campos.
No início de julho, a companhia informou ao g1 que obteve a aprovação final de todas as petições feitas durante segunda audiência que envolve a recuperação judicial.
Anúncio da suspensão em 12 cidades
Azul anuncia suspensão de operações em 12 cidades brasileiras; oito são do Nordeste
Em janeiro, quando fez o anúncio da suspensão das operações em 12 cidades, a companhia destacou que "as mudanças fazem parte do planejamento operacional, e os clientes impactados estão sendo comunicados previamente e receberão a assistência necessária, conforme prevê a resolução 400 da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac)".
Na época, antes mesmo do processo de recuperação judicial nos EUA, a companhia citou os impactos causados pela crise global na cadeia de suprimentos e a alta no dólar, somada às questões de disponibilidade de frota e de ajustes de oferta e demanda entre as justificativas para a suspensão.
Pelos mesmos motivos, anunciou na mesma ocasião que os voos para Fernando de Noronha (PE) seriam operados somente a partir de Recife (PE) e que os de Juazeiro do Norte (CE) teriam como destino o Aeroporto de Viracopos.
As operações no aeroporto de Caruaru (PE) também foram "readequadas" devido à baixa ocupação. Os voos passaram a ser operados por aeronaves Cessna Grand Caravan, com capacidade para nove clientes.
A companhia ressaltou que “como empresa competitiva, reavalia constantemente as operações em suas bases, como parte de um processo normal de ajuste de capacidade à demanda”. Disse ainda que “está sempre avaliando as possibilidades e necessidades de mercado e, consequentemente, mudanças fazem parte do planejamento operacional”.
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TV Box: criminosos têm usado aparelhos não homologados para roubar dados de usuários, diz Anatel
Apreensão de aparelhos de TV Box no Paraná em 2024
Divulgação
Um estudo da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) mostra que dois tipos de TV Box não homologados, o InXPlus e o TouroBox, têm sido infectados por softwares maliciosos – os chamados malwares – que deixam os usuários vulneráveis.
📺Segundo o estudo, criminosos têm aproveitado essas vulnerabilidades para roubar dados pessoais de usuários dos aparelhos e utilizar as informações em atividades ilícitas.
As informações sobre o estudo foram divulgadas nesta terça-feira (12) pela Anatel durante entrevista a jornalistas.
Veja como funciona o malware em aparelhos piratas
Segundo a agência reguladora, a forma de uso desses malwares é sofisticada, de modo que, mesmo com os aparelhos desligados ou reiniciados, os criminosos continuam com acesso ao sistema.
"Esses malwares maliciosos se comunicam com servidores de comando e controle para direcionar o tráfego", explica a superintende de Fiscalização, Gesiléa Teles.
"O perigo desses malwares é o roubo de dados, dados sensíveis e comprometimento e toda rede doméstica do usuário, que pode ser acessada", acrescenta a superintendente.
📱Dessa forma, os criminosos conseguem ter acesso aos dados dos celulares conectados à rede doméstica, por exemplo.
Como a atuação dos criminosos é silenciosa, o usuário pode não saber que seus dados estão sendo usados para atividades ilícitas, e pode se tornar alvo de investigação policial.
Diante do problema, a Anatel afirmou que há algumas frentes de ação para coibir a prática ilegal, como o bloqueio de IPs (os chamados endereços virtuais) que estejam infectados pelo malware e a retirada desses aparelhos de circulação.
A agência reguladora também recomenda aos consumidores a sempre comprar aparelhos homologados para evitar danos, que podem ser físicos, pela possibilidade de provocarem acidentes, e virtuais.
Como os criminosos agem?
Anatel constata roubo de dados em ‘TV Box’, aparelho usado para piratear sinal de TV
Segundo a pesquisa da Anatel, o malware malicioso identificado nos aparelhos é o BadBox 2.0.
O vírus pode infectar aparelhos de duas formas principais:
em alguns casos, os malwares já vêm instalados nos aparelhos;
em outros, a infecção ocorre quando o usuário instala aplicativos de fontes não oficiais, que contêm códigos maliciosos.
Uma vez infectados e conectados à rede doméstica dos usuários, esses dispositivos se tornam parte da rede BadBox 2.0. A partir disso, os criminosos podem controlar remotamente milhões desses aparelhos.
De acordo com a Anatel, as atividades maliciosas do malware incluem:
Fraudes de anúncios: gerar cliques e visualizações falsas em anúncios para lucrar;
Roubo de credenciais: acessar a contas usando credenciais roubadas;
Criação de contas falsas: uso do dispositivo comprometido como proxy para criação de contas em diversas plataformas;
Serviços de proxy residencial: vender o acesso a essas redes para que outros criminosos usem os endereços de IP dos usuários para esconder suas atividades;
Distribuição de malware e ataques: usar a rede para lançar ataques de negação de serviço distribuídos (DDoS) ou espalhar outros tipos de vírus.
"O BADBOX 2.0 é especialmente perigoso porque pode se manter nos dispositivos mesmo após reinicializações, e os cibercriminosos podem carregar novos códigos e módulos remotamente, permitindo que a ameaça evolua com o tempo", diz a Anatel.
Malwares têm se espalhado por redes domésticas
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A capacidade de alastramento da rede criminosa também chamou a atenção da agência.
De janeiro a junho deste ano, foram identificados 345 mil IPs, uma espécie de endereço de usuários na internet, infectados por esses malwares.
No início de agosto, o número chegou a 1,5 milhão. E, atualmente, está em 1,8 milhão.
O problema, no entanto, não se restringe ao Brasil. Conforme a Anatel, a atuação dos criminosos é em escala mundial. Outro desafio que se apresenta às autoridades é que o malware é de difícil remoção.
99Food volta a SP com R$ 500 milhões em investimentos para rivalizar com iFood
Delivery próprio ou por aplicativo? Veja qual vale mais a pena
O serviço de delivery 99Food anunciou seu retorno à cidade de São Paulo nesta terça-feira (12). A empresa prevê um investimento de R$ 500 milhões na capital paulista e na região metropolitana para formatar a nova operação.
Para isso, o app já reúne 20 mil restaurantes na plataforma e tem 50 mil entregadores cadastrados. Segundo Simeng Wang, diretor-geral da 99, a meta é abrir o mercado de delivery, sem ter ainda uma definição sobre o tamanho da fatia que buscam conquistar.
A empresa já trabalhou com entregas de refeição no Brasil por quatro anos, até o início de 2023. Assim como outros competidores, contudo, o app não resistiu ao domínio de mercado do iFood. (veja mais abaixo)
Neste retorno ao Brasil, anunciado em abril, a plataforma espera investir R$ 1 bilhão para retomar a disputa. A reestreia aconteceu em junho, em Goiânia. Por lá, 1 milhão de entregas foram realizadas em 45 dias de operação.
“Ficou claro que todo mundo pede uma nova opção [de apps de entrega]. Restaurantes sentem a dor da comissão alta, fazendo o lucro ser baixo. E os consumidores se queixam dos preços repassados [...]. O mercado vai crescer, essa é a nossa maior aposta”, diz Wang.
Como aposta para deslanchar, o 99Food criou um modelo que vai isentar temporariamente as taxas de comissão de restaurantes, contribuindo para que os preços no app sejam os mesmos do salão do restaurante.
Serão 12 meses de isenção da comissão cobrada em cima do valor do pedido e de mensalidade.
Para o consumidor, o app oferece:
Comida pelo preço do cardápio;
Descontos exclusivos no primeiro pedido;
Entrega grátis nos primeiros pedidos;
Para novos usuários, 5 cupons que somam R$ 99 em descontos.
Para entregadores, serão:
R$ 400 por dia para quem fizer 15 entregas diárias de comida no primeiro mês de funcionamento em São Paulo;
R$ 250 por dia para quem completar 20 entregas, sendo pelo menos cinco de comida, como parte da nova política de remuneração, sem prazo de vigência.
“Esse ‘custo zerado’ que os restaurantes repassam se transforma na outra ponta em economia, diminuindo o preço e trazendo mais consumidores”, reforça Bruno Rossini, diretor sênior de Comunicação da 99.
Aplicativo da 99 lança serviço de moto por aplicativo na capital paulista.
ALOISIO MAURICIO/FOTOARENA/Estadão Conteúdo
Chineses na disputa pelo delivery
Simeng Wang diz que a empresa analisou bem o mercado de delivery antes de retornar ao mercado. A empresa contratou uma pesquisa inédita do Instituto Locomotiva e Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), para fundamentar a tese.
A Abrasel estima que cerca de 70 milhões de brasileiros tenham em seus celulares algum aplicativo de entrega de refeições. Além disso:
63% já deixaram de pedir delivery por causa do preço;
94% dos consumidores e 81% dos restaurantes acreditam que, sem as taxas dos aplicativos, os restaurantes poderiam oferecer pratos mais baratos no delivery;
85% dos restaurantes investiriam o valor economizado em melhorias no estabelecimento e 82% em contratação de funcionários;
92% dos consumidores passariam a pedir mais se houvesse um aplicativo sem cobrança de taxas para os restaurantes.
O grupo controlador da 99Foods, a Didi Chuxing, não é a única empresa chinesa interessada em abocanhar uma fatia relevante do mercado de entrega de comida no Brasil.
Recentemente, a Meituan, uma das maiores companhias desse segmento no mundo, anunciou que investirá US$ 1 bilhão (R$ 5,6 bilhões) por aqui nos próximos cinco anos. O objetivo é lançar a sua marca, a Keeta, com previsão inicial de estreia ainda no segundo semestre deste ano.
Na China, o aplicativo conta com 770 milhões de usuários ativos e também realiza entregas por drones. A empresa é listada na Bolsa de Hong Kong, registrando uma receita de US$ 46 bilhões em 2024.
Para manter seu domínio no mercado, o iFood, que opera no Brasil desde 2011, anunciou recentemente que investirá R$ 17 bilhões no Brasil até março de 2026 — é o terceiro ano consecutivo em que o valor supera R$ 10 bilhões.
Até 2028, as metas do iFood incluem:
Elevar a base de usuários ativos de 55 milhões para 80 milhões;
Aumentar o volume mensal de pedidos de 120 milhões para 200 milhões;
Ampliar a equipe com 1.100 novos colaboradores diretos, ultrapassando 8.600 funcionários.
A Rappi também anunciou investimentos, embora mais modestos. Nos próximos três anos, aplicará R$ 1,4 bilhão com a meta de ampliar a base de restaurantes cadastrados de 30 mil para 100 mil e expandir a operação de 50 para 300 cidades.
Competição acirrada
Retornando ao mercado de delivery, a própria 99 integra a lista de aplicativos que já tentaram atuar no segmento, mas acabaram desistindo no passado.
▶️ A Glovo foi a primeira a anunciar, em 2019, que deixaria de operar no país após apenas 12 meses, devido à “forte concorrência”.
Na ocasião, o aplicativo espanhol declarou que, para permanecer no país, seriam necessários mais investimentos e tempo para “ganhar participação, liderar e alcançar rentabilidade”.
▶️ Três anos depois, em 2022, foi a vez do Uber Eats deixar o Brasil, embora não tenha encerrado totalmente os serviços de entrega.
A plataforma informou que passaria a focar apenas em itens de supermercado e envio de pacotes.
▶️ Em 2023, a própria 99Food encerrou suas operações após quatro anos de atividade.
A empresa declarou que concentraria seus recursos no desenvolvimento de serviços sobre duas rodas, “com a expansão do 99Moto e do 99Entrega Moto em delivery”.
Preço do café tem 1ª queda na inflação oficial desde dezembro de 2023, aponta IBGE
Grão de café
Mike Kenneally/Unplash
O preço do café caiu 1,01% em julho, a primeira queda desde dezembro de 2023, segundo a inflação oficial do país, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA). O levantamento foi divulgado nesta terça-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em dezembro de 2023, o café registrou queda de 0,23%. Depois, o preço aumentou por 18 meses consecutivos.
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A tendência de queda no preço do café para o consumidor já havia sido registrada tanto no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), a prévia da inflação, quanto no IPC, o indicador de inflação da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), divulgados em julho.
Apesar disso, o preço do café moído continua alto, acumulando uma inflação de 70,51% em um ano, de acordo com o IPCA
Variação do preço do café entre janeiro de 2023 e julho de 2025, segundo o IPCA
g1
Dados mais recentes sobre o preço do produto no varejo, da Associação Brasileira de Café (Abic), demonstram essa disparada. Em junho de 2025, o valor médio do quilo registrava R$ 66,70; no mesmo mês, no ano anterior, o preço era R$ 34,46.
O auge dessa subida ocorreu no último mês de fevereiro, quando o produto ficou 10,77% mais caro e registrou a maior inflação acumulada em 12 meses desde a introdução do real.
No geral, o IPCA registrou inflação de 0,23% no país em julho. O grupo de Alimentação e Bebidas teve queda de 0,27% nos preços, , marcando o segundo recuo seguido — em junho, a variação do grupo havia sido de -0,18%.
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Analistas previam queda
Em junho, economistas entrevistados pelo g1 já afirmavam que o preço do café nos supermercados ia começar a cair a partir do segundo semestre.
Isso porque, no campo, as cotações haviam diminuído após o início da colheita no Brasil, que começou em março e vai até setembro. Os meses mais fortes de colheita são junho e julho.
Especialistas ouvidos pelo g1 também avaliaram a possibilidade de o valor do café ser afetado pelo tarifaço de 50% imposto pelo governo de Donald Trump, que está em vigor desde 6 de agosto.
A tendência, segundo os entrevistados, é que o preço do café no Brasil não sofra impactos imediatos do tarifaço.
O setor acredita que as vendas aos EUA não devem ser paralisadas inicialmente e, assim, não vai ter uma oferta maior de café no Brasil. Especialistas também lembram que a colheita do grão acontece só uma vez por ano, o que atrasa qualquer impacto no preço para o consumidor.
Fernando Gonçalves, diretor do IPCA, também disse que ainda não é possível relacionar a queda de preços com o tarifaço.
"Pode ser um efeito do aumento da oferta, e não é possível afirmar ou confirmar que esteja relacionado ao aumento da tarifa. O aumento da tarifa só começou neste mês", disse Gonçalves à agência Reuters.
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